domingo, 3 de julho de 2022

REGISTROS LADO B (93)


HOJE, DOMINGO, 11H MEU 93º LADO B, CONTANDO A TRAJETÓRIA VIBRANTE E EMOCIONANTE DA JORNALISTA INÊS FERREIRA
Eu precisava contar e relembrar algo da trajetória da jornalista INÊS FERREIRA e chegou o dia. Vivenciei com ela e alguns companheiros aqui da terrinha, da aldeia bauruense, a experiência de a incentivarmos a transformar o jornal ATALHO, que era regionalizado, feito para atender clientela do Residencial Camélias em algo local, com opinião e matérias de cunho político. Só por causa disso e de tudo o que lhe aconteceu na sequência, vale um longo papo, conversa elucidativa, mas ela tem muito mais para contar, pois sua história no campo jornalístico vem de longe. Uma estrada que começou meio que sem querer e não mais parou. Pois bem, ela agora está aqui deixando registrado isso tudo no 93º LADO B - A IMPORTÂNCIA DOS DESIMPORTANTES. Com imenso prazer e orgulho a trago para este bate papo. Recentemente a reencontro na cidade num dos locais onde, com certeza ela estaria, no velório do militante Darcy Rodrigues e lá disse da intenção de entrevistá-la. Ela topou e ficamos de marcar. Ela acompanhou Darcy, quando este quiz reviver muitas de suas histórias, como num dia onde voltaram juntos para o Vale da Ribeira, ele descrevendo os locais onde foi detido, torturado e foi o palco de uma das guerrilhas urbanas do período militar brasileiro. Essa uma das histórias aqui contadas.
Em 09.12.2012 fiz um pequeno perfil dela, publicado no meu blog pessoal, o MAfuá do HPA e aqui o revivo, contendo com a enxsergava na época: "MARIA INÊS FERREIRA, JORNALISTA, SEMPRE GUERREIRA - Se algum adjetivo pudesse ser dado para essa jornalista, algo que numa só palavra pudesse expressar o que ela representa, sem sombras de dúvidas, seria GUERREIRA. Essa espevitada personagem bauruense não é dessas muito acostumada a ter patrões e ser mandada, tanto que inventa seus serviços faz tempo. Primeiro manteve até quanto pode um jornal com a sua cara, O Atalho, remando contra a maré e também a cutucar e espezinhar poderosos de plantão. Incomodou e padeceu pela falta de anunciantes. Relembramos outro dia a reação de um anunciante ao ver o teor do seu jornal: "Assim não dá. Não posso ver meu nome associado a algo assim". E assim, pelo medo que alguns possuem de ver transformações em curso, não houve mais jeito de bancar o seu próprio jornal. Deu a volta por cima e hoje presta assessoria e é uma espécie de faz tudo para três informativos de sindicatos e associações de classe. Vê-la pelas ruas tendo numa das mãos um bloco de anotações e noutra sua máquina fotográfica é algo natural, pois bate nas onze posições, tendo sempre também a tiracolo a filha, que a acompanha nas incursões jornalisticas. Passa o tempo e Inês continua como dantes, espevitada, agitada, antenada e fazendo o que gosta e de uma forma pouco usual, pelas beiradas, sem estar inserida numa grande empresa ou tendo que cumprir regras e manuais de redação. Ela criou o seu próprio manual e assim construiu uma reputação, consolidada ano após ano, demonstrando que o espírito libertário só abandona mesmo as pessoas quando essas se entregam. Inês não é dessas que se entrega facilmente e a prova disso é passar um bom tempo sem nada saber a seu respeito e no reencontro constatar que ela continua com a mesma força, firme e altaneira. Guerreira de fato e de direito".
Fui gravar com ela a chamada para este bate papo e quando ela, gravação já feita, começou a discorrer sobre sua vida, se tivesse gravado, teria ali o depoimento ideal, sentido, colocado pra fora de uma forma tão precisa, que me vi, como que perdendo uma oportunidade. Ela ficou por quase uma hora, lá no quintal de sua casa, no bairro defronte no campus da Unesp, desfiando o rosaário de tudo o que já havia feito na vida. Tentei anotar, para não esquecer de perguntar agora, quando a entrevista de fato ocorrer e espero, ela esteja tão afiada quanto naquele dia. Enfim, ela descreve tudo o que lhe aconteceu na vida com uma riqueza de detalhes tão grande que até assusta. É emocionante como se deu sua história dentro da universidade cursando Jornalismo e de como ali começou a produzir grandes reportagens. Este tempo vivido em Londrina e depois, já casada, em Ponta Grossa, ambos no Paraná, são recheados de histórias mais que contagiantes.
