terça-feira, 8 de fevereiro de 2022

AMIGOS DO PEITO (194)


PESSOAS*
* Um dia após os vereadores terem aberto uma CEI - Comissão Especial de Inquérito para começar a apurar as comprinhas de fina lde ano da alcaide municipal, ouvindos os prós e conytras, os vai e vens, com demonstrações de que, talvez uma "armação ilimitada" esteja em curso para facilitar a vida de quem foi as compras de forma irregular, mas terá sua vida faciulitada, resolvi sair um pouco deste tema e nas ruas, neste reencontro diário com as "PESSOAS", posto algo destas. Três histórias, só para tentar esfriar a cabeça. Depois volto com "carga pesada" para cima dos costados de quem apronta com o dinheiro público.

1.) MARIA INÊS É ARREBATADORA PESSOA
Andando pelas ruas de Bauru adivinhem quem eu dou de cara, toda alegre, reeleita novamente Rainha da Terceira Idade do Carnaval bauruense? Ela já perdeu a conta de quantos títulos já teve, se seis ou sete. Este ano a festa, com todas restriçoes, de sua coroação vai ser no Jack, da Duque, dia 24/2. MARIA INÊS SILVEIRA é tudo de bom e muito mais. Se o Carnaval bauruense tem cara, essa uma delas. A irreverência e sapiência em pessoa. Estava saindo do Mafuá quando ouço alguém me chamar, voz mais que conhecida. Era ela, ali nas redondezas para visitar e filar a bóia de parente próxima. Paramos no portão para as conversas de praxe. Adoro ouvi-la. Esatava alegre, irradiante e mesmo sem a festa de Carnaval nas ruas, estava novamente eleita e dizia que, o pessoal da Cultura, iria fazer uma festa no Jack. Preferi desdizer e só ouvi-la, pois daquele pessoal fundamentalista lá da Secretaria Municipal de Cultura, não espero nada, ainda mais para o Carnaval. Ela tinha num saco uma coroa azul e branco, cores de sua Cartola, que me disse, estar triste e daqui por diante defenderá as suas cores, as da Maria Inês. Achei lindo ela enxergar isso e continuar toda prosa, mas na defesa do que enxerga ser o melhor para ela mesma. Ganha o Carnaval. Ela tem algo que muitas escolas e blocos bauruenses não possui, os pés no chão. Ela é povo, respira as ruas desta cidade e transparece isto em suas atitudes. Ela gosta da festa, de sambar, de mostrar o que sabe, mas não gosta de ser usada e está mais do que cansada disto. Se o bloco do Tomate sair este ano na mesma data que as escolas de samba de SP e RJ, ela será nossa embaixadora, a comissã ode frente sózinha, pois ela representa a todos e nela está contido o espirito que ainda resta desta que foi um dia a maior festa popular brasileira. 

2.) EDSON LEITE E A AJUDA NOS CAIXAS ELETRÔNICOS
Este senhor da foto me cumprimentou anteontem num caixa do Banco do Brasil. Achei estranho, pois o conhecia de vista, mas não para se aproximar e puxar conversa. Estava numa correria, sem carro e de carona, com alguém me esperando na porta, porém, me vendo ali no caixa eletrônico se aproximou e me contou sua história. Tentou buscar ajuda de funcionário do banco, mas foi rechaçado e achou que me conhecia, daí precisava de mim para resolver algo simples, tirar um extrato de sua conta. Dei um breque em tudo e mesmo ciente de que isso pode ser perigoso, fiz e quis saber mais, quem era ele. Foi daí que me contou ser o Edson Leite, militar aposentado e que, por muitos anos tocou na Banda da Polícia Militar. Como entrevistei o trompetista Querino dias atrás, perguntei se eram amigos e sua resposta foi a abertura de um baita sorriso e a partir daí, papo pra longas horas - e o amigo me esperando lá fora numa vaga sem cartão de Zona Azul. Lembrou histórias dele, baterista e do Querino, as andanças musicais e os muitos carnavais onde tocaram juntos. Falou dos lugares onde já trabalhou e disse ter prestado serviço em um quartel onde o atual presidente, o capiroto atuou. Diz tê-lo conhecido. Foi quando lhe disse que ele, na época não era muito benquisto pelo pessoal do Exército, tendo sido quase expulso, tanto que o Geisel o odiava e falou horrores das atitudes de Bolsonaro na época. Paramos por aí e enquanto lhe tiro o extrato, ele me diz estar com a visão ruim e com bolsa de colostomia, tendo que entrar e sair da fila de atendimento e o pessoal do banco insensível, lhe pedindo para começar tudo de novo. Estava no seu limite e apelou para minha fisionomia de bom cidadão. Deu sorte e eu mais ainda, pois tirei a foto dele, única vez em que abaixou a máscara e encaminhei para o amigo em comum, o Quirino, que depois me fala mais dele. Anotei o seu fone e repasso para o Querino, pois pelo que percebi está muito querendo prosear, conversar, colocar conversa pra fora e como estava meio na correria não lhe dei a devida atenção. Pelo que percebi, o seu Edson é muito bom de prosa e suas histórias muito boas. Qualquer dia continuamos, mas espero, num outro ambiente, longe de bancos. Assim, dessa forma e jeito, sem querer querendo, trombo com as pessoas e tudo rende escritos.

