sábado, 30 de setembro de 2023

INTERVENÇÕES DO SUPER-HERÓI BAURUENSE (166)


NA CIDADE DAS PROIBIÇÕES A INCERTEZA DA PUNIÇÃO AOS DETRATORES DA COISA PÚBLICA
Pois é, hoje dia 30, último dia do mês de setembro, era dia de publicação do Guardião, a charge mensal do super-herói bauruense, porém, descuidei e deixei a coisa passar. Pelo menos uma vez por mês, Guardião aqui comparece com suas certeiras tiradas contra dos desmandos todos sendo praticados na terra, dita e vista como Sem Limites. Se não publico um neste mês, teremos dois em outrubro e algo ocorre ao abir hoje pela manhã o Jornal da Cidade e como sempre faço, uma das primeiras coisas a ser vista e lida é a charge do competente Fernandão, quem dá vida para a página 2 do único diário impresso bauruense.

Pois na charge diária de hoje do Fernandão, algo pelo qual, muito bem o Guardião poderia estar inserido e também cutucando, espezinhando e provocando os tais poderosos de plantão, sempre com um algo mais para incrementar a pegada de quem produz charges. O ocorrido ontem, quando do depoimento do ex-presidente da Cohab Bauru, Alexandre Canova Cardoso, este afirmando e sendo manchete, diz ter sido proibido de falar sobre a dívida da companhia. Mas como assim? Canova que é coronel aposentado da PM, assim mesmo, confirma ter sido proibido pela prefeita Suéllen Rosim de se pronunciar e divulgar dados, índices e informações detalhadas, as de alcova, que só um prersidente sabe sobre o valor da dívida da Cohab com a CEF - Caixa Econômica Federal. Algo ele disse e deixou claro, a prefeita tentou interferir politicamente nas suas decisões.

Diante do depoimento em tom de denúncia - mais uma na conta da atual alcaide -, nada como o chargista nadar de braçada. Fernandão produz uma charge divinal, dessas irresistíveis e com a verve necessária para escrachar na forma como o poder é exercido na cidade. Guardião até tentaria, mas dificilmente conseguiria ser tão preciso. Desta forma, já que Guardião está ausente neste final de setembro, reproduzo a cherge do amigo Fernandão e com ela, escrevinho o que o faria para com a arte da verve do também competente e criativo Leandro Gonçález, quem dá vida para o super-herói da terra do sandíche.

Isso tudo, aproveitando a falha deste mafuento em não acionar Gonçález com tempo para a charge mensal, tem lembrança de algo escrito por Stanislaw Ponte Preta, escritos com a verve de Sérgio Porto, quando incorporava famosa personagem, tia Zulmira, no famoso livro "Tia Zulmira e Eu", obra de 1961. Peguei o livro da prateleira aqui do Mafuá, achei a crônica e lá na "Inquirir os querelantes", onde ele tasca a frase: "Esse negócio de arranjar uma comissão de inquérito para apurar o que estão fazendo as comissões de inquérito é muito chato". Assim solto fica difícil o entendimento. Tia Zulmira, "vivida como é, esteve a conversar conosco sobre esse cículo vicioso que, às vezes, causa a desconfiança excessiva". E conta em detalhes a estória - que pode ser história - de Mirinho. Seus pais arrumaram uma babá para vigiá-lo.

Desconfiaram dela e assim, contrataram alguém para ficar de olho no que fazia. Chamaram um velho conhecido, mas logo desconfiaram também dele. Acharam que não estava vigiando a babá a contento. O pai de Mirinho passou a vigiar o velho, que vigiava a babá, que vigiava o menino. Tudo ia bem, até o dia em que a mãe do Mirinho desconfiou de tudo e foi espiar se o marido estava viagiando a contento o velho. Descobriu que todos estavam ninando a babá. Deu ruim.

