quarta-feira, 12 de junho de 2024

PALANQUE - USE SEU MEGAFONE (190)


EIS O LADO B - A IMPORTÂNCIA DOS DESIMPORTANTES - O QUE TENTO FAZER
O Justo
Um homem que cultiva um jardim, como queria Voltaire.
Aquele que é grato por haver música na terra.
Quem encontra com prazer uma etimologia.
Dois funcionários que jogam xadrez silenciosamente em um café no Sul.
O oleiro premedita uma cor e uma forma.
Um tipógrafo que compõe bem esta página, que talvez não goste
Uma mulher e um homem lendo os trigêmeos finais de uma determinada música.
Aquela que acaricia um animal adormecido.
Aquele que justifica ou quer justificar um mal que lhe foi feito.
Aquele que é grato por existirem Stevensons na terra.
Aquele que prefere que os outros tenham razão.
Estas pessoas, que são ignoradas, estão a salvar o mundo.
Autor: Jorge Luis Borges
Livro: A Cifra

“JÁ QUE ESTAMOS AQUI...” – O INFORMATIVO SEMANAL DO REDENTOR
Com este sugestivo título circula, principalmente pelo bairro do Redentor e adjacências um folheto, mais precisamente um informativo, deixado de estabelecimento em estabelecimento, tudo para que, quando as pessoas passarem por ali, sentarem para saborear um sorvete, comer um lanche ou espetinho, desfrutar da compra de algo, tenham em mãos, se interesse por ler alguns dos quatros temas ali discorridos. Tudo é escrito da forma mais sucinta possível, textos curtos, cada qual ocupando um quarto da página.

Um destes informativos, o de número 181, de 08/06/2024 me chega às mãos pela forma mais inusitada possível. Sivaldo Camargo, morador do Redentor, recebe deixado em sua área os tais informativos semanais e me envia o último. Leio e me interesso pela forma como este tal de Rafael, informando ali somente seu primeiro nome e seu fone. De um lado do folheto os quatro textos e do outro um monte de anunciantes.

Diante de um mundo cada vez mais tecnológico, olho para o passado e vejo de como perdemos isso de nos comunicar via folhetos impressos. Estes, abundantes num passado não tão distante, hoje são raridade. Decido ligar e conhecer o Rafael. Tento três vezes, na última, dia de ontem, quase 21h30 consigo. Ele me atende, digo qual o motivo da ligação e para minha surpresa, este Rafael é meu antigo conhecido. Trata-se de Rafael Ramos Teixeira, professor aposentado, 45 anos, hoje cursando especialização na Unisagrado, sempre ligado nas questões sociais bauruenses e ocupando seu tempo em percorrer o bairro e fazer algo mais para as pessoas pensarem em temas candentes e necessários.

Faço perguntas e conheço algo do ideal embutido no que faz. Seu informativo tem a periodicidade semanal. Percorre o bairro em busca de patrocinadores, cobrando meros R$ 3 reais por anúncio, imprimindo por volta de setenta folhetos em sua impressora pessoal e, com eles prontos, faz a distribuição em pontos específicos no Redentor, Rasi e Aimorés, pensando em estender tudo, conforme suas possibilidades. “Não quero ganhar dinheiro com isso. Deixo em estabelecimentos, pois fico imaginando o pessoal num barzinho e vendo ali o folheto, pegam e acabam lendo. Essa minha opção pelo impresso é simples. Ainda acredito que sempre vai ter gente lendo por aí. O virtual pode passar desapercebido, ainda mais diante de tantas opções. Este meu a pessoa encontra quando sai para consumir algo”, me conta.

Eu fico maravilhado, pois diante de tudo, Rafael olha para os seus, os que moram ali na mesma comunidade e pensa em algo para mudar algo na mentalidade e rotina do que vê diante de seus olhos. “Eu penso que com senso crítico diante dos acontecimentos ocorrendo aqui em Bauru e no mundo, vamos entendendo melhor, olhando de outra forma, compreendendo e assim, agindo também diferente. Eu desde a aposentadoria tenho um tempo maior e assim, fazendo isso, além de dar minha contribuição, fazendo algo, ocupo meu tempo”, conta. Pergunto da receptividade e diz receber um retorno dos mais interessantes, vindo na forma de elogios e, o mais interessante, gente disposta a conversar sobre o que leu. “Isso é o mais gratificante”, conclui.

