quinta-feira, 11 de novembro de 2021

UM LUGAR POR AÍ (154)


DUAS CIDADES VIZINHAS, AREALVA E IACANGA, DUAS HISTÓRIAS DESTES INTOLERANTES TEMPOS ONDE O CAPIROTO GENOVIDA FAVORECE O DESABROCHAR DOS PIORES INSTINTOS
Tomo conhecimento de duas histórias, ocorridas em cidades muito próximas de nós, mais próximas entre si e a demonstrar algo mais do que perigoso se alastrando como praga por todos os lugares, tipo urtiga que, quando deixada toma conta de tudo. Vamos aos fatos:

Um vereador da cidade de Arealva posta em sua página no facebook a reprodução de uma atrocidade, a de travesti que é privada de usar um banheiro feminino e se sentindo ultrajada agride o seu algoz, quebra tudo e é também agredida. Ele o fez não como crítica, mas buscando discutir o assunto, entender algo dos motivos de se chegar a algo assim, quando tudo poderia ser resolvido dentro de um mínimo de bom senso. Sabe o que aconteceu? Uma avalanche preconceituosa na cidade, agressões as todas as travestis da cidade, com algo do tipo: "Elas é que merecem ser agredidas", "Onde vamos chegar com essas pessoas?", "Não vamos deixar elas avançar, somos família". E uma clássica: "Vocês nunca serão mulheres como nós".
Ficou evidente todo o preconceito de uma cidade pequena, expressado e assinado por gente conhecida, aproveitando-se da oportunidade para botar pra fora e extravasar todo o preconceito e ódio embutido em seus peitos. Elas, as travestis da cidade, reagiram e ontem teve live com duas destas ao vivo, postando a revolta e pelo que apurei, hoje, quinta, um fotógrafo da cidade se ofereceu para fazer fotos com algumas delas na cidade, espécie de book para demonstrar o quanto são belas e não merecem os ataques gratuitos feitos a elas e após uma postagem propondo um diálogo, longe de confronto, provocação ou algo parecido. O vereador até se desculpou com elas, retirou o post do ar, mas o pau continua comendo solto pelas redes sociais na cidade, com postagens atingindo mais de mil visualizações, numa cidade de pouco mais de cinco mil habitantes. Tudo foi desviado para outra pegada, a servindo aos interesses da perpetuação do preconceito.
Em Iacanga, algo também com um vereador, esse declaradamente bolsonarista, vindo das camadas populares, mas hoje propondo resolver tudo no braço, com violência, tendo passagens nada honrosas, dele e de outros pelo legislativo local. Ele teve no último final de semana seu rancho invadido e um jovem, sob efeito de bebida subtrai fios de cobre do local. Este jovem é de Bauru, chegando de volta conta o fato para a mãe e essa, perplexa, de imediato diz que terão que devolver e se desculpar. Contatam o tal vereador, mas este não aceita desculpas. Mesmo assim, a mãe vai até ele, com duas sacolas e antes mesmo que entregassem foram violentamente recebidas. Aos gritos, a chave do carro onde se encontravam é retida, são submetidas a agressões verbais e nenhuma possibilidade de diálogo. A polícia é chamada, toma conhecimento do fato, tenta acalmar os ânimos, mas pouco consegue. A mãe sabe dos erros cometidos pelo filho, aceita desde o princípio que ele pague por seus erros, tanto que, lá foi para devolver e ver como poderia fazer para resolver tudo. A truculência do miliciano é brutal, demonstra algo da perdição destes tempos, onde eles não procuram mais a polícia para resolver suas questões. Evidente que isso não elimina o que ocorreu do outro lado. Crimes de ambos os lados.
Quando a mãe procura o lesado, esperava resolver, arcar com os custos pelo erro do filho, mas foi recebida como criminosa, sem chance sequer de falar algo. Na delegacia continuaram os ataques, como agressão, desacato, dano ao erário e algo depois investigado por essa mãe, diante da forma como foi recebida, como improbidade administrativa, peculato e até enriquecimento ilícito. Por fim, devolveu os fios, mas sem conseguir solução e diálogo, tenta entender algo destes tempos, da truculência em curso, incentivados pelo bolsonarismo vigente.

