ALFINETADA (217)

É HOJE, AMANHÃ JÁ SERÁ TARDE DEMAIS

UM ANO SEM O CHINELO E SÁBADO TRIBUTO EM SUA HOMENAGEM

DEU NO JC 

Todos seus amigos estão convidados, o Tributo ao Pedroso, ocorrerá no próximo sábado, a partir das 12h, no Bar do Genaro, na vila Falcão. Será um evento ampliado, onde serão lidos textos de sua autoria, trechos de livros, contados causos e histórias, as que regularmente fluíam da verve de Antonio Pedroso Jr, o popular Chinelo. Pedroso Junior gostava de bares, frequentou centenas ao longo da vida, mas, desde seu último retorno na cidade, descobriu o do Genaro e ali fez criou um quase diário ponto de encontro. Era mais fácil ser ali encontrado, do que em sua casa. Diante disso, o reencontro com ele, suas histórias e obra só podia ser ali. Ele se foi em 28/06/2021, deixando mais um vazio dentre todos que o conheciam. Escrevia muito, falava idem e foi possuidor de rara memória, com muito da história de Bauru descrita por ele, ou sempre repetida nos lugares onde circulava. Vai ter de tudo neste sábado, principalmente muito falatório e boa discussão política. O convite está feito e aguardamos sua presença.

REVOGA JÁ PARA A REFORMA TRABALHISTA EM CURSO*
* Eis meu 67º artigo para o DEBATE, semanário de Santa Cruz do Rio Pardo, edição chegando nas bancas hoje:

Participo na noite de sexta, 01/07, de um Seminário sobre algo mais do que trágico nestes tempos pós-golpe de 2016, a revogação das leis trabalhistas. Com o nome de Revoga Já, coordenado pela seção local da ABJD – Associação Brasileira de Juristas pela Democracia, este um tema dos mais candentes e necessários. Inegável a imensa perda para a classe trabalhadora de seus direitos trabalhistas. Sou de um tempo quando essas relações pendiam favoravelmente para o trabalhador, tudo permeado pela existência de uma ampla e vigorosa legislação. Tenho lembranças de num certo dia, ter marcado encontro aqui em Bauru com o dr João Nantes, aí de Santa Cruz, num dos corredores do Fórum Trabalhista em Bauru, quando este me contou em detalhes de como se dava a proteção ao trabalhador, algo tornando o seu trabalho algo muito meticuloso, quando vinha defender interesses de algum empregador.

Os tempos mudaram e com o advento de Temer e, agora com Bolsonaro, essa legislação hoje está capenga. O cenário é completamente outro de meia década atrás. Além de toda a instabilidade decorrente dessa perda de direitos, a informalidade predomina e quem mantém carteira assinada, já não goza de tantos direitos como dantes. Foi construído algo para favorecer o empregador, dando-lhe pleno poder para decidir tudo sobre a vida do seu funcionário. Na verdade, o que mais constrange é isso de hoje, com a implantação da reforma, vigorar um monstrengo enganatório, creditando como possível o empregador decidir as condições de trabalho de forma amigável com o seu funcionário. Dentro da mentalidade vigente, impondo uma das maiores derrotas para a classe trabalhadora brasileira, não existe a mínima condição dessa discussão prevalecer de igual para igual. Ou seja, hoje, acuado e sem saber mais a quem recorrer, o trabalhador se vê a mercê de algo imposto a ele, onde não possui mais meios de discutir nada. Ou aceita as condições impostas ou fica desempregado.