O “Já que estamos aqui...” é algo muito simples, sem nenhum aprimoramento visual, nenhum chamativo projeto de design. Tudo é feito na unha, com o que Rafael sabe fazer. Ele, desta forma, faz e acontece. Eu o descobri por acaso e quando vi os quatro temas escolhidos para este último, “Diversidade”, “Feira do Livro”, “Era Tecnológica” e “Conservadorismo Europeu”, fui tocado e fui atrás. Queria muito conhecê-lo, até para incentivá-lo a continuar. Foi o que fiz e como resposta, recebi um convite: “Escreva um texto para uma das próximas publicações, mas não me venha com um textão. Veja os tamanhos no espaço determinado e será muito bem vindo”.

O que Rafael faz é algo tão espontâneo. Muito disso da gente lutar por mudar o estado de coisas, as diferenças existentes, querer fazer algo e não saber como. Pois ele encontrou o seu jeito de, como uma formiguinha, dar o seu quinhão. E faz tudo muito bem feito. Imagino outros tantos como ele a botar minhocas na cabeça de quem tem disposição para mudar a realidade à sua volta. Um outro mundo se constrói também pelas pequenas ações. Rafael faz e acontece.

OBS necessária ao final do texto: Prestem atenção no valor cobrado por cada anúncio, meros R$ 3 reais, simbólico, tudo para simplesmente recuperar o gasto com a impressão. Nada mais e além disso.

algo a ser feito com a devida urgência
ARRAIÁ AÉREO – A QUESTÃO DA SEGURANÇA PRECISA SER DISCUTIDA...
Foi por um triz. O ocorrido na segunda, dia quando os que por aqui pernoitaram partiram. Foi um fato lamentável. Triste fatalidade. Todos lamentam muito. Diante do ocorrido se faz necessário e de forma urgente discutir as questões de segurança, que num evento dessa magnitude precisam estar na ordem do dia e sempre em primeiríssimo lugar.

A festa sempre é linda, mas diante do ocorrido, além de toda a correria no pós-acidente, a cidade de Bauru precisa entender o que foi feito antes, qual a prevenção feita pelos patrocinadores antes do evento estar ocorrendo. Creio que, a Esquadrilha da Fumaça, por ser oriunda de um órgão público, as Forças Armadas, possui todo um aparato de segurança próprio, porém, não sabemos ao certo se tudo o mais que levantou vôo em Bauru nos dias do evento passam pelo mesmo crivo e critérios.

Quando estamos todos ainda nos lamentando entristecidos pelo que ocorreu na segunda, com a casa vazia, imaginem se o mesmo fato ocorresse no domingo, com a casa completamente cheia, abarrotada de gente por todos os lados. Seria um pânico generalizado e gerando algo mais do que imprevisível.

Precisamos tirar o senador Marcos Pontes de sua redoma, quando ele vem simplesmente se lamentar sobre o ocorrido e nos apresentar o seu cronograma de ação para o evento. Enfim, quais medidas de segurança são tomadas para, não evitar, pois fatalidades são imprevisíveis, mas acidentes podem o ser. Num caso como este, horroroso em todos os aspectos, como a Prefeitura Municipal de Bauru foi coparticipe, pelo que entendo nenhuma responsabilidade caberia a ela e sim, para os organizadores, no caso o Instituto Marcos Pontes. E o trágico acidente estava previsto numa apólice de seguros?

Foram nove eventos e este o primeiro acidente de grande monta. Momento muito mais do que oportuno para todos os envolvidos sentarem à mesa, explicarem como tudo ocorreu até então, o que era feito e o que será feito daqui por diante. Evidentemente, todos torcemos para que o ocorrido não atrapalhe a continuidade do Arraiá, porém, ele só pode ocorrer quando tudo está dentro de totais medidas de segurança.

Bauru precisa tomar conhecimento e ter respostas convincentes para estes questionamentos. Isto tudo pelo bem do próprio Arraiá Aéreo.
OBS: Foto de Antonio Carlos Pavanato.

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