sábado, 14 de outubro de 2023

FRASE DE LIVRO LIDO (193)


PERIGO RONDANDO O AR - A VOTAÇÃO DA CONCESSÃO/PRIVATIZAÇÃO ESGOTO/ÁGUA BAURUENSE PODE OCORRER NAS PRÓXIMAS SESSÕES
Terá início na próxima sessão da Câmara dos Vereadores de Bauru um processo de discussão do projeto de lei que autoriza a concessão, que também pode ser a própria privatização. Tudo é muito próximo e misturado, a concessão por décadas, nada mais é do que uma disfarçada privatização. Imagine uma concessão sendo feita para uma empresa privada por 30 anos e se isso ocorrer, como não chamar isso de privatização, pois por três décadas tudo estará sob o comando e diretrizes de uma empresa privada e ela podendo fazer o que quiser da nossa, até então empresa de águas, o DAE.

Portanto, enxergando as duas propostas muito próximas e parecidas, quando vejo que os vereadores começarão a discutir na próxima segunda, 16/10, afirmando ser isso apenas um teste de força entre os já decididos entre os dois lados da questão, porém, lembro sempre de como age o atual presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira, que de uma hora para outra, decide entre os seus submeter ao voto algo até então levado em banho maria e decide tudo, sem que a oposição consiga mais se movimentar ou mesmo suspirar esboço de reação. O mesmo pode ocorrer em Bauru e quando nos dermos conta, a concessão/privatização já estará consumada.

Para amenizar tudo, existe a possibilidade de algum vereador, talvez a única em exercício pelo PT, de pedir prazo e assim postergar um pouco mais a decisão, que pelo se vê, já está tomada pela maioria dos vereadores. Lembrando que, foi aprovado em setembro o Regime de Urgência e, desta forma, existiria apenas 20 dias para que todas as Comissões dessem seu parecer. Este prazo já está se expirando, daí a votação pode ocorrer a qualquer instante. Se o tal Prazo não for pedido, a votação poder ocorrer a qualquer instante dando por encerrada a questão, daí não adiantará mais panfletagem e manifestações contrárias.

Algo de muito perigoso está em curso, numa espécie de contagem regressiva. A votação pode ocorrer a qualquer isntante e sessão. Se o tal prazo não for solicitado, estamos às vésperas de ver nossa agúa privatizada, nossa ETA - Estação de Tratamento de Esgoto ser entregue nas mãos da iniciativa privada e darmos um "tchau" definitivo para o DAE. Não me venham tentar convencer que, concessão é muito diferente de privatização, pois pelo que se apresenta, evidentemente que não é. O que existe é uma maquiagem, uma forma de nos tentar engambelar, uma aenganação completa, pois em 30 anos, a destruição de tudo o que é público será total e praticamente irreversível. Se luta deve ocorrer, ela deve ser feita agora, hoje, pois amanhã poderá ser tarde.

QUEM NUNCA ROUBOU LIVROS NA VIDA LEVANTE A MÃO

A história eu conto como a história se deu. Estes livros todos aqui da primeira foto aos pés meus de Rose Barrenha e de Geraldo Bergamo não foram roubados. Eu estou finalizando a transferência do acervo do Mafuá para outro local e estava doando quatro caixas de livros repetidos, coleções, tudo pra projeto de bibliotecas que a Rose está dando início junto a comunidades carentes e assentamentos de trabalhadores rurais e urbanos. Outro fazendo o mesmo, este com seu acervo pessoal era o professor aposentado da Unespa Bauru, Geraldo Bergamo. Completando 70 anos, diz ter chegado a hora de desapegar e veio trazer para a Rose outras quatro caixas, todas com raridades mil, livros que fizeram a cabeça de gerações e hoje, ele quer ver nas mãos de uma nova geração.

