domingo, 3 de março de 2024

COMENTÁRIO QUALQUER (247)


FOI UM ATO CRIMINOSO
A derrubada destas três árvores numa pequena praça ao lado da USP é até o momento, algo ainda não explicado. Enfim, quem derrubou e por que derrubou? Quem faz esse tipo de coisa na cidade é o pessoal da Prefeitura, com a chancela do Meio Ambiente, mas no entorno da USP ocorre neste momento uma reparação de suas calçadas externas. Poderia ter sido o pessoal da USP? Se for, até o presente momento ninguém se pronunciou. O fato, lamentado por todos no entorno do local é da irracionalidade do ocorrido. Eram três árvores bem altas e sem nenhum aparente problema. Elas estavam aparentemente sadias. O lamentável na cidade é a repetição de fatos parecidos ocorrendo de forma seguida na cidade. Dias atrás, moradores da praça lá nos altos da Cruzeiro do Sul reclamam de outros inexplicáveis cortes, deixando um local antes arborizado, com bancos expostos ao sol e tudo com o mesmo modus operandi do ocorrido na praça ao lado da USP, sem explicações públicas.

Bauru, como é do conhecimento de todos, não é uma cidade das mais arborizadas e isso acarreta imensos problemas para seus moradores. Este calor quase insuportável vivido no momento, em pleno verão é minimizado quando a quantidade de árvores é grande. Do contrário, essa sensação de estarmos em pleno deserto do Saara. Daí, um horror passar pelo local e ver lá os tocos das três arvores. Hoje, vendo aquele tétrico cenário, não resisti, fiz um cartaz com os dizeres "QUEM FEZ ISSO É CRIMINOSO" e fixei junto ao que sobrou das árvores. Enquanto fixava o cartaz, um carro com duas moças para ao lado e me pergunta: "Mas qual o motivo do corte das árvores?". Digo que não se sabe, daí, até o presente momento, uma pergunta que não quer calar: por que foram cortadas as três árvores? Pelo sim, pelo não, a culpa recaí nos ombros da alcaide municipal e seu pessoal da SEMMA - Secretaria Municipal de Meio Ambiente. Para mim, este é um ato CRIMINOSO e pelo que vi na região do ocorrido, ninguém até o presente momento sabe quem foi o autor de ato tão dantesco. A cidade precisa saber...

PALAVRAS COLADAS E TRANSFORMADAS NUM QUADRO
Colecionei ao longo da vida muitas publicações. Tenho até hoje muitas dessas guardadas no Mafuá, meu reduto mantido por anos na beirada do rio Bauru. 

Muita coisa foi perdida em enchentes múltiplas e variadas. Muito já foi jogado fora, mas muito guardo mesmo respingado. Tempos atrás uma revista mineira me cativou, essa da foto, a PALAVRA. Tive algumas e me sobrou essa, bela capa com o Frei Beto. Molhou tempos atrás e não tive coragem de jogá-la. Nunca achei outra para reposição. 

Hoje, no rescaldo quase final do Mafuá, a reencontro no fundo de uma caixa e virou uma maçaroca dura, algo como um quadro pronto ou um tijolo. Permanecerá comigo como lembrança e ficará exposto num lugar nobre lá no Mafuá 2. 

Ela representa um tipo de publicação mensal, recheada de reportagens, algo não mais existente no mercado editorial btrasileiro - resta a revista piauí e só. Descartar coisas juntadas ao longo da vida é algo normal e como todo bom acumulador, quando hoje me deparei com a PALAVRA toda compactada, acheio ficaria linda como belo quadro em minha parede.

OS DIFERENTES É QUE SÃO OS MAIORAIS
Na Feira do Rolo, o maior acontecimento de reunião e congraçamento dominical desta cidade, a cada semana, mais e mais tipos populares, como este e sua bicicleta, além do som próprio, deslizando entre todos, como numa passarela, nosso mais edificante desfile. Perder essa festa com horário marcado para começar e terminar é não vivenciar Bauru na sua essência.

