quarta-feira, 16 de setembro de 2020

UM LUGAR POR AÍ (140)


HISTÓRIAS QUE GOSTARIA DE CONTAR A TODO INSTANTE E OUTRAS QUE TENHO TAMBÉM DE RELATAR, ENFIM O BRASIL DE HOJE PIOROU E SÓ SAIREMOS DESSA DENUNCIANDO TUDO A TODO INSTANTE
Eu adoraria ficar por aqui só postando histórias de vida de pessoas, como duas que fiz dias atrás, a do seu Joaquim da padaria na rua XV e da Gisele, a travesti moradora em situação de rua. Relatos como esses me enchem de contentamento e é o que mais gosto de fazer por aqui. Mas nem sempre é possível, pois o momento exige outra coisa de todos nós, pois nossa vida foi completamente alterada com a chegada destes pérfidos anos pós golpe de 2016, o chegando no conluio "com Supremo, com tudo". Temer e Bolsonaro só desgraçaram com este país e pulsa hoje uma corja de milicianos conservadores, uma espécie de bandidagem se passando pela lei e ordem, colocando este país abaixo. Como se mostrar indiferente a tudo o que estão a fazer com este país? Só mesmo os muito sacanas para continuarem apoiando esses incendiadores da nação ou se mostrando indiferentes, como se a coisa não fosse com ele. Eu me posiciono e pago meu preço. Seria ótimo ficar o tempo todo só postando histórias que coletei ao longo dos meus 60 anos e sempre pela vertente e viés do que denomino de Lado B, o dos invisíveis e injustiçados dessa nação, mas não dá. Daí eu misturo tudo, uma hora posto uma história de vida, na outra já estou enfurnado na política e assim por diante, em todos com minha visão pessoal de como encaro isso tudo e onde estou posicionado, o lado onde me encontro.

Ontem mesmo ouvi uma história de arrepiar e bem com a cara desse momento brasileiro. Conto por cima, pois não quero identificar ninguém, nem é esse o objetivo, mas denunciar o pérfido conquistado neste exato momento. Numa cidade pequena do interior paulista a avó de um conhecido morreu há 30 dias atrás de Covid e no velório e enterro foram seguidos todos os procedimentos básicos. Até então tudo normal, fora a morte na situação como ocorreu, claro. Passado um mês, um tio da vítima, pastor evangélico neopentescotal na cidadezinha posta um vídeo dele denunciando os procedimentos, bem ao estilo do que essas igrejinhas andam fazendo, defensores do pérfido Senhor Inominável. O vídeo é editado e começa a circular com outro viés, o de propagandear o presidente e denunciar o jeito formal como anormal. Bestialidade sem fim. Só que o pastor fez tudo por conta própria, somente ele na família pensava daquele jeito, mais ninguém. No momento, todos estão muito revoltados, exigindo a retirada dos vídeos das publicações onde circulam e ele, irredutível, pensando só em manter o viés que o mantém no púlpito, o de sacanear com o próximo, seja ele um parente próximo ou qualquer outro. Daí, eu cá do meu canto me pergunto a mim mesmo: como deixar de contar também relatos como este e denunciar a que ponto estamos chegando, com essa corja renegando a ciência em prol de um doente mental na presidência da República? Já estamos no fundo do poço, país destroçado e incendiando, mas pelo que vemos, muita coisa pior pode ainda nos acontecer se nada fizermos agora para reverter e botar pra correr estes todos que tomaram de assalto o país. 

Eu não consigo passar um só minuto sem denunciar o descalabro em curso e quem patrocina isso e apóia isso, dando a sustentação para a continuidade da esbórnia. Estarão sempre sendo aqui denunciados, pois são também promotores da desgraça. e sem coragem, colocando a cara para bater e enfrentando estes, nada conseguiremos. Vamos à e pra luta, nossa única alternativa.

