quinta-feira, 17 de dezembro de 2020

OS QUE FAZEM FALTA e OS QUE SOBRARAM (144)


HOJE NÃO DEU TEMPO DE VERSAR NADA SOBRE A COMPOSIÇÃO DO GOVERNO DE SUÉLLEN EM BAURU, POIS ESTAVA PREOCUPADO COM OUTRAS QUESTÕES MUITO MAIS IMPORTANTES

1.) EVILÁSIO DÁ UM BANHO DE JOVIALIDADE AOS 87 ANOS, SEGUE BATENDO UM BOLÃO E COMPROVA QUE A RUA É RECARREGADORA DE ENERGIAS E REPOSITORA DE BENFEITORIAS CORPORAIS
Tem pessoas que adoro trombar pelas escapulidas da vida, outras nem tanto, até corto volta ou finjo não estarmos no mesmo ambiente, pois em alguns casos, pura perda de tempo ficar alimentando desavenças. Melhor ignorar e tornar o que nos resta de vida algo mais prazeroso. E tem os que valem realmente a pena a trombada e a conversa, essa inevitável, indissolúvel e inquebrantável. Como já escrevi por aqui e já é do conhecimento de todos por essas plagas, o Bar Aeroporto está fechando suas portas na existência Ico, 25 anos de ininterruptas atividades e desta forma, na qualidade de original bar, velho estilo, talvez um dos últimos refúgios desta natureza na Zona Sul da cidade, possui adeptos, seguidores e contumazes frequentadores, destes a bater cartão na alegria e na tristeza, na saúde e na doença.

Cito um destes e conto algo mais de tão enaltecedora pessoa.
Vez ou outra escrevi por aqui de pessoas que cruzei neste bar e ontem quem me surge novamente diante dos olhos foi o professor e contador Evilásio Pereira Silva, professor do 1º Grau no Madureira, altos do Vista Alegre, onde estudei. No link a seguir algo que havia escrito dele em 2019 e hoje, além de repetir tudo, escrevo algo a mais: https://www.facebook.com/henrique.perazzideaquino/posts/2736836066346385. Evilásio não é pouca coisa, pois tem 87 anos de existência e destes, desconhece o que sejam problemas de saúde. 

Agora mesmo, sai quase diariamente de sua casa dirigindo o próprio carro e se dirige - quase automaticamente, como ligasse piloto automático - para o Bar Aeroporto, senta num cantinho recolhido, onde passam poucas pessoas e ali beberica sua cerveja gelada e recebe os amigos mais próximos. É uma espécie de extensão de sua casa ou também escritório de trabalho. As conversações são as mais variadas possíveis e em todas algo relembrando passagens inenarráveis de sua vida, contada com um sorriso no canto dos lábios. O velho Evilásio soube e sabe tocar a vida adiante. Toma seus cuidados, fica sempre lá no seu cantinho, isolado da muvuca e só observando, assuntando e anotando tudo no seu caderninho memorial. Quando o questionei se não se arrisca, diz sair de casa para se esconder no seu canto, com pouca gente lhe dirigindo conversações, mas algo que não consegue mais fazer é se fechar em copas, pois com 87 nos costados, já na prorrogação da vida, não tem mais tempo a perder. Vive e viverá muito mais, pois se cuida e sabe muito bem onde coloca os pés, mãos, olhos, boca e tudo o mais.

O velho Evilásio é mais jovem que muito moleque, muitos mesmo. Alvissareira pessoa e ontem, quando fui também me despedir do Bar Aeroporto, lhe perguntei: “E agora onde vai tomar a última?”. Sua resposta: “Ainda estou pensando, quero um bar assim e sei são poucos, mas garimpo é comigo mesmo e já estou à procura, sem descartar que este feche por curto espaço de tempo”. Esperança é a última que morre. A dele não morre nunca. Fiz questão de tirar uma foto ao seu lado, está para a posteridade, para que todos saibam ter sido eu amigo deste senhor, de reconhecida folha corrida na boêmia bauruense e dos que souberam valorizar os bares e levar a vida adiante com sapiência e galhardia. Minha próxima pretensão é sentar ao seu lado qualquer dia destes e ouvir seus relatos, suas histórias, anotar tudo e deixar registrado como foi que ele conseguiu chegar aos 87 com esse corpinho jovial e bem disposto, além de não ter parado, não querer e encontrar oxigênio justamente na continuidade do “ruar”, este verbo divinal e encantador, sempre cheio de novas perspectivas. Tô com ele e não abro.

OBS.: Acordo 6h da manhã, caio da cama neste horário e antes mesmo de fazer as necessidades, a irrefreável e incontida vontade é a de escrevinhar deste reencontro de ontem a noite. Sonhei com ele e cuspi o escrito assim de bate pronto, vapt-vupt, de uma só talagada. Nem deu tempo de fazer correções, inclusões e de abarcar tudo o que recolhi mentalmente dele ontem à noite. Tentei...