A servidora municipal aposentada e também uma das fomentadores do movimento antimanicomial em Bauru, a psicóloga Rose Barrenha é movida pela emoção e não quer parar. Tem em mente um belo de um projeto a envolver bibliotecas em diferentes lugares desta cidade. Ou seja, a intenção é levar livros para quem não os tem. Tudo vai começar com os tais Caixotes Populares, montando bibliotecas móveis e renováveis, ou seja, o livro que permanecer muito tempo numa estante fixada num dos locais pela aí, quando não procurado, será trocado por outro e assim sucessivamente, num incessante renovar de obras. Como eu e Geraldo, mesmo querendo participar de tudo, não estamos com esse pique todo, levamos algumas caixas para incentivar no ousado projeto em Bauru, justamente num momento quando as bibliotecas públicas municipais mais foram fechadas na cidade, ela desponta no horizonte querendo abrir outras, talvez até bem perto de onde funcionou algumas das fechadas.

O encontro dos três também contou com a participação de Orlando Alves, que por décadas trabalhou junto do Museu Ferroviário Regional de Bauru e hoje, aposentado, está disposto a colaborar com projetos dessa natureza. Outro dos motivos para ali estar, mesmo atrasado para outro compromisso era por querer rever seu professor Geraldo. O encontro foi selado com um baita abraço e a partir daí, tudo rendendo boas conversas e histórias. Num certo momento, nem sei como tudo começou, a lembrança era dos tempos de antanho, quando começeou no quarteto o interesse por livros. De todos, pelo menos três, eu, Geraldo e Rose, como num confessionário, alguma lembrança dos tempos quando chegamos a roubar livros, tudo pela irefreável e incontida vontade de ler, sem ter grana suficiente para a leitura.

Cada qual possuia uma história e na junção de tudo, algo mantido ao longo do tempo, o eterno amor pelos livros.
A vida é assim mesmo, Geraldo se desfazendo de seu acervo e buscando lugar seguro para os seus, abrigados junto a si por tanto tempo, Rose os abrigando e sonhando em construir algo concreto, destinação honrosa para todos e eu, na construção de um novo espaço, onde possa abrigar os meus e todos os que consiga ir reunindo, em algo que, um dia lá na frente também será dado destinação outra. Tudo são histórias de e com livros. Hoje mesmo, ouvindo rádio argentina, ouvia a história de uma mulher, residente em Buenos Aires, dizem muito conhecida numa região da cidade, buscando livros nos mais diferentes locais, tudo para ir distribuindo-os em pontos diferentes, buscando saber o que cada um quer ler e deixando em suas mãos, o que tem disponível dentro do que conseguiu amealhar. Essa história é muito parecida com a que Rose faz neste momento.

Pois é, enquanto Geraldo doa, Rose recepciona, eu sai de lá hoje, após boníssima garimpagem pelo acervo do amigo Geraldo, com quatorze destes, incluindo Eric Nepomucemo, Arthur Poerner, Moacir Scliar, Mia Couto e tantos outros, peças preciosas dentro do meu universo, sempre em busca daquele algo mais. Melhor que tudo foi rever o Orlando - que saiu cedo -, Geraldo e Rose , tomarmos aquele café na casa dela e conversarmos algo marcante na vida de todos, enfim, até a história revivida de alguns livros surrupiados ao longo da vida é bela e contagiante, quando revista, passado tanto tempo, sob a luz do que foi feito na vida de cada um, cuja contribuição dos livros é inquestionável. Saio de lá e não quero fazer mais nada, além de ficar virando as páginas das novas conquistas, minhas jóias raras. Nas fotos, a demonstração disso tudo que tentei descrever em palavras, intercaladas com outras obrigações dentro dos fazeres de um intenso dia.

OBS.: Duas amigas da Rose Barrenha - também nossas -, presenciaram todo o esfrega, sendo testemunhas oculares de tudo o que aqui escrevi, Lenir Arantes e Magda Prestes.

Um comentário:

  1. Pedido de prazo pra análise não posterga nada no 'regime de urgência', a privatização terá que ser votada em até 10 sessões no máximo.
    Já está tudo decidido pois a prefeita tem tudo nas mãos, câmara, conselhos, sindicato, zero oposição nas ruas...

    E pensar que em outros tempos teve vereador que caiu por muito, mas muito menos do que essa prefeita já aprontou, mas naquela época ainda existia resquícios de movimento sindical, estudantil, partidos e etc...

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