quarta-feira, 3 de maio de 2017

MÚSICA (148)


PRIVILÉGIOS DO MAFUÁ - VISITAS ILUSTRES

Aconteceu agorinha de pouco. Recebo a ilustre visita do cantante BELCHIOR, de passagem pelas barrancas do rio Bauru (veio em secreta missão de reconhecimento de ardorosos fãs espalhados país afora) e aproveitando para visitar este mafuento tentando se isolar para escrevinhar umas necessidades. Sentou em cadeira amarela de minha área, conversamos sobre os destinos desta América Latina querendo e muito se libertar das amarras de alguns a lhe impor grilhões. Pedi uma e ele cantou à capela. Dos quatro LPs que dele aqui tenho e não empresto, nem dou, mas possibilito audições coletivas, escolhi uma, a "Balada de Madame Frigidaire". Cantamos juntos, eu acompanhando a letra do encarte do LP, um antigo bolação, guardado como relíquia de um tempo que não volta mais. Faz parte do LP, "Elogio da Loucura", Philips, 1988. Comprei quando tinha exatos 28 anos, na já falecida Discoteca de Bauru e ainda sonhava e muito com novos tempos. Belchior se desiludiu bem antes de mim, pois eu continuo tendo visões, momentos em que ainda me vejo crendo em algo, mesmo ciente de suas impossibilidades. Eu quando recebo visitas como as de hoje aqui no mafuá, fecho as portas, coloco uma placa no portão, ergo o som e não estou para mais ninguém. Vejam a maravilha do que ele fazia, dessas coisas pouco conhecidas, verdadeiras jóias raras: https://www.youtube.com/watch?v=js9CIyvm9rE

MEU PRIMO, A HISTÓRIA DOS PRESENTES DO LULA E ALGO DOS QUE CREEM EM HISTORINHAS DE CAROCHINHA

Eu tenho um primo que bate palmas para tudo o que o juiz Sergio Moro faz e, mesmo professor universitário, graduado e regraduado, não tem papas na língua e só se dirige para a ex-presidenta Dilma taxando-a de “vaca”. Uma vez tentei lhe dizer não ser o termo nem um pouco adequado, nem para ser dito por alguém com sua posição, muito menos para designar a única honesta no imbróglio de sua cassação. Ele se acha na razão e continua tratando-a do mesmo jeito. Continuamos conversando, poucas vezes e quando o fazemos, prefiro me atear nos temas de futebol e familiares, tudo para evitar embates desnecessários.

Hoje me lembrei dele e conto dos motivos. Coisa de um ano atrás ele me encontrou numa festa e disse saber de umas coisas novas, algo que o Moro e sua equipada e eficiente equipe tinha encontrado nuns contêineres. Dessa vez, segundo ele, Lula havia contrabandeado para seu usufruto peças de alto valor. Estava extasiado e me dizia que a coisa ia ser um estouro, pois o barbudo havia conseguido esconder tudo num lugar secreto, ainda com a segurança do pessoal do Banco do Brasil e tinha cada coisa de arrepiar os cabelos.


Já sabia do que se tratava. Eram os presentes que Lula havia ganho quando presidente em viagens internacionais e que, nunca levou pra casa, mesmo podendo fazê-lo sem nenhum tipo de problema. Disse isso a ele e fui desmentido. “Você não sabe nada, ali tem contrabando pesado”, me disse. Repeti a ele que todos, inclusive FHC receberam um monte disso no seu tempo e todos levaram tudo para casa. Fez aquela cara de estranhamento e, como sua fonte parecia ser mesmo do balacobaco, deixei a coisa passar batido e dar tempo ao tempo.

Nada como o tempo para resolver coisas deste tipo. Hoje tudo devidamente esclarecido. Eram mesmo presentes, todos vasculhados, um a um, para cientificarem da não existência de nada irregular, mas barulhaço foi ouvido país afora. E nada foi encontrado além dos tais presentes, muitos por sinal, enfim, oito anos de mandato. Sergio Moro, depois de todo estardalhaço feito e mais uma tentativa de pegar Lula com a calça curta, efusivo barulho pela mídia, se vê obrigado a se desculpar com o ex-presidente e a possibilidade do resgate do que lhe pertence. Deu na imprensa esta semana: https://www.conversaafiada.com.br/…/moro-devolva-o-tambor-d….

Ainda não reencontrei o primo, nem quero ironizar com nada, mas diante de tanta perseguição, queria só olhar bem pra ele e perguntar se ainda se lembrava do que havia me dito coisa de um ano atrás. Eu me lembro muito bem e o silêncio que guardei esse tempo todo aqui contido e muito bem guardadinho (como devem estar as coisas pertencentes ao Lula), queria só mostrar pra ele de como se processam as coisas entre Sergio Moro e Lula, talvez lhe perguntar: “É assim que querem prender Lula? Vocês vão é transformá-lo novamente em presidente da República”.

Baita abracito para ele e todos os que acreditam em história de carochinha.

COMO TEM ZÉ PELA AÍ – SOLTARAM O ZÉ
O Zé meteu os pés pelas mãos. Não foi o único, não será o último e esse, o que sendo solto hoje, nem é dos piores. Caiu nas mãos da dita lei como vigorando hoje, enquanto outros, até piores, com ficha corrida de envergadura mais aprumada, esses continuam livres, leves e soltos. Pagou o preço por representar o que representava. Foi exemplado como nenhum outro, sem dó e piedade. Os donos das chaves da prisão não tendo como alcançar quem queriam, ficaram com ele, enfim, tudo convergiu para sua pessoa. Merecia correção, assumiu o que fez, mas não sem antes outros, mas de linhagem opostas também passarem na mesma situação. Uma coisa não justifica outra, mas essas são exemplos vivos de como correm procedimentos jurídicos no país. Dos de sua linhagem, outros tantos enjaulados, não escapou quase ninguém, já os de linhagem de outra cor, poucos, quase nada. Sobre ele a fama do maior dentre os seus na cana dura. Assimilou bem o golpe e se aquietou. Diante de quem o julgava, mesmo ocorrendo consistente defesa, sabia que o melhor era se acomodar no espaço a ele reservado, ler bastante, deixar o tempo correr. Agora foi solto e deve estar a matutar muita coisa sobre o feito. Diante desses outros soltos e de plumagem de outra coloração, os poucos presos e cuja exigência de soltura é constante, sabia que, isso não podia ocorrer com ele continuando entre as grades. Como soltar esses e manter o Zé enjaulado? Seria mais um escândalo e para evitar isso, melhor acabar por soltar o Zé. Essa a saída, pois com ele solto, fácil justificar a soltura de graúdos de plumagens variadas e múltiplas. O apoio decisivo, o voto de minerva para sua soltura, acreditem, veio de quem tanto o apunhalou e espezinhou. Zé não é bobo, sabe ter sido moeda de troca e que, com ele livre, outras portão se abrirão, não para ele, mas para outros detentos. No momento pensa só em rever sua casa e os seus, ou seja, vale mesmo é estar solto.

Paro por aqui e canto com vocês uma música do Jackson do Pandeiro, “Como tem Zé na Paraíba”: https://www.youtube.com/watch?v=YngQQzi_ywQ. No momento, confesso, estou feliz em ver o Zé indo para casa.

Nenhum comentário:

Postar um comentário