quarta-feira, 12 de julho de 2017

AMIGOS DO PEITO (135)


MAURÍCIO, VOCÊ PERDEU, MAS POR FAVOR, NÃO DESISTA*

* Escolho um brasileiro e o uso como exemplo para por pra fora algo guardado aqui no fundo do peito, após as perdas de ontem e hoje.

Esse Maurício, por acaso é um baita amigo, desses com o mesmo sentimento meu em relação a esse país, hoje tão ultrajado, vilipendiado e surrupiado em tudo, desde soberania como liberdades e riquezas nacionais. O povo após o golpe desfechado contra o Governo de Dilma Rousseff sofreu uma brutal e seguida sequência de outros golpes, que o deixa neste momento prostrado ao chão, como no boxe, na lona. Já deu para perceber a dificuldade que será ver o povo brasileiro nas ruas a defender as perdas sucessivas a que foi submetido. O povo encontra-se num letárgico estado de submissão, adormecido e, na sua imensa maioria, pelo que me parece, sem ao menos tomar conhecimento do imenso baú de maldades despejado sobre seus direitos. nem sabe direito a punhalada levada ontem e atingindo a todos.

Gente como esse meu amigo, Maurício Passos, morador de Pederneiras, cidade aqui próxima de Bauru sofre em duplicidade e por um simples motivo. Ele é uma pessoa consciente, sabe tudo o que está sendo feito contra o país que um dia botou fé, acreditou seria soberano e livre das amarras da dependência externa e interna. Sonhou alto demais e hoje, padece e deve estar amargando algo a corroer suas entranhas, debilitado e prostrado, sem ainda saber que tipo de reação pode colocar em prática para tentar reverter tudo o que acontece à nossa volta.

Ontem à noite Maurício nem deve ter dormido direito, pois como sei, acompanhou o desenlace lá de Brasília quando da votação da tão decantada reforma trabalhista. Deve ter vibrado quando viu a oposição, lúcida e sensata ocupou as tribunas e tentou impedir a votação, mas deve ter batido o desânimo quando viu tudo ter sido feito em vão, pois com uma maioria suja e conseguida na base do que de pior temos nos Legislativos brasileiro, ocorre mais uma votação dessas de lavada, onde todos os imundos se juntam para desgraçar mais um pouco com esse país e a esperança de gente como o barbudo amigo. Como a gente faz para dormir depois de acompanhar uma votação como aquela, ainda mais quando se está ciente de que toda uma legislação trabalhista tão duramente conquistada foi jogada na lata do lixo e, de agora em diante, o trabalhador brasileiro não terá mais férias, 13° salário, garantia de hora extra e nem uma justa negociação salarial entre empregador e empregado?

Maurício sabe muito bem que, quando tudo entrar em vigência, as perdas para o lado do trabalhador serão tão imensas, quase comparadas com o retorno à escravidão. Tudo já vinha sendo feito ao longo do tempo, com a precarização do trabalho como o conhecemos, culminando com a o pior desfecho possível. O sono de gente como Maurício não teve ter sido nada agradável e quando estava tentando se recuperar e ainda tentando se juntar a outros iguais a ele, os buscando na união reverter tudo, o tal do povo nas ruas, eis que, algo mais ocorre hoje.

No meio da tarde, sei que Maurício deve ter bambeado, faltado o ar, sentindo aquela zonzeira, faltado chão, quando foi divulgado a condenação do ex-presidente Lula. Ele sabia que dessa Lava Jato o desfecho só podia ser mesmo algo dessa natureza, mas ainda acreditava que o descaramento de Sergio Moro não chegasse a esse extremo. Diante de tudo o que esse juiz de primeira instância arquivou ou relegou como prova a favor de Lula, o condena sem nenhuma prova concreta e deixa solto todos seus amigos tucanos e peemedebistas, esses todos sim, com comprovada ação de lesa pátria. O sentimento de Maurício hoje deve ser o mais completo desalento, sendo o mesmo de tantos outros. O escolhi como a pessoa a ser usada como exemplo de tudo o que passa pela mente do brasileiro que não aceita ver esse país sendo ultrajado como está a ocorrer hoje. Como sei que ele deve estar buscando forças para reagir, saber quais as possibilidades de se juntar a tantos outros na mesma situação, mas ainda tateando no escuro, expresso aqui o meu profundo respeito por gente como ele, os que colocam a cara para bater, os que resistem, os que estão enfrentando o touro a unha para, no mínimo, buscar devolver esse país numa trilhar por soberanos caminhos.

Maurício, meu caro, a gente vai se encontrar logo mais ali na curva da esquina, pois eu sei que você estará a postos na resistência para tudo isso e pronto pro que der e vier. Exatamente como eu.

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