sábado, 25 de maio de 2019

PALANQUE - USE SEU MEGAFONE (126)


POR POUCO OS PROBLEMAS DO NOROESTE NÃO FORAM TODOS RESOLVIDOS
Como já é do conhecimento geral da aldeia bauruense, o Esporte Clube Noroeste, esse centenário time de futebol passa por mais um dos seus tantos momentos periclitantes, na sua trajetória de 120 anos de existência. O lema “resistir é preciso”, cabe como uma luva para designar como se processa a vida intestina de um time do interior paulista. Histórias como a dele se repetem em Jaú, São José do Rio Preto, Ribeirão Preto, Limeira, Americana, Marília, etc. Uma sina, de altaneiras agremiações a representar o futebol de cidades, ora em alta, ora em baixa. Agora mesmo, a “maquininha vermelha”, após não se classificar para a fase decisiva da III Divisão do Paulista, numa até honrosa classificação, tem seu time desmontado, quase às vésperas de ter início um novo campeonato, o silêncio paira sobre sua participação, o presidente não se manifesta, ninguém fala em seu nome e algo a mais paira no ar, muito além dos aviões carreira. É desfraldada nova bandeira, tentativa de leiloar o Ginásio Panela de Pressão, para saldar principalmente dívidas trabalhistas. Administrações outras já o tentaram e nessa mais uma. Quando começam a minguar recursos, após ter sido tentado de tudo, intenções se voltam para se desfazer de parte do patrimônio, algo até bem pouco tempo considerado invendável, pois foram concedidos em doações, repasses e benefícios ditos inalienáveis. O impasse tomando conta das hostes noroestinas nos dias de hoje é esse: leiloa ou não? A Prefeitura já se manifestou através da Justiça pedindo para tudo ser devolvido aos seus cuidados, todo o Complexo ainda sob cuidados do Noroeste. O imbróglio ainda não tem solução definida, ou seja, mais um capítulo sendo desenrolado, sem que se tenha ideia do final, aliás, nada presumível.

Nada contra um mecenas aparecer e querer tomar conta de tudo, um comprador vir e assumir o passivo. Os exemplos dos times ingleses, hoje decidindo o maior campeonato de futebol do planeta, o europeu de futebol são exemplos mais que clássicos. Muito se diz de nossos times se transformarem em empresas. Por que não? No caso dos times do interior, faltam os interessados, pois eles estão todos aí, rasgadamente de oferecendo. O caso mais recente, o Bragantino de funde com o Red Bull e hoje estão na cabeceira da série AII do Brasileiro. Alguns se perguntam: por que isso não acontece com o Noroeste? Um dia isso aconteceu com o Oeste, naquela época ainda Itápolis, cidade de 60 mil habitantes, quando um empresário investiu no time e o levou para série AII do Brasileiro, mas por problemas outros, saiu da cidade e hoje esse time, ainda na AII, vive sem torcida, estádio alugado e sob comodato do empresário, apátrida e jogando para estádios vazios. Outros exemplos, ruins e bons pululam pela aí, mas a maioria dos times, todos com rica história, principalmente de resistência, vivem numa penúria de dar gosto. O caso noroestino é exemplar. Quando tudo está para se desfazer, sempre surge alguém, representando um pequeno grupo, se unem, investem e o time dá sinais de recuperação, mas isso logo mais na frente se desfaz e tudo volta para estava zero.

