sexta-feira, 22 de junho de 2018
ALFINETADA (166)
ROSE TRABALHA ENQUANTO O BRASIL JOGA NA COPA E DIZ NÃO GOSTAR DE FUTEBOL
O segundo jogo do Brasil na Copa do Mundo da Rússia estava prestes a começar e como tudo previamente combinado, o país parou e os avisos espalhados por todos os lugares anunciavam: “Em função do jogo abriremos na sexta somente às 12h”. Pouca coisa funciona no país do futebol no período da duração de um jogo de Copa. Alguns não têm como parar seus ofícios e trabalham. Um amigo dono de restaurante me disse ontem que foi difícil escolher quem poderia preparar o almoço da sexta, algo que tem que ser feito impreterivelmente no horário da contenta com a Costa Rica, marcado para 9h, com término por volta das 11h. Findo o jogo, batendo a fome, a comida terá que estar pronta à espera desses todos. Conto a história de uma senhora, moradora do Geisel e me dizendo um dia antes: “Irei trabalhar como sempre o faço às 8h. Não gosto de jogo e meus compromissos não me permitem o luxo de parar nesse dia”. Conto abaixo algo dessa pessoa, uma dentre tantas fazendo vista grossa para a Copa e ralando todo dia.
ROSE é diarista, faz faxinas e antes possuía agenda cheia, de segunda a sábado e também em alguns domingos. A renda advinda do trabalho é primordial para manter os gastos de sua casa. Hoje sua rotina se alterou, pois não consegue mais ter os dias preenchidos. Quem fazia faxina toda semana, com o que ocorre ao país atualmente, esse intervalo foi dilatado. Daí, profissionais como ROSALINA DA SILVA, 46 anos, uma trabalhadora braçal como tantas outras, buscam hoje ampliar o número de clientes, para no mínimo, não deixar sua renda cair mais do que ocorreu de uns anos para cá. Mora no bairro Geisel, quase ao lado da Perdigão, numa modesta casa, ao lado do marido e de três filhas, uma maior de idade. Num dia como hoje, o marido conseguiu só iniciar seu trabalho após as 12h, mas ela não. A “patroa” que a receberia nesse dia, disse que poderia chegar mais tarde, mas ela pensou consigo mesmo, “se o fizer, terei que ficar até mais tarde e como não gosto mesmo de futebol, para mim nada muda e a só por ter conseguido mais uma nova casa, me sinto recompensada”. Sua rotina é essa, sai de casa bem cedo, desce de ônibus até a cidade e de lá, se a distância for grande, outro até o local. Combina sempre 8h e fica até por volta das 18h, mas pedirem, acaba ficando até mais tarde, pois sabe muito bem, “com as coisas mais do que difíceis, melhor agradar do que desapontar e impor a saída no horário combinado”.
No trabalho do dia de hoje a deixaram a vontade, mas nem espiou o jogo e só ficou sabendo do resultado no final, ou pelos gritos ouvidos da sala. Rosa, como gosta de ser chamada não escolhe serviço e vai aonde é chamada. Cobra um preço considerado justo e dentro da média das outras exercendo a mesma função. Ruim mesmo quando num dia pega uma casa menor e noutro uma imensa, cobrando o mesmo preço para ambas. Sua rotina não termina ao sair do duro expediente de cada dia, pois ao chegar em casa, mesmo com as filhas já tendo adiantado muito, sempre encontra muitas outras tarefas para serem realizadas. Por fim, vê pouca TV, mesmo até gostando e só não o faz mais por absoluta falta de tempo. Quando sua rotina se encerra já está na hora de deitar e descansar, para tudo começar no dia seguinte. Chato mesmo, diz, quando acorda e não tem nenhuma casa para limpar no dia. Sabe que, o dinheiro que muito a ajudará nas despesas da casa naquele dia não vai entrar e assim, um buraco a mais no orçamento.
ESSE SIM FOI PÊNALTI E ESCANDALOSO: https://www.facebook.com/Globoesportecom/videos/10156625002675409/
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