terça-feira, 12 de novembro de 2024

UM LUGAR POR AÍ (188)


PEDERNEIRAS - ANDANÇAS E DAS POSSIBILIDADES DE PODER CONTAR TRECHOS, ALGO DE ALGUNS DE SEUS HISTÓRICOS PERSONAGENS
Convidado que fui, por dois reconhecidos "dinossauros" pederneirenses, Maurício dos Passos e José Roberto Reginatto, compareci aquela cidade no final da tarde desta terça, 12/11 e ali fiquei até por volta das 21h, perambulando pelos seus cantos mais insólitos. Rejeitamos o passeio pelo centro da cidade, local já conhecido por mim e fui com eles tomar conhecimento daquele algo mais que tanto me encanta, o que existe e pulsa de fato pelas "quebradas" da cidade, o seu entorno e o que de fato, está acontecendo de transformação por lá.

Na verdade, conto o motivo de tudo. Estamos querendo aprontar algumas, sair da vida modorrenta que nos foi destinada e ir em busca daquele algo mais, o arrebatador de vidas humanas. Eu, disse a eles, de minha intenção de reviver histórias que valem à pena numa localidade e assim sendo, me levaram para lá e percorremos alguns lugares, visitando pessoas, tudo para que, através do conhecimento in loco, pudesse ser definitivamente arrebatado e dali saísse algo realmente a construir esse revival em nossas vidas.
Maurício é um trabalhador braçal, pois das primeiras horas do dia até, exatos 17h, trabalha numa marmoraria do irmão e como antes impossível estar com ele, chego na cidade exatamente neste horário e ele, com a roupa toda suja de pós de mármora, segue comigo, a me mostrar algo desconhecido do bauruense. Disse a ele conhecer Pederneiras, mas ele me leva para lugares nunca antes visto, mostrando o que denomino de Lado B de um lugar. Começamos pelo estádio de futebol, que disse ter a cara do Pacaembu, mas me corrige, "isso aqui é um réplica da entrada do Maracanã, não percebe?". Percebi após o toque. Logo ali perto, escombros e com algumas sobreviventes torres, uma antiga olaria, bem ao lado do centro velho.

Para minha surpresa e também muita admiração, conta que a Prefeitura Municipal acabou de adquirir o espaço todo e a intenção da reeleita prefeita Ivana Camarinha é ali construir um amplo espaço de lazer e cultura. Ivana conhece os caminhos de Brasília e se diz querer fazer, acredito o conseguirá, pois é realizadora e em breve, algo mais para dignificar o que encontrava-se em abandono total. Segundo ouço, a área pertence aos espólios do empresário Airton Daré, conhecido em Bauru por ser dono da empreiteira Bauruense, ligação umbilical com Furnas. Daré se foi e seus herdeiros finalmente concretizaram o repasse do local para mãos públicas, onde algo ocorrerá. Viva Pederneiras!

De lá, passamos pelo centro da cidade, eu o acompanhando e ao passar pela praça, lembranças dos tempos quando ali trabalhei no Bradesco, mais de 40 anos atrás e lhe conto da banca de revistas de dona Iracema Haddad. Lembro quando fechou, lá pelos idos de 2005, por aí. Foi, creio eu, a última banca e livraria da cidade. Digo a ele querer contar essa história, mas antes deixa meu carro num posto, numa das saídas da cidade e vamos com o seu, mais acostumado com trechos de terra batida para uma fazenda, onde quer que veja uma estação férrea e locomotiva preservados. De longe vejo uma torre e ao se aproximar, uma bela igreja, bem no meio do local, hoje trabalhando com o ramos algodoeiro. Dois irmãos, donos de tudo por lá, Itatinguy, restauraram uma antioga abandonada estação férre, conseguiram uma velha locomotiva, levantaram um caixa d'água e fizeram um pequeno trecho, de menos de 500 metros, para pousar a relíquia sobre os trilhos. Junto ao local um bar, que abre para os trilheiros de bicicleta. Isso tudo rende histórias mil e a cabeça fervilha diante de tanta coisa para ser contada.

