segunda-feira, 23 de novembro de 2020

DICAS (202)



VOTO NO 2º TURNO E COMO AGUNS CONSEGUEM ESCOLHER ENTRE DOIS MUITOS RUINS EM BAURU – E TEXTO PARA REFLEXÃO COLETIVA
Ontem uma pequena altercação quando um conhecido professor e poeta bauruense, Luiz Victor Martinello, posicionamentos conservadores conhecidos declara seu voto no 2º Turno em Bauru para um dos candidatos, ambos também conservadores, neoliberais, porém um deles, médico só “tudo de ruim”, as do outro lado, uma candidata, jornalista também “tudo de ruim”, porém evangélica neopentecostal. Martinello declara apoio ao médico e reclamam. Em sua defesa, o professor Reginaldo Tech, amigo do médico de longa data, tendo em todos os momentos se posicionado contra o conluio golpista hoje vigorando no país, mas também já declarando voto no amigo, médico, mesmo este tendo conhecido posicionamento em confronto com tudo o que até então se pode defender como razoável. Resumo da ópera: em Bauru, tudo anda caminhando desta forma e jeito. De um lado, grupo considerável de eleitores tendo votado em candidato mais à esquerda no 1º Turno e hoje se posicionando favoráveis ao voto útil, no menos ruim, menos problemático, menos danoso, mesmo este já tendo declarado ser contrário à maioria do que se defende na denominada linha progressista e daí por diante. A alegação é bem simples, ele vai destruir, mas a outra vai fazer algo além disto, ou seja, a chegada dos sempre predatórios neopentecostais. Entre a cruz e a espada, posto abaixo texto para reflexões variadas e múltiplas, a que muitos fazem neste momento, quando a sete dias do pleito, cabeças giram como numa roleta russa. Enfim, vale ou não a pena optar pelo menos ruim, sendo que já é do conhecimento até das pedras do reino mineral que, tanto com um com a outra, a desgraça tomará conta de Bauru.

“O voto – ah meu voto. Inegável que na sociedade contemporânea, algo nos pertence, o voto. Um voto individual. irretorquível direito de posse. Mas esse voto não escapa aos limites da sociedade capitalista, expressa no que denominamos de Modernidade. O voto nesse caso, mais do que um exercício de um agir ético, se torna um bem-mercadoria, e neste caso pode servir como uso e troca, relembrando o velho Marx. Nada a estranhar quando vemos uma pessoa negociar seu voto por uma nota de cinquenta reais, ou pela promessa de um ganho futuro, por que não? se é algo que nos pertence. Sabemos que há uma determinação moral que condena essa negociação, mas como julgar a moralidade daqueles que têm fome, pela moralidade dos que não tem fome. Como saber o que se passa no Reino da Necessidade? Sendo o voto um bem individual, uma mercadoria, isso implica em um afastamento da comunidade, esta perde o sentido, o laço social se enfraquece. A democracia liberal representativa é uma espécie de gramática, que no Ocidente, ganhou status de irrefutabilidade, pensar outros caminhos para se conduzir o mundo das decisões comunitárias, é quase um crime. O voto por sua conexão com a ideia de liberdade burguesa, é um olhar para fora da comunidade, um olhar que ignora quem está do lado. A liberdade também como mercadoria, é um bem individual, conecta convicções, mas não conecta pessoas. Paulo Freire nos fala de um outro tipo de liberdade, pela qual ninguém é livre sozinho, só se pode ser livre coletivamente. Deste postulado, se pode sonhar com um voto da comunidade, que mesmo dentro do sistema político burguês o subverteria por dentro. Um voto que implica responsabilidade de todos e por todos. O voto estaria implicado a uma rede solidária de olhares e atitudes. Deixaria de ser mercadoria, para se converter em um Bem para todos, ou até mesmo em uma derrota para todos. As boas propostas seriam aquelas que contemplassem a comunidade e garantissem o laço comunitário e o consenso. O voto seria o resultado de um agir ético. Utopia, certamente sim, mas impossível, não. Esse ideal está pelos becos e vielas, e bem pode ser um desdobramento da ideia africana de UBUNTO, eu sou porque nós somos”, professor, pesquisador, dr em Comunicação e Cultura ECO/UFRJ e historiador carioca - também meu amigo - Jairo Santiago.


QUANDO AS DUAS CANDIDATURAS ELOGIAM A UNIMED EU SARTO DE BANDA
Assisto o horário eleitoral e no de hoje o candidato a vice da Suéllen, um médico que já dirigiu hospitais pela aqui, culmina seu currículo tecendo loas elogiosas para o tempo quando esteve à frente da UNIMED, o conglomerado médico que um dia já foi cooperativa e hoje não sei que denominação posso dar para aquela constituição física, onde o negócio de todos é ganhar muita grana. Eu estudei e já faz tempo que estou longe dos bancos escolares, mas cooperativa, pelo que os alfarrábios me ensinaram é bem outra coisa. O vice da Suéllen pelo visto adora o modus operandi da UNIMED. Sentei no computador e fui pesquisar o que vem a ser o termo. Não deu tempo de juntar tudo o que fui coletando, pois vejo o médico Raul, o representante da outra candidatura, almejando se tornar prefeito e ele também tecendo loas elogiosas para a UNIMED. O dito cujo também atuou nas hostes direcionais, de mando e comando em famoso hospital da cidade e por fim, a tal cooperativa, que na verdade deveria ser algo abrangente, compreendendo um número enorme de pessoas, filiados, todos cooperados e de comum acordo, decisões tomadas da forma mais parcimoniosa possível, lucros todos divididos e disponibilizados no moto contínuo para que a roda não deixe de girar e nunca engorde uns poucos, mas o faça para o todo. Em alguns lugares chamam isso de comunismo, noutros, pelo menos quando da fundação desta, cooperativas. Em ambos a ideia é sempre coletiva. Eu sou mesmo um velho rabugento, impertinente, intransigente e criador de caso, ou se quiserem nada disso, pois o que queria mesmo é ver tudo sendo feito como prescrevia os estatutos iniciais dessas conturbadas gafieiras. Desligo a TV para não me influenciar negativamente e junto o lé com o cré, chegando na conclusão de que, se os dois endeusam a dita cuja, como arrebatadora, eu na qualidade de eterno desconfiado, boto um pé para trás e me abstenho de continuar minha consulta, pois só ao abrir o google, botando lá o nominho da mais famosa cooperativa (sic) médica brasileira, o que me saiu nas páginas diante de meus olhos são inúmeros, diria, milhares de processos correndo país afora. Fico com medo e deleto tudo, pois se os dois médicos locais afirmam o contrário, o google deve ser mentiroso. A verdade sempre esteve com os próceres destas plagas onde neste segundo turno, ostentam a mais bela composição que podíamos ter e com a mais adequada denominação, “sem limites”.

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