sábado, 6 de junho de 2020

DOCUMENTOS DO FUNDO DO BAÚ (145)


CONVERSANDO POR E-MAIL, EU E O GAROEIRO, BAURU SP E NATAL RN, LALAU E A IMPRENSA MASSIVA...


1.) RECEBO DO PROFESSOR JEFERSON MISSIVA EM 01/06/2020:
Caríssimo Amigo, Depois de passar por tudo que passei nestes meus 74 anos de dura vida, lutando, resistindo, enfrentando as forças do mal, supus que nada mais poderia me atormentar, provocar náusea, revolta e indignação. Errei! Lendo o que o JC acaba de publicar para falar da morte do juiz Nicolau dos Santos Neto - o abominável Lalau! - vomitei! Não irei resgatar a longa história desse que foi o maior caso de corrupção judiciária da história do Brasil! Quando a casa dele caiu, enquanto presidente do TRT de São Paulo, meu amigo, Miguel Abrão Neto era juiz ali, vizinho e amigo de gabinete do réu, por isso, ficávamos sabendo, junto com o noticiário, que, por exemplo, ele que adorava carros esportivos importados, tinha, entre suas 8 raridades, um Lamborguini, uma Ferrari, Audi, Mercedes, etc, além do luxuoso iate em Caraguá. Nunca ninguém conseguiu chegar perto do que o juiz Lalau roubou. Esse fatos são absolutamente conhecidos e publicados durante muitos anos e a jurisprudência paulista, tão difícil de demonstrar o que é Justiça, documentou e sentenciou, no caso, exemplarmente. A morte do juiz corrupto e bandido é algo que deveria sugerir que a desgraça do Covid-19 não é tão feia e injusta assim. Agora, aqui entre nós, ler no queridíssimo Jornal da Cidade de Bauru que o cara era um coitadinho, injustiçado, cuja família luta por merecer a aposentadoria, é demais! Não dá! Pergunta de amigo sincero: vale à pena ser jornalista num lugar desses?
Garoeiro

2.) RESPOSTA DO MAFUENTO HPA EM 03.06.2020:
caro Garoeiro: Sua reclamação feita diretamente para o pessoal da redação do JC surtiu efeito. Se algo saiu publicado na página virtual e logo após o falecimento, talvez pelo toque dado por ti, foi devidamente amenizada na edição impressa. Não existe mesmo porque algo deixando dúvidas no ar de prováveis erros de interpretação e de julgamento para com este senhor, um dos personagens mais abomináveis do espectro jurídico brasileiro, representando o lado mais nefasto de tudo o que devemos combater. Aproveito a deixa, quando toca num tema candente e sensível, "vale à pena ser jornalista num lugar desses?". Eu me penalizo por muitos que ainda continuam por lá, mas os enxergo como corajosos e intrépidos. Explico. Qual o jornalão hoje que atua como dantes, dando liberdade de ação para o profissional? Nenhum. Todos os jornalistas hoje atuam com cabresto, sabendo muito bem até onde podem ir, o que falar, o que escrever. Limites muito bem controlados.
O nosso JC nasceu, vicejou e hoje resiste, sobrevive dentro da mesma linha, sem tirar nem por. Foi uma reunião da elite, com ideal e proposta muito bem definida, a da defesa do segmento empresarial e do mundo dos abastados. Durante o período de sua existência tive o prazer de conviver com muitos bons jornalistas e até hoje vejo muitos com qualidade ali atuando. Fazem o que podem, extraem leite de pedra para manter as aparências. A linha editorial não mudou um milímetro, mas lá dentro pulsa muito calor humano e esses eu respeito, e muito. Sei o que passam e em alguns vejo o ideal do velho jornalismo pulsando em suas veias. Leve também em consideração o fato de que, não deve ser nada fácil atual em Bauru, tendo o jornal por volta de umas 5 mil assinaturas e estes, em sua grande maioria, conservadores e instigando o jornal para se manter numa linha onde eles tenham suas expectativas preenchidas. O jornalista se desdobra para cumprir o seu papel e não desabonar o leitor, instigado também pelo dono do empreendimento, que pensa do mesmo jeito e forma que a maioria do público leitor. Assim sendo, lá dentro, persistem alguns profissionais, que como a música do Engenheiros do Havaí, podem ser considerados "Heróis da Resistência".
Baita abracito do Mafuento