Existe hoje uma agenda anti-trabalhador em curso, onde alegam não mais existir a necessidade de seus direitos. Uma falácia querer dizer que a relação de trabalho e capital não é mais necessária e pode ocorrer sem o acompanhamento do Estado. O empresariado brasileiro comprou a ideia dessa modernidade (sic), onde só ele usufrui de benefícios. Simples assim, faz o que quiser e ainda conta com respaldo governamental. As condições do trabalhador converge na obrigação de abrir todos os caminhos para nenhuma regulação de direitos. Com o desmonte da Constituição, o trabalhador autônomo nem é reconhecido como tal, trabalha muito, carrega uma mala às costas, sem direitos e sem condições de contribuir para a Previdência. A lei de terceirização oficializou um “deus dará” em todos os setores, estabelecendo a precarização como regra. Enquanto o empresário ganha mais, o trabalhador perdeu tudo. Algo devastador em curso, um grau de reversão nunca visto até então.

Vejo hoje na imprensa algo sobres nossas cidades, quando dizem, Bauru está num momento crescente, com ampliação de oferta de empregos e Santa Cruz, no lado oposto, com a maior perda de postos de trabalho formais. Esse avanço em Bauru não leva em conta as condições de trabalho. Na maioria são postos sem carteira assinada, ou seja, já dentro do modal de destruição do trabalhador com direitos. Em Santa Cruz, algo mais cruel, quando o índice de ofertas possíveis está abaixo de algo palatável. Basta circular por ambas cidades para perceber o aumento de gente se virando nos trinta, que nada mais é do que a tentativa de inventar algo pra ganhar algum. Nunca se viu tantas barbearias abertas e tantas adegas de bairro, que nada mais são de exemplos bem claros do grau de insolvência do trabalho. Assombroso a pobreza e miséria aumentando, degradação social e política sendo construída num curto espaço de tempo. Reverter isso com governos dando as costas para o trabalhador é impossível. A conjuntura nos leva a acreditar na existência de uma saída para esse quadro arrasador, mas para tanto, se faz necessário, em primeiro lugar, dar uma basta na destruição dos direitos sociais e trabalhistas derrotando os governos neoliberais. No nosso caso, vencendo Bolsonaro. Do contrário, se tudo está ruim, tenham certeza, será agravado.
Henrique Perazzi de Aquino, jornalista e professor de História (www.mafuadohpa.blogspot.com).

MEU DILETO AMIGO CARIOCA, ARTHUR JOSÉ POERNER, ESCRITOR E DONO DE INIGUALÁVEL CONVERSA, SE FOI...

"*REBELDE SEMPRE, nosso companheiro Arthur Poerner fez a passagem!*
*Cemitério São João Batista - 01/07*
Entusiasta, otimista e cheio de histórias, Poerner será lembrado pelo afeto e a entrega que dedicou a cada momento e a cada pessoa com quem trocou.
Ao longo de sua trajetória, a tônica de resistência, análise e crítica social tornaram-se marca registrada de suas publicações, o que fez com que se tornasse o mais jovem brasileiro cassado pelo Golpe Militar de 1964, perdendo seus direitos políticos por uma década.
Do inferno ao purgatório, saiu da prisão, no DOI-Codi no Rio, para o exílio na Alemanha, onde viveu por quase 14 anos. E lá, incansável, engajou-se na Campanha pela Anistia no Brasil. ", este texto foi publicado na página dele, pós mortém, é longo e pra quem quiser ler, clique no link a seguir: https://www.facebook.com/arthur.j.poerner/posts/pfbid02MMrvW3GR6ovEYFt1F6qMaG4SC62VrATddEVYEHSX1qPgXsQGWmHfJKFhqCpyRbhBl

Eu, o mafuento HPA, o conheci no Rio, nas tantas andanças feitas por lá, me apresentei se dizendo ter sido seu leitor dos tempos d'O Pasquim e de seus livros, alguns editados pela Codecri, a do Rato que Ri. Certa feita, com Ana Bia, batemos um longo papo na Taberna do Leme, quando autografou livros seus. Noutra feita, numa festa cubana em Santa Teresa, continuamos a longa conversa, sempre continuada pelas redes sociais. Arthur sempre foi um entusiasta da luta pela transformação através da Educação. Guardo dele ótimas recordações.