sábado, 24 de agosto de 2024

CHARGE ESCOLHIDA À DEDO (209)


MUDOU DE PARTIDO E TENTA ME EXPLICAR SER ISSO A COISA MAIS NORMAL DO MUNDO
Conhecido aqui de Bauru, chegado pouco tempo em Bauru, se diz o publicitário de candidato (a) a vereador (a). Recebo dele material da campanha onde atua e iniciamos um breve e elucidativo diálogo. Esclareço que, o pessoa representada por ele, até pouco tempo estava filiada num partido com sigla denotando ser do segmento ligado à esquerda e um dia antes do registro das candidaturas, pede o desligamento e se filia num partido da base da atual alcaide municipal, a Suéllen Rosim.
 
 Vejam como se deu o diálogo: 

- Meu caro, em hipótese nenhuma eu apoiaria ou colaria a este desGoverno Suéllen Rosim. Nem que eu recebesse muito bem, pois discordo frontalmente de quase tudo o que ela faz como prefeita. Já conversamos sobre isso e sabe minha opinião. Quanto faz essa filiação no último dia num partida da base da Suéllen e praticamente decreta ali a derrocada dessa pessoa como candidato, pois vai ser impossível ser eleita. Vai no máximo, ajudar a eleger mais um pastor. Só isso. Como posso, querer participar votando em alguém no qual desacredito? Não existe hipótese nenhuma disso se realizar.


- Henrique, você sabe o que acontece. Não tem político ruim, cara, entendeu, agente é que as vezes não sabemos votar. A gente tem que entenderque quem está no poder são eles e a gente pra poder ajudar a cidade a melhorar, pra gente poder opinar, fiscalizar, a gente precisa tá dentro. Você concorda comigo? Não dá mais pra ficar mais quatro anos fora. Ela vai se reeleger e ela precisa da gente, cara. A gente não pode ficar deixando as decisês sendo tomadas por estes aí. A gente tem que dar nossa contribuição, tem que ajudar a prefeita, entendeu, porque ela que tá com a chave da cidade na mão. Ela não vai perder a eleição, o grupo dela está forte. E outra, a vista de muitos prefeitos que passaram por aqui, ela tá trabalhando. Agora, a gente precisa fazer uma assessoria melhor, mas se ficar de fora, como a gente vai trabalhar. Um voto errado que você der no dia 6 de outubro, você vai chorar quatro anos, meu amigo. E daí, vai ficar mais quatro anos, questionando, criticando. Criticar não resolve nada, cara. Venha com a gente, tem coisa boa pra gente poder conquistar junto. VAmos construir juntos, vamos fazer a nossa vitória, a vitória de Bauru. Você tem muito a oferecer, muita experiência, vamos sentar e conversar. Político, cara, a gente tem que ser frio igual uma barata, não adianta radicalismo. Temos que focar no povo, trabalhar e ajudar. 

Ouço tudo um tanto estarrecido e o máximo que posso lhe responder, até para não me atritar seriamente: 

- Não perca tempo comigo. 

Ele não se contenta:

- E outra coisa que eu vou te falar. Cole com a gente, vamos juntos, segure na mão do (a) candidato (a) a vereador (a) e a gente vai surpreender pastor, porque a gente sabe fazer política, rapaz, a gente dá ula, tem mais organização. Entendeu. E a gente não podia fazer política sem dinheiro. Política, cara, o pequeno nunca vai ser maior que o grande. A gente tem que entrar logo com os dois pés. É desse jeito que se faz política, não adianta.

- Cara, não é radicalismo, não é nada disso, isso se chama ideologia, seriedade na forma como sempre agi dentro deste meio. Como é que eu vou mudar da água pro vinho, assim de uma hora para outra. Vai lá, cara, procura saber o que é ideologia e como agem os que a seguem. Comigo não existe nada de conchavo. Concorde comigo, você na última hora aderiu à prefeita da forma mais sem sentido possível. Você estava num partido que tinha até socialista no nome, entenda o que quer dizer isso, a importância disso. Onde você estava estava e pra onde você foi. Como é que pode algo assim, ir pro lado totalmente oposto, pregando tudo diferente. Não perca tempo comigo, faça o que sua mente lhe diga, mas me deixe fora disso - lhe respondo.

- Independente do lado político, eu não tenho fanatismo não, entendeu, Henrique. A gente tem que procurar uma árvore que dê sombra, que tenha força e dê condições de trabalhar. A gente tem que cuidar das pessoas, cuidar da cidade, fazer políticas públicas, mais abrangente em todos os sentidos, para quem precisa e vamos que vamos - ele vem na sequência.

Já tinha desistido de continuar, mas ele veio com ul algo mais, para lacrar e ter a mais absoluta certeza de onde os descaminhos leva a pessoa:

- Tarcísio tá fazendo um bom governo. Bauru é 80% conservadora. Estamos fazendo a política certa. A política da renovação. Henrique, gosto de conversar muito com você, te acho um cara dez, mas te digo. Hoje, sigla de partido não representa nada. As pessoas hoje tem mais nome do que o próprio partido, ou seja, se Lula for pra qualquer partido, Lula ganha. Se Tarcísio for pra qualquer partido, ele é Tarcísio. Se vê, a Suéllen estava num partido e agora está no PSD. O trabalho é o da pessoa, é o caráter da pessoa e não o partido. Partido pra mim não quer dizer nada, ideologia já era. A gente tem que ver o trabalho da pessoa, a força de vontade, a vontade política, a experiência e gerar resultado. 

Vi que, poderia continuar e obteria dele muito mais, revelações escabrosas de como, segundo ele, se deve fazer e tocar política. Preferia não mais responder e assim, encerrar a contenda. A reproduzo na íntegra, mais para verificação de quem ainda está disposto a ler algo mais longo, constatando como se deram muitas das mudanças de última hora, aqui dentro do quadro partidário local. Se for exatamente isso, "ideologia já era" e o fazer política, seja isso mesmo, ir sempre junto de quem está no poder. Doa a quem doer. Sentiram o drama? No meu entender, isso aqui revelado permeia muito do que está em curso por aí, nas quebradas do mundaréu. Segundo ouvi, fiz política de forma errada a vida inteira...

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