domingo, 2 de agosto de 2020

REGISTROS DO LADO B (06)


DUÍLIO DUKA DE SOUZA, PROFESSOR, SINDICALISTA E AGORA QUANDO DA APOSENTADORIA, MARCHETEIRO E BOTUCATUANDO ESTARÁ AQUI NA 6ª ENTREVISTA DO PROJETO “LADO B – A IMPORTÂNCIA DOS DESIMPORTANTES”
É a sexta live – ou seria bate papo e entrevista, ou tudo ao mesmo tempo? - , agora neste domingo, 02/Agosto/2020, 10h, um dia depois do aniversário de Bauru e numa conversa pra lá de reveladora, contando e revivendo suas histórias de vida, luta e tudo o mais onde se meteu, envolveu e esteve encalacrado durante os mais de 65 anos de vida (já!!!). O danado já fez de tudo nesta vida, apanhou de polícia, foi processado, despejado, despedido injustamente, desquitou, casou de novo, mudou de cidade, subiu em palanques variados, nunca mudou de partido, mas sim de cidade, brigou, esperneou e chega nesta altura da vida com a cabeça erguida, altaneiro e se renovando, cheio de planos, com uma casamento reavivado com Rosana Zanni, outra da mesma estirpe – diria, laia -, que não desgruda do danado, tanto que estará participando como averiguadora, observadora e também para não deixar a gente contar lorota, mentira deslavada ou se exaltar e passar do ponto. Um bate papo imperdível com um criador de caso, mas possuidor de uma baita sorriso e que um dia me ensinou que, com todas as mudanças ocorridas neste mundo com a chegada das patrulhas ideológicas, eu poderia continuar chamando-o de “neguinho”, mas nunca de neguinho safado, neguinho bandido ou coisa do tipo, pois daí o bicho iria pegar, mas se o fizesse tratando-o por “neguinho bonitinho”, “neguinho charmoso”, “neguinho lindo”, não teria problema e não seria processado. Pois bem, ele vai sair da toca e lá de Botucatu, a terra do magistral assalto à bancos desta semana, do qual escapou ileso, estará de seu banker localizado em lugar incerto e não sabido, hablando para as massas.

Enfim, este é o projeto “Lado B – A importância dos desimportantes” e seu real significado, o de resgatar essas histórias de vida tão valorosas para a história dos trabalhadores desta cidade. Cada um aqui entrevistado possui algo mais do que especial para contar, sendo todos e todas gente da labuta, dos que ralam, suam a camisa e enfrentam dragões da maldade em cada esquina, tudo pelas escolhas que fizeram na vida. Quem escolheu defender o povo trabalhador sabe de antemão que terá problemas pela frente, ainda mais num país privilegiando a Casa Grande & Senzala. Contar a história pela vertente deste, eis a proposta, o projeto e pelo jeito, pegando gosto e seguindo em frente. Eis abaixo alguns trechos de algo que já escrevi deste senhor Duílio, publivados no blog Mafua do HPA:

- Em 13.05.2016: “Duílio Duka de Souza é um baita de um amigo e um neguinho arretado de bom, mesmo sendo de estatura mediana e corpo franzino. Carapinha esbtranquiçada, já com mais de 60 no lombo, o danado se aposentou como professor, anos de devotada militância, diretor da Apeoesp e ao fazê-lo, eis que a sogra adoece. Ele e a companheira Rosana bandeiam-se para Botucatu, terra da esposa e sogra. Cumpre sua sina, longe dos seus, nunca da luta. Como bom esgrimista, a vida continua e foi o danado assuntar na qualidade de forasteiro como se processa a política nas bandas mais frias do estado. Começa a assuntar as coisas, cria muitos casos e pela forma como se envolve com a luta pelo lado certo dessa vida, acumula sempre um tanto de problemas. Chega ao enfarte, quando assunto a todos. Segue a risca as recomendações médicas, dieta balanceada e tudo volta à “quase” normalidade. Só não volta por completo, pois quem conhece o danado sabe muito bem não ser possível segurá-lo nas pernas. Ainda mais quando vai juntando os pauzinhos e diante de algo pelo qual não concorda, acaba se expondo e combatendo os dragões da maldade com as armas que possui, a verve da fala e da escrita. Na grita contra desmandos de vereadores daquela cidade acabou sendo até levado para a delegacia. Os ditos “donos do poder” sempre se fazem presentes agindo com truculência e calando os que denunciam irregularidades usando da força, impondo as condições de proteção do estado capitalista. Ele um junto lutador contra as perversidades vistas a olhos nus. Quando muitos se omitem, fingem não ver para não ter problemas, meu dileto amigo vai de encontro a elas. Tentam calar o neguinho de todas as formas e jeitos, mas ele não se verga. E o corpo padece”.