92 ANOS NÃO É PARA MUITOS - VIVA JAGUAR
JAGUAR: CONFESSO QUE BEBI
por Ediel Ribeiro
Rio - Jaguar é um dinossauro do humor. Movido a álcool.
O cartunista Otélo Caçador me disse uma vez que quem nunca bebeu com Lúcio Rangel, não podia ser considerado carioca.
A frase se aplica bem ao cartunista Jaguar. Eu já bebi com Jaguar. Aliás, todo mundo já bebeu com Jaguar.
Só como boêmio, Jaguar já merecia ter seu nome em uma estátua, em Ipanema, em homenagem a boemia carioca.
Mas Jaguar fez mais.
Além de boêmio, Jaguar foi um grande desenhista, escritor e editor do “Pasquim” o jornal que melhor representou a contracultura, e a boemia carioca.
Jaguar, foi, acima de tudo, um boêmio. Foi, porque hoje, por recomendações médicas, não bebe mais. Só cerveja sem álcool, cercado de amigos talentosos e boêmios.
Com os amigos de copo Tarso de Castro e Sérgio Cabral, no final dos anos 60, fundou “O Pasquim”, um jornal ligado a 'intelligentsia' e a boemia carioca.
“O Pasquim” era um jornal feito por jornalistas e artistas geniais e boêmios. O conteúdo do semanário era produzido por um grupo de amigos, que, não raro, se reunia em bares com mais frequência do que em sua própria sede, na Rua do Resende, na Lapa.
No jornal, todo mundo bebia. Até os censores. Com a instalação do AI-5, a censura prévia, em certo momento, passou a ser feita na redação do jornal.
Designaram para a missão, uma senhora muito séria, sisuda e de constante mau humor que passava o dia lendo e vetando tudo o que era produzido pela “patota”.
A redação era um caos, uma zorra, uma festa de risos e bebidas, que muitas vezes varava a noite. E a censora sempre firme, em sua mesa, sem nenhum sorriso no rosto.
Um dia, no final do expediente, Jaguar aproximou-se da senhora e ofereceu: "A senhora não quer tomar um pouquinho antes de ir embora?" Ela, timidamente, aceitou um pequeno gole.
No dia seguinte, Jaguar deixou, estrategicamente, uma garrafa de uísque e um copo ao lado da mesa dela. Em pouco tempo, a censora estava bebendo com todos, no meio da redação, feliz da vida... e aprovando geral. Claro, logo ela foi sumariamente demitida.
A anarquia característica do jornal, que nem por isso deixava de carregar um teor crítico e politizado, era reflexo da profunda amizade entre seus colaboradores, que formaram o grupo apelidado pelo jornalista Carlos Leonam de “esquerda festiva” – uma nomenclatura que une as duas faces do “Pasquim”: a boemia e o engajamento esquerdista.
Essa “estética de botequim”, diretamente ligada ao estilo de vida que os redatores e articulistas do jornal viviam, era o “charme” da publicação. As entrevistas, eram sempre regadas a uísque, o que libertava o entrevistado da timidez e deixava a redação de porre.
O Pasquim foi, intencionalmente, um órgão disseminador do humor e do estilo de vida carioca. Lançou moda, gírias e expressões que rapidamente caíram no gosto popular: “putzgrila”, “bicha”, “duca”, entre outras.
Pelas redações do semanário passaram ícones do humor, da intelectualidade, da boemia e do jornalismo carioca como: Millôr Fernandes, Ziraldo, Ivan Lessa, Jaguar, Tarso de Castro, Nani, Cláudio Ceccon, Luscar, Duayer, Carlos Prósperi, Paulo Francis, Sérgio Cabral, Henfil, Fortuna, Luiz Carlos Maciel e Fausto Wolff, entre outros.
O semanário dos beberrões de Ipanema contou também com a participação, em suas páginas, de figuras emblemáticas da vida carioca. Integravam a “patota” - como era chamada a equipe: Carlos Leonam, Sérgio Augusto, Flávio Rangel, Cacá Diegues, Chico Buarque, Vinícius de Moraes, Miguel Paiva, Leila Diniz, Tom Jobim, Glauber Rocha, Odete Lara, Helô Pinheiro, Elis Regina, Danuza e Nara Leão, entre outros.
Sem pautas ou direcionamentos ideológicos pré-definidos, a “linha editorial” do “Pasquim” atingia assim uma espontaneidade singular.
Sérgio de Magalhães Gomes Jaguaribe começou sua carreira em 1952, na revista Manchete, onde, por influência de Borjalo passou a assinar somente Jaguar. Na mesma época, trabalhava no Banco do Brasil subordinado a Sérgio Porto, o Stanislaw Ponte Preta.
Trabalhou e colaborou com diversos jornais e revistas, entre eles, “Revista da Semana”, “Senhor”, “Civilização Brasileira”; no semanário Pif-Paf e nos jornais “Última Hora”, “Tribuna da Imprensa”, "A Tarde", "Cartoon" e “O Dia”, entre outros.
Hoje, Jaguar continua destilando sua verne na “Folha de São Paulo”, onde publica seus textos e desenhos geniais.
E bebe. Sem álcool.
*Ediel é jornalista, cartunista, poeta e escritor.

SIMPLES DEMAIS

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