3.) DOU DE CARA COM MEU SOBRINHO NO UBER
A vida propicia trombadas inenarráveis. Conto uma delas. Bauru é uma cidade de 400 mil habitantes e temos hoje uma quantidade considerável de uberistas rodando cidade afora - e adentro também. Pois bem, a probabilidade de encontrar conhecidos é grande, mas a de se deparar com o seu sobrinho é menor, diria, pouco provável. Nestes dias sem carro, andando muito a pé e de Uber, peço um para voltar aos meus aposentos de senhor de quase terceira idade e eis que, quando do pedido percebo pela foto que quem vem lá é o João Vitor, meu sobrinho, filho da mana Helena. São as tais surpresas boas desta vida. Se não nos víamos algum tempo, aproveitamos o percurso para matar saudade e colocar conversas em dia. Disse a ele de cara, estar cada vez mais parecido - o olhava por trás, sentado no banco traseiro - com seu pai, o Osvaldo, que um dia foi puxador de samba da Mocidade Independente da Vila Falcão. Uma pessoa próxima, querida e que não via alguns meses. Felicidade ao reencontrá-lo e tristeza por vê-lo ali, nessa honrosa atividade, porém, como sabemos, precarizada e pelo que sei dele, temporária. João é profissional dos bons em telefonia e ramos de vendas - para mim, a melhor profissão do mundo capitalista. Ele, como todos que vejo rodando pela aí, quando o caldo apertou, apelaram para o que existe disponível para o momento e sem medo e receios, foram à luta. João está na luta, lida e segue assim sua vida, enfrentando os touros todos à unha, como a imensa maioria do povo brasileiro. Pergunto a ele se ainda continua jogando futebol e me responde ter trocado pelo semanal biribol, quando gasta até mais energias que correndo atrás da bola. Agora nada. Eu me orgulho destes dois sobrinhos, filhos da mana Helena, cada qual se safando das agruras desta vida e partes dessa engrenagem que é o viver no mundo de hoje. Só faltou mesmo dar aquele baita abraço quando sai do carro, na despedida. Vontade não me faltou e subo pra casa com a cabeça cheia de caraminholas sobre as tantas vezes em que estive diante de encontros inesperados, infortuitos e alguns, além disso, com reações nem tanto agradáveis. Tenho até história para contar de alguns destes, mas isso fica para outra oportunidade. Ainda no carro, posto foto para mana e lhe envio como legenda: "Olha o motorista nada confiável que tenho como Uber neste momento. Será que ele vai levar o velho direitinho para casa?". Levou.

ALGO DE OUTRO SOFRENDO COM ENCHENTE, ESTE DE JAÚ

COM JOZZ ZUGLIANI PRO QUE DER E VIER
"Rifa ajuda quadrinista Jozz, que teve casa/ateliê destruídos pela chuva.
Um alagamento destruiu a casa/ateliê do quadrinista Jozz, autor, entre outros, de “O Circo de Lucca“.
Sei que ele perdeu tudo.
Não consigo imaginar o que ele está passando.
Quadrinistas Brasil afora, em uma atitude formidável, se juntaram para o ajudar e criaram a “Rifa Solidária dos Quadrinistas para o Jozz!“, na qual vão sortear pacotes com literalmente dezenas de HQs doadas por eles.
Encruado na vida, soube tarde demais dos primeiros sorteios e não consegui escrever aqui no Hábito de Quadrinhos. Mas teremos mais sorteios, é só clicar aqui: bit.ly/ajudeojozz.
Em tempo: Jozz não é só meu amigo: é meu parceiro. Estamos produzindo juntos uma HQ, com roteiro meu e arte dele, inspirada no folclore brasileiro. As lindas artes que embelezam este texto são justamente deste projeto", escrito por Pedro Cirne.

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