3.) JEFERSON RESPONDE NO MESMO DIA:
Caríssimo Amigo, Não há, atualmente, profissão mais dilancerantemente ingrata do que a de jornalista. Seja na mídia hegemônica, seja nas demais. A voragem noticieira das notícias - as pouquíssimas razoáveis, as remendadas e as fake - virou essa loucura. O coitado que se presta ao papel de escravinho das pautas interesseiras e interessadas (nem sempre, interessantes), dança, sem parar, em corda bamba. Tanto o nosso querido João Jabbour, quanto você, estão cheios de razão, no ponto. Mas, como ensina a nossa Dalvinha: "... sequer a areia movediça, é honesta ...". O Ministério Público de SP, desde 2017, está cobrando do Lalau, do Fábio Monteiro de Barros e do ex-senador, Luiz Estevão, mais de R$ 1 bilhão como ressarcimento da grande roubalheira. Quem for ao buscador do Google e digitar: "O caso do juiz Lalau", obtém, em menos de meio segundo, 111 mil informações sobre o item. Essa, que comento, inclusive. Então, vamos e venhamos: a areia movediça tem de exibir um mínimo de honestidade! Qual advogado de defesa (interessadíssimo em $$$$) não vem chegar para tentar transmutar o monstro em coitadinho, um injustiçado que morre sem proventos de aposentadoria para a viúva e filhos? Qual? Quinze minutos no buscador do Google bastam para derramar milhares de dados de realidade, publicados, processados judicialmente, sentenciados, tornados historicamente indiscutíveis!

Vem, apesar disso, a areia movediça da Dalva Aleixo, para distorcer os crimes, a favor dos criminosos. Pode escrever, caro Agapeá, que Júnior Gasparini está tranquilo aguardando esse mesmo movimento da areia movediça. Lá na frente, a linha editorial, com o rabo preso com as máfias, jamais, com o leitor, irá escrever o que intere$$a para os advogados de defesa. Grana! Tudo, tudo, tão somente, grana! Por isso é que jornalismo de imprensa escrita tem seus dias contados. Vamos falar, por exemplo do The New York Times, o NYT. Sou leitor assíduo. Gosto da leitura de artigos. Veja a mais recente oferta que eles me fizeram: Henrique: dois dólares, por mês! É a beirada do abismo. Desespero de últimos suspiros. Ah, mas com o nosso tão amado JC haverá de ser diferente! Truco! Esse negócio está indo célere para o buraco, no mundo inteiro! Culpa dos operários da redação? Não! Mas, então, porque não lutar, tenazmente, para enganar menos, para driblar a editoria, para escapar das armadilhas das pautas filhas da puta? Amanhã, postarei um soneto que fiz hoje, depois de chorar vendo Mino Carta, bêbado, "entrevistando" Ciro Gomes. Como posso aguentar, Amigo, assistindo ao final patético do trabalho secular desse que foi o melhor jornalista verdadeiro do país?
Dedico o soneto ao amigo e jornalista, João Jabbour. Amanhã estará lá. Dê uma olhada ... (Eis o link do vídeo: https://mail.google.com/mail/u/0/…).
Obrigado, pela articulação, Garoeiro

4.) RESPOSTA FINAL DESTE MAFUENTO, SÁBADO, 06.06.2020:
O papo poderia continuar e o será, mas por enquanto, tudo está dito. Defendo Mino, ele não estava bêbado. Beber, talvez seja uma última saída para alguns. Triste, insólita, mas ele envelheceu e perdeu as esperanças. Vi o papo dele com Ciro e a todo instante tentou desviar a ira de Ciro contra Lula, sem o conseguir. Desistiu e talagou mais um goles no bom vinho. Confesso, também tenho feito algo parecido trancado há quase 80 dias em casa e quase sem poder ir para as ruas. Escrevo, publico, esgrimo daqui de meu bunker, louco de vontade de ser e estar nas ruas, se juntar na luta dos antifascistas, mas me contenho, Ana e meu filho Henrique me seguram. Que mais nos resta além de resistir, insistir e persistir? Henrique, o mafuento.

OBS.: Fotos tiradas em julho 2019, evento reabertura Mafuá, com a presença do Garoeiro. Hoje o Mafuá encontra-se novamente devidamente fechado para visitações.

