quarta-feira, 23 de janeiro de 2019

RETRATOS DE BAURU (223)


VALDECIR TRANSFORMOU SEU LOCAL DE TRABALHO NA PRAÇA MAIS CHARMOSA DA CIDADE
Escrevi outro dia algo muito simples sugerindo ser a praça Salim Haddad Neto, redonda, atrás do Habib’s, a mais bonita da cidade. Os comentários foram os mais diversificados possíveis e dentre todos, muitos me questionaram dos motivos dessa ser tão diferente das demais. Perguntaram se essa praça era adotada? Respondi informando ser uma adoção diferente, os moradores no entorno dela bancam um jardineiro, com carteira registrada e tudo e ele ali, de segunda a sábado, cuida dela com o maior carinho e atenção. Daí, outro quis saber quem era o jardineiro. É exatamente isso que venho aqui descrever, algo dessa iluminada pessoa, um cuidador de algo público. Escrevo dele e me recordo de ano passado, quando na Itália, os amigos que me hospedaram disseram que lá na região onde moram, o poder público faz muita coisa, mas não consegue tudo e daí eles criaram associações só para verem atendidos o que esse braço não alcança. Fazem festas, rifas, correm listas, arrecadam e entregam obras, que naverdade são revertidas para uso deles mesmos. Agora conto a história do jardineiro da prça redonda.

VALDECIR MARTINS tem 44 anos e muita experiência como jardineiro. Casado, dois filhos, mora no jardim Industrial, de onde sai diariamente de bicicleta para vir ao trabalho, onde contratado pela Administradora de Condomínios, a Chedalgus, exerce o ofício a lhe trazer não só retorno financeiro, mas a alegria do seu dia a dia. “Tenho paixão por planta e por verde e aqui na praça me realizo”, diz. Os moradores do entorno da praça decidiram coletivamente destinar mensalmente cada um R$ 15 reais, repassado para a empresa, essa contratou Valdecir e ele permanece no local cuidando de tudo. Chega por volta das 7h da manhã e saí 17h, fazendo de tudo e mais um pouco no quesito jardinagem. Vê-lo atuando com pá, rastelo, tesourão, vassoura e sacos para recolher lixo e tudo o mais é um encanto. Além de toda a dedicação, o “Negão da Praça”, como me diz é conhecido, está sempre de bom humor, rindo de orelha a orelha, ótimo papo e assim seguindo, orientado, deixando tudo um primor. Está há apenas dois anos no local, mas como o aspecto da praça é de total aprovação, se sente amigos de todos, o que propicia trabalhar com mais afinco e dedicação. Quando lhe digo que quiseram saber se era a Prefeitura a responsável pela praça, ele sorri e me diz: “São muitas as praças da cidade e mesmo com ótimos profissionais, quase impossível eles dedicarem alguém exclusivo num só local como eu aqui”. Sim, verdade. O diferencial do lugar é ele ali estar presente, mas não só isso. Não basta a pessoa ali estar e não gostar do que faz. Ele gosta e muito, daí na união do útil ao agradável, a lindeza desponta e se expande. Ninguém joga lixo nessa praça assim do nada, pois ele ali está não para reprimir, mas para orientar, zelar e até, ao seu modo e jeito, educar. Valdecir é, assim como a beleza da natureza ali exposta, parte integrante e da maior importância para tudo ser tão lindo nessa diferenciada praça de Bauru.

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