sexta-feira, 25 de setembro de 2020

COMENDO PELAS BEIRADAS (93)


SOU DO TIME DOS QUE FALAM SÓZINHO NAS RUAS
Sai ontem, rápida escapulida para resolver pendências inadiáveis que não conseguiria fazer daqui de onde me encontro acoitado. Resolvo e volto rápido para o confinamento, após banho de ervas e arruda, além de sabão é claro. Sabe o que mais me impressionou ontem nas ruas, me fazendo até a escrever este texto? Estava estacionando o carro ali na Primeiro de Agosto, entre a Araújo e a Antonio Alves, defronte o Bom Prato e um senhor passa por mim e só não o fotografei, pois seria degradante fazê-lo no que fazia. Falava sózinho, como também costumo fazer, depois destes mais de seis meses de confinamento, devo ter aumentado e muito o velho hábito. A cabeça fervilha coisas o tempo todo e quando menos nos damos conta estamos a falar sózinhos. Fechei o carro e antes de me dirigir ao banco na praça - não o da praça Rui Barbosa, mas o onde mantenho minha conta bancária, também na mesma praça -, fiquei por alguns momentos o admirando, olhar perdido em pensamentos. Ele fez mais e me vi fazendo igual. Olhar perdido, sujo, em andrajos, num certo momento se abaixou e pegou uma pequena planta entre as mãos, algo que insistia em nascer ali num montinho de barro na beirada da calçada. Quantos tem ainda essa percepção de se abaixar para, ao menos notar essas pequenas lindas coisinhas nascendo entre o caos? Ele fazia e conversava com a plantinha. Eu acho que faço o mesmo, ou até pior. Motivos não me faltam para falar sózinho e manter o mesmo olhar perdido, sem esperanças, como se tudo já estivesse mais do que com a viola em caco ou mesmo já não percebesse quase mais nada ao redor.
Seguimos cada vez mais e mais desorientados neste mundão véio, cada vez mais sem porteira. De algo tenho cada vez mais certeza, vai ser difícil, quase impossível gente como eu conseguir se reorientar novamente, pois o baque foi - e continua sendo - grande. Eu sei que não posso, não devo e nem tenho a pretensão de desistir, mas fácil não está sendo. Manter a consciência no lugar não é pra qualquer um. Talvez seja mesmo tudo o que queiram da gente, que nos percamos e assim livremos a cara deles, diminua a concorrência e deixemos que façam tudo a la vontê. Vou continuar falando sózinho e catando gravetos na rua, mas insistindo que, a bestialidade reinante precisa ter fim. E só terá quando a gente criar vergonha na cara e irmos pro pau, enfrentar esses bestiais, confronto direto e reto, pois do contrário, esperando algo de nossas falidas instituições, nada virá, pois o conluio continua ativo e destruindo tudo à nossa volta. Ah, se todos os que falam sózinho se unissem, creio eu calaríamos a boca dos que falam muito e aprontam com nossas vidas. Tenho fé é nisso, nessa revolta brotando dos povos das ruas e acendendo a chama em todos os demais. Sigo assim.
PS: O senhor de ontem era lindinho e só não fui abraçá-lo assim do nada, outro dos meus hábitos, pois resolvi seguir à risca os preceitos, normais e dizeres do tal do afastamento social anti-Covid, algo que ainda nos consegue manter vivos. Do contrário...

CONFINAMENTO RIMA COM LIVROS - CARREGAR A GELADEIRA
Eu moro aqui perto da GELADEIRA da igreja Humanidade Livre, iniciativa dos padres Beto e Matheus, quando conseguiram uma usada, dessas inservíveis, adesivaram ela inteira e assim se deu o início desta bela empreitada, a de angariar e distribuir livros na cidade Bauru. Outras iniciativas existem aqui na cidade - gostaria de conhecer e divulgar todas -, mas essa, até por ser perto de casa, sempre contou com minha participação. Virou vício e desde que ali foi instalada, passando de carro na rua Henrique Savi, não consigo resistir, paro o carro e vou ver se existem novidades. Tenho também deixado coisas boas por lá, pois a coisa se dá não só tirando, mas também colocando livros. Conheço muitos que, como eu, já leram preciosidades dali advindas. O leva e trás é uma delícia, contagiante e inebriante, diria também viciante.

O tempo foi passando, a pandemia chegou, a igreja fechou as portas temporariamente - já reabertas - e a geladeira ali permaneceu como uma espécie de totem da irradiação de Cultura na cidade. Nem a Prefeitura, o pessoal lá na Biblioteca Central, junto ao Teatro Municipal, que sei possuem livros para serem doados aos borbotões não possuem algo neste sentido, daí a iniciativa desta geladeira me é muito grata. Desde uns dois meses a geladeira, infelizmente, está abarrotada de livros didáticos e quase nada de novo chega para outros leitores, os que já não precisam mais deste tipo de leitura, mas necessitam de outros livros e leituras para tocar suas vidas, ainda mais em tempos como estes, de confinamento e reclusão mais que estabelecida. Eu não me canso de passar ali e ver as novidades, mas nos últimos tempos só decepção. Imaginem a felicidade de alguém em levar livros que serão lidos por outrens e ao abrir a porta dar de cara com algo que o provoque e o arrebate a levar para seu lar e iniciar nova leitura. Isso é o êxtase do êxtase, puro orgasmo.

