sábado, 28 de dezembro de 2019

CARTAS (208)


ALGUMAS CONSIDERAÇÕES E POSICIONAMENTOS DE FINAL DE ANO

1.) ALGO QUE NUNCA OCORRERIA DENTRE OS HOJE OCUPANTES DO PODER NO BRASIL - ROUBO DE LIVROS
https://www.cartacapital.com.br/mundo/embaixador-mexicano-renuncia-a-cargo-apos-roubar-livro-na-argentina/?fbclid=IwAR0TnGf8WJvpWdz7cpqtkreTPB2ejo4Gs49iTn8X7AIWGU15DRn5NBk_T20
A MANCHETE É ESSA: "Embaixador mexicano renincia a cargo após roubar livro na Argentina".
MINHA CONCLUSÃO É A SEGUINTE: Roubar livros não é tão de tirar o sono. Conto a história lida de Fausto Wolff, jornalista gaúcho e dos tempos quando era jovem. Circulava numa livraria em Poa, sem grana e vez ou outra levava um livro debaixo da camisa. Nunca foi pego, porém no dia em que ousou levar, ao invés do livro um pacote de bolacha, o dono o segurou pelo braço e disse: "Livro pode, comida não". Nunca a esqueço. Algo como o ocorrido com o embaixador mexicano na Argentina, seria impensável entre o pessoal do desGoverno Bolsonaro. Todos possuem sérios desvios de caráter, conduta, psicológicos, psiquiátricos, psicomotores, porém não lêem nada. Não ousem perguntar, como um dia Bial fez para Sergio Moro qual o último livro lido, pois a resposta será o embaraço. Como roubar algo que não os interessa? Podem ser pegos com a mão na botija em muitas outras coisas, nunca com livros. Isso, por si só, algo a denegrir a imagem no país, muito mais do que um livro colocado debaixo da camisa numa livraria. Isso me faz lembrar uma das únicas histórias guardada na memória do padre Beto, o excomungado bauruense, acho que ouvida quando tinha um programa de rádio. Ele esquecia livros dentro do carro, próximo ao vidro traseiro e uma ouvinte o alertou do perigo de quebrarem o vidro para roubarem seus livros. Ele responde mais ou menos assim: "Seria um orgulho se isso de fato ocorresse, mas roubo de livros é algo que dificilmente ocorre desta forma, ainda mais no Brasil". Acrescento com um algo a mais: dentre os bolsonaristas, praticamente impossível. O que poderia ocorrer é livros terem seus preços superfaturados e revendidos por preços impraticáveis, como li recentemente feito por Prefeituras espalhadas pelo país afora. Por fim, fosse eu o dono da livraria buenarista, encerraria o caso com o embaixador ligando para ele e doando o tal livro, mas solicitando a resenha tão logo fosse concluída a leitura.

2.) DEVO UMA EXPLICAÇÃO SOBRE O HOTEL ESTORIL
Foto de Pedro Romualdo
Esse hotel é aquele cujas paredes frontais caíram semanas atrás, deixando o rombo exposto, a calçada interditada e uma sinalização de que tudo possa vir a ser inteiramente demolido. O prédio é tombado pelo CODEPAC, o órgão local de preservação do patrimônio histórico e cultural, mas a pressão é imensa para o terra arrasada, como no prédio do INSS (lá não existia lei de tombamento), que recentemente veio abaixo e por lá agora, só um terreno e nada mais de história. Ouvi algo dos comentários pela rua e produzi um texto onde deixei hipóteses para a queda: descaso do proprietário (Beneficência Portuguesa) ou do poder público (Prefeitura Municipal), ação do tempo ou alguma interferência do atual locador em obras ocasionando o dano, o Clã. Devo uma explicação após ouvir o relato me passado por Ivo Fernandes, sambista de quatro costados e integrante do grupo Clã - Coletivo Livre de Artes, o que conseguiu o imóvel junto à Beneficência, pois o mesmo é particular e não público. Fizeram sua defesa num longo texto endereçado a mim, de forma particular, tanto que não o reproduzo, mas faço abaixo minhas observações, concluindo o entendimento sobre o que de fato aconteceu.

Eles possuíam ideia de atrair a cidade, principalmente a classe artística para essa revitalização, como forma de valorização da cultura e de um espaço único na cidade. O fato é que de uma inicial mobilização com show na praça Machado de Mello, depois a interlocução com professores e técnicos, algo foi idealizado, mas ainda impossibilitado de ser concretizado ou mesmo inciado. Ou seja, eles haviam recebido o imóvel, mas nada foi feito no mesmo, nenhuma obra. "Ou seja, a queda da estrutura não se deu por conta de nenhum trabalho ou reforma que poderia estar sendo feita no espaço, e sim por imposição do tempo e, principalmente, da chuva que caiu na madrugada de segunda para terça-feira, dia 17 de dezembro. Acreditávamos que teríamos mais apoio da sociedade, da iniciativa privada e do próprio poder público municipal, o que lamentavelmente não houve". Com esse novo problema pela frente, talvez a cessão do imóvel possa até ser revertida, pois o alto custo o inviabilizaria.