A solução mais uma vez esteve para ser resolvida, mas não se concretizou. Conto a história de um abnegado torcedor, desses que não perde jogo, já tendo viajado muito com o time, mas hoje se reservando a estar presente em todos os jogos em Bauru, mesmo caindo ele em Páscoa, Dia das Mães ou mesmo aniversário de um dos filhos. Vai em todos. BATISTA seu nome, conhecido nas hostes das arquibancadas, principalmente do lado da sombra dos eucaliptos. Foi durante uma vida inteira vendedor de assinatura de revistas, tendo viajado boa parte do país como supervisor de equipes de vendas. Ia, voltava e sempre esteve no Alfredo de Castilho. Aliás, digo, estará, pois não pretende abandonar o gosto adquirido bem lá atrás, o de verdadeiramente amar o Noroeste. Diz de boca cheia deste abnegado amor. Tempos atrás me confessou algo, creio ter sido lá mesmo no intervalo de uma das contendas: “Henrique, jogo toda semana na loteria e sabe por quê? Se ganhar compro o Noroeste, o transformo num clube empresa e você vai ver como ele se tornará grande”. Eu sei, ele faria exatamente isso ganhando os tubos na loteria. Semanas atrás a premiação esteve nas alturas, mais de duzentos milhões e o reencontro nas ruas. Ele me reafirma a disposição, seus planos são mirabolantes e sei, ocorrerá uma profunda transformação intestina no time do nosso coração, sendo de fato valorizado, respeitado e glorificado. Ele me diz nunca ter parado de jogar, semana após semana. Contou dos planos, da transformação e até sonhamos com ela. Tudo estava já traçado, porém, faltou combinar com quem faz o sorteio e novamente ele não ganhou (aliás, ninguém sabe, ninguém viu, quem ganhou) e o Noroeste continua amargando tempos inenarráveis e intempestivos.

Torço muito para BATISTA ganhar na loteria, não só para dar uma guinada em sua vida, mas para transformar o Noroeste num time como nunca se viu. Esse o sonho do BATISTA e de uma legião de torcedores que, como ele, colocam o time de sua aldeia e do coração em primeiro lugar. A dura realidade, sem a grana da loteria e tendo BATISTA como seu mecenas é bem outra, mas eu e ele não nos cansamos de sonhar. Aliás, SONHAR É PRECISO. Ganha logo BATISTA, pô!

ESSA É PARA OS SUGADORES DE PÓ DE ESTANTES - O SEBO DO VELHO JOÃO BAU, NA RODRIGUES ALVES, FALECIDO RECENTEMENTE SERÁ REABERTO
A bagunça ainda está grande lá dentro do local onde por décadas o seu JOÃO BAU, falecido recentemente com mais de 90 anos, trabalhava no ofício de revender livros e discos. Seu endereço ficou famoso e também seu jeito peculiar de atender os clientes, sempre puxando conversa e fazendo uma barganha, uma possibilidade do interessado nunca sair dali sem ter em mãos o objeto de seu desejo. Desde que faleceu, meses atrás, as portas estavam fechadas e nessa semana a mesmo foi levantada e um movimento se estabeleceu no lugar, chamando ao atenção de antigos conhecidos, amigos, clientes e todos que o conheciam. A pergunta é uma só: “O sebo vai ser reaberto?”. E a resposta, para alegria geral dos consumidores de estantes variadas e cheiradores de papel é SIM. Hoje pela manhã um eletricista cuidava dos retoques na parte elétrica e um antigo colaborador acompanha tudo, fazendo ainda uma faxina no local, pois com tudo fechado, alguma umidade, o que estragou está sendo separado e na próxima semana as portas serão devidamente levantadas e o atendimento terá continuidade. Uma pena que, sem a presença do seu Bau, com aquele baita sorriso estampado no rosto e chamando, quase puxando para dentro os que ousassem olhar para os lados do seu estabelecimento. A bagunça está sendo devidamente organizada, mas não completamente, pois como todo bom sebo e com um nome a zelar e preservar, sem resquícios de alguma desorganização, nenhum lugar decente pode ser chamado de SEBO. Aguardem mais um pouco, guardem suas economias e em breve, os fuçadores estarão liberados para derriçar a contento o local, desde que gastem algum e contribuam para que o local permaneça aberto por muitos e muitos anos. Seu Bau estará por ali zelando por todos nós.

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