sexta-feira, 24 de maio de 2019

MÚSICA (173)


BUENOS AIRES E UM ROTEIRO PERCORRIDO POR DOIS DE SEUS ESCRITORES - VISÃO DE UM JORNALISTA BAURUENSE

Para uma imensa legião de fãs a rivalidade entre argentinos e brasileiros é pura balela, perda de tempo e conversa pra boi dormir, pois o que muitos nutrem ao longo do tempo é um fraterno amor, admiração saudável com o país vizinho, principalmente com sua capital, Buenos Aires. Ela é demonstrada de variadas formas e maneiras, uma delas o escritor e fotógrafo bauruense, portanto caipira assumido, porém viajado, como gosta de apregoar, Joao Correia Filho corajosamente lançou ao mar na noite de ontem, quarta, 22/05, no Café Dell'Arte (comandado por um casal de cariocas radicado há algum tempo por essas plagas), um livro de texto e fotos, o "Buenos Aires, Livro Aberto - A capital argentina nas pegadas de Borges, Cortázar e Cia".

Quem gosta por demais da conta de Buenos Aires não poderia perder. Com o livro já debaixo do braço, comprado antes do lançamento diretamente por um sistema de sociedade entre autor e editora, a Mireveja, o livro tem um sabor especial, pois assim de bate pronto é bonitão, charmoso e cheio de bons atrativos. Numa folheada rápida, nasce a predisposição para deixá-lo ao lado da cama, no criado mudo e ir curtindo como drops, aos poucos. A ousadia do João está em tentar recriar os (des)caminhos dos dois escritores, um mais à direita, no caso Borges e outro mais à esquerda, no caso Cortázar, na imensidão buenarista. Quem não gosta de perambular por Buenos Aires é como apregoa uma velha música, "ruim da cabeça ou doente do pé". Eu adoro e o faço desde que, na primeira vez lá estive em 2007, junto com o Marcos Resende, o Comunista em Ação, para presenciarmos algo inusitado, um comício de Hugo Chavez no estádio Ferro Carril, que acabou se transformando no meu primeiro texto publicado em Carta Capital. De lá para cá, volto há oitos seguidos anos junto com Ana Bia Andrade, para participarmos de Congresso/Encontro Design, na Universidade de Palermo, sempre final de julho, começo de agosto (período muito frio, inverno quase sempre bravo), onde ando pela cidade durante uma semana inteira.

Como o livro do João é sobre sua andança e o seu olhar sobre os lugares percorridos pelos dois escritores, já gostei de cara e irei utilizá-lo como uma manuel, guia para a viagem deste ano. E já percebi, o livro tem um sabor especial, que é o do gastar sola de sapato, acrescentado de seguir uma trilha já percorrida e com teoria, ou seja, com uma bela escrita, juntando tudo, numa liga mais que consistente. Enfim, o livro eu ainda não li, mas o farei em breve e ontem lá no café, muita gente conhecida, todos amigos do João e a maioria também meio amantes da capital argentina. e dentre eles gente que conhece a fundo particularidades da cidade, como Dino Magnoni, que morou durante um tempo, quando fazia estudos acadêmicos, particularmente na zona boêmia de Boedo, reduto de histórias mirabolantes, como as que lerei e terei o prazer de viajar com os olhos degustando o livro em mãos. Muito gostosa a conversa na mesa onde sentamos, junto com o Bessa e esposa, os Manaia e outros, num papo que certamente, poderia se prolongar noite adentro. na dedicatória do João para o casal, algo singular: "Ana e Henrique, que este livro traga mais poesia para sua vida e nos aproxime ainda mais. Forte abraço do João".

Coisas que a gente vai desvendando com o transcorrer da noite, maravilhamento provenientes de boa conversa, como a dica dada pela Maria Amélia Silva Bessa, citando a frase que abre o livro e que diz ser também a sua marca e cara: "Ser o que se pode é a felicidade. A felicidade é a aceitação do que se é e se pode ser". Viajamos todos juntos desvendando o que está contido por detrás do também descoberto pelo autor. Gostoso também foi presenciar a entrevista feita ao vivo, do Bruno Sanches, fazendo perguntas com seu jeito peculiar de vasculhador (ou seria garimpeiro?) de livros. Trocaram figurinhas na nossa frente e, assim tomamos conhecimento de um montão de detalhes que, talvez pudesse até passar desapercebido por um desatento leitor. Enfim, noite de quarta foi muito bem aproveitada. Depois dela, já quero conhecer os outros livros do João, ao mesmo estilo e jeito, com sua visão sobre Lisboa, Paris e São Paulo. E qual seria o próximo lugar a ser desvendado? Com certeza, isso já está devidamente alinhavado na mente do contumaz viajante.

ESTIVE LÁ...
Chavez Contra Bush en Buenos Aires - https://www.youtube.com/watch?v=5NLL64KSXFY
Eu e Marcos Paulo Resende, o Comunista em Ação, estávamos em Buenos Aires, 09 de março de 2007, somente para ver o comício de Hugo Chavez, no estádio Ferrocarril, enquanto em Montevideu, Uruguai, George Bush fazia o mesmo. Um contra o neoliberalismo e outro a favor. Saímos de Bauru, três dias em Buenos Aires e depois, convenci Mino Carta e lá sai publicado meu relato, meu primeiro texto em Carta Capital, num relato sobre a viagem e a experiência de dois bauruenses naquele dia. Encontrei o vídeo no youtube e isso me emociona. Estive lá.

'QUIERO AL SUR, SUA BUENA GENTE, SU DIGNIDAD'

A maioria dos LPs e CDs que tenho aqui no Mafuá eu consigo me recordar de onde os consegui. Muitos a memória já se foi e deles resta somente a boa música, essa permanecendo por aqui junto deles todos. Esse que aqui vos apresento foi conseguido numa feira de rua na capital paulista, uma que acontece todo domingo lá pelos altos da rua Consolação, perto do Bexiga. Bati os olhos, conferi o preço, R$ 5 e disse: "É meu". Acertei na mosca. Gosto muito e indico para escutação coletiva na noite de hoje. Trata-se do CD "Tangos del Sur", do ROBERTO GOYENECHE (direção musical de Nestor Marcini), lançado pela BMG londrina/1989. Das dez, tem pelo menos umas seis que gosto demais, mas essa VUELVO AL SUR é demais da conta. Me arrepio toda vez que ouço. Me digam, não dá uma baita vontade de sair dançando tango sala afora?

Eis o link: https://www.youtube.com/watch?v=SGrp1Y251TM

Vuelvo al Sur,
Como se vuelve siempre al amor.
Vuelvo a vos,
Con mi deseo, con mi temor.

Llevo el Sur,
Como un destino del corazón.
Soy del Sur,
Como los aires del bandoneón.

Sueño el Sur,
Inmensa luna, cielo al revés.
Busco el Sur,
El tiempo abierto y su después.

Quiero al Sur,
Su buena gente, su dignidad.
Siento el Sur,
Como tu cuerpo en la intimidad.

Te quiero Sur,
Sur, te quiero.

Vuelvo al Sur,
Como se vuelve siempre al amor.
Vuelvo a vos,
Con mi deseo, con mi temor.

Quiero al Sur,
Su buena gente, su dignidad,
Siento el Sur,
Como tu cuerpo en la intimidad.

Vuelvo al Sur,
Llevo el Sur,
Te quiero Sur,
Te quiero Sur...

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