quarta-feira, 8 de janeiro de 2020

PERGUNTAR NÃO OFENDE ou QUE SAUDADE DE ERNESTO VARELA (155)


O NORTE-AMERICANO E A GUERRA - O QUE ENXERGO COM ESSES OLHOS DE TURISTA

"Traduz pra gente o que os americanos pensam sobre o conflito com o Irã", me provoca o amigo Pedro Romualdo. Tento responder ao meu modo e jeito, tendo ficado três dias em Nova York, agora cinco em New Orleans e já voltando para encerrar a viagem em Nova York. Não fui em nenhuma manifestação, na verdade, não a vi. Não as descobri quando em Nova York e aqui na Lousiana, nada notei que pudesse dar com os costados. Circulei por todos os lugares, os possíveis, imagináveis e inimagináveis, procurando andar ao lado do circuito meramente turístico, pois assim uma melhor percepção das coisas como realmente fluem. Percebi muita coisa, zero de protestos, mas creio serem superficiais e sem fundamento baseado em História, para opinar a fundo. Estamos mais que cheios de opiniões supérfluas, ditas no calor dos acontecimentos, refletindo somente uma visão muito parcial, a do emissor e sem levar em conta o outro lado. Tento não fazer isso por aqui, mas a tentação é sempre grande. Tenho meu modo de pensar o mundo e dele não me afasto. A guerra para mim é mais um absurdo construído e mantido por interesses. Tudo hoje o é, esses mais do que evidentes.
O presidente norte-americano tenta se safar de impedimento ao seu mandato e busca por suas formas e meios chegar à reeleição. Não será o primeiro a se utilizar de mais uma gerra para atingir seu intento. Todos sabem disso, não se faz necessário repetir mais nada. Aliado a isso o interesse das grandes empresas deste país pelo petróleo, num momento em que o Irã anuncia a descoberta de novas e grandiosas reservas, justo no momento em que este país defendia o Iraque dos invasores de suas riquezas naturais. Jogue isso no mesmo balaio, misture com algo bem nítido do governo norte-americano incutir em seu povo ser de fato os donos do mundo e a desgraça está feita. Já nas ruas, pelo menos onde circulei (e olhe que gastei sola de sapato), quase nada, uma indiferença assustadora. Na TV, em todos os locais, esporte, massificado e espalhado como calmante para tudo e todos. O noticiário jornalistico não prende a atenção deles, mesmo diante do momento. Poderia dizer que, conclusão muito precipitada, dão um salvo conduto para o governo, acreditando estarem fazendo o que deve ser feito. Nas fisionomias nenhuma expressão até o momento de insegurança, incerteza, apreensão, o que me faz matutar sobre como poder responder a contento o questionamento do amigo Romualdo. Vamos ver o que encontrarei no retorno para uma fria Nova York, mas isso é assunto para amanhã em diante. Hoje estaremos por aí em dois aeroportos, sentindo algo mais desses lugares.

DA TERRA DOS TRENS E SEM ELES, FOMOS ANDAR DE BONDE EM NEW ORLEANS USA
Bauru, como é do conhecimento até das pedras do reino mineral é cidade cujo desenvolvimento e progresso se deu por intermédio da ferrovia. Famoso entroncamento férreo, tudo girava em torno dos trilhos e hoje, passado algumas poucas décadas de uma absurda privatização do sistema férreo, o modal foi relegado praticamente a inércia. Muitos na cidade renegam os trilhos e se possível, os retirariam do centro da cidade. Com muita tristeza isso se dá, mas existem lugares espalhados mundo afora, onde os trilhos nem foram tão importantes, mas são mantidos e garantidos por iniciativas que devem ser ressaltadas. Em New Orleans, capital da Lousiana, estado norte-americano, lugar onde me encontro no momento, um sistema de bondes espalhado em três diferentes linhas faz parte do transporte urbano de passageiros com muita eficiência. Por aqui não existe metrô e o trem urbano, feito pelos bondes, funcionando 24h, cumpre não só o papel turístico, mas também social. Por 3 dólares o passe para uso diário do turista, podendo viajar quantas vezes quiser, sendo o preço unitário 1,25 de dólar. Para o passageiro local os preços são ainda mais diferenciados. Tudo funciona como um reloginho e ao descobrir o serviço, sua eficiência e praticidade, dele, eu e Ana Bia Andrade nos tornamos habituês, numa vai e vem para desbravar lugares ao longo da cidade. Encantado estou, mas entristecido, pois oriundo de cidade declaradamente férrea, um horror ter que vir bem longe para andar de trem, tendo tudo e mais um pouco na própria aldeia e a estagnação sendo o cenário. Dos motivos disto acontecer, já retratei por demais em textos anteriores e com as fotos aqui publicadas, exponho novamente a chaga que é ser de Bauru, terra de trens, epicentro de transporte propiciando viagem de um oceano a outro, hoje nem o mero passeio turístico de Maria Fumaça, todo montado, porém sem utilização, simplesmente por questões burocráticas, que no Brasil são situações quase intransponíveis. Filho e neto de ferroviários, confesso, não posso ver trens e já vou subindo, sendo o que fiz em New Orleans.

Um comentário:

  1. Provoquei porque vc está na terra do bélico tio Sam. Americanos olham sempre pro umbigo e se imaginam invencíveis na guerra, por isso, presidentes com Clinton, criam guerras, tanto para favorecer a grande indústria de armas, que financiam suas candidaturas, como alavancam as campanhas presidenciais. Leio o Whashington Post criticando os ataques e só. Os americanos só vão tomar conta quando soldados morrerem na linha de frente. E, olha lá!
    PEDRO ROMUALDO

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