domingo, 4 de abril de 2021

DROPS - HISTÓRIAS REALMENTE ACONTECIDAS (190)


TRÉGUA
1.) MALHAÇÃO JUDAS GENOCIDA
Ufa! Bauru resiste e ontem pela manhã, sábado, 03/04/2021, pendurado no viaduto da Duque com a Nações, o mais original Judas destes tempos, o genocida. Efusivos parabéns aos idealizadores da justa e merecida homenagem prestada ao ex-capitão.

2.) AS HISTÓRIAS QUE NOS MOVEM, MEMÓRIAS NUNCA ESQUECIDAS, SEMPRE REVIVIDAS - AUTORIA DO JUDAS DO VIADUTO É FRUTO DA VONTADE DE MILHARES, MAS QUEM SERIA O AUTOR?
Ontem postei como Cena Bauruense o Judas ali exposto no viaduto da Nações e com a faixa "Genocida". Conversava depois com o amigo Claudio Lago, presidente do PT local e brincávamos de quem seria a autoria e que, bem poderia ter sido nossa ou de alguém próximo. Divagávamos e ele me pergunta: "Não sei se já te contei a história do João do Crime?". Disse que já ouvi muitas dele, mas não me lembrava de nenhuma sobre este tema. Ele me conta.

João do Crime, como se sabe, era presidente do Sindicato dos Bancários e rejeitado pela maioria da categoria, representando o peleguismo repudiado. Estavam diante de uma greve, onde a categoria era favorável, mas a direção não. A luta pegava nas ruas, mas o sindicato irredutível, ligado a Central Sindical conservadora, fazendo de tudo para que a categoria não assumisse e muito menos apoiasse e entrasse na greve. A pressão foi tamanha que, eles acabaram tomando uma atitude. Foi quando surge espalhado na cidade muitos cartazes, colados em postes e variados lugares, algo realmente significativo em apoio ao movimento. O pessoal do Jornal da Cidade querendo noticiar o fato, ciente de que a direção era contraria a greve, liga para a oposição e pergunta se a iniciativa havia partido deles. Esses, como no cartaz não havia identificação de autoria e a propositura era a que buscavam, não desdisseram e assim saiu publicado no jornal, como autoria da oposição. Mal o jornal saiu às bancas, João do Crime em pessoa liga para Lago e outros os interpelando da autoria, que havia sido uma decisão pessoal dele, havia gasto bela grana nos cartazes e na sua distribuição, sendo sacanagem outros assumirem a autoria do feito. Riram na cara do tal João e assim foi passado para quem tomou conhecimento do fato pelo jornal, a autoria dos opositores à direção do sindicato, favoráveis à greve desde o primeiro momento. João gastou, comprou a causa só na bacia das almas e merecidamente, levou um toco quando dos louros.
José Vinagre e Rubão.

Rimos juntos e comparamos com o Judas ali pendurado no viaduto. Pegaria bem ser autoria de todo e qualquer militante dos movimentos sociais e talvez quem de fato o fez e instalou até queira ser reconhecido pelo esforço neste momento, algo louvável, mas como nada ainda se sabe da autoria, fica por enquanto sendo "autoria coletiva". Vale relembrar a história nessa manhã dominical, onde nem sei se o Judas Genocida conseguiu resistir sua segunda noite ao relento. Só vendo...
 
3.) SÓ PARA RELEMBRAR O JÁ SAUDOSO RUBÃO
Não sou a pessoa mais adequada para escrever sobre o saudoso Rubens de Souza, Rubão, de tantos embates e lutas nestas plagas ditas e vistas como totalmente "sem limites". Tem muito mais gente qualificada para dele traçar um perfil, pois estiveram mais próximos, o ouviram mais e o acompanharam mais de perto. Eu, infelizmente, só o fiz à distância e dele guardo as recordações de alguém não se afastando da lida de luta, sempre com o mesmo discurso, mesmo em outros lugares e posições.
Eu, Pedroso, Maringoni, Sivaldo e Rubão.

