A UNIVERSIDADE QUE VALE A PENA - CIC CONGRESSO INICIAÇÃO CIENTÍFICA UNESP BAURU
Algo nunca mais esquecido foi algo dito para uma das classes do curso de mestrado, no qual estava presente, pela mestra Maria Cristina Gobbi: "Diante de um oceano de temas pequenos, quando despontam nos trabalhos de TCC, Mestrado e Doutorado algo voltado para o social, um alento e não só a valorização, mas também a real importância do ensino público. De nada vale um tema bem escrito, trivial, permanecendo nas prateleiras da universidade sem nenhuma consulta". Hoje, ao estar presente em mais uma 1ª Fase do CIC, o Congresso de Iniciação Científica da FAAC Unesp Bauru, eis a comprovação do dito por ela para uma de suas turmas sendo personificado em vários trabalhos hoje apresentados. Creio, deve ter sido perto de cem e neles todos, algo me chamou muito a atenção, existe um clamor, algo bem latejante, pulsando pelos temas sociais, tão candentes nos dias de hoje. Poderia, mesmo tendo feito uma rápida passagem pelo local, pouco mais de um hora e meia, ter feito a citação de mais uma dezena de valorosos temas e trabalhos. Não deu tempo e estabeleci meu limite, quatro e aqui os resumo como os entendi, acrescentando que, em todos consegui estabelecer um curto bate papo com seus autores.
1 - "Comunicação política, redes sociais e eleições: Informação, interação e participação no facebook", autor: Guilherme Hansen, orientador: Antonio Francisco Magnoni (Dino Magnoni) e colaboradora: Aline Cristina Camargo. Ele é de Pirassununga, uma cidade eminentemente conservadora, com base da Aeronáutica ali fincada, defendendo esse trabalho em 22/11, mas com ele praticamente formatado. Uma análise nas páginas do facebbok dos candidatos à presidência Haddad e Bolsonaro, com as constatações de praxe sobre o uso e a forma como as informações foram distribuídas e sendo repassadas patra frente. Tudo aquilo que se tem ideia de ter ocorrido aqui é comprovado estatisticamente, comparativamente e de forma bem nítida, clara, límpida. Ótimo para o entendimento de como se processa hoje as informações pelas redes sociais.
2 - "Comunicação estratégica de movimentos sociais na internet - Estudo sobre o Facebook do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra", autora: Mariana Alarcon Datrino e orientadora: Caroline Kraus Luvizotto. Ela é de Mirandópolis e vivenciou em sua cidade um assentamento do MST, tendo seu pai, profissional da área de topografia, atuado em medições junto a essas terras. Por necessidade de querer buscar as explicações e motivos para o preconceito e criminalização desse e de tantos outros movimentos sociais, fez sua pesquisa comparando o que se escreve deles pela rede massiva e o que contém as redes sociais e mais propriamente o próprio site e página do movimento. Bem elucidativo do modo criminoso como são encarados pela rede/mídia massiva, os que lutam pela defesa dos seus interesses na sociedade atual, ajudando sobremaneira a desmistificar essa atuação com suas conclusões. Defende seu TCC em novembro próximo.
3 - "Inserção Urbana: Da favela ao programa Minha Casa Minha Vida", autoras: a paulistana Natasha Neme Gonçalves de Almeida estuda Arquitetura e orientadora: Silvana Aparecida Alves. O texto já é um artigo consolidado, autoria de ambas e versa sobre um dos maiores problemas habitacionais de Bauru. Acho deslumbrante ver uma paulistana escrevendo sobre um problema da cidade onde escolheu estudar, ou seja, demonstra um integração com esse local. A abordagem é feita sobre o problema habitacional dos bairros Jardim Vitória e Curuçá, com famílias sendo realocadas para moradias populares e outras, as que não conseguiram ser transferidas, passando por um processo de reurbanização do lugar onde continuarão vivendo. Trabalho amplo de pesquisa, com muitas citações de atuações ocorrendo em ambos os locais, denotando ótima preocupação com o destino dado para com as populações desassistidas, algo onde a universidade necessita mesmo estar presente e atuante. Presenciei conversa entre Natasha e a professora de Arquitetura Kelly Magalhães, pois essa tem atuação na área, projeto em andamento de casas e uma praça sendo ali edificada.
4 - "Portal Agência Pública: O Jornalismo independente na cobertura da Intervenção Federal no Rio de Janeiro em 2018", autor: Matheus Rodrigo dos Santos, orientador: Maximiliano Martin Vicente. Ele é de Americana e seu texto ainda está em fase de conclusão, com dados novos ainda sendo compilados e assimilados, porém, a ideia inicial já está bem caracterizada e fundamentada. Aqui um tema é escolhido e com sua dissecação a constatação de que, as mídias massivas possuem um discurso próprio, característico e praticamente idêntico, ao passo que, o jornalismo independente relata hoje algo bem mais próximo da realidade dos fatos. Um escamoteia, enquanto o outro desvenda, vai a fundo e mostra de fato o que ocorre, sem inconfessáveis interesses em jogo. Uma ótima oportunidade de, para quem ainda duvida ou tem ressalvas, tomar conhecimento de como atua o dito Jornalismo Independente em relação aos fatos em curso nos tempos atuais. Nada melhor do que, para se chegar a um objetivo, escolher um tema, focar nela a pesquisa, pois abrindo muito o leque, talvez maior dificuldade para atingir os objetivos propostos. Vi nos quatro trabalhos e tenho a mais absoluta certeza, enxergaria o mesmo em tantos outros ali sendo expostos, o verdadeiro significado e importância do curso universitário público. Deu vontade imensa de ir mais a fundo, conhecer mais, acompanhar mais e para tanto, peguei contato da maioria deles, pois todos ali presentes estavam mais que ávidos em explicar, conversar, debater, ampliar seus conhecimentos sobre o motivo de suas escolhas e os resultados obtidos.
Em tempo: Nenhum dos jovens pode ser considerado militantes de esquerda, são meramente estudantes e muito interessados em descobrir, desvendar bons temas de estudo e pesquisa em suas áreas de atuação. Simplesmente e tão somente isso, algo hoje em dia, até pelas declarações estapafúrdias do atual ministro da Educação, já sendo considerado como "rumo não adequado" para pesquisas. Pautas como essa não podem ser abolidas de pesquisa, simplesmente por decisão de uma reacionária linha de pensamento de grupelho instalado provisoriamente e por tempo limitado (toc toc toc) no Governo Federal.
Obrigada Henrique Perazzi de Aquino. Todos têm trazido grandes contribuições para que possamos preservar nossa sanidade nesse mundo louco, acreditando que sempre, sempre vale a pena.
ResponderExcluirMaria Cristina Gobbi