- 13.08.2014: “Quem tem amigo não morre pagão”, reza um ditado popular. Eu tenho alguns e dentre eles escrevo hoje de um. Um baita de um sujeito. DUÍLIO DUKA DE SOUZA, hoje um aposentado professor e residindo temporariamente na vizinha Botucatu. Inesquecível sua trajetória de luta, inquebrantável pessoa, dessas iguais a aroeira, vergam, mas não quebram. Tenho tanta coisa para escrever dele, que temo me esquecer das partes mais saborosas de sua intensa vida. Na última (pelo que sei), acabou detido lá em Botucatu, quando aquela Câmara de Vereadores acabou livrando a cara de um vereador envolvido até o pescoço com sonegação de impostos. A maioria dos vereadores votaram para que o cara continuasse exercendo o cargo e meu amigo, junto da esposa ROSANA ZANNI, por legitimamente protestaram contra o descalabro do que ocorria naquela cada de leis (sic), acabaram sendo levados para o plantão policial dentro de um veículo policial. Isso ocorreu dois meses atrás, mas não é de hoje que esse espevitado e inquieto cidadão não consegue se segurar nas calças diante das iniquidades diante de nossos olhos”.

- Em 02.11.2013: “Quem passou ontem aqui pelo meu mafuento espaço foi o amigo DUÍLIO DUKA DE SOUZA, hoje um professor aposentado e cheio de planos para o futuro, morando uma temporada em Botucatu. Como hoje é sábado, feriado de Finados, conto uma para amenizar a pauleira do dia-a-dia. Quando me contou foram muitos risos. Seu computador andava lentão, cheio de textos que ia agregando dia após dia, todos mais do que úteis. Num dia seu cunhado, desses sempre muito prestativos aparece em sua casa e se diz expert em computador. Daí a esposa Rosana, levantando a bola do irmão diz da lentidão do computa do lar. Lá vai o cunhado ver o que estava ocorrendo. Problema encontrado, problema solucionado e a máquina fica radiante, mais rápida, perfeita. Rosana não vê a hora do marido chegar em casa e quando o avista vai lhe dar a boa nova já no portão. Diz da benfeitoria promovida pelo cunhado, que tudo fez sem cobrar um tostão. Duka meio desconfiado preferiu averiguar antes de cair nos elogios ao cunhado e quando liga o bichinho já dá pelo sumiço de uma pasta importante, a que continha seu antigo livro revisado e pronto para republicação, foi para outra, a com um novo livro de poemas e ele também desapareceu, na sequência uma terceira e outro só de crônicas e textos juntados ao longo dos anos. Foi ver e o cara havia deletado tudo, não havia mais pasta nenhuma, tudo zerado, daí a rapidez da máquina”.

- Em 07.11.2012: “O motivo de minha revolta é que no dia 05/10 às 0h29 meu amigo Duílio Duka de Souza postou por lá o seguinte: “PROPOSTA PARA OS MOTORISTAS: A GREVE CONTINUA - COM A CATRACA LIVRE - PROPOSTA PARA OS MOTORISTAS: A GREVE CONTINUA - COM A CATRACA LIVRE - Companheiros motoristas, agora vocês podem aprovar numa Assembleia esta proposta. O Sindicato é uma Instituição legal dos trabalhadores. A Assembleia é uma instância regimental e estatutária, portanto legal, do Sindicato; logo, uma decisão de Assembleia, onde participam a maciça maioria dos trabalhadores, aprovando e acatando a proposta, esta, pode ser executada, sem problema. Portanto: A GREVE CONTINUA COM OS ÔNIBUS CIRCULANDO COM A CATRACA LIVRE!!! O que vocês acham disso? - A população vai adorar!!! Vocês sabem que eu sou solidário com a greve. Apoio e continuarei apoiando a luta de vocês. PENSEM NA PROPOSTA DE COLOCAR OS ÔNIBUS PARA CIRCULAR COM A CATRACA LIVRE...! Contem sempre comigo. Duílio Duka”. Nada de problemático no texto. A defesa de um dos muitos posicionamentos dados antes do fim do movimento grevista, que uns concordavam e outros não. Meu estranhamento é que não acho mais o post por lá. Será que foi sacado pelo gerenciador do negócio? Renato me explica que umas oito pessoas detém esse poder dentro de um grupo como esse e acredita que não tenha sido o atual gerenciador. O fato é que o ocorrido possui um nome: CENSURA. Pergunto: Quem fez isso? O fez para defender o interesse da empresa? Podem achar insignificante isso tudo, mas quando podamos tal atitudes logo no nascedouro, melhor para todos. Aprender a conviver com todos os matizes e linhas de pensamento é um mínimo exigível de todos nós. Respostas são bem vindas...”.

