sábado, 21 de setembro de 2019

CHARGE ESCOLHIDA A DEDO (150)


O PROFESSOR CAPOEIRISTA DE BACURAU ME ACENDEU UM FOGO LÁ NAS ENTRANHAS, VERDADEIRO CALOR NA BACURINHA

Eu assisti o filme uma vez e vou outra, desta feita com Ana Bia. Algo incrível nas terras desta Bauru, o filme esteá na quarta semana, um sessão diária, 13h40 e se persiste, tudo de bom. Entendo que o público está indo, mais e mais gente. Ouço tantos conversando pelas esquinas sobre o filme e isso me dá um alento, sinal de esperança. Tem gente vindo de longe pra assistir o filme. Ontem meu filho lá de Araraquara, ligo para conversar e antes de falarmos qualquer coisa, me pergunta: "Foi assistir Bacurau?". Os bauruenses tem até na próxima quarta para ainda botar os olhos nessa película para lá de instigante, provocante, estimulante e revitalizante. Sai de lá com a alma lavada, primeiro por ver no nordestino hoje esse ser a resistir as investidas da bestialidade reinante. Dá uma vontade danada de ir viver lá com eles. Bacurau é um vilarejo perdido no meio do nada, provavelmente um distrito de uma cidade maior, como poderia ser a nossa Tibiriçá. Lá pulsa ação popular, povo na acepção da palavra, mas um povo que deixou de ser besta, vive antenado com algumas modernidades, numa rede de comunicação integrada e para que os que surgem assim do nada não venham lhes sacanear. Ali tem de tudo, um cadinho de cada coisa de um grande centro, uma amostragem, diria, de tantos que já viveram em grandes centros, mas depois de desalentos seguidos procuraram algo mais ameno, perdido no meio do oco do mundo. Acharam Bacurau e lá se instalaram. Toda pessoa sensata busca a sua Bacurau.

Lá não tem gente boba não. Todos são meio que desconfiados com os que surgem sem aviso e querem se fazer de espertos. Eu, dentre todos os ricos personagens do filme e na qualidade de professor me identifiquei de cara com o personagem encarnando um, além de tudo capoeirista. Negro, calvo, magro, esguio, com aquele jeito malemolente de quem já viu tudo na vida e está ali para passar algo mais para quem ainda estiver predisposto a aprender. Nem lembro seu nome e não conhecia o ator, mas a empatia foi imediata, pois era uma espécie de consultor do lugar. A cena que mais me chamou a atenção do filme todo tem ele como protagonista. Em várias passagens do filme, vários dos moradores do lugar, quando diante de agruras e dificuldades, ou mesmo tendo que enfrentar os dragões da maldade, mascam um tiquinho de uma planta nativa e com o efeito dela ativado fazem o que tem que ser feito. Quando a desgraceira já estava consumada, os invasores ianques já tinham matado muitos dos seus, todos por motivos pueris, os bacurenses acuaram todos e os eliminaram. Nisso, o prefeito da cidade, vendo a viola em caco, rejeitado e com sua trama já descoberta, estava defronte os moradores e com aquele olhar de clemência, o mesmo que todos os algozes possuem quando descobertos. O professor do alto de sua sapiência olha para ele com aquela cara já não tolerando mais nada e lhe diz assim na lata: "Nós estamos sob o efeito de um forte psicotrópico e você vai morrer". E por fim, nem sei se o matam, mas o soltam com a cabeça num saco em cima de um animal estrada afora.

Todos os personagens do filme moradores do vilarejo de Bacurau são dignos de nota e de comentários airosos. Cada um se identifica com um, eu fico com o professor. Ele pode muito bem representar todos os ainda conscientes aqui do Sul Maravilha, com alguma possibilidade de convencer os ainda enganados, ultrajados e a defender a parte contrária como a correta. Eu me vi ali na pele dele e rasgando a fantasia, se entregando de corpo e alma para o que ainda me resta poder fazer diante do contexto vivido pela conjuntura atual. Eu não preciso necessariamente me embrenhar numa Bacurau qualquer para começar a transformação, o trabalho de formiguinha, basta eu querer começar a fazer e tocar o pau. Esse cara me deu uma força interna inestimável para os embates todos que virão pela frente. Não sei se conseguirei fazer uso da raiz usada por eles, pois nem sei seu nome, nada, só antevi ali as suas potentes qualidades realizativas. Bacurau me acendeu o fogo, a chama foi reanimada e esse professor, além de me chamar a atenção, mostrou que parado a gente não vai mesmo conseguir nada. Como ainda acho ter alguma lenha para queimar, creio já ter passado da hora de botar esse bloco na rua e dar o meu quinhão para virarmos logo essa mesa.

DUAS HISTORINHAS DE SIGLAS E REUNIÕES PARTIDÁRIAS NA ALDEIA BAURUENSE

HISTORINHA 1
Ouço pelos corredores das muitas instâncias bauruenses algo sobre o calor das últimas reuniões petistas e no contraponto, posto foto ontem recebida de ocorrência no oposto disso, ou seja, num encontro tucano, reunião da cúpula do PSDB na cidade, contando com a presença de alguns dos seus mais importantes militantes, como pode ser comprovado na foto e ali instalado o clima de fim de festa, desolação a olhos vistos. Se de um lado, está vicejando a efervescência, com os petistas se movimentando pra lá e pra cá em busca de um novo trilhar, pelo visto o mesmo não ocorre nas hostes daqueles que tanto espezinharam os petistas. Sinal dos tempos.


HISTORINHA 2 
Deu na Entrelinhas do JC, edição de ontem, 19/09: "O PDT fez reunião do novo diretório municipal na noite de terça-feira (17), com a presença do presidente Gerson Pinheiro, do vice Sandro Bussola e do presidente cessante Fabiano Mariano, além de membros da Juventude. O vereador Sandro Bussola afirma que o partido atuará para formar uma chapa forte e eleger mais parlamentares". Minha pergunta para o ser Alexssandro Bussola: Foi visto alguém do PT nesta reunião, alguém sugerindo ou se intrometendo nas questões partidárias do PDT? Eu mesmo posso responder: Não, ninguém do PT lá esteve, então novamente pergunto a ele: Por que então, o sr que já saiu do PT há tanto tempo insiste em manter um grupo ligado à sua pessoa e essas tendo voto dentro do PT, sendo comandados por ti, como foi visto no último pleito para renovação do Diretório Municipal petista? Creio eu, algo dessa natureza precisa ter fim. Nós não nos metemos nos assuntos do PDT e o senhor não se mete nos do PT, não seria melhor assim?

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