Junto os dois temas e creio, poderia esmiuçá-los melhor, com maior riqueza de detalhes, mas não acho ser este o objetivo inicial. Quis dar opinião pessoal, contar algo do que acontece pela aí, da truculência incentivada e reinante. Havia escrito dias atrás outra história, de um amigo que vendeu tudo na cidade e comprou pequeno pedaço de terra em área no entorno de Bauru e lá, querendo só tranquilidade. Não a encontrou, pois ele não sendo bolsonarista, de cara, se deparou com um outro no local, resolvendo tudo com revólver na cinta e hoje o ameaça. Este o cenário se alastrando e necessitando de ser estancado imediatamente. Na maioria, estes hoje agindo truculentamente, são na também oriundos das camadas populares, conseguiram algo e agora, investidos de respaldo federal, botam pra fora o que de pior existe, um ódio pulsante, nojento, repugnante e querendo se impor como regra. O Brasil precisa dar uma basta no milicianismo, truculência reinante como norma e regra.

RECONHECIMENTO EM PRAÇA PÚBLICA: MOÇÃO DE APLAUSO PARA OS DEZ ANOS DA CIA ESTÁVEL DE DANÇA, CONSEQUENTEMENTE PARA SIVALDO CAMARGO, A CARA DE TUDO O QUE FOI, É E CONTINUA SENDO FEITO
Essa Companhia Estável de Dança é mesmo do balacobaco. Está completando dez anos de existência e também de resistência. Tem muita história para contar. Muita gente ali iniciada, primeiros passos dados ao lado deste desbravador de talentos, o amigo Sivaldo Carmargo, já ganharam o mundo e conseguiram cavar espaços para continuar dançando pro resto de suas vidas. Quando não isso, nunca mais se esquecerão dos momentos passados ao lado de tão versátil e performático mestre. Sivaldo não é somente o Diretor da Cia, é também uma espécie de faz tudo. Eu olho para o que ele faz lá na Cia, naquele quartinho minúsculo lá no primeiro andar do prédio da Cultura, ali na Nações, todo decorado por ele com preciosidades recolhidas ao longo do tempo e me pergunto: Como pode? Pois é, ele consegue e se ele consegue, por que nós todos também não podemos conseguir? Nos tempos de pandemia, quando muitos permaneceram trancados e com pouca atividade, esse macanudo não parou um só instante. Matuta a cada instante de um algo novo para colocar em prática na Cia Estável de Dança. Ele é desses que liga no meio da noite, quando você já está mais pra lá do que pra cá, só para te dizer ter tido nova ideia, algo que quer colocar em prática e precisa ver o que alguns acham. Quando me escolhe para contar algo assim, coisas que vão e voltam pela sua cachola, fico cheio de orgulho, pois ser escolhido para avaliar algo sendo construído por ele e que, certamente um dia irá para os palcos é muito luxo. Desconheço gente com memória mais privilegiada que o Siva. Ele tem memória de elefante. Lembra de tudo, coisas de antanho e com preciosidade de detalhes. E faz, faz muito, nunca deixou de fazer, compra brigas, enfrenta tudo o estiver pela frente, tudo para poder continuar bailando e atuando. Ele é meu amigo e tenho o maior orgulho dele e de tudo o que faz. Ele sim é um dos poucos MIDAS desta aldeia, pois onde coloca às mãos, tudo dá certo. Daí, não aconselho a criarem brigas e desavenças com o danado, pois certamente ele chegará lá e se você teve a oportunidade de participar e não o fez, perdeu a vez e vai ficar chupando o dedo.

