segunda-feira, 14 de setembro de 2020

O QUE FAZER EM BAURU E NAS REDONDEZAS (130)


UMAS PALAVRINHAS DE ALGUÉM QUE NEM SEI O NOME, MAS SEMPRE ESTEVE CONOSCO NAS IDAS E VINDAS NAS RUAS
Moradora em situação de rua, travesti, ela sempre que o bloco Bauru Sem Tomate é MiXto vai pras ruas ouve o barulho e se aproxima, dança de forma feliz. Faz o mesmo lá diante do bar do Barba, quando nos reuníamos aos domingos pela manhã e sempre num animado grupo, enfim "a gente faz festa mas tá puto da vida". Como moradora em situação de rua, fazia o mesmo na Esquina da Resistência e nos atos na praça e Calçadão. Lembro também dela de manifestações pela avenida Rodrigues Alves. Por sorte, ela resistiu bravamente até a presente data a investida do Covid-19 e no último sábado, pelo que li no relato abaixo, proporciona um dos momentos mais emocionantes de todas as homenagens ocorridas ao companheiro Roque Ferreira. Leiam abaixo, do começo ao fim:

“Hoje na homenagem ao companheiro que não está mais entre nós, Roque Ferreira, notei muito desrespeito vindo de pessoas que passavam. Pessoas xingando, pessoas berrando para atrapalhar as falas e teve duas situações que mais me incomodaram. Duas mulheres pararam atrás de mim, ouviram uma boa parte dos discursos, de repente uma delas virou e disse pra outra "Eles querem tirar o Bolsonaro, vamos embora" e saíram. E na frente de uma loja de roupas popular na quadra da frente, ouvi um segurança dizendo para o outro quando estava indo embora "Você viu aquela palhaçada naquela esquina? Deveriam trabalhar, um bando de vagabundos/desocupados". Pois é companheiros... A luta será muito criticada, estamos vivendo tempos sombrios.
Eu não tive a coragem de falar, nem no microfone, nem só na voz, mas desejo a todos nós força, iremos precisar. O mestre nos ensinou o caminho. Vamos honrar, somos a herança dos ensinamentos dele independente de nossas divergências, partidos diferentes. Mas pra acalmar corações, enquanto observava todo o movimento, vi que uma moradora de rua, travesti, negra, que talvez não tenha mais o discernimento pra entender o que estava acontecendo, gritou "CADÊ O ROQUE?” e com toda a calma, explicaram... Nesse momento, a garrafa que ela tinha na mão caiu no chão... foi um choque, os olhos se encheram de lágrimas e eu posso dizer que senti o impacto que ela sentiu, e sinto mas de hoje em diante, ROQUE PRESENTE! Não haverá um ato que ele não será lembrado, nossa luta não acabou. Vamos adiante companheiros!”
, texto de Giovana Rosalino Melanda, após ter participado no ato de sábado passado, 12/09, Esquina da Resistência.

É por essas e outras que, estou sempre a postos para registrar e contar algo mais destes todos, povos invisíveis para a maioria, mas sensíveis e pulsantes como todos nós, na lida e na luta. A reação de muitos, esperada e previsível, triste, porém a cara deste país perdendo sua identidade e razão de ser. A dos povos das ruas, cada vez me apego a eles e me interesso por registrar, ao meu modo e jeito, algo pela minha lente. Essa história me arrebatou e não parei de pensar nela desde que a li. Diz muito dos povos das ruas.
Obs. O registro fotográfico dela no sábado é do Jornal Dois. Eu tenho vários registros dela, em situações variadas, mas justamente quando você quer localizar, eles desaparecem da sua vista. A única encontrada e tirada por mim é de 2018, quando realizamos no Bar do Barba a Festa do Nojento, retaliação de nossa parte após o citado bar ser taxado de lugar de gente nojenta. Fizemos um ato assumindo a pecha e ela estava presente, linda e radiante, como na segunda foto aqui publicada.

