segunda-feira, 21 de maio de 2018

ALFINETADA (165)


NO DIA DA POSSE DO NOVO BISPO CATÓLICO, A LEMBRANÇA DE DOIS PADRES E A QUASE NULA POSSIBILIDADE DE UMA APROXIMAÇÃO COM OS ANSEIOS E NECESSIDADES DO POVÃO
Escrevo sobre a grande movimentação no seio (sic) da igreja católica ocorrendo hoje em Bauru com a posse de um novo bispo na Diocese de Bauru, o carmelita dom Rubens Sevilha. Com todos os que falei a respeito, nenhum nega, é até mais conservador do que o que se aposenta, o pirajuiense dom Caetano. Sei não mais existirem bispos e religiosos como nos meus tempos de moleque, com a resistência de um cardeal Arns, Helder Câmara, Casaldaliga, ou mesmo frei Beto, os irmãos Boff, Tito, para ficar nesses exemplos. Existir existem, mas são poucos e cada vez mais isolados, desaconselhados a emitir opiniões ou, na melhor das hipóteses, ofuscados.

Aqui em Bauru tivemos um bispo de resistência durante o regime militar, com uma história ainda pouco conhecida, dom Padim. O tempo passou e hoje não consigo vislumbrar nenhum padre na atual diocese que tenha uma ação social consistente e atuando na lida ao lado dos fracos e oprimidos. Na diocese de Bauru, pelo que saiba, nenhum. Conheço só um padre na região pelo qual coloco a mão no fogo, o Severino, de Promissão, morando num catre junto da igreja central, mas ficando a maior parte do seu tempo junto dos assentados rurais. Esse sim é de luta, comprovado pelos seus atos. Desconheço outros. Agora mesmo, vejo foto na capa do jornal do padre lá da paróquia do Gasparini, reduto suburbano desta cidade, Edson Codato, motoqueiro, cabelo rabo de cavalo, ontem e hoje à frente de um Encontro Regional de Motoqueiros em Tibiriçá, mas sem aquela pegada da luta naquelas tais de CEBS – Comunidades Eclesiais de Base. Não emite opinião sobre esses temas contundentes do momento atual, preferindo as trivialidades e vejo, ele tinha tudo para balançar a roseira e chacoalhar as estruturas. Possui até o biotipo, com as sandálias sujas de terrão.

A igreja de hoje é desanimadora e em sua maioria, todas suas instâncias não seguem o que o atual papa, o argentino Francisco diz, prega e segue. A maioria está em outra, faz vista grossa para o atual papa e seguem numa linha conservadora até a medula. Fui ler a entrevista no Jornal da Cidade, edição de hoje, do bispo que chega em Bauru e lá duas fotos marcam o texto, ele ao lado de dois papas, João Paulo II e Bento XVI. Não aparece ou não quer aparecer junto do atual papa. Algo significativo, muito significativo e que deveria merecer até uma cobrança por parte dos fiéis. Mas cobrar o que, se até os fiéis, ou a maioria deles, fazem o mesmo, se dizem católicos de quatro costados, dizem adorar o papa, mas quando o assunto é seguir o que ele está a dizer, fogem dessa ação como o diabo foge da cruz.

Hoje ocorre uma festa na praça Rui Barbosa e por lá dizem, devem passar durante o dia de hoje mais de 2000 pessoas, todas reverenciado a chegada do novo bispo. O país vive um dos seus momentos mais delicados desde que me conheço por gente, uma instabilidade mais do que comprovada e se for pedir algo desses por lá a respeito da prisão do ex-presidente Lula, da chegada dos golpistas ao poder, capaz da decepção ser maior que a esperança. Sei que se o quadro é de pavor com transformações dentro de uma igreja que outrora fez muito na resistência ao golpe militar, atualmente não espero mais nada, nem dessa igreja, muito menos das demais. Nessa ainda vejo um nome ou outro espalhado pela aí a resistir, mas nas demais nem isso. Falei dos padres e volto ao assunto para encerrar esse texto: que padre aqui desta cidade é de luta hoje? Não espero mais nada desses que chegam, pois se nem o que o papa faz consegue alterar sua rotina, não seria um escrito mequetrefe como o meu que os iria tocar. A perdição grassa e diante de tudo o que presencio, não sei como esse papa consegue se sustentar diante de tudo o que rola nas esferas abaixo dele. Ainda existiria a CEBS?

Diante disso tudo, só tenho algo a declarar, a posse do novo bispo me é indiferente, pois pelo que vejo, tudo continuará como dantes no quartel de Abrantes. Dizem até, com muitas possibilidades de piorar. Finalizo com um VIVA AO PAPA, até para se contrapor à toda louvação ocorrendo aqui bem próximo de casa, de onde já ouço os folguedos festivos.
Este é o padre Severino, um alento para essa região desprovida de religiosos ao lado do povo.

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