sábado, 30 de junho de 2018

COMENDO PELAS BEIRADAS (57)


OS CARROS FERROVIÁRIOS QUE PODERIAM SER RESTAURADOS AQUI SÃO ENVIADOS PARA LONGE

Fui Diretor do Patrimônio Histórico e Cultural de Bauru na última administração de Tuga Angerami. Foi nela que o prefeito, mesmo sem grana conseguiu saldar dívidas antigas e deixar uma boa bufunfa nos cofres municipais. Salvou a administração do Rodrigo Agostinho, pois se tivesse agido como os anteriores esse teria uma caixa no vermelho no princípio, meio e fim. Tuga, como sabemos, adiou o caos administrativo desta cidade. Tenho o maior orgulho de na minha única experiência no serviço público tenha feito parte daquela equipe. A grana da Cultura sempre foi baixa, mas naquele período, 2005/2008, praticamente não existiu. Estávamos cientes de tudo, os tempos eram de restrições, recuperação de caixa e tínhamos que ser criativos.

Não fizemos muito, mas os três carros restaurados e instalados no Poupatempo foi obra de algo conquistado naquele período. Restauramos também o carro férreo de 1ª Classe, com estofamentos em todos os bancos. Tudo feito com parcerias e sem dinheiro público, nos viramos para arrumar apoiadores. Tivemos uma agenda de eventos seguidos, quando os museus tinham vida das mais ativas, todos eles. Hoje, um deles, nem mais existe. O projeto Ferrovia para Todos funcionava e o trem de passeios circulava pelos menos duas vezes ao mês, aos finais de semana. De lá para cá, entristecido constato, nenhum outro carro férreo foi restaurado e pelo que leio mais de 500 itens férreos estão espalhados pela malha bauruense, apodrecendo ao léu. Nunca mais estive em Triagem Paulista, mas lá localizadas tínhamos muitas peças importantes da história férrea de Bauru. O que terá restado daquilo tudo após pouco mais de dez anos?

O que sei é o que vejo pela TV Tem numa matéria sexta passada. Nela um imenso guindaste ergue um dos carros metálicos de passageiros ali estacionados há mais de uma década e o coloca sob uma plataforma de carga, que os levará para a capital paulista e ali será restaurado por uma Associação Férrea conhecida nacionalmente, essa funcionando a pleno vapor. Na época tínhamos certa rivalidade com eles, mas hoje reconheço, que se leve tudo, pois lá o restauro ocorre, nunca pararam e aqui não mais. Antes de se perder definitivamente o restante de acervo ali na gare central da antiga estação da NOB, que se encaminhe para quem o faça. Escrevo isso tudo, pois vejo que a Secretaria Municipal de Cultural acaba de momear o mais novo Diretor do Patrimônio Cultural de Bauru. O cargo, pelo que sabia, era ocupado por um funcionário de carreira, mas agora o foi por uma pessoa que, demitida de outro cargo na administração, foi acomodado por ali por imposição de um partido político. Nem sei se possui alguma afinidade com a causa férrea, daí nem sei se devo lhe perguntar se ainda teremos esperança de um dia ter de volta o passeio da Maria Fumaça. Quanto a restaurar novos carros férreos, rezo para que um dia isso posso voltar a ocorrer. Ouço na matéria da TV que o passeio, se um dia voltar, pode ter uma parada no Boulevard Shopping. Isso, pelo que me consta é algo mais do que antigo. Quando da construção do mesmo já discutimos isso, mas por preciosismo não foi levado adiante e torço para que agora ocorra, com pelos menos o proprietário do rico empreendimento promovendo o restauro da estação de Triagem Paulista, a parada seguinte. Seria um circuito belíssimo, de triagem, passando pelo Shopping, Estação Paulista e depois a Central, a da NOB.

Vamos conhecer em breve o plano de trabalho do novo diretor, quando talvez se possa discutir isso tudo com pessoa qualificada para tanto. Torço para que olhe com carinho e reative a paradeira imposta pelas últimas administrações na questão férrea dentro da já montada estrutura existente. Chega de pasmaceira e paradeira generalizada.

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