Sivaldo conseguiu nessa semana mais um grande feito para seu extenso e divinal currículo, a FOLHA CORRIDA. A vereadora Estela Almagro apresentou lá na Câmara um pedido de Moção de Aplauso não para ele, mas para algo onde sempre esteve à frente, a CIA ESTÁVEL DE DANÇA. Foi lindo presenciar o feito - de forma virtual -, quando muitos vereadores falaram e teceram merecida louvação para o danado do bailarino. Chiara já foi sua aluna e até o sisudo Meira, após assistir curto vídeo, um dos tantos que fizeram com seu trabalho, este da TV Tem, coisa de uns quatro minutos, algo de apresentações em asilos, periferia e escolas. Meira confessa que conhecia quase nada deles e ficou tocado, daí, vai querer conhecer mais. Todos elogiaram a iniciativa da vereadora e a aprovação foi por unanimidade. Não é por ser amigo pessoal dele desde muito tempo e ter tido a oportunidade de trabalhar com quatro anos na mesma sala, ele como Diretor de Ação Cultural e eu de Patrimônio Cultural, segunda administração do excelente Tuga Angerami, mas por ele ter me orientado em algumas coisas na vida, dessas onde toco a coisa e as vezes preciso de uma organização, um conselho. Quando disse no último ano do Governo Tuga que, reuniria meus escritos num blog e diante de minha mesa sempre cheia de papéis, aquela desorganização organizada, ele me deu o nome para a coisa: "Só pode ser um mafuá, que tal Mafuá do HPA". Devo isso a ele. Bauru deve muito a ele por estes dez anos de Cia. Escrever de gente como o Sivaldo é fácil, mamão no mel. Motivos favoráveis estão por todos os lugares. Enfim, se alguém aí tiver um que seja desfavorável que diga agora ou cale-se para sempre. Esse "sujeitinho" é dessas poucas e boas unanimidades desta cidade. Na verdade tem uns desafetos, mas estes não conseguem abrir a boca, pois do outro lado só realizações, trabalho e coisa da muito séria. Ele agora receberá mais essa honraria para a Cia, uma Moção de Aplauso. A data já está marcada, será no próximo dia 16 de Novembro, lá na Câmara e vou colocar um terninho colorido para tirar foto ao lado dele e talvez lhe presentear com uma sapatilha nova. Ele só não estará de todo feliz da vida, pois nestes dez anos, data redonda, queria muito mais, a pandemia impediu muita coisa e agora, além de tudo lhe falta um palco com ar refrigerado para a apresentação de gala encerrando o ano bauruense com chave de ouro. Ele vai conseguir, aqui ou acolá, pois é destes que não desiste, aliás, resiste, persiste e insiste. Encerro essa puxação de saco para com ele e a Cia, com algo mais. Vou contar um segredo, algo que não deveria fazê-lo, mas não resisto e abro o bico - ninguém mandou eu ficar sabendo. Quem foi outro agraciado com uma Moção nesta cidade que, além de receber o prêmio, está matutando em retribuir aos vereadores com um algo mais? Ele vai querer dançar, botar o bloco na rua, ou melhor lá na Câmara, mas quer mais. Quer presentear os vereadores com uma lembrança. Sivaldo é assim, acalorada e espaçosa pessoa. Meus sinceros parabéns para ele e todos os envolvidos nestes dez anos de Cia. Acho que acabei escrevendo muito dele e pouco da Cia, mas para quem presenciar a entrega da Moção, deixo a falação para ele, que lá estará com um dos seus impecáveis terninhos.

Em tempo: Ele sempre reclama muito de mim e das fotos que faço dele, quase sempre com um copo na mão. Ele foge de minhas fotos e hoje, posto algumas, nenhum com copo às mãos. Dia 16 ele estará com mais um registro positivo de seu trabalho em mãos. Ele coleciona algo asim, incansável desbravador de talentos. Essa Cia é a Secretaria Municipal de Cultura merecedora de Nota DEZ e com louvor. 

LARGAR O OSSO
Condução desastrosa da pandemia, com mais de 600 mil mortos. Desemprego alto, o Brasil de volta ao Mapa da Fome e milhares na fila do osso. Inflação descontrolada, com a gasolina a subir toda semana, o botijão de gás a mais de 100 reaise a explosão nos preços dos alimentos. Um país sem rumo nem perspectiva de melhora. Este cenário de horrores levou Bolsonaro aos piores índices de popularidade e longe da vitória em todos os cenários nas pesquisas eleitorais para 2022. Ele está ferido, mas não é cachorro morto. A esquerda e o campo democrático cometeram o erro de subestimá-lo uma vez e hoje ele está no Palácio do Planalto. Trata-se de um adversário perigoso e assim deve ser tratado. O capiroto nunca desceu do palanque e o mesmo discurso extremista que afastou setores mais moderados uniu como nunca toda sorte de armamentistas, intolerantes, racistas incomodados com o ganho de espaço social pelos negros, machistas, tipos que se queixam de não poderem mais fazer piadas sobre gays, enfim, deu voz ao caldo reacionário que sempre existiu na sociedade brasileira. Hoje, após três anos de catástrofe, o antibolsonarismo é o fenômeno mais forte na sociedade. O jogo precisa ser jogado e - não nos iludamos - será uma batalha dura, que terá golpes baixos de todo tipo e ainda com muitas incertezas. Eles não vão largar o osso com tanta facilidade.

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