Querendo revigorar o que antes por ali florescia, lanço aqui uma campanha para que, tudo, todas e todos que estão com livros em situação de descarte - mas só o servíveis, hem! -, que passem por ali, desçam de seus carros e abasteça a geladeira, pois ela anda muito triste e seus habituais frequentadores, dentre os quais me incluo, mais ainda. A circulação de gente no entorno da geladeira não se dá somente entre fiéis da igreja, mas estudantes, comunidade no entorno e inclusive frequentadores do parque Vitória Régia, daí lanço aqui o apelo pelo revigoramento da dita cuja, pois ela fica muito tristinha quando sem livros bons, destes que podem circular de mão em mão, abrindo mentes e corações. Já estou separando alguns aqui dentre os que posso descartar - difícil tarefa, pois não quero me desfazer de nenhum - e levarei lá na próxima saída e do mesmo jeito, conclamo para outros tantos que me lêem para fazer o mesmo. Abarrotar essa geladeira e propiciar essa circulação de livros é uma benção nestes tempos. Adoradores de livros agradecem de todo coração.

OBS.: Se existirem outras iniciativas de igual teor na cidade, por favor, enviem fotos, informem os locais, pois ver mais e mais gente lendo é um encanto. E se o pessoal lá na Cultura, da Biblioteca Central resolver montar algo parecido, me avisem, pois começo desde já uma campanha para conseguir uma servível geladeira.

RELEMBRANDO O BATE PAPO DO HPA COM O ATOR PAULO BETTI
O papo aconteceu há quase duas semanas atrás e rende boa conversas até agora, ou seja, causou e foi bom. Muitos me pedem: "Mas como localizá-lo?". Publico novamente o link de sua localização pelas redes sociais, minha página aqui no Facebook: https://www.facebook.com/henrique.perazzideaquino/videos/3829166040446710.

Falamos de tudo um pouco e do todo um pouco. Já começamos ousando, ele soracabano envergando a camisa do São Bento e eu bauruense com a do Noroeste. Política, Teatro, Cultura, reminicências, posicionamentos, muita coisa de Bauru e também de Sorocaba e de onde ele está atuando e participando da efervecência de uma vida mais que contagiante. Vale a pena rever a conversa e com um grande final, quando adentra Ana Bia, a esposa e juntos relembram de como ele pelo menos uma vez na vida foi cupido, quando me apresntou a ela e deu no deu, 12 anos juntos. Paulo Betti não se esquiva de responder nada e a converrsa foi tão agradável, gerando pedidos para que localize e a divulgue novamente. O bom daquele papo foi que ele, no dia seguinte me passa um curto recado pelo whatts: "Gostei muito". Eu também.

"NÃO SEI SE ESTOU ME FAZENDO ENTENDER, O CERTO É SEGUIR OS MANDAMENTOS BLACK"
Quase uma década atrás o SESC trouxe a Bauru o "rei do soul brasileiro", GERSON KING COMBO, morto terça passada aos 76 anos, após complicações pela diabetes. Possuidor de gingado dos mais contagiantes, enfeitiçou o pessoal do meio musical e os que gostam de requebrar ao som de soul e funk. Aqui em Bauru não foi diferente, lembro bem dele e vários músicos bauruenses numa tenda montada junto ao gramado do parque Vitória Régia e todos inebriados com seu jeito malemolente, inclusive Ralinho Manaia. Nosso James Brown tinha uma voz rouca e dele tenho somente um CD, comprado naquele dia, 24/10/2010, o "The Best of Gerson King Combo - A Fúria Negra do Soul". Gasto ele por estes dias por aqui na vitrolinha e escolho para compartilhar a MANDAMENTOS BLACK

Eis o link: https://www.youtube.com/watch?v=l_Bq7pSrg3g

"Brother!/ Assuma sua mente, brother!/ E chegue a uma poderosa conclusão/ De que os blacks/ Não querem ofender a ninguém, brother!/ O que nós queremos é dançar!/ Dançar, dançar e curtir muito som/ Não sei se estou me fazendo entender/ O certo é seguir os mandamentos blacks/ Que são, baby/ como dança um black!/ Amar como ama um black!/ Andar como anda um black!/ Usar sempre o cumprimento black!/ Falar como fala um black!/ E eu te amo, brother!/ Viver sempre na onda black!/ Ter orgulho de ser black!/ Curtir o amor de outro black!/ Saber que a cor branca, brother/ É a cor da bandeira da paz, da pureza/ E esses são os pontos de partida para toda a coisa boa, brother/ Divina razão pela qual amo você também, brother!/ Eu te amo brother!".

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