No retorno, mais duas obras da Ivana, conseguida em sua maioria nas idas e vindas para Brasília, PAC e outros meios, numa um viaduto levando para um trevo, o que liga a cidade para os lados de MAcatuba. E noutro, um viaduto, facilitando a vida das pessoas na região, obra que comparei com o que ocorreu em Bauru com o advento da Nações Norte. Maurício me diz, a intenção é alavancar o progresso, a ida de pessoas para essa região da cidade. Eu me espanto muito com a cor da terra de Pederneiras, um vermelho muito forte e ele me diz, que estudos comprovaram que igual no mundo, só numa outra região, na distante Ucrânia. Digo que, a terra vermelha, a gente sabe, é ótimo para o cultivo, a agricultura, mas deixa a cidade com um tom meio de sujeira. Ele desconversa, pois sabe estar variando em minha elocubrações.

Passamos pela sua casa, conheço suas duas meninas, que não não largam dele dejeito nenhum. Sigo com eles todos para um terrenão na esquina, espécie de pasto, onde o esperam para fazer suas necessidades. Lambem suas canelas que é um beleza, o que sua irmã me diz, ser uma imunidade farmacológica para micróbios variados e múltiplos. De lá, quase escurecendo vamos buscar o Zé Roberto em sua casa. Ele faz questão de mostrar a área de sua casa, seu escritório, na verdade seu espaço de marcenaria, ampliado desde sua aposentadoria na Unesp Bauru, onde atuou por décadas no Laboratório de Fotografia. Zé possui histórias hilariantes, todas provenientes dos serviços que acaba pegando para fazer, não tanto pela grana, mas pelo fazer e daí, acumulam-se pedisos e ele, diante de tantos, não sabe por onde começar, daí não começa nenhum e vai pegando mais encomendas. Esse seu jeito e estilo.

Vamos os três conhecer o famoso Bar da Linha, um que só funciona tardes horas da noite, porém como ainda era cedo, fechado. Muitas histórias do que resta de boêmia perduram no que ouço deste bar, junto aos trilhos férreos e onde vi com meus próprios olhos, ali no cruzamento férreo, um sentinela persiste trabalhando, no alto de uma guarita. Deve ser o último dos moicanos na região, pois desconheço outros em atividade cuidando de passagem de gente pelos trilhos. Zé vai buscar seu filho, chegando na rodoviária da cidade e aproveitamos para reviver histórias do lugar. Viajei muito de ônibus, passando por ali e com o passar dos anos, hoje uma empresa de circular elva e traz passageiros de Bauru/Jaú até lá, aumentando em muito o tempo de percurso. Relembramos hitórias de quando ali fervia de gente e histórias. Hoje, nem mesmo um mero bar existe mais junto ao largo do terminal.

Vou levar o Maurício em sua casa, quase me despedindo e, para minha surpresa, Zé levou seu filho em casa e voltou para finalizar o reencontro. Deixamos Maurício com seus afazeres domésticos e partimos, mais de 20h, para bater palmas na residência de dona Iracema Haddad, morando ali numa das ruas centrais da cidade. Ela nos recebe no portão, 92anos. Conhece o Zé e sua família, daí a amabilidade em receber pessoas em seu portão. Relembramos histórias da famosa banca e firmamos um acordo, o de vir gravá-la, ela contando suas peripécias, mais de 40 anos levantando cedo e fechando a banca lá pelas 20h. Diz ter muita saudade, mas sua vida teve tão bela continuidade, tanto que, depois de aposentada se tornou por três vezes repetida uma Mister Terceira idade. de sua boca, saem decorados poemas lindos, que precisam ser gravados, registrados e é o que tentaremos nos passos seguintes.

Zé se despede de mim na esquina seguinte. Preciso voltar para Bauru, mais de 21h e volto cheio de minhocas na cabeça. Antes de voltar, ligamos para o Rui Dom Quixote, professor de História, maranhense radicado na cidade e também do mesmo naipe dos dois aqui citados. O convidamos para integrar a troupe de "velhos" - ele muito mais novo - inquietos, querendo causar e criar problemas. Rui, rindo da disposição do trio, se junta aos mosqueiteiros e assim está formada e firmado um pré-acordo de bagunçamento do cdoreto, algo que, se não ocorrer nenhuma intercorrência de percurso, como ida para algum tratamento médico de nenhum dos mais velhos, tudo deve ter ínicio tão logo venha a raiar a manhã da quarta-feira. Disposição é uma coisa e ter vitalidade para pegar o bicho a unha é bem outra. Veremos...

OBS.: Vontade a gente possui. Rui Dom Quixote, vem com a gente. Traga sua vitalidade para nos fortalecer.

