sábado, 23 de junho de 2018

MÚSICA (161)


ENVELHECI, MAS CONTINUO EM EXPOSIÇÃO - 58 BATENDO NA MINHA PORTA

Entristecido comunico a tudo, todas e todos, dia 23 de junho consigo completar mais um ano de existência e entre chuvas, trovoadas, processos, rasteiras, catracadas, apertos e aos trancos e barrancos, chego aos 58, com corpinho de 70. Peguem leve com esse mafuento, pois meus oráculos não possuem boa previsão para essa cansada carcaça, velha de guerra. A gente faz o que pode, pois o não posso, nem adianta insistir, não faço mesmo. Abracitos cordiais para os que me desejarem algo, de bom ou de ruim. Sento aqui na varanda no mafuá e cantarolo uma música do meu compositor preferido, Aldir Blanc (essa com Maurício Tapajós), "Entre o torresmo e a moela" (eis o link: https://www.youtube.com/watch?v=MbJCbBDLebE), que de certa forma é um breve resumo de minha existência:

"Envelheci, mas continuo em exposição
A ex-mulher me chama de Sardinha de Balcão
Eu digo sempre que melhor que apodrecer ao lado dela
É ir mofando entre o torresmo e a moela

Porque lá em casa a barra era violenta
Eu padecia entre a mostarda e a pimenta
Agora vivo entre o cavaco e o violão
Lá em casa era entre o cutelo e o facão
Quem acordava entre a meleca e a remela
Prefere a vida entre o torresmo e a moela

De barco entre a tempestade e a piração do leme
Levava beiço do Ecad e bico da Capemi
Falavam mal de mim a sogra e a vizinha
Ai, eu penava entre o modess e a calcinha
Quem se amarrou entre cabresto, rédea e sela
Quer descansar entre o torresmo e a moela

Entrei para a política e votei no Leonel
Acabei entre o Agnaldo e a mãe, via Embratel
Pedi desculpa a um general que me deu na costela
O vice disse outra tolice, não lhe dei mais trela:
Entre o sambódromo e o bicheiro, rei da passarela
Quero é sambar entre o torresmo e a moela".


Qualquer dia desses tomamos umas brejas juntos. Apressemos a coisa, pois pode não dar tempo. Nem queiram passar pelo que passo, pois até uns anos atrás ainda me considerava o "rei da batata quenta", com tudo no lugar, pedra-noventa, mas agora, dói tudo, não funciona mais nada e o banco me cobra algo que nem sei como poderei saldar sem ser enjaulado. Com a ajuda de todos, pequena contribuição depositada em minha conta, me salvarei e irei novamente dar com os costados em Cuba, antes de bate com a dez. Posso contar com os que ainda acreditam um bocadinho em minha honesta proposta de tentar viver mais uns anos por essas plagas? Só vocês podem me tirar dessa enrascada...

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