quarta-feira, 4 de outubro de 2017
INTERVENÇÕES DO SUPER-HERÓI BAURUENSE (106)
NA JUNÇÃO DELAS TODAS, A MAIOR INDÚSTRIA BAURUENSE
Acontece em Bauru na próxima semana algo auspicioso para o mundo da moda nacional, o 13° Colóquio de Moda ocorrerá na Unesp Bauru e deverá contar com aproximadamente 1500 pessoas, vindas de todas as partes do Brasil e também do exterior. Para a cidade e a universidade local, ótima oportunidade, pelos temas aqui discutidos, todos de ponta e depois, pela invasão de muita gente aqui na aldeia bauruense e querendo saber de algo mais da cidade, inclusive no campo da moda. Guardião, o super-herói bauruense, intrépido e sempre bem informado atento ao evento, sugere a todos os interessados no tema moda conhecer um outro lado da questão das grifes locais.
“Localizadas em Bauru muitas grifes de moda, etiquetas famosas e conhecidas nacionalmente, com pomposas lojas, aqui e em outros centros. Imagine a situação de algum congressista sugerir lá para os organizadores e querer conhecer a fábrica de alguma dessas grifes. Seria uma saia justa. Poderiam visitar lojas, escritórios, falar com seus proprietários, mas não existiria possibilidade de conhecer a fábrica, o local onde as roupas são fabricadas. E a pergunta lógica que fariam seria: ‘Por que não posso conhecer, qual o problema?’. Simples, não existem essas fábricas. Existem as etiquetas, as grifes, as lojas onde o material é vendido, mas não as fábricas”, começa sua fala o intrépido Guardião.
Fábricas, todos sabem existem algumas em Bauru. A cidade não é nenhum polo industrial de peso, mas possui algumas de ponta, mas nenhuma no quesito grife de moda. Existem algumas de lingerie, porém as malharias se fecharam, resiste uma ou outra de porte médio, sem contar as que se mudaram para regiões na China. Guardião segue na linha iniciada acima e explica sua tese: “As grifes não possuem mais empregados registrados para confeccionar nada. A imensa maioria delas terceirizou tudo e isso não é de hoje. Virou padrão nacional, quiçá mundial. Muito mais fácil para esses empresários contratar experientes costureiras, mantê-las em suas casas e levar até elas as peças para serem finalizadas. Etapa por etapa, uma corta, outra costura, tem outras até para o acabamento final. Passam de mão em mão, mas em locais diferentes e nenhuma com vínculo empregatício. Juntando todas essas costureiras atuando em suas casas, quartinhos de fundo de quintal, teríamos a maior indústria bauruense em funcionamento”.
Claro que Guardião é irônico, mas na ironia passa sua mensagem. E como, com ironia a reflexão é mais do que possível sugere mais. “Entrego a essas competentes profissionais o troféu da hoje maior indústria bauruense em funcionamento. São merecedoras pela forma como trabalham, em suas próprias casas, com serviço acumulado e com prazos curtos, pressão por todos os lados e dentro desse novo padrão mundial, dito moderno, selam de forma bem evidente como será o mundo daqui por diante. A imensa fábrica de ontem foi transferida para o quartinho dos fundos das pessoas, ali elas realizam funções pré-determinadas e se puderem, quiserem e conseguirem, contribuirão para a Previdência e tudo o mais. O compromisso do empresário fica estabelecido num contrato de trabalho, renovado a cada nova entrega e encerrado com o pagamento na entrega do pedido. Muitas terceirizam a terceirização e ampliam o descalabro da fragilização da mão de obra nos tempos atuais. Aproveito o momento do evento de moda em Bauru para homenagear elas todas, pois mesmo com toda a bela fachada existente em todas grifes, sem as costureiras nada se consumaria. Daí, o troféu se justifica e reconhecer sua importância é mais do que importante. Que seriam das griffes sem elas?”.
Encerrou o papo e saiu voando pelos ares dessa “sem limites” cidade de Bauru.
OBS.: Guardião é um personagem criado pela veia criativa do artista do traço, Leandro Gonçalez e sai aqui publicado com os pitacos de texto deste mafuento HPA.
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