segunda-feira, 8 de maio de 2017
DROPS - HISTÓRIAS REALMENTE ACONTECIDAS (142)
CONCLUSÕES DE CONVERSAS TIRADAS NUM CASUAL ENCONTRO NA FEIRA DOMINICAL
Foi ontem, no epicentro da feira mais movimentada de Bauru, por volta das 12h de la matina, quando três imodestos cidadãos, devidamente sentados numa choperia ali existente conversavam desanimadamente, mais do que preocupados com e sobre os rumos deste país enfurnado até o talo num golpe de estado. Os cidadãos, dentre os quais me incluo, são o jornalista Aurélio Fernandes Alonso e o educador Manoel Carlos Rubira. Nas poucas linhas que se seguem, existe um pouco de memorialística. Mas existe, sobretudo, a lembrança de episódio aqui narrado, onde fui testemunha presente e, não raro, participante, daí resultando relatos pessoais, feitos sem a identificação de um ou de outro. Em nenhum momento houve a intenção de falsear ou distorcer o discutido, mas de registrar algo pulsante. O leitor será o melhor juiz das linhas que se seguem. Tudo é versão. Há outras versões além da nossa, mas a desses três é por demais consistente:
“Estamos diante de um capitalismo dos mais toscos já presenciados pelo ser humano. Capitalismo não é isso a ocorrer com a atuação desse pessoal que toma conta do país desde o golpe a derrubar Dilma. Esse pessoal extrapola e vai além de tudo o que existe de teoria sobre ser capitalista. O rentista brasileiro não age como capitalista e sim, como verdadeiro escravocrata. Ele dispensa o uso de legislação para o exercício do que pratica. Inventou uma sua, bem aos moldes da ocorrida no período da escravidão. Não produzem mais nada, querem viver de renda, sem praticar esforço, sem investir no trabalho. Só pensam em si e nada mais. Se dizem modernos, mas representam um atraso imenso, não só para as relações humanas, como para o país num todo. Se tudo o que estão propondo for de fato implementado, estaremos diante de um imenso Paraguai nos próximos anos. Serão 15 anos de completa falência do estado brasileiro. E isso não desmerecendo o Paraguai, mas mostrando o que de fato hoje ele é, um país onde tudo serve a um propósito de poucos, uma casta privilegiada e excludente. Não existe indústria, leis a domar o mando de quem detém o poder. Eles são a lei e a executam ao seu bel prazer, sem interferência de quem quer que seja. Quer coisa mais retrógrada do que o agronegócio, onde uma só pessoa detém o monopólio de tudo, desde a terra como da mão de obra e, ao fazer a defesa de um suposto emprego, rege como gado tudo à sua volta. Eles irão quebrar, muito em breve, como no crack da Bolsa, inevitável, pois quando ocorrer um surto com, por exemplo, a soja, perderão tudo de uma só vez. Esgotaram a terra, esgotaram as relações normais de trabalho e estão a impor à sua sob todas as demais. Isso que vemos no país é um tosco capitalismo, um arremedo, pois não se pode chamar de capitalista a relação ocorrendo, ou sendo proposta para o país num curtíssimo espaço de tempo. Um país sem indústria, com tudo desregulamentado, quando esses se dizem modernos, mas propões algo tão arcaico, como voltar a remunerar o trabalho simplesmente com comida é voltarmos no tempo. Entregam tudo de mão beijada, não possuem mais nenhum tipo de preservacionismo. Não existe nada de moderno no que fazem hoje os ditos capitalistas nativos. São senhores de engenho e não conseguem conviver numa relação normal de cunho democrática. Com esses vencendo o jogo pela frente, o país perderá tudo o que ainda lhe resta de credibilidade, estabilidade, honradez e sensatez. Voltamos no tempo e no espaço”.
A única conclusão possível diante de tudo o que está a ocorrer com o Brasil, tirada de comum acordo, num documento lavrado ao final da contenda, com todos de barriga vazia, pronta para ser preenchida em almoços em suas devidas residências: "Que raios de país é este onde estão nos metendo esses pseudos senhores, vetustos mandantes do retrocesso? Nem o próprio capitalismo é tão insano quanto o que estão a propor seus próceres nativos. Esses despirocaram na maionese". Com a resposta, os diletos leitores.
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