AMANHÃ, DOMINGO, DIA 7, 14H, ATO ANTIFASCISTA EM BAURU – AQUI MEU IRRESTRITO APOIO, INFELIZMENTE, NESTE MOMENTO, VIRTUAL, PORÉM COM MUITA GARRA E ENVOLVIMENTO
Notícias boas e outras ruins. Alvissareiro o fato de que em Bauru exista e em pleno vigor um braço do Movimento Antifascista, ocupando bons espaços no país e no mundo. Isso se faz necessário, de forma urgente, até para se contrapor ao fascismo querendo ocupar e preencher espaços. Em toda luta, ainda mais agora, com essa força miliciana jogando pesado (com muita grana) na rede de fake News, sempre existiu os que, ao notarem o avanço dos libertários, algo é feito com o intuito de barrar o avanço do povo nas ruas. Surge assim do nada lista de mil pessoas antifascistas, com dez nomes de gente de Bauru e isso sendo espalhadoi como algo do mal. Os mais exaltados no campo conservador já propondo barbarizar com os nomes dessas listas, pura e ilegítima intimidação. Espalham esses nomes entre lugares onde possam ser melhor acompanhados (sic), sendo até enviada para a Embaixada Norte Americana. Rebatendo a maldade, como resposta na lata, leio algo que seria irônico, não fosse o momento trágico: “Pô, Deputado Douglas falando que vai enviar o nome de quem está na lista e enviar para embaixada da EUA, e que assim não podermos mais ir para a Disney... Parceiro eu mal tenho condições de ir no Vitinho Park! Quem dirá na Disney...”.

Resistir é preciso, sempre e sempre, mais do que louvável e necessário neste momento. Primeiro lugar eu apoio, dou força e só não estarei presente neste domingo no ato marcado como pontapé inicial de nova luta aqui em Bauru por fazer parte do grupo de risco, mas desde sempre me coloco para tudo o mais que precisarem. O ato terá início às 14h defronte a Câmara Municipal, na avenida Rodrigues Alves. Leio algo e compartilho imediatamente: “Galera os Bolsominions e Fascistas da cidade estão todos se doendo por causa que vai ter um protesto Antifascista em Bauru neste domingo dia 7/6 as 14:00 na câmara. Tentaram derrubar a página mas não conseguiram. Só avisando que com evento no face ou sem ele o protesto vai acontecer. Nos ajudem a divulgar e somar nessa luta”. É o mínimo que posso fazer neste exato momento. Leio mais e também compartilho: “Início da Ditadura. Soltaram uma PL 3019/2020 que criminaliza e coloca como terrorista o Antifascistas. Parágrafo único. "Considera-se organização terrorista os grupos denominados antifas (antifascistas) e demais organizações com ideologias similares”. Começa assim, primeiro vão criminalizar a oposição, depois vão perseguir ela. A Ditadura começa a partir do momento que essa lei for aprovada. Copiem e colem. Devemos tomar as ruas AGORA!”.

Estou com o movimento de corpo e alma, sem minha presença física, somente neste momento. Estar nas ruas unindo forças contra o que representa Bolsonaro & Cia deveria ser algo natural em todos com algum espírito mínimo de convivência num local onde ocorra o predomínio da justiça social. Sou contra Bolsonaro desde o início, eu e meu grupo político, o PT e tantos outros. A luta não é só contra o fascismo, mas também contra o neoliberalismo, Bolsonaro, racismo, preconceitos, fake news, etc. Reproduzo abaixo algo mais colado de páginas de quem organiza o ato: “Não importa o que organizações e movimentos populares façam, campanhas, iniciativas organizadas e coletivas... Basta um individualista que nunca se organizou, soltar meia dúzia de palavras de efeito na Internet que as pessoas encontram um ídolo, uma crítica pra chamar de seu/sua... Iniciativas reais podem não ser tão glamourosas e com pouco impacto no simulacro das redes, mas são infinitamente mais concretas e longevas. Indivíduos se vão. Organizações estáveis e com norte estratégico permanecem... Fica a dica.Rafael Silva”.

E daí me ponho a perguntar e a resposta também leio dos organizadores do ato de amanhã: “E O QUE FAZ UM ANTIFASCISTA? Primeiramente, a luta antifascista é uma luta coletiva, então o primeiro passo é a organização, é encontrar pessoas que tenham a mesma intenção ou algum coletivo já formado na sua região de atuação e começar a se preparar. É preciso ter em mente que a luta antifascista é também a luta anticapitalista, então o objetivo final é a destruição do capitalismo, somente nessas condições é que a luta antifascista terá cumprido seu papel. Porém, dentro do sistema capitalista, a luta antifascista se dá dependendo do avanço fascista. Em uma sociedade em que o fascismo não está organizado, o objetivo da organização antifascista é impedir que células fascistas consigam ganhar corpo, impedindo reuniões, atrapalhando eventos e discursos, expondo atitudes racistas, sexistas, etc. Cabe salientar também que a luta não fica restrita ao fascismo propriamente dito, mas também ao avanço da extrema-direita e suas pautas conservadoras, pois pavimentam o caminho por onde o fascismo percorre. Em uma sociedade onde já existe uma organização fascista, ou seja, um partido fascista, a prevenção já não é mais suficiente, então a luta se faz mais radical. Como o partido fascista tem acesso às ferramentas do Estado, a tentativa de criminalizar tudo que se opõe ao seu programa é colocada em prática, começando por criminalizar alguns atos específicos e chegando até o limite de proibir os partidos de esquerda e controlar todo o aparato estatal, culminando nas maiores atrocidades contra minorias, como pudemos ver no Holocausto”.