Sua trajetória começa com seus primeiros empregos, um deles, o segundo de sua vida, na boutique Ellus, em Bauru, quando comandou eventos, como Gerente da loja e à noite como frequentadora de bares. Conta em detalhes quando morou na casa do Azenha, numa pensão de "basqueteiras", as jogadoras do BTC na época. Depois passou quase uma década longe de Bauru, quando casou, descasou, precisou voltar e foi quando Tuga Angerami se elegeu pela primeira vez prefeito. Acabou indo trabalhar na Casa da Cultura, guardando recordações de eternos amigos, como Ariane Barros e Gerson de Souza. Inesquecível também, a função no Departamento de Artes Plásticas, com Farid Abu Lawi. Ela também atuou na primeira produtora de vídeos bauruense, a NVC, do Teru e do Mauro Câmara. Enfim, histórias que não acabam mais.
A vocação para o jornalismo nasceu quando Azenha entrevistou Eny Cesarino, a da Casa da Eny e deu a incumbência para Inês fazer a decupação da conversa. Ela se encantou com a forma como se deu a entrevista, na época para um pequeno jornal existente em Bauru, o Catavento. Descobriu ser isso o que queria da vida. Prestou UEL em Londrina e foi aprovada em 13º lugar. Foi e sua vida mudou de forma radical. Ainda como estudante trabalhou no Diário da Manhã, como estagiária e também degravando entrevistas com políticos locais. Em seis meses, primeiro como repórter policial e depois, após desvendar como o bispo local queria dar cabo da praça central da cidade para ampliar a igreja, começou a acontecer na profissão, nunca mais abandonada.
Começou a turbulência, nunca mais estancada. Bauru no Jornal da Cidade, com o Malavolta, Rio Preto, Bahia, 7 anos em Jaú, quando atuou na melhor fase do Comércio do Jaú, hoje não mais existente. O casamento com Chu Arroyo, os filhos, reencontro com Malavolta e com Pedro Romualdo em Jaú. Uma experiência na TV Modelo, com Lucius de mello e por fim, instalada no Camélias, o jornal Atalho, 4 anos de existência e 33 edições, guardadas até hoje em sua casa. E a escabrosa história, quando gravada junto com o então secretário Nelson Fio, se viram envolvidos numa trama dantesca, que ela fará questão de contar em detalhes, até para reviver aquilo tudo e não só dar a sua versão, mas deixar claro como foram usados.
Por fim, depois do fim do Atalho, a depressão, a quebradeira e o recomeço com os jornais de entidades sindicais. Inês perdeu tudo, mas pagou tudo o que devia, deu a volta por cima e hoje, relembrará tudo com a devdia galhardia, sem mágoas, mas fazendo questão de não omitir nada. Hoje é Assessora de Imprensa, atuando para muitas entidades, a maioria do trabalho fluindo ali de sua casa, num escritório interno, mas preferindo mesmo escrever com o computador removido para uma mesa debaixo de suas árvores, aos lado de suas plantas e bichos. Ali ela escreve e faz a sua parte, ganhando o mundo e o trazendo para dentro de sua casa. Uma das recordações que tem disso tudo, conta rindo, quando seu ex-marido, Chu Arroyo, lhe diz uma frase, nunca esquecida sobre a profissão e diante de uma reportagem feita ser vista comp puta: "Na terra da Eni, jornalista boa é chamada de puta". Enfim, isso tudo aqui, misturado e confuso, pois ela andou tanto, que chegou a me confundir. Devo ter misturado alagumas bolas e ela vai colocando tudo no seu devido lugar no desenrolar da conversa que travaremos logo mais. Por tudo isso que aqui já descrevi, creio que, teremos uma prosa pra lá de imperdível.

Vamos juntos?

Eis o link com a gravação de 1h30, com detalhes de sua trajetória e uma explicação, que se fazia necessário, sobre como se deu o fato das gravações ocorridas com ela e o então secretário municipal Nelson Fio, quando foi tentado algo sórdido contra os dois. Ela ganhou a ação reparadora em todas as instâncias, mas demorou para recuperar sua vida. Hoje navega num mar ytranquilo, fazendo assessoria de imprensa. Rever suas histórias é entender algo de como de sá a verdadeira história nos bastidores dos tantos meios jornalísticos:

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