ASSASSINATO
Quatro fotos circulam hoje na cidade em publicações do casal José Brandão e Sônia K. Brandão, mostrando um verdadeiro assassinato no coração desta aldeia bauruense. O casal mora na região próxima ao centro bauruense e de onde moram acompanharam pela janela a vida de uma mangueira, frondosa e até ontem carregada de frutos. Hoje não mais, pois o tal "progresso" chegou até lá a colocou abaixo sem dó e piedade. Pelo mesmo motivo se incendeia a Amazônia e o Pantanal, enfim, nada como ser vergado pelo poder da grana e entrar no vai da valsa. Se os outros fazem e podem eu também farei e ninguém vai poder dizer nada, essa a linhagem dos que seguem o que hoje é algo não mais surreal, mas quase cotidiano dentro da mentalidade no novo país, este sendo implantado com o advento do Senhor Inominável. 

Pelas quatro fotos dá para fazer um apanhado do que foi tentado e conseguido com os cortes. Explicações virão, justificativas mais que plausíveis, entendíveis dentro dos parâmetros atuais e se as fotos circularem por demais, até admoestações podem ocorrer, pois ninguém gosta de ter o dedo apontado para a própria cara e com a afirmação de ter feito algo mais do que inconveniente. Isso me faz lembrar do sujeito que faz uma pequena reforminha em sua casa e na hora do término percebe ter juntado lixo, dejetos provenientes do ocorrido e daí se põe a matutar: "O que faço com isso?". Enfim, existem os bolsões de lixo da cidade e até mesmo as caçambas, mas tudo isso é um saco. Os bolsões são sempre longe e para contratar a caçamba serão necessários gastos, daí o melhor mesmo é ir ali naquele terreno baldio e depositar tudo sorrateiramente. Se ninguém te ver, sucesso na empreitada. Vida que segue.

O caso das árvores pode não ser muito parecido, mas possui muita semelhança. Tem muita gente que não está nem aí para a natureza e o que ela nos oferece. Conheço a história de muitos que cortam árvores só por produzir sujeira em suas calçadas. Outros colocam fogo numa floresta inteira só para ter a terra arrasada e daí transformar tudo em pasto. Para tudo tem legislação existente que proíbe o corte das árvores e também as queimadas, mas devido a licenciosidade atual, existe um liberou geral. Uma coisa pode não ter relação com a outra, mas os elos são umbilicais. O mesmo que corta uma árvore frondosa, para levantar um telhado a mais no local tem mentalidade parecida daquele que, coloca fogo na mata para depois colocar gado no lugar. Podem me dizer que isso é crueldade pequena diante de tudo o que está ocorrendo, mas tudo é crueldade e fazem parte da construção cultural deste país. Isso não é de hoje e assim será, pois assim somos e seremos.

Que o Brasil está irremediavelmente perdido, sem rumo, num caminho sem volta de destruição, disso não tenho a menor dúvida. Tudo são elos, uns interligados aos outros e no frigir dos ovos, formatando o país atual, bem a cara bolsomínia do destruir tudo, para depois ver o que pode ser feito para sobreviver sem o que veio abaixo. Escrevo isso sem saber dos motivos, mas nem os quero saber e nem precisam me contar, pois mesmo que alguém consiga me provar ter sido necessário, creio ter ocorrido um assassinato. O casal que registrou em fotos o ocorrido também acham o mesmo. Ambos são poetas e os poetas sofrem com essas coisas, que para muitos são besteiras, mas para estes existe o encanto de parar na beirada de um rio qualquer e ficar ali observando sua correnteza ou mesmo debaixo de uma árvore, que bem poderia ser essa mangueira e passar horas só sentindo o cheiro dali expelido, da sombra desfrutada e do clima propiciado com aquela belezura. Para muitos aquilo tudo passa batido, mas eu e o casal Brandão somos mesmo chatos e como os vi reclamar lá no post que cada um fez individualmente em suas páginas nas redes sociais, preferi escrever da mangueira do que de qualquer outra desgraça ocorrendo no país. Sua despedida me entristece tanto quanto a dos animais e árvores sendo devoradas pelas chamas país afora.

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