terça-feira, 21 de agosto de 2018
DICAS (175)
GENTE, HISTÓRIAS DESSA GENTE BRASILEIRA
01.) GENTE, POVO, CONTATOS MAIS QUE NECESSÁRIOS Adoro papear com quem vem me prestar um serviço, dentre os muitos que não me predisponho a fazer, pois não tenho habilidade para tanto (tenho para pouco). São profissionais e em cada um, embutido neles as suas histórias. Trabalhar calado não me apatece. Gosto dos conversadores, os que se soltam. Puxo assunto e assim passamos o tempo, o serviço flui mais palatável e aprendo mais. Aprendo muito com todos esses. Deste aqui, o Ademir, encanador de renomado conhecimentos e habilidades, morador ali do Jardim Nicéia, já somos mais que amigos. Escrevi dele meses atrás, um perfil para o Lado B e em cada retorno (como tenho problemas por aqui com canos, encanamentos de banheiros e afins), longos papos. Ele não chegou aos 50, mas joga no time senior do amador bauruense, até ano passado no de seu bairro, o Nicéia, este ano do Jardim Europa. Deve ser um meia esquerda bom de bola, corpo fino, jeito de quem sabe bater e conduzir bem uma bola, mesmo nesses campos horrorosos de Bauru, os distritais com pouco cuidados.
Ademir voltou em casa hoje pela manhã e só sai para a labuta diária após ele se ir. Ganho o dia papeando com ele e ouvindo suas histórias. Hoje me contou a do seu final de semana, onde o que faz que mais gosta é bater bola, o tal jogo semanal no amador. O técnico, sabendo ser ele do Nicéia e jogando agora pelo adversário, o deixa no banco. Explica a situação e ele me conta, dos preparos que tem durante a semana, as caminhadas que faz perto da Unesp, o jogo de salão as quintas, tudo para ir dilatando a musculatura, soltando as amarras e quando ocorre algo como o deste final de semana, um desalento. Ele não reclama, entende as justificativas do seu técnico, mas como adora correr atrás de uma pelota, fala da amargura que é permanecer a contenta toda sentado no banco de reservas. E ainda vendo seu time perder o jogo no último minuto, num gol de falta.
Nada é igual a ter o prazer de conversar com pessoas como o Ademir. Tinha compromissos na rua as 9h, mas só sai de casa depois das 10h e assim sendo, tudo atrasado comigo no dia de hoje. Tento tirar o atraso, mas algo que não pude deixar de fazer foi ter o papo, enfim, prolongar o papo. Gente desse naipe me recarrega para as contendas todas que tenho durante o restante do dia. Ele me contou muito mais, conversamos muito mais, mas não tenho tempo suficiente para descrever o maravilhamento da conversa. Fico por aqui, mas recomendo o aproveitamento ao máximo quando alguém assim surge em sua casa para fazer um elementar e básico servicinho, aquele que você não sabe fazer e é obrigado a contratar alguém, pois se metendo a fazer, vai ficar muito mais caro no frigir dos ovos. Eles nos ensinam muito mais do que nós, poderíamos ensinar a eles. Uma troca, quando os dois lados estão predispostos a fazê-lo, onde ambos só tem a ganhar. Ele perdeu a partida de futebol no final de semana e eu ganhei com a vinda dele hoje aqui pela manhã em casa.
02.) PAULINHO É MESTRE VIDREIRO E NA CRISE TROUXE O FILHO PARA JUNTO DE SI A história que mais ouço se repetindo na boca dos trabalhadores informais ou os que mantém pequenas firmas em seu nome, as tais prestadoras de serviço é quase sempre a mesma. “Há uns cinco anos atrás ganhávamos de $ 400 a $ 500 reais dia e tínhamos abundância de serviço, hoje para ganharmos no máximo uns $ 120 dia, a concorrência é imensa e não é todo dia que nos pagam isso”. Diante da repetição da fala entre a imensa maioria dos profissionais De pequenos serviços domésticos, como argumentar e desdizer do desejo de descarregarem seus votos em quem tanto fizeram por eles, no caso o ex-presidente Lula? Trago hoje aqui a história de um desses, que fez mais, diante da absoluta falta de possibilidade de colocar seu filho no atual mercado de trabalho, o preparou e hoje ambos trabalham juntos.
PAULINHO é mestre no que faz, instalador de vidros e box para banheiros. Trabalha nos mais diferentes ambientes na cidade de Bauru, desde os mais simples aos mais refinados. Não recusa serviço e tem sua agenda ainda cheia, primeiro por possuir muita experiência e depois pelas indicações, motivo hoje de manter a agenda sempre cheia. Sem fazer qualquer tipo de anúncio, toca seu barco no “boca a boca”, primordial para seu negócio. Começou cedo, bisbilhotando os mais velhos, tomou gosto pelo ofício e foi se especializando. Esquadrias é o que faz e instala tudo com o maior esmero. Morou quando criança nas imediações da rua São Paulo, início do jardim Bela Vista, perto do rio Bauru e hoje, com toda sua família, conseguiu uma bela casa própria, conseguida na época das vacas gordas, na vizinha Piratininga e de lá, está diariamente em Bauru adentrando a casa alheia e deixando banheiros impecáveis por onde circule. Não é de reclamar, deu o necessário estudo ao filho, mas chegou à conclusão que diante do momento atual do país, o melhor mesmo era iniciá-lo no seu ofício e assim foi feito. Hoje atuam juntos, um na retaguarda do outro e assim prosseguem driblando as adversidades. O apelido veio do jeito malemolente, não tão grande e o diminutivo não lhe atrapalha em nada, pois já está mais do que incorporado e aceito por todos à sua volta. De bem com a vida, trabalha sorrindo, ouve muito mais do que fala e em pouco tempo está entrosado em qualquer tipo de ambiente. Um profissional que soube ir se aprimorando ao longo dos anos, se estabeleceu e hoje está aí para o que der e vier. Falou em vidros para residências e escritórios, Paulinho está sempre nas paradas de sucesso.
03.) E A TRISTE HISTÓRIA DOS QUE VIVEM NAS RUAS E NELA NÃO QUEREM PERMANECER
Página 12 percorreu as "calles" (ruas) de Buenos Aires (como poderia ser feito em qualquer uma brasileira com o mesmo resultado) e em busca de suas histórias, ouviu não só os lamentos, mas levantou dados sobre o grau de instrução, aspirações quanto a voltar a trabalhar e estudar, terem novas moradias em condições onde possam, principalmente sair condição onde se encontram e, consequentemente, das ruas. Vale a pena acompanhar pelos links a leitura e associar com o que ocorre nas ruas brasileiras:
1.) https://www.pagina12.com.ar/136464-caidos-del-mapa
2.) https://www.pagina12.com.ar/136465-entre-ollas-paradores-y-recorridos
3.) https://www.pagina12.com.ar/136466-un-frazadazo-contra-la-invisibilizacion
4.) https://www.pagina12.com.ar/136456-menos-trabajo-y-mas-informal
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