- Em 29.05.2010: “Corria os anos de 1999/2000... (bela forma de começar um texto). Dia desses lá no Proença Design, do amigo Daniel Proença, ele fazendo uma faxina em seu mafuá (sim, muitos possuem o seu), me fez lembrar de algo que fizemos juntos naqueles anos. Duílio Duka de Souza, o sindicalista/idealista, militando no PT no sindicato de sua categoria, a APEOESP, tinha em mente ser vereador. Um projeto que foi pensado coletivamente, lindo do começo ao fim. Juntou amigos e começamos uma campanha, insipiente do começo ao fim, tendo como comitê a garagem da sua então residência, no começo da rua Rio Branco, defronte onde está hoje localizado o Banco Sudameris (ex-América do Sul). Criei algo em cima de uma personagem das mais conhecidas, a formiguinha da Ciça, que saia em tirinhas mil nos jornais brasileiros (ela esposa do Zélio, cunhada do Ziraldo). Aquela formiguinha fácil de desenhar caia como uma luva para expressar o que sempre foi a vida do amigo Duka, um trabalho extenuante, tudo feito à duras penas e de grão em grão. Bolávamos textos e ia para a casa do Daniel, onde ele mantinha seu estúdio. De lá saiu tudo o que foi para as ruas com a cara da campanha do Duka”.

- Em 18.04.2010: “Por fim, algo que não me esqueço. Meu amigo, ativista contínuo e incessante das boas causas, sempre comprando brigas, levando esbarrões e bofetadas, Duílio Duka de Souza, um intrépido professor, funcionário público do estado mais rico da Federação (e com salários dos mais injustos), certa vez, quando ainda dirigente da Apeoesp, foi até Durban, África do Sul, num Congresso Mundial sobre Educação e lá encontrou-se com Danny Glover. No registro feito, ambos na foto (percebam, só para distinguirem melhor, o mais baixo é o Duka), num dos momentos de descontração do Encontro, aliás num encontro de guerreiros. Reverencio a ambos com a mesma intensidade. Varela deixaria a todos uma perguntinha: “Quem no Brasil entre nossos astros poderia ser porcamente comparado a Danny Glover? Me digam”. Cai o pano”.

- Em 28.11.2009: “Outro dia, aqui nesse mesmo espaço intitulei-me de “cassandrista juramentado”, com muito orgulho e todas as honras que o termo possui. Hoje, quero anexar ao meu currículo outra titulação, também de graduado saber, só conquistada ao longo dos anos, o de “pé-de-chinelo”. Passei a fazer uso do título após ler matéria no BOM DIA (21/11), repercutindo entrevista do deputado Pedro Tobias (PSDB), dada à TV Prevê, sobre a traição de apadrinhados seus no escândalo na AHB estar respingando dentro do seu escritório político. Diante de algo incômodo, desferiu: “Não pode chegar qualquer pé-de-chinelo e denegrir sua imagem”. Esse destempero do deputado não é novidade. Diante de situações similares, explode e dá-lhe impropérios. Relembro aqui na qualidade de professor, algo envolvendo nossa classe. Na Assembléia, foi pego votando contra o professorado, que defendia em falas por aqui. Questionado via imprensa pelo diretor da Apeoesp local, Duílio Duka, acuado, não respondeu, mas cutucou: “Esse desqualificado tem várias mulheres, nem sei se paga suas pensões, um vagabundo”. Duka respondeu com elegância e luva de pelica na mão. Elogiou o deputado, ignorou a agressão pessoal e provou que a denúncia feita era verdadeira. No caso atual, achei injusto o golpe abaixo da linha da cintura, deselegante aos milhares de seus eleitores, muitos deles pés-de-chinelo, num momento onde o “pega-pra-capar” anda bravo. Não seria melhor exigir uma apuração rápida e firme, isentando-o de prováveis problemas?”.