2.) UMA MESA PARA EDIVIRGES FAZER SEUS PÃES
Eu escrevi dela aqui dias atrás, EDIVIRGES é minha inquilina numa casa ao lado do Mafuá, lá nas barrancas do rio Bauru, proximidades das Nuno de Assis. Mineira, veio do Pará e faz pães, doces e guloseimas de todos os tipos e maneiras, enfeitiçando que os come, pois assim como aconteceu comigo, provei e não consigo mais parar de comer e de querer mais. Ela faz o que pode e hoje pela manhã ao descer para tratar de meu cão, o Charles, bate na janela que dá para seu corredor e me apresenta uma pratada de pão de queijo. Cai de boca e me endividei um bocadinho mais. Ela ciente de que, hoje faria cirurgia na boca me traz cedo e diz: "Coma logo, pois depois só papinha". Comi. Mas tem algo mais - sempre tem - e querendo ajudar mais e mais a batalhadora construtora de delícias, quero ajudá-la a conseguir se firmar em algo que tem em mente, a de se tornar famosa e conseguir montar seu negócio. Fazer pães ela faz que é uma maravilha, mas seus espaço ainda é limitado e ela faz o que pode, assim como a imensa maioria do povo brasileiro. Acaba de comprar um fogão usado já com as economias da venda e está economizando para adquirir geladeira, mas falta algo e me propus a contribuir. Ela precisa de uma mesa para fazer os pães e queria ver conseguia por aqui. Se alguém tiver uma MESA para doar que se manifeste e daremos um jeito de ir buscar. Enfim, Edivirges aceita encomendas para o final do ano e seu fone está num cartão aqui postado. Assim a gente toca a coisa adiante, cada um estendendo a mão ao outro e todos juntos conseguindo melhoras e melhorias. Hoje é por ela, amanhã por outros e assim seguimos...

3.) EU E CHU ARROYO NO "RECANTO DOS LORDES"
Quem disse que eu e o jornalista Chu Arroyo não somos frequentadores de lugares alvissareiros por estas plagas? Estivemos hoje no rebuscado Recanto dos Lordes e por um motivo mais do que justificável, prestação de favor recíproco entre as partes. Meu dileto amigo, saiu hoje da estância de Lençóis Paulista em busca de mais um final de semana junto aos país e junto da Constituição - na rua, ali na beiradas do centro da cidade. Vinha mui garbosamente pela rodovia que liga ambas as cidades, quando ao passar defronte o tal Recanto foi chamado às favas por estes e teve que fazer uma parada brusca e inesperada, às margens da rodovia. Parou e constatou o óbvio nestes tempos, seu meio de locomoção estava desprovido de combustível. 

Quando acontece algo parecido na vida da gente e muito já me aconteceu, a primeira coisa que fazemos é ir em busca do caderninho de anotações e ver qual amigo poderá prontamente e em tempo record chegar com o líquido que o devolverá às pistas e para a conturbada vida que levamos. Enquanto liga e me esperava, pois mesmo com cirurgia marcada, faltando 1h15 para sua realização, voei para um posto de combustível, supri um galão do álcool injetável em tanques metálicos e para lá me dirigi. Chegando lá levo uma dura: "E o álcool?". Lhe entrego o galão e a cara feia continua: "Não te pedi de dois tipos, digo do outro, pois me encontro em estado desestabilizador, trêmulo, necessitando do santo líquido e você me chega aqui com este para o veículo e sem o para minha pessoa. Não tem estima nenhuma por mim, né!". Resignado e contrito acatei a reprimenda.

De lá voei para a cadeira da dentista e estou agora sob amparos de papinhas e rapapés de dona Onça, sem nenhuma chance de outras possibilidades. Por fim, Chu estará em Bauru nos próximos dias e preparando mais uma edição do seu "Pedra de Fogo", o jornal de circulação improvável, indevida, intranquila e que sai só quando algo mais contundente pintar em sua conta para pagar, ao menos a impressão. Ele vive de ilusões e fez da sua vida essa inconstância de continuar remando contra a maré e lançando edições de jornais alternativos. Já rodou o mundo, hoje mais cansado não vai muito longe, mas continua tentando, ousando e fazendo das suas.
O danado possui a cara disso que tanto ainda acreditamos ser possível, ser e fazer algo guiado por sonhos, aqueles com os quais um dia imaginávamos iríamos mudar o mundo. Não mudamos, mas também, os poucos que não mudaram de lado, continuam pela aí dando murros em ponta de faca. Chu um desses, pois resiste, insiste e persiste aprontando e tentando ao seu modo e jeito se dizer presente. Não sei como e nem quero que me contem como ele continua fazendo para continuar tendo anunciantes nestes mais que bicudos tempos, mas quando a gente menos espera, o danado roda mais uma edição e a coloca nas rodas de assunto da vizinha cidade, provocando algum alvoroço, pois é inevitável, o que faz provoca sempre algo desestabilizador para alguns. 

Chu já está em Bauru, com alguns litros para rodar por aí - não muito -, mas uma hora dessas em algum bar e matutanto o que vai poder fazer para pagar a gráfica e continuar botando seus sonhos na frente de sua vida. Alguns dos meus amigos seguem assim, sendo, fazendo e acontecendo, mesmo as duras penas. Eu sigo na mesma pegada. A gente não perde as esperanças e quando esperam que desistimos, ressurgimos como fênix e aprontamos mais alguma patacoadas. Somos assim e queremos continuar sendo assim. Não tentem mudar nosso ritmo e nem o que vai pela nossa cebeça, pois não vai dar certo.

Em tempo: Nossa passagem pelo tal Recanto foi mais que passageira, nem adentramos o portão e para aqueles que dizem exponho meus amigos, reafirmo: não tenho como expor os danados a nada mais, pois estamos mais do que expostos e isso desde o momento quando resolvemos ser do contra.

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