Rubão é mais uma vítima da Covid-19 e hoje, passados dois dias de sua ida, fui vasculhar meus arquivos pessoais e no dia 23/03/2019, quando da realização do Tributo ao ex-prefeito Edison Bastos Gasparini, realizado no Teatro Municipal de Bauru, suas últimas fotos tiradas por mim tendo ele como um dos retratados. No dia seguinte, na feira dominical, ele e outros nos reencontramos na esquina do Bar do Barba, boca de entrada da Feira do Rolo e ali a última foto com ele ali no furdunço bauruense. Guardo isso tudo, não só na memória, mas inolvidáveis registros de minhas andanças e destes todos que, faço questão de clicar, para ir matando saudade de tempos outros, quando todos éramos até mais ativos, enfim, somos do time dos que possuem muitas histórias para contar. Rubão devia ser fonte inesgotável de boas histórias e quem as ouviu de perto deve ter recolhido algo de incomensurável importância. Tento reunir aqui nos comentários ao longo do dia, algo que fui lendo dele aqui e ali, até para prestar a justa homenagem que mais esse valente travou ao longo da vida.

4.) DA SOLIDÃO DE NOSSOS IDOSOS
Ontem à noite, sábado, 22h30 toca meu celular. Fui conferir quem e lá me chamando a ex-sogra, Antonia Cavalhieri. Levo o maior susto, pois faz um tempo que não nos falamos e se me liga neste horário só pode ser para me dar alguma notícia ruim. Não consigo atender ao telefone e batuco uma resposta pelo messenger: "Que foi? Tudo Bem? Diga". Ela candidamente me responde: "Deu SAUDADES de Vocês bjsss". Como não se emocionar com algo assim, na hora em que me preparava para deitar, noite de sábado. Respondo: "Que bom que tenha sido só isso. Eu também tenho sempre muita saudade todos aí. Amo a senhora. Um abraço do tamanho do mundo". Ela, com seu jeito muito simples, comedida, reservada me responde: "OUTRO PARA VOCÊ DEUS VOS ABENÇOE DORME COM DEUS BJSS". Só consigo lhe responder algo assim: "Pra senhora também, muitos beijos". Hoje pela manhã digo do ocorrido para a Cléo, sua mãe, minha ex, também pela internet e ela me responde: "Tá carente, não sai pra nada. Se os idosos não morrerem de covid, morrem de depressão... Ótima Páscoa!". Estamos todos meio que assim, precisando muito conversar, rever as pessoas, um pouco de prosa, conforto, carinho, enfim, vida vivida.

5.) FOGOS AO AR JUNTO DA FAVELA SÃO MANOEL, SERIAM O QUE?
Circulava hoje pela manhã em busca de um galeto assado, o sonho de consumo para essa Páscoa e passando de carro naquela rua margeando os trilhos, entre a Nova Esperança e o Bela Vista, bem junto da favela São Manoel, eis que rojões pipocam no ar. Eu, como a maioria das pessoas, cheios de preconceitos, já imaginei ser algo como a chegada de carregamento de drogas para algum fornecedor da região, enfim, ali ao lado a São Manoel e não sendo dia de jogo de futebol, baile, festa nenhuma, enfim, para mim naquele momento só pensei nisso. A minha cara caiu logo na esquina seguinte. Vindo na minha direção uma caminhoneta, tendo na carroceria um senhor com uma caixa de papelão e propaganda de algum comércio, que não consegui identificar. Junto dele outro fantasiado de coelho de Páscoa e parando em todas as esquinas, distribuindo ovos de chocolate para as crianças do lugar. Foi cena das mais bonitas e na sequência, parei o carro, respirei fundo, pensei cá comigo o do quanto imaginamos coisas, quase sempre maléficas destes morando nestes lugares nada apropriados para habitações humanas. Com isso na cabeça segui viagem em busca do frango, mas confesso, já sem aquele ímpeto de antes. Havia recebido um desses necessários golpes, desferidos pelo destino para exatamente nos recolocar na vida da forma mais insólita possível. Mais uma lição recebida e assimilada das e nas ruas.

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