- Em 10.11.2009: “Continuo hoje algo sobre meu amigo Duka, acampado defronte uma escola. Conheço Duílio Duka há quase trinta anos e por ele ponho a mão no fogo. Um idealista como poucos, bravo guerreiro contra as injustiças desta vida e honesto como poucos. Vive um momento desesperador e após tentar resolver pelas vias normais um problema pessoal, apelou, pois sabe que se não estava sendo ouvido, agora o será. Alguém errou nessa história e pelo visto, não estava com vontade de reparar o erro. Pelo visto, agora será obrigado a fazê-lo, pois o caso terá a repercussão devida. Pior que tudo é a constatação de que Duka, mesmo fragilizado, não entrega os pontos e pelo que o conheço não o fará. Levará seu protesto às últimas conseqüências e assim sendo, temo muito, por ele, pela sua saúde. Estive com ele ontem em dois momentos, primeiro pouco depois das 9h, no início de sua Greve de Fome e à noite, das 20 às 22h30, quando por lá já haviam passado vários órgãos da imprensa local, ligações mil e algo a surpreender e emocionar, o apoio total dos alunos. Foi emocionante ir verificando a preocupação de cada um com o destino do seu professor. Abraços, palavras de carinho e um gesto que se repetiu de muitos, com mensagens de apoio fixadas na barraca, onde o professor fez seu primeiro pernoite. Duka sabe como ninguém dos riscos de seu ato e por isso mesmo, não irá esmorecer. É um bravo e mesmo com críticas, fez um gesto nobre, demonstrando ainda existirem armas para enfrentar adversidades e injustiças. Não produziu nenhuma bravata, muito pelo contrário, prometeu e cumpriu”.

- Em 28.12.2008: “Duílio Duka de Souza, o professor de História, o ativista político, com toda sua vida dedicada à questão sindical, social e da causa negra, com cinqüenta e tanto anos no lombo, quatro lindos filhos (Vinicius, Dudu, Felipe e Marília), quase sem cabelos no cocoruto (uma cicatriz de cacetete policial na testa. Lembram-se?), físico de faquir, resistência de ferro, meu melhor amigo, após anos e anos naquilo que muitos denominam de“concubinato”, resolve oficializar o compromisso. Ele, e sua inseparável (e insubstituível) Rosana Zanni acabaram por subir ao altar. Ela, de Botucatu, fez com que uma comitiva fosse montada, pois a festança ocorreu lá, distante 100km de Bauru. Lotamos uma van e partimos para o acontecimento social do final desse ano. Fomos conferir in loco a veracidade da informação. Era a mais absoluta verdade, Duka e Ro montaram altar e oficializaram o enlace nocivil e no religioso, com direito a uma festança de dar gosto, no salão de festas do CPP – Centro do Professorado Paulista, ocorrido no último sábado, 27/12”.

A entrevista pode ser assistida em dois vídeos aqui postados:

Por fim, trecho de minha fala feita antes do começo do bate papo: "Se me permitem um pequeno discurso. O LADO B nada mais é do que o outro lado do disco, onde supostamente estão as músicas que não farão assim tanto sucesso. Em muitos momentos elas surpreendem e salvam o álbum.  Aqui só dou valor e estou com estes, os que salvam a existência humana. Desimportantes um ova. Aqui o resgate da história valorosa de vida de pessoas, onde estiveram metidas, o que fizeram e o que fazem para mudar o mundo. Dias atrás um amigo me questionou: "Mas você só entrevista gente amiga?". Minha resposta não poderia ser outra: Sim, só gente da minha laia. Você acha que iria entrevistar inimigos, os que estão contra o que pensamos. Nunca. Esses já tem seu espaço. Quando que seremos convidados para ser entrevistados, por exemplo na Jovem Pan, a que chamo de Velha Klan? Só quando o que temos para falar interessa a eles, do contrário não iremos, o mesmo se dá com o Jornal da Cidade, TV Preve, TV Globo... Aqui neste desorganizado projeto, ainda ganhando forma, só assumidamente LADO B e contando algo para tudo o mais. Essa a proposta".

Todo domingo, algo novo, bem com a cara dos seus mais dignos resistentes.

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