ENQUANTO ISSO, EM BAURU, NA ÁREA CULTURAL PÚBLICA MUNICIPAL:
“Você não precisa de artistas? Então, me devolve os momentos bons”. Zélia Duncan declama seu poema “Vida em Branco”, no #DRcomDemori (clique aqui para assistir Zélia lavando nossa alma com sua declamação). O programa reprisa entrevista com a cantora e compositora nesta terça-feira, 12/11, às 23h!
O bate-papo na íntegra também está disponível no canal da TV Brasil no YouTube e no app TV Brasil Play!

Eu, para não perder a oportunidade e o time, faço minha dedicatória para texto tão pertinente ao que acaba de ocorrer na cidade: DEDICO ESTE VÍDEO AO ATUAL SECTÁRIO, ops, digo, SECRETÁRIO MUNICIPAL DE CULTURA DE BAURU PAULO EDUARDO CAMPOS
Na vergonha do dia - por lá, uma por dia -, nada nos é revelado, mas tudo vem à tona sem querer. Hoje, Reunião Pública e a descoberta: sobrando na pasta R$ 1,5 milhões, que ao invés de serem utilizados nos projetos e realizações da pasta, a incomPrefeita impõe e o sectário acata sem pestanejar, direcionamento do valor para sua utilização em outra pasta. Pra que a Cultura precisa de um sectário deste, não defendendo os interesses culturais em nenhum momento? Tudo de mal a pior na área cultural. Que ao menos tenhamos alguém dirigindo a Cultura, com cabedal para defender os propositores de Cultura bauruense. Estamos mais que cheios de lobos em pele de cordeiro.
HPA, incorformado e incosnsolável com o que vê se repetindo como ação rotineira do órgão que cuida da Cultura (sic) Municipal em Bauru. Descalabro é sempre pouco...

Um comentário:

  1. Brinquei muito na infância nestes lugares todos. Fui criado aí até os 11 anos de idade, um menino curioso que gostava de nadar no Bambuzinho e na Laje, ir brincar escondido no Castelo Furlan e nas ruas e avenidas da cidade, andando de carrinho de rolemã na Avenida Paulista, nadando também na piscina municipal e indo nas matinês carnavalescas do CRC, bebendo refrigerante grátis dos Irmãos Frascareli que produziam a cachaça Jequitibá e refrigerantes. Vendo as emocionantes corridas de lambreta e os duelos entre Gilberto Dário de Pederneiras e o Passoca de Bauru. Brincando de guerra de bola de barro nas olarias e cerâmicas da cidade, e o único lugar proibido era o Clube Alvorada, o restante da cidade era minha praça de diversões, e sempre com um estilingue de câmara de ar preta pendurado no pescoço, ou em um dos bolsos e um monte de buricas, ou bolas de gude no outro bolso, que chamávamos de burquinha. A um detalhe que me esqueci, vendi revistas para a Dona Iracema, pois eu aprendi a ler antes de ir para a escola, o E.E.P.G Eliazar Braga, e sozinho, vendo gibis do Walt Disney, e como éramos pobres demais, não tinha como comprar e todos os dias ia até a banca da Dona Iracema e ficava ali namorando os gibis e as revistas, até que um dia, com pouco mais de 07 anos de idade pedi para ela deixar eu vender as suas revistas de porta em porta, ela não acreditou que eu iria conseguir, mas não é que deu certo? Eu morava na Siqueira Campos, a 03 quadras da Praça da Matriz, e ali perto, na Avenida Paulista tinha uma marcenaria, eu pedi e implorei e eles fizeram um carrinho para eu puxar, grátis é claro, pois não tinha dinheiro para nada, e ali eu colocava revistas Capricho, Contigo, Grandes Hotel, Manchete, Cruzeiro, Quatro Rodas, e várias outras revistas policiais de fotonovela italianas, com modelos que seriam atrizes belíssimas, lembro de duas delas, Lucky Martin, e Jaques Douglas, e gibis, muitos gibis do Maurício de Souza, Disney e herois, da Abril e da Editora Vecchi, e então saia puxando o carrinho e batendo nas portas da Siqueira Campos, Belmiro Pereira, Av. Tiradentes , 09 de julho, Av. Paulista e todas as demais no entorno da Matriz de São Sebastião, e não é que eu vendia tudo mesmo? Dificilmente eu voltava com qualquer revista ou gibi no carrinho, Dona Iracema me pagava a comissão e deixava eu ler grátis os gibis, e eu ficava sempre umas duas horas ali sentadinho e lendo, tinha dia que ela até se esquecia que eu estava ali. Tive a infância mais feliz do mundo nesta cidade. Que saudades.

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