Meu apoio neste momento se faz desta forma, escrevendo e publicando, sem nenhum receio. Nesta semana já ocorreram intimidações, com a visita da Polícia Militar na casa de um dos declarados participantes, para sondar, ver se ele não seria também organizador. Se o fazem antes, algo pode estar em curso para ser colocado em prática no domingo. Todos os que organizaram este ato merecem apoio e, se possível, participação efetiva. 

O que faço além de tudo é deixar bem claro, demonstrando que, quem marcou, organiza e lá estarão não o farão isolados. Muita gente, muitas organizações estarão juntas, somando forças e resistindo ao avanço do fascismo no país. 

É exatamente o que faço neste momento, como bauruense, corintiano, brasileiro e declarado antifascista.

3 comentários:

  1. Recebi um whatsapp hoje de alguém próximo a ti que me perguntou sobre minha posição desses atos e que estavam tentando te convencer a não ir.

    Passei para olhar aqui e vi que realmente não vai. Tenho uma posição bem clara sobre tudo isso, no meio de uma pandemia onde estamos às cegas quanto ao contágio por falta de testagem em massa e a zona que virou o país de vez, se não for para radicalizar como nos EUA e outros países onde estão queimando viaturas da polícia e policiais, queimar e saquear grandes lojas do capitalismo, incendiar bancos, abalar as estruturas da sociedade capitalista e ameaçar o poder público...de nada adiantará protestos mais do mesmo.

    Há um erro estratégico grave, isso não pode ser um encontro de confrades como será em Bauru em pleno domingo em frente à câmara num dia em que a região está à ermo, o efeito disso é nulo quanto ao abalo das estruturas e organização de base mas pode ser fatal para a saúde de alguns em plena pandemia.

    O Roque deve estar por lá, é por a vida em risco por uma ação sem efeito, uma coisa é fazer valer uma eventual morte num confronto contra as forças opressoras do estado, mas vale a pena morrer agora por isso?? Pra levantar cartazes na Rodrigues??

    Precisamos sempre ter um pensar cartesiano e vejo a dita esquerda cada vez mais perdida e naufragando em emoções perdendo a racionalidade.

    Correr riscos agora para sair explodindo tudo e confrontando as forças do estado como nos EUA eu estou dentro, vale o risco porque afinal o Estado já assinou o genocídio dos trabalhadores.

    Triste pensar na possibilidade de chorar a perda de camaradas para um vírus onde nem chegamos a radicalizar. A esquerda precisa ir além da Rodrigues, ir além do vão do Masp, é preciso quebrar as grades colocadas por ela mesma nesses espaços e entender que o momento já pede radicalização do confronto.

    Qualquer coisa fora disso é perder vidas em vão.

    Camarada Insurgente Marcos

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  2. Observo aqui também um escrito sobre a ajuda aos artistas de Bauru. Semanas atrás trocava mensagens com alguns amigos artistas e também conhecidos que são servidores municipais e me relatavam sobre essa tentativa de ajuda tão necessária, porém, peça ao Rick para te enviar na hora uma cópia desse tal projeto e a negativa do jurídico.

    Você já esteve na prefeitura e sabe como se dão os trâmites, um projeto após ser elaborado vai para o jurídico para ver se está tudo conforme a lei e isso tem que ficar também disponível para consulta pública. Nunca apareceu um projeto formal e não haveria ilegalidade em utilizar verbas da secretaria para algo emergencial da classe até porque estamos em estado emergencial declarado. O prefeito nesse caso nem precisaria de parecer do jurídico até porque são tantas ilegalidades cometidas como no caso do Recinto que convenhamos, não há impeditivo para tal auxílio aos artistas.

    O fato é que nunca existiu tal projeto formal e sequer boa vontade para com a classe artística que pelo menos agora deve estar apta a receber o auxílio aprovado na lei Aldir Blanc.

    Se os artistas se organizassem e fizessem uma quebradeira geral na secretaria de cultura e no palácio das cerejeiras, ah pode ter certeza que o projeto ficaria pronto no dia seguinte e com todos os pareceres jurídicos a que tem direito.

    Camarada Insurgente Marcos

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  3. Marcos
    Muto bom contar com sua participação por aqui. São tantas coisas que queria te relatar, todas pessoalmente e nem sei por onde começar. Qualquer dia, deixa tudo isso ter fim. Cansei, meu caro.
    Henrique - direto do mafuá

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