domingo, 30 de junho de 2024

UM LUGAR POR AÍ (182)

ANDANÇAS DOMINICAIS

01 - PREOCUPAÇÕES DE DOMINGO NA FEIRA DA GUSTAVO - Subia a feira, já quase no seu final e quando estava alcançando a rua Ezequiel Ramos, eis que sou puxado fortemente para trás, quaser tomabando ali no asfalto. Ao olhar para trás, esperando o que estava por vir, eis que me deparo com Jesus a me puxar. Ser puxadio para trás por Jesus é motivo de grande preocupação. Qual o significado de algo com essa cifrada mensagem? Quando assunto melhor o que estava acontecendo, vejo que, o Jesus me puxando era o da vila Dutra, assim como eu, tantando subir a feira até a altura da praça Rui Barbosa, ambos cansados pela rebordosa feirando até quase meio dia e necessitando de apoio para terminar a subida. O fazemos juntos e, desta forma, Jesus me ampara e eu a ele. Assim, chegamos ao pico mais alto da feira dominical, quando conseguimos chegar na praça, após sete quadras ingremes e de difícil acesso - isso após ingerir algumas loiras geladas pelo caminho. Ser puxado por Jesus não é pra qualquer um...


02 - DOIS DIABÉTICOS TROCANDO FIGURINHAS NA PRIMEIRO DE AGOSTO - Eu e Osvaldo Marmitao Batista nos encontramos na feira dominical, quando já fazia a desgastante subida da parte baixa, tentando alcançar a praça Rui Barbosa. Paramos para um pit stop numa barraca de pastel. Recarregados, chegamos na Primeiro de Agosto e, hoje, ambos a pé, descemos a rua em busca de uma Drogasil, onde ambos compraríamos nossos medicamentos de diabetes. No percurso, muitas histórias. Todo diabético possui muitas delas, cada uma melhor e mais horripilante que outra. Falávamos sobre as debilidades provenietes do ingresso do pobre mortal no mundo dos eternos medicamentos. Estávamos em busca dos benefícios do Farmácia Popular e dos que tomamos e não estão cobertos. Enfim, além dos bares e feiras, somos ambos frequentadores de farmácias. Estamos ficando craques em nomes de remédios e leitura do que está descrito naquelas letrinhas miúdas das bulas. Peço para o moço a nos atender, para que tire uma foto do casal de idosos. Ela ri, rimos e assim, tentando driblar os percalços continuamos. Já havíamos feito a boquinha, o tal do comer algo de duas em duas horas e agora, quase 13h, ambos a pé, cada qual pede um uber e se despede. Osvaldo Marmitão é desses ótimos para se encontrar numa manhã dominical. Conversar com quem tem algo de bom pra contar e sabe ouvir é algo primordial para a continuidade das andanças rueiras.

03 - TUDO POR UM LP DE ROBERTO RIBEIRO - Na parada obrigatória dominical na Banca do Carioca, o livreiro da Feira do Rolo, sempre conheço gente nova. Sabe aquilo de, "não faço amigos bebendo leite", pois bem, no meu caso, faço muitos frequentando o lugar mais democrático desta cidade, sua muvuca dominical na rua Julio Prestes. Estava sentado, parlando ao fundo, quando vi o casal manuseando um Lp do sambista Roberto Ribeiro. Tento tirar uma foto deles e quando se aproximam para pagar, digo: "Se vocês estavam com um Roberto Ribeiro nas mãos só pode ser um ótimo casal". Rimos, conversamos e sua camiseta me disse tudo, "antifascista". Levaram uns quatro e dentre eles, o de samba. Por fim, ganho o domingo, quando diz me ler e, mais que isso, gostar muito. Derretido, aproveito e peço ao Carioca, para me arrumar mais uma loira gelada. Ficando em casa, nada disso teria possibilidade de acontecer e assim sendo, todo domingo cá estarei. Não me encontrando, talvez tenha baixado num hospital, viajado ou preso, sem outra possibilidade.

04 - BOTUCATU E O ORELHÃO - Ontem, sábado, uma turma de petistas bauruenses estiveram na vizinha Botucatu. Por lá uma reunião regional com dirigentes do partido, no salão de um sindicato. Possibilidade de rever um monte de gente da região que há muito não se via. Além da troca de figurinhas, Mauricio Dos Passos, meu mais que amigo, ali de Pederneiras me envia uma foto tirada defronte o local do encontro. Envia a mim com o devido assombro. "Em Pederneiras não tem mais nenhum e, creio eu, nem em Bauru, mas em Botucatu, achei estes dois e um deles próprio para deficientes", me diz. Pede para escrever algo, uma Cena Botucatuense e o faço. Enfim, o que foi feito daquela quantidade incomensurável de orelhões existentes no país até pouco tempo atrás? Vejo alguns destes aparelhos, não mais utilizados com fichas ou cartões, mas só a cobrar, em terminais rodoviários e aeroportos. Viraram artigo mais do que em extinção, neste país, um onde a difusão de celulares é uma das maiores do planeta. Maurício diz ter rodeado os aparelhos e perdeu até parte da reunião, tudo para verificar se alguém ainda os utiliza ou estão ali como peças de museu a céu aberto. Agora está querendo descobrir como faz para ter um defronte seu lugar de trabalho, não para seu uso diário, mas para ter diante dos olhos um objeto ficando no chão e com comunicação com o resto do mundo.

LUTAR MUITO E COM TODAS AS ARMAS, TUDO PARA IMPEDIR AVANÇO DO FASCISMO ULTRADIREITISTA
Charge de Aroeira, inspirado em Delacroix, após derrocada francesa pra ultradireita.

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