SEU JOAQUIM CANSOU DE FAZER O PÃO MAIS GOSTOSO DE BAURU
Eu já escrevi dele por aqui tempos atrás, dele e de sua ex-esposa, dona Ignês, pois durante algumas décadas tocaram ali na rua Quinze de Novembro, a Delícia Pura. Modesto, sem muitos rococós, o lugar era simples mas tinha algo como diferencial, o pão, com algo colocado por cima antes de ir ao forno, um segredo guardado a sete chaves e o fazendo conquistar o título de um dos pães mais gostosos da cidade. Muitos tentaram lhe tirar a receita, mas ele resistiu e hoje me dizem passou o ponto. Seu Joaquim cansou, já estava mal humorado, pavio curto e precisando de parar com esse negócio de acordar todo dia bem cedo, antes do galo cantar e se por a fazer a massa para os tais pães. Separou da esposa e continuou morando na casa acima da padaria, juntando a tudo a chegada da pandemia e daí, um pulo para a decisão: "Vou vender a padaria". Vendeu e hoje um casal toca o local, tentando reerguer o ponto e tornar a rua XV novamente um local de afluência de pessoas interessadas em pães diferentes. O velho e sapiente, as vezes ranzinza seu Joaquim passou a receita para o novo dono e este diz que faz com tudo com o mesmo esmero. é também divulgador de como vai a vida do antigo proprietário, sempre informando a quem pergunta, que com ele está tudo bem, só estava cansado e buscando outros ares. Era ponto de minha passagem e vez ou outra ali parava, primeiro para prosear com seu Joaquim, que a mim nunca se recusou de contar as últimas, as do meio e também as primeiras. De ranzinza não tinha nada, tinha é que saber tocá-lo, daí se abria. Outro que gostava de ir lá comprar pães era o Marcão Resende, morando ali perto, também preferia buscar pães na padaria mais modesta do que engordar o cofre do do dono do rico mercado.
Não conheço os novos donos, mas sei que, a supervisão deve estar sendo dada pelo atento morador do andar de cima e daí, creio ter sido dado continuidade no que deu certo por tanto tempo. Algo entristece quem passa pelo local daqui por diante, pois não vai mais encontrar seu Joaquim ali encostado do lado de fora, fumando antes de voltar para seu posto detrás do caixa. Algo ele nunca me contou: se quem fazia os tais pães fora do comum era ele mesmo ou seus padeiros?

MEU VOTO E TODO EMPENHO PESSOAL NO PRÓXIMO PLEITO
Jorge Antonio Soriano Moura e Maria Flor Di Piero, é com estes que eu vou, irei, estarei nas próximas eleições. Indico como o que temos de melhor para transformar Bauru num lugar realmente melhor pra se viver. A esquerda sempre foi a opção mais saudável para sair do trivial, alternativa onde o trabalhador terá mais facilmente atendido suas reivindicações. Mudar se faz necessário e o momento do levante é agora. Sair da mesmice com o PT e o Rede unidos e coesos. Bauru merece uma administração popular.

VAMOS FALAR DE PAULO BETTI...
SEGUNDA, 14/09, 21H, NA PÁGINA DO FACEBOOK DESTE HPA
Lá vêm aqueles textões do HPA. Isso mesmo. Amanhã terei a grata oportunidade de rever e bater um papão com o ator e diretor de cinema PAULO BETTI, por quem além da grande admiração, tenho uma proximidade um tanto familiar. Ele foi o cupido que me apresentou a esposa Ana Bia tempos atrás e a partir daí, a proximidade ficou maior. Conversa com o Paulo é pra ser bem aproveitada e não ficar revendo coisas dele que todo mundo já sabe de cor e salteado, aproveitando aquela uma hora para destrinchar outros assuntos e temas. Como até as pedras do reino mineral sabem, Paulo é um ser político e assim age, ainda mais agora, nesses bicudos e já preocupantes tempos. Ele sempre se posicionou à esquerda, tendo tempos atrás, muito conhecido por ser a voz do PT em propagandas do partido. Esse elo praticamente indissolúvel, com o passar dos anos, foi se amainando, porém a quantas anda hoje só ele mesmo para nos contar. Na conversa de amanhã, claro, um pouco da história do grande ator, seus envolvimentos com o interior paulista, a suposta caipirice, ele de Sorocaba, eu noroestino ele torcedor do São Bento, falaremos também de futebol e muito de Cultura, Leis de Incentivo, a Rouanett e a Aldir Blanc, além do que se faz trancado dentro de casa há seis meses. Ou seja, em uma hora, uma conversa com pitadas de tempero mais do que fortes sobre este nosso país, a regressão toda, evidente em todos os níveis e as saídas e possibilidades existentes hoje e no futuro. Algo mais da classe artística, o posicionamento de quem não tem medo de colocar a cara para bater e por causa disso paga um preço. Enfim, amanhã, segunda, 14/09, 21h através de minha página no facebook, uma conversa pra lá de proveitosa.

Como não falaremos tanto do passado, só para relembrar, como escrevo diariamente no blog Mafuá do HPA desde 2007, eis algo mais do que nesse período já escrevi dele. São histórias bonitas de serem relembradas, revividas e algumas delas sendo motivos de comentários no bate papo de amanhã:

Eis o link para a leitura de tudo o que já escrevi do Paulo Betti aqui no blog:
https://mafuadohpa.blogspot.com/search?q=Paulo+Betti 

São textos longos, mas reveladores, algo para entender essa relação do ator de Sorocaba com Bauru e comigo, daí como sou esquerdista, logo gostei dele, sua obra é arrebatadora, pulsa coisas do interior e isso tudo me comove, daí quando surgiu a oportunidade, não a perdi, cá estaremos segunda, 14/09, 21h.

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