A batata quente nesse momento volta para as mãos do proprietário do imóvel e do CODEPAC, com a decisão de manter ou não o tombamento. O Grupo Cultural/ONG Clã bem que tentou, mas chega na conclusão de ser quase impossível realizar tudo o que terá pela frente sem ajuda, apoio e incentivos. Esclareço para que não fique dúvidas sobre a lisura da ação dos artistas e de suas intenções. Uma pena não terem conseguido viabilizar algo de concreto, mas não é de se assustar, pois num país onde o mais importante museu histórico brasileiro pega fogo no Rio de Janeiro e muito pouco se consegue de parcerias para sua recuperação, com alguns daqui preferindo investir na do Notre Dame, do que no patrimônio local, isso ocorrido em Bauru só vem a comprovar o quanto é cada vez mais difícil querer fazer a defesa da preservação num país remando pro lado oposto.

Tenho dito. O Clã encontrará seu caminho e espaços para atuar. A luta continua...

3.) PARA OS RELIGIOSOS BUSCANDO MINHA CONVERSÃO
Desvendando o real motivo da perseguição à Jesus... Artigo: Jesus não morreu pelos “nossos pecados” e sim por enfrentar o sistema - Os Evangelhos são claríssimos: Jesus morreu porque confrontou o Templo, um sistema de dominação e exploração dos pobres. Texto de Alberto Maggi, escrito para o site Outras Palavras. Eis o link: https://www.brasildefato.com.br/2018/03/31/artigo-or-jesus-nao-morreu-pelos-nossos-pecados-e-sim-por-enfrentar-o-sistema/index.html?fbclid=IwAR03WDszfNAIqfu9RykgQE6FWDrk_C3lTHB87n3lpLB4GBKBH8rYpaICKvg

4.) BUSCANDO ALGO PARA LER NESSES MODORRENTOS DIAS? EIS MINHA SUGESTÃO - MEROS R$ 16 REAIS, NAS BANCAS
Na edição desta semana de CartaCapital: ELE NÃO. Presente de Natal: uma edição inteira sem falar em... "você sabe quem".
A favor do absurdo, por Mino Carta: "Esta é uma edição insólita de CartaCapital. Estamos saindo por aí sem lenço e sem documento, em busca de um suspiro de alívio, longe de uma faina diária que nos leva a pensamentos soturnos. Não somos flamenguistas, não somos festeiros, mas não perdemos a esperança porque, como disse Tertuliano, um dos pais fundadores da Igreja: “Acredito porque é absurdo”".
O agora e o amanhã, por Dilma Rousseff: Combater a desigualdade e preservar o meio ambiente são os maiores desafios da humanidade.
A pirralha faz escola, por Donna Ferguson, do TheObserver: Greta Thunberg, a jovem ativista, estimula outros adolescentes a escrever e ler sobre o meio ambiente.
O tripé e a balança, por Celso Amorim: Em meio à bipolaridade geopolítica entre Washington e Pequim, não se pode esquecer de Moscou.
Avacalharam a tecnologia, por Juca Kfouri: No Patropi, o árbitro de vídeo presta-se a produzir o mínimo de benefícios com o máximo de interferência.
Quatro teses sobre o trabalho, por Marcio Pochmann: Como explicar o valor cada vez menor da atividade humana na globalização.
Sonho no país do Sol, por Sidarta Ribeiro: A força propulsora do acúmulo cultural tão abrupto da humanidade foi nossa capacidade de idealizar, lembrar e contar.
Teoria do medalhão revisitada, por José Sócrates: A atividade política moderna transformou-se numa verdadeira indústria de assessores, consultores e especialistas.
Que falta ele faz, por Roberto Saturnino Braga: Mais do que brilhante economista, Celso Furtado foi um pensador do campo das ciências históricas e sociais.
O comércio da dor, por Cynara Menezes: A epidemia de opioides espalha-se nos Estados Unidos, país onde mais gente morre de overdose do que de acidente de carro.
Alegria, alegria, por Esther Solano: Ela é a ponte que constrói horizontes. A tristeza, ao contrário, é derrota, incapacidade.
O ano que terminou, por Alberto Villas: Liberdade era uma calça velha, azul e desbotada.
Os pedágios em cada esquina, por Ladislau Dowbor: As consequências da financeirização da economia e da vida cotidiana.
O golpe de 1º de abril, por Anita Leocadia Prestes: Trecho do livro Viver é tomar partido: Memórias.
Na real? Por Marcio Alemão: Falemos de distopia, tão em moda nas séries de tevê.
Raul, Lennon e o baião, por Jotabê Medeiros: Histórias do roqueiro baiano em andanças pela América.
Entre safras e cifrões, por Cadu Oliveira: Avanços e recuos no debate e no comércio da maconha.
Ruínas do liberalismo iluminista, por Luiz Gonzaga Belluzzo: Diante das misérias da vida e de uma vida de misérias, as vítimas dos deuses mundanos buscam refúgio no incompreensível.
Por 1 grama de racionalidade, por Djamila Ribeiro: Um episódio explícito de racismo e a loucura do sistema carcerário brasileiro.
Lawfare: Origem e evolução, por Cristiano Zanin, Valeska Teixeira Zanin Martins e Rafael Valim: Quando se apela às leis para perseguir os inimigos.
Eis o bate papo do fechamento dessa edição: https://www.youtube.com/watch?v=MKJ4S4GW8m8

5.) CHEGAREMOS LÁ
"Os manifestantes haviam sido contatados no Facebook, Twitter e YouTube. Ninguém sabia exatamente quem eram os líderes por trás dos atos. Via-se apenas a multidão de anônimos. Partidos e sindicatos negavam qualquer envolvimento direto", Branco di Fátima (Em Dias de Tormenta, Geração Editorial).
Tomamos dessa ontem e não deciframos a charada...

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