domingo, 25 de maio de 2025

DOCUMENTOS DO FUNDO DO BAÚ (205)


HOJE NÃO ESCREVO NADA, REPRODUZO TRÊS TEXTOS ONDE ASSINO EMBAIXO:
1.) CLT, POR WELLINGTON LEITE
VÍRUS INFORMACIONAL
No começo do ano, ouvi de uns alunos o comentário sobre CLT ser xingamento. Depois, esperando meu filho na porta da escola, de novo. Assim: - fulano é burro, vai ser CLT.
Resolvi confirmar com o meu mais velho, de 14 anos. Era verdade, ser CLT era sinônimo de fracasso, burrice.
Conversei com ele, expliquei tudo e ele, pasmo, se sentiu enganado. Malditos bolsonaristas, xingou.
Anteontem, meu mais novo (com 11) perdeu uma coisa e ficou fuçando nas gavetas.
Apareceu com cara de espanto segurando minha carteira de trabalho e berrou: - pai, você é CLT?!?!?
Expliquei novamente, agora mais intrigado, porque além de transformarem o conjunto dos nossos direitos, a CLT, em xingamento, também sujaram a imagem da carteira de trabalho, igualmente associada ao mal.
É um vírus informacional que faz o trabalhador odiar os seus direitos. Um meme, que ridiculariza quem sustenta esse país no braço e suas férias, seu 13º, suas horas-extras, etc.
Há quase 40 milhões de pessoas "uberizadas" no Brasil, autônomos que não contribuem com a previdência e que pensam que não vão precisar parar por doença ou velhice.
Antigamente, um grande homem pedia que a gente tomasse cuidado com uma mídia que transformasse as vítimas em bandidos e os bandidos em salvadores.
Hoje, carregamos a desinformação no bolso. Não há uma mídia pra gente culpar.
É importante lembrar que nada dá dinheiro, exceto a mãe da gente. Fora ela, é preciso trabalho e poupança. E consciência também, pra não ser passado pra trás.

2.) MÍDIA CORPORATIVA BRASILEIRA, POR PABLO Y. R. SANTANA
"A Mídia Corporativa e Seu Universo Paralelo
Enquanto o Brasil deveria comemorar o colher dos bons frutos econômicos da visita do Presidente Lula à China de Xi Jinping — os contratos bilionários, memorandos e acordos tecnológicos e abertura de novos mercados —, a grande mídia teima em nadar na piscina rasa do fuxico político. Mais do mesmo!!!
Amplificam as fake news com o megafone de aluguel, cultivam rixas pessoais e tratam a primeira-dama Janja com o mesmo machismo requentado que atacavam (e ainda atacam) a Presidenta Dilma e como quem ainda acha que a mulher de presidente deveria ficar quieta no cantinho.
O jornalismo corporativo (dito profissional), que deveria informar, se "reborna em reality show estereis de bastidores", onde o que importa não é a realidade, se dane os fatos mas a narrativa encomendada. (Pelo patrão da velhaca imprensa corporativa).
Enquanto isso, o país segue. Apesar do jornalismo Reborn, um bebê de Rosemary deles."
Do Pablo Yuri Raiol Santana

3.)PARLAMENTO BRASILEIRO, PELO AMIGO JORNALISTA RENÉ RUSCHEL
O QUE É O PARLAMENTO BRASILEIRO: ELE É DIFERENTE DO PARLAMENTO BAURUENSE??? (indagação de minha lavra e observação):
"O Congresso chegou ao fundo do poço e segue cavando.
“Chupa aqui pra ver se sai leite.” Sim, você leu corretamente. Essa foi a frase proferida pelo deputado bolsonarista Zé Trovão, PL-SC, no plenário da Câmara dos Deputados durante a discussão de um projeto que regulamentava o reajuste dos servidores do Executivo.
A cena seria cômica se não fosse absolutamente grotesca. Mas o que deveria ser um espaço de debate responsável virou palco de vulgaridade explícita, escancarando o que há de mais baixo e primitivo na política nacional.
Não se trata apenas de linguagem chula. Trata-se da absoluta falta de decoro, da completa ausência de preparo e da evidência de que parte significativa do atual Congresso não está à altura da função que exerce.
Zé Trovão talvez tente justificar a frase como uma “metáfora popular”, referindo-se à velha expressão “mamar nas tetas do governo”. Ou dizer que foi "retirada do contexto". Balela.
O que vimos foi uma declaração grosseira, indecente e inaceitável, vinