sexta-feira, 18 de agosto de 2017

DOCUMENTOS DO FUNDO DO BAÚ (106)


OS BRADESCOS DE ONTEM E OS DE HOJE – ESVAZIADOS, OCOS E SEM GENTE
Bradesco Bariri
 

Sou ex-bradesquiano. Foram quase quinze anos de minha vida. Aos 17 anos abandonei o emprego na FEB - Fundação Educacional de Bauru e fui ganhar o mundo, trabalhando nas hostes da Bradescor, a então corretora de seguros do banco. Aos 18 anos fui direto para Bariri, onde morei por quase dois anos. Morei numa república, a única na cidade e lá quase fui preso por junto de outro colega, ele bancário da CEF, um “Fora Prefeito” num dos muros da cidade. Lá vivenciei algo não mais existente nas agencias do Bradesco de hoje. A cidade deve ter mudado pouco o número de habitantes, mas algo mudou e muito, o número de funcionários naquela agência. Ela continua lá, como dantes, bonitona e impávida, dois andares e ocupando o garboso lugar no centro da cidade, numa esquina na lateral da praça principal da cidade. Éramos em aproximadamente 40 funcionários e cada um trabalhava e muito e hoje, passamos 30 dias se tiver cinco funcionários na mesma agência deve ser muito. O que mudou? Tudo. O banco tinha autonomia, tinha um setor só para analisar os financiamentos rurais. A agência era a mais movimentada da cidade e tudo acontecia por ali. Só de funcionários da limpeza, copa e cozinha tinha mais funcionários que todo o quadro atual.
Bradesco Jaú


De lá fui para Jaú e a mesma coisa. Trabalhei naquele prédio da hoje agência principal do Bradesco, aquela grandiosa ali na esquina da praça principal. Se em Bariri tinham 40 funcionários, aquela tinha muito mais. Tanto em Jaú como em Bariri, até hoje, nas idas e vindas, reencontro gente amiga daqueles tempos e a conversa rola solta. Passei por Jaú dia desses e fiz questão de entrar na agência. Pouca gente trabalhando por lá e aquele predião vazio. De Jaú vim trabalhar em Bauru, primeiro na agência principal, onde hoje é a Riachuelo e depois na inaugurada agência de três andares ali no cruzamento da Rua Ezequiel Ramos com Agenor Meira, tinha até um organizado setor Jurídico. A sede da Bradescor estava no terceiro andar e lá fui supervisor de seguros por alguns anos. Não sei nem mensurar quantas pessoas ali trabalhavam, mas sei por ver aquilo tudo deserto, que está tudo hoje muito pessimamente utilizado. Todos aqueles órgãos de uma antiga Diretoria Regional foram desativados e nem sei se ainda existem. Aquilo virou terra de ninguém, verdadeiro deserto do Saara. De lá fiquei mais dois anos em Marília, na agência central da Sampaio Vidal e a mesma história, dois andares hoje vazios, o andar de cima interditado.
Bradesco Bauru


Escrevo tudo isso nesse momento, comparações com trinta anos atrás para constatar como com a dita modernidade tudo piorou. Num mundo com menos gente mais empregos e hoje, num mundo com muito mais gente, muito menos empregos. Que raio de lógica é essa? A lógica do MERCADO, a lógica do CAPITALISMO, a lógica do NEOLIBERALISMO, a lógica dos DONOS DO PODER, a dos que fazem e acontecem e não estão nem aí para sanar, resolver ou pensar em como acomodar esse mundaréu de gente, cada vez mais na sarjeta, sem emprego, eira nem beira. A modernidade é mesmo uma bosta e todos os envolvidos com esse pomposo nome não possuem nenhuma sensibilidade para entender dos problemas intestinais do planeta, sendo um de seus ponto mais problemáticos, a superpopulação. Cada vez mais uma minoria comanda e dá as ordens para tudo e que se lixe o resto. O que seria isso de Leis de Mercado? São leis para regência dos que não aplicam mais grana em trabalho e sim, na especulação, dinheiro parado e lucrando muito mais do que quando investiam em fábricas, dando emprego para tudo, todas e todos. Que fazer com esse povão sem emprego?
Bradesco Marília
Vida famélica, vivendo das sobras, migalhas e cada vez mais desprotegidos, com pífia legislação a defendê-los, ou seja, um salve-se quem puder, vida de cão ou até pior, selvagem. Esse o quadro do capitalismo atual, que nem emprego garante mais para a população.

Penso nisso tudo e junto minha vivência bradesquiana para pensar sobre tudo isso? Se o mundo fosse uma bela progressão geométrica, hoje o Bradesco de Bariri teria uns 100 funcionários, o de Jaú uns 200 e o de Bauru uns 500. Mas, tudo foi computadorizado e o ocioso, não mais necessário foi parar no olho da rua e hoje, pode até estar vendendo doce naquele carrinho na frente do banco. É o que lhe restou de oportunidade.

OBS.: Na sequência das fotos, as agências de Bariri, Jaú, Bauru e Marília.

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