Junto tudo o que acabei de escrever e já não sei se devo confiar nos tais indicados pela prefeita para o exercício de funções sérias de ajudá-la na administração da cidade. Por outro lado, neste caso e noutros, como nas investigações do Palavra Cantada e da tentativa de privatizar o DAE, não seria o caso de espiar como está se dando as investigações das comissões de inquérito? Sei lá, viu!!!

outra coisa
DO SHOW DO JOSIEL RUSMONT NO MUSEU PARA A MELHOR RESPOSTA SOBRE A VOLTA AOS TRILHOS DA MARIA FUMAÇA
Sexta à noite, algo inolvidável para Bauru, o espetáculo dentro do projeto "O Colóquio Bahiano-Tietê", algo unindo e untando os contextos culturais do rio Tietê e São Francisco, quando a migração interna foi muito intensa de lá de cima para cá, interior paulista. Josiel Rusmont, um músico com a cara mais caipira e irreverente deste mundo, estudioso dessas coisas estradeiras, trabalhou junto de laboriosa equipe e apresenta um trabalho grandioso sobre a migração de baianos para São Paulo. Também nos apresenta, mais uma vez, Osório Alves de Castro, um escritor baiano que migrou numa dessas levas, lá pelos anos 20. Conheceu várias cidades de nossa região e produziu obra das mais instigantes, maravilhosamente aproveitada e sendo um dos destaques do show realizado no espaço interno do ainda fechado Museu Ferroviário Regional de Bauru. Tudo lindo e maravilhoso, sem retoques. Banda escolhida à dedo, uso de flashes de gravações variadas ao fundo e um público absorto, magnetizado, atento e de queixo caído.

Voltar ao espaço interno deste museu é sempre mais do que bom. Tudo ali me traz recordações de grande monte de onde já estive tempos atrás enfronhado. Passa sempre um filme em minha cabeça e desta feita não podia ser diferente. Adentro o espaço, o show já estava rolando e a voz de Josiel sendo espalhada por todos os cantos. A primeira recordação que desponta na cabeça é o do que foi feito do projeto Ferrovia para Todos, com a composição férrea da Maria Fumaça hoje, não só paralisada, como petrificada, praticamente esquecida, não fosse seus abnegados artífices, cuidando do espólio com o devido cuidado. Por décadas circulou por nossos trilhos e hoje não mais. Se depender dessa atual administração, nunca mais. Tristeza a constrastar com o que via sendo cantado e versado no palco externo da praça do Museu.

Foi quando me dirijo para Cláudio Lago - ele e a esposa Luzia me acompanhavam na empreitada -, atual presidente do PT, com algo instigante: "Cláudio, já que tudo anda parado e a Maria Fumaça juntando teia de aranha, por que nós, enquanto petistas, dentro de um governo do Lula não vamos lá na ANTT - Agência Nacional de Transporte Terrestre - e não tentamos ver o que precisa ser feito para se ter a autorização de funcionamento e o trem voltar aos trilhos?". Ele, com sua fleuma, me dá a resposta mais sensata que poderia ouvir: "Meu caro, poderíamos até ir, mas de pouco adiantaria, a autorização pode até ser conseguida, mas para isso tudo voltar a funcionar se faz necessário ter vontade política e ela precisa vir da administração em curso. Se ela quisesse, tenha certeza, tudo estaria sendo encaminhado e talvez o trem já funcionando. Se ela não quiser, de nada adianta. A prefeita quer? Já perguntaram para ela se isso é prioridade para ela e se move algum esforço neste sentido?".

Pronto isso é tudo. Não existe vontade política dessa administração de Suéllen Rosim para devolver o funcionamento da Maria Fumaça aos trilhos. Assim sendo, das conversas realizadas no local, repassei a indagação e a resposta do Lago para servidores e gente conhecida presente. Deixei as indagações de lado e mergulhei de cabeça no show e na voz do Josiel, onde tive a certeza de que, um sonho, como o dele, de levar adiante este lindo projeto só foi possível porque ele e todos à sua volta, quiseram, daí, fizeram, foram à luta e agora ele acontecendo. Pra tudo nesta vida, não bastar tudo estar ali diante de nossos olhos, se não exister vontade, disposição para lutar por aquilo que se quer. Lutar e ter quem possa realmente realizar o sonho, ter também disposição. Por aqui, reina a tristeza dos trilhos urbanos, tudo paralisado no tempo e no espaço. Do palco, um brilho inenarrável invadia o museu num todo.

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