sábado, 6 de janeiro de 2024

PERGUNTAR NÃO OFENDE (205)

 DUAS DOS ESTADOS UNIDOS E DUAS DE BAURU/BRASIL

EUA
1.) EU NÃO ENCONTRO BANCA DE JORNAIS NAS CIDADES AMERICANAS, MAS ALGO RESISTE...
Eu pouco sei da língua inglesa. Falo quase nada e idem para o entendimento. Tenho comigo, ao meu lado por aqui, Ana Bia, me traduzindo tudo. Quando saio só, uso a linguagem universal dos sinais ou algo fácil por estas bandas do mundo, alguém a hablar em espanhol. Me safo. Tenho rodado só no entorno dos hotéis, principalmente nos momentos quando ela está a descansar e eu querendo me intrometer, chafurdar, escarafunchar um lugar desconhecido, espécie de garimpagem. Das andanças, muitas observações. Uma delas, este amor destemido pelo modal papel e dos antigos órgãos de imprensa, principalmente os jornais. Alguns deles ainda são vendidos nas lojinhas de esquina. Vejo alguns lugares destinados a estes, mas nada como antes. Sim, sei que o modal papel está em baixa e quem ainda lê é gente da minha geração pra cima. Não encontrei mais nenhuma banca específica de jornal nas ruas de nenhuma das quatro cidades visitadas até agora. Nenhuma novidade. Esperava isso mesmo. Dentro das livrarias, ainda um espaço para as revistas, pois algumas ainda resistem, mas nas ruas, nada mais. o que vejo e muito me anima são aquelas caixas específicas, onde as publicações tem seu nome exposto do lado e ao levantar uma portinhola, lá dentro os jornais e revistas.
Estes são gratuitos, levanta-se a portinhola, pega-se o danado e pronto. Fiz isso em alguns lugares, algumas publicações locais, bem específicas, de bairro ou de segmentos, como religiosos, políticos e afins. Essas caixinhas sempre existiram por aqui nos EUA e hoje, como o fim das bancas, as vejo como último bastião de algo que, espero tenha ainda alguma continuidade. Eu sou do tipo que não consigo - ainda - ler um livro, ou mesmo um jornal pelo modal virtual, pela telinha do celular. Sou da geração papel e aquele cheirinho de papel me levanta a libido. Aqui defronte o hotel onde estou hospedado, no coração de Chicago, uma dessas caixinhas, com vários compartimentos. Pelo menos, uns quatro ainda estão com publicações atualizadas. Creio, não levarei nenhuma para o Brasil, mas trago para o quarto do hotel, curto os detalhes de cada uma, sua diagramação, composição e distribuição, pois em cada a quantidade de exemplares sendo distribuidos pelas esquinas da cidade. Sou um saudosista, sei disso, plugado nessas antiguidades, como abrir um jornal num café e ficar tomando um café, com suas páginas abertas. Nestes mais de dez dias por aqui, confesso, ainda não me deparei com ninguém exercitando este antigo hábito. Isso me dói muito, pois antigamente - nem tanto tempo assim -, era bem usual. 

2.) DAS SITUAÇÕES QUE ESTRAÇALHAM O CORAÇÃO
Eu e ABPA dentro do museu, no bem quentinho e numa das olhadas pela janela, querendo observar a neve caindo sob a paisagem, eis que, num cantinho, um pequeno carrinho, desses de pipoca, um vendedor de algodão doce. Ninguém ao seu lado, só ele e a gélida manhã. Volto ao passeio interno no museu e a cena não me sai do pensamento. As imensas desigualdades estão demonstradas por todos os lugares, esteja onde estiver.

BAURU / BRASIL
1.) DIA 8/1 CHEGANDO, SOBREVIVEMOS, TEMOS QUE COMEMORAR E CONTINUAR LUTANDO, POIS O FASCISMO PERSISTE
*Um brinde a você que sobreviveu à longa noite fascista que se instalou no Brasil, desde 2016...*
E mais,
Um brinde a você que foi chamado de petralha, comunista, apenas por ter demonstrado apreço à democracia e à liberdade;
Um brinde a você que inúmeras vezes foi ameaçado e ironizado nas redes sociais;
Um brinde a você que não desistiu de lutar, mesmo quando toda a massa e a grande imprensa insistia no seu discurso neo-fascista;
Um brinde a você que, pra se preservar, cortou laços com tantas pessoas com quem tinha, antes da grande noite, um convívio sadio;
Um brinde a você que tentou explicar e abrir mentes embaçadas pela manipulação coordenada;
Um brinde a você que não bebeu da fonte do ódio que se espalhou pela Nação, disfarçada de justiça;

Um brinde a você que descartou o rótulo de “cidadão de bem”, enquanto milhões perdiam os direitos previdenciários e trabalhistas;
Um brinde a você, que mesmo sem precisar para si de políticas públicas, sempre foi solidário com a parcela mais frágil da sociedade;
Um brinde a você que se indignou diante das tragédias ambientais;
Um brinde a você que se entristeceu diante da verdadeira chacina que foi a pandemia de Covid;
Um brinde a você que sempre acreditou na Ciência, na vacina e não na cloroquina;
Um brinde a você que não se curvou aos falsos profetas, disfarçados de Messias;
Um brinde a você que nunca abriu os dedos das mãos pra fazer gesto de “arminha”, nunca emprestou seu apoio a quem faz apologia a morte de seus semelhantes, por pensar diferente;
Um brinde a você que resistiu, mesmo, quando milhões acreditavam no falso mito;
O percurso será longo e duro para reconstruir tudo o que destruíram, mas chegamos aqui e vamos seguir na luta sempre.
Um brinde a você que acreditou que a primavera chegaria.
*autoria desconhecida

2.) EM ARARAQUARA É POSSÍVEL, EM BAURU NÃO
Araraquara destina parte do IPTU para a Cultura

Que diferença de Bauru, hem!!!

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