Primeiro comento o ocorrido ontem na Argentina quando o ex-presidente, neoliberal até a medula, Maurício Macri, depois de estar padecendo por investigação quase nos seus calcanhares, quando durante seu desGoverno produziu perseguições para opositores, com a criação de algo estatal para vigiar e bisbilhotar a vida de destes, ontem, num gesto "humanitário" (sic), resolveu antes que a Justiça lhe sacasse o celular, algo em vias de acontecer, pegou esposa e fugiu para Paris. Sempre ela, a Cidade Luz. Eis o link para ler a matéria de hoje do melhor jornal do nosso mundo, o argentino Página 12, com elucidativa capa: https://www.pagina12.com.ar/282480-mauricio-macri-y-el-malestar-que-el-viaje-a-paris-causo-en-l.
Na véspera da eleição que levou ao poder o Senhor Inominável aqui no Brasil, outro cidadão, este não com a Justiça nos seus calcanhares, mas quando teria que declarar voto para Haddad, revolve placidamente se refugiar do pleito e da declaração de voto e também o faz na Cidade Luz. Falo do perverso pedetista, o boquirroto Ciro Gomes. Perdida a eleição ele volta ao país como se nada estivesse ocorrido, nenhuma culpa no cartório. Brizola, o prócer do , deve se revirar no túmulo diante de tão altaneiro (sic) gesto.
O caso de Macri é para fugir da Justiça, o de Ciro é para fugir da responsabilidade a ele inerente. Existem outras fugas, mais do que justificáveis, como quando se está em jogo a vida, como no caso de Evo Morales ao sair da Bolívia. Este não fugiu, mas teve que sair paar continuar vivo, pois diante de um golpe nos seus costados, iria ser morto na sequência e só não o foi por conseguir se esconder a tempo. São casos bem distintos e devem estar bem separadinhos quando do contexto em que escrevo o atual texto. O então deputado Jean Wyllys é outro exemplo da necessidade de sair do país, pois se não o fizesse teria o mesmo fim que Marielle Franco, em algo bem em voga no país hoje.
Por fim, para bem exemplificar algo das fugas de cagões, cito o caso de alguns boquirrotos blogueiros pró-Bolsonaro, todos financiados com generosaas verbas públicas, só para ficarem espezinhando os contrários ao Bozo. No caso destes, mentir é o negócio, as tais das fake-news tão em voga. No exato momento em que a Justiça estava praticamente no calcanhar, batem asas. O ex-ministro da Educação, aquele que mal sabia escrever no nosso idioma foi outro. Esse fugiu e com auxílio do desGoverno, pois o fez se utilizando de benfícios concedidos a funcionários de alto escalão governamental. Chegando nos EUA saiu sua demissão.
Ou seja, para os pérfidos, com dinheiro no bolso, diga-se de passagem, fazer isso é simples como tirar doce da mão de criança. Fazem e acontecem, mas na hora de pagar por seus atos, picam a mula. O Brasil - e quiçá o mundo - está cheio de belos exemplos destes. Macri hoje é o que melhor personifica e exemplifica o que se passa com malversadores da coisa pública. Alguns poucos, os que não conseguem figir a tempo, esses pagam o pato. Não me venham, os boçais e inconsequentes de sempre querer colocar, por exemplo, o ex-presidente Lula no mesmo balaio, pois ele foi de uma coragem pouco existente em muitos perseguidos. Ele decide ficar e neste momento, deve rir de orelha a orelha, pois não só está conseguindo comprovar o quanto sempre esteve certo, como seus perseguidores, esses sim precisarão fugir muito em breve.
Contar histórias das pessoas mais simples, as que vicejaram por essa cidade e se vão com o tempo deixando imensas saudades nos seus e em muita gente ao seu redor. Elas me chegam das mais diferentes formas.
Nesta, uma baita amiga, tomateira e com a mesma linha de pensamento e ação, Maria Aparecida Lopes, me pede com o passamento de seu tio: “Veja que bela história”. Vejo e me interesso em deixar algo registrado. Isto se repete sempre. Ela me passa o que sabe, liga para parentes, consegue algo mais, fotos e tudo chega em minhas mãos. O que faço? Sento, junto tudo e publico, deixo registrado, este talvez o seu único registro.
De agora em diante, quando alguém for lá no google e clicar seu nome, aparecerá ao menos esse perfil, pequeno registro de alguém que foi significativo para tantas pessoas. Eu sou só um intermediário, essa minha missão e a cumpro com algum esmero e dedicação.
Nesta, uma baita amiga, tomateira e com a mesma linha de pensamento e ação, Maria Aparecida Lopes, me pede com o passamento de seu tio: “Veja que bela história”. Vejo e me interesso em deixar algo registrado. Isto se repete sempre. Ela me passa o que sabe, liga para parentes, consegue algo mais, fotos e tudo chega em minhas mãos. O que faço? Sento, junto tudo e publico, deixo registrado, este talvez o seu único registro.
