DICAS (183)

A DICA DO FINAL DE DOMINGO: "O BARATO DE IACANGA" - E HOJE A MOÇADA GOSTA DE BRUNO E MARRONE

Este trailer aqui indicado é de algo mais que auspicioso ocorrido aqui na região de Bauru e marcando uma época como nenhum outro acontecimento, o Festival de Águas Claras, na vizinha Iacanga. Por quatro seguidos anos Bauru foi novamente "terra de passagem", pois milhares e milhares de pessoas passavam por aqui à caminho de Iacanga, tudo para poder participar de um projeto que tinha tudo para não dar certo, mas deu mais que certo. Hoje me penitencio por ter tido oportunidade de ir em mais que um e por fim, acabei indo só num, o último, o das chuvas e quando tudo já não estava tão formoso como nos demais. Morando aqui ao lado de Iacanga e já tendo mais de 20 anos, devo ter me segurado nem sei hoje por que cargas d'água, pois se tudo estava acontecendo ali do lado, com todos aqueles passando por aqui, onde estava com a cabeça para ficar de fora.

Semana passada estive em Iacanga e toquei no assunto com amigos de lá, um deles militante da esquerda e dele ouço algo pelo qual não esperava. "Conheço muito o Leivinha, o idealizador do festival, mas não me dou mais com ele. Ele hoje está confinado lá na Chapada dos Guimarães, mas virou um sujeito de direita, com ideias que passam longe das que defendia quando idealizou o festival e propiciou aquilo tudo. Não dá mais para conversar com ele num papo amigável, sadio. Prefiro continuar mantendo distância", me disse. Li muita coisa desse festival, num período até juntei tudo o que ia encontrando pela frente, pois representou muito para as liberdades, tão escassas no período quando ocorreu, os anos 80. Tenho lembrança que a TV Bandeirantes fechou acordo e contrato com o pessoal do festival e as apresentações eram transmitidas ao vivo. Quer algo mais divinal que isso? Aquilo foi mais que revolucionário, pois todos os grandes nomes da música brasileira no período lá estiveram.

Fico triste por saber dos rumos de vida quer o Leivinha buscou para sua vida. Muitos tomaram esse rumo depois de longa trajetória defendendo o lado mais palatável do mundo. Poderia citar o Fagner, que cantou tanta coisa pela qual gosto de paixão e hoje, como que renegando aquilo tudo, vivencia uma postura a bater de frente com muita coisa que cantava, que estava nas letras de suas canções. Sei que tudo o ocorrido no festival, o propiciado para a imensa legião de gente que lá esteve ou que, mesmo não estando, sabe o que aquilo tudo representou, não desmerece o feito do Leivinha. O bom foi aquilo tudo ter ocorrido, até pela forma como foi conseguido e no final, no último ano, os próprios idealizadores já iam percebendo que a coisa já não estava como dantes, com furtos dentro das barracas. Tudo cresceu tanto e com isso atraiu de tudo um pouco, inclusive as coisas ruins. O barato do festival foi ele ter acontecido.

Quero agora assistir o documentário, relembrar algo de um passado que infelizmente não volta mais. Já tentaram reviver algo como aquele festival, mas nada será como antes. O momento é outro, as pessoas idem (o próprio idealizador é o melhor exemplo). Melhor mesmo é buscar entender como aquilo tudo ocorreu e tocar a vida. Nem sempre a gente consegue reviver muita coisa pela qual fizemos ou estivemos envolvidos. Em muitos casos nem é bom que ocorra de novo, pois talvez ao não se conseguir repetir com o mesmo ímpeto o antes conseguido, uma decepção maior. Iacanga mesmo está em outra e em poucos lugares existem os dispostos a falar desbragadamente sobre aquele festival e tudo o que ocorreu na cidade e entorno. Outro dia na casa do fotógrafo Calil Neto, ele me mostrou seu álbum de fotos tiradas lá, peça rara, única, registros inigualáveis de quem lá esteve e ao lado dos astros, no meio do povo. Fico viajando com isso tudo e tento sobreviver em tempos bem mais caretas, pois disso tenho certeza: o mundo de hoje está muito careta que aqueles vividos nos anos 80. Tínhamos (e ainda temos) tudo para avançar, mas andamos para trás e ao observar algo como esse festival, bate uma vontade de voltar no tempo, até porque o corpo de hoje não é nem sombra do que aquele daqueles tempos. Envelhecer em tempos sombrios é uma nhaca.

Eis o link do trailer: https://www.youtube.com/watch?v=N83vg6j2F5U

Bem te vi MPB: Águas Claras parte 1: https://www.youtube.com/watch…

Bem te vi MPB - Águas Claras parte 2: https://www.youtube.com/watch…

Bem te vi - Águas Claras parte 3: https://www.youtube.com/watch?v=LT3rn9OPXhg

Fotos do Festival: https://www.youtube.com/watch…