De agora em diante, quando alguém for lá no google e clicar seu nome, aparecerá ao menos esse perfil, pequeno registro de alguém que foi significativo para tantas pessoas. Eu sou só um intermediário, essa minha missão e a cumpro com algum esmero e dedicação.
IRINEU COLOMBINI se foi por estes dias. Seus pais, de origem italiana, aqui se instalaram em meados de 1920 vindos de Campinas. Seu pai ferroviário, para ganhar mais como chefe de seção na NOB, depois de várias moradas se instalaram na quadra 5 da Rua Floriano Peixoto, onde na época era o final da cidade. Filho exemplar, gostava de bola, quando adolescente era ele quem alterava no placar os gols dos times em campo, antigo estádio do Noroeste. Tem até um registro comprovando sua atividade num dia de jogo entre o Noroeste e o Palmeiras, algo que mostrava para todos com muito orgulho. Jovem gostava muito de festas e carnaval, essa outra foto sua fazendo sucesso, pose de galã. Iniciou o seu trabalho na área de saúde muito novo, como entregador de medicamentos na Farmácia São Luiz, Rua Monsenhor Claro com a Rua Bandeirantes e lá permaneceu por muito tempo. Já adulto, casado foi até Campinas formar-se em Enfermagem, em seguida concursado ingressou no Hospital Manuel de Abreu e lá se aposentou. Com aptidão no ramo dedicou-se a atendimentos à domicílio, muito conhecido na época.
Visitou muitos de casa em casa, sempre muito conversador. Amigo do Nicolinha e do Irineu Bastos, que como candidato tinha como Slogan "IRINEU meu voto é seu", muito amigo do português da bicicletaria da Monsenhor Claro com a Quinze de Novembro, trabalhou também em outras farmácias. Quando construiu sua casa na rua Rubens Arruda foi planejado um cômodo adaptado para atendimentos à domicílio. Na quadra anterior a sua casa ficava o bar onde regularmente tomava sua Caracu e de lá observava o sinal da esposa, caso alguém o solicitasse pelo telefone. Atencioso prestativo e muito família. Adorava os discos humorísticos do José Vasconcellos e inesquecível o Natal em sua casa, quando foi servido um peru, criado para essa finalidade. Depois de muito pedalar, teve uma Brasília adquirida através de consórcio. Teve dois filhos e após o falecimento de sua esposa Tereza, se despediu de Bauru para morar com a filha em Campinas. Em suas festas de aniversário eram encomendados dois bolos, decorados com as cores e bandeiras de seus times de futebol, mesmo nestes últimos anos já doente, permanecendo numa Clínica de Repouso. Faleceu de causas naturais aos 92 anos dia 27 de julho de 2020, sendo sepultado em Bauru no Jardim do Ipê.
Visitou muitos de casa em casa, sempre muito conversador. Amigo do Nicolinha e do Irineu Bastos, que como candidato tinha como Slogan "IRINEU meu voto é seu", muito amigo do português da bicicletaria da Monsenhor Claro com a Quinze de Novembro, trabalhou também em outras farmácias. Quando construiu sua casa na rua Rubens Arruda foi planejado um cômodo adaptado para atendimentos à domicílio. Na quadra anterior a sua casa ficava o bar onde regularmente tomava sua Caracu e de lá observava o sinal da esposa, caso alguém o solicitasse pelo telefone. Atencioso prestativo e muito família. Adorava os discos humorísticos do José Vasconcellos e inesquecível o Natal em sua casa, quando foi servido um peru, criado para essa finalidade. Depois de muito pedalar, teve uma Brasília adquirida através de consórcio. Teve dois filhos e após o falecimento de sua esposa Tereza, se despediu de Bauru para morar com a filha em Campinas. Em suas festas de aniversário eram encomendados dois bolos, decorados com as cores e bandeiras de seus times de futebol, mesmo nestes últimos anos já doente, permanecendo numa Clínica de Repouso. Faleceu de causas naturais aos 92 anos dia 27 de julho de 2020, sendo sepultado em Bauru no Jardim do Ipê.
DESABAFO
O QUE VAI PELA CABEÇA DE UM CONFINADO
A vida roda e rapidamente na cabeça deste acabrunhado cidadão, cada vez mais desconsertado com o que vê diante de sua janela, 12º andar e uma praça à sua frente. Ali as crianças de várias famílias se juntam nesta tarde, numa festa bonita de se ver, com os pais todos numa roda, conversê inexplicável para estes tempos. Nem sei se já se conheciam antes ou se estão se vendo pela primeira vez nesta tarde de domingo na praça, mas o fato é que, pelo visto, não estamos numa pandemia, pois nem máscaras usam. Eu e Ana continuamos aqui trancados e sob intensos cuidados, ela controlando minhas saídas, como a desta tarde, quando desço para comprar apetrechos para meu cão, levo até o Mafuá, converso pelo portão com meu inquilino e volto abestalhado para meu confinamento. Ligo o rádio no percurso de volta, queria ouvir sobre o Corinthians, mas a única rádio que consigo sintonizar é a Jovem Pan e me recuso a ouvir futebol com estes que ajudaram em muito a destroçar com o país. Termino a leitura de um livro, este me ajudando mais e mais no entristecimento deste dia, "Hemingway na Espanha - A outra pátria", do jornalista brasileiro Eric Nepomuceno (tudo o que encontro dele leio com deleite), pois se tinha uma visão romântica do escritor norte-americano, passo a ter outra, "difícil vislumbrar fronteira entre a coragem e a irresponsabilidade". Ainda por cima, não consigo parar de pensar no que foi o fim do sonho da Guerra Civil Espanhola e o que veio depois, quanto tempo durou Franco no poder e isso me acabrunha. Inevitável comparar com o temos pela frente.
O QUE VAI PELA CABEÇA DE UM CONFINADO
A vida roda e rapidamente na cabeça deste acabrunhado cidadão, cada vez mais desconsertado com o que vê diante de sua janela, 12º andar e uma praça à sua frente. Ali as crianças de várias famílias se juntam nesta tarde, numa festa bonita de se ver, com os pais todos numa roda, conversê inexplicável para estes tempos. Nem sei se já se conheciam antes ou se estão se vendo pela primeira vez nesta tarde de domingo na praça, mas o fato é que, pelo visto, não estamos numa pandemia, pois nem máscaras usam. Eu e Ana continuamos aqui trancados e sob intensos cuidados, ela controlando minhas saídas, como a desta tarde, quando desço para comprar apetrechos para meu cão, levo até o Mafuá, converso pelo portão com meu inquilino e volto abestalhado para meu confinamento. Ligo o rádio no percurso de volta, queria ouvir sobre o Corinthians, mas a única rádio que consigo sintonizar é a Jovem Pan e me recuso a ouvir futebol com estes que ajudaram em muito a destroçar com o país. Termino a leitura de um livro, este me ajudando mais e mais no entristecimento deste dia, "Hemingway na Espanha - A outra pátria", do jornalista brasileiro Eric Nepomuceno (tudo o que encontro dele leio com deleite), pois se tinha uma visão romântica do escritor norte-americano, passo a ter outra, "difícil vislumbrar fronteira entre a coragem e a irresponsabilidade". Ainda por cima, não consigo parar de pensar no que foi o fim do sonho da Guerra Civil Espanhola e o que veio depois, quanto tempo durou Franco no poder e isso me acabrunha. Inevitável comparar com o temos pela frente.
Ligo o aspirador e tiro o pó da casa quase inteira, depois passo pano nas frestas, elimino a poeira que tanto perturba as narinas de Ana. Tento ligar a TV, ver algo palatável. No canal Curta! um documentário sobre o dr Sobral Pinto, o advogado que mesmo de direita defendeu um bando de esquerdistas e isso ao menos me distrai. Ana num bate papo com grupo de amigas cariocas, todas rindo e tendo se safar da melhor maneira possível desse mal generalizado, o de estarmos todos trancafiados há mais de 150 dias e sem vislumbrar o dia da soltura. O único motivo de alegria foi ter visto meu cão Charles e a boa entrevista que fiz com o Duílio Duka pela manhã na live Lado B, com muita gente me ligando e ao menos isso para me levantar o astral.
Sei lá, mas nem sei o que poderia e deveria me acontecer para me alegrar, ao menos um bocadinho este dia tão modorrento. Sentado na cama, me refugio na leitura, nas na revista semanal, a Carta Capital, só notícias deste país andando para trás e isso me faz piorar. Dou de cara com um livrinho lido pela metade, "Notas de um velho safado", do Charles Bukowski e nele vou tentar me afogar pra ver se espaireço e sobrevivo. Abro uma garrafa de vinho, compartilho com Ana. Vamos tentando e tateando no escuro.
Bye.
Caríssimo Henrique,
ResponderExcluirParabéns por mais outro belo e marcante post!
De fato, sua live com o Duílio foi maravilhosa e é muito justo que haja adesão, reconhecimento e comentários. Também trombei com esse guerreiro há muito tempo, em Bauru,nos bons tempos dos avanços da política cultural. Publiquei um bom poema dele: Boneco de Estrelas, veja você ...
Agora, hoje, para mim, o Mafuá arrasou! Irineu, aplicador de injeção, na sua bicicleta, isso é de a gente jamais esquecer! A imagem que você rebateu, ele na sua bicicleta, Bauru Ilustrado, 1975, está gravada na memória de todo aquele nosso pessoal da Vila Santa Izabel! Que pessoa humana mais maravilhosa, esse Irineu das injeções!
Obrigado, Camarada!
Abrace Ana Bia, por mim, e sigamos ...
Natal, RN, 3 de agosto de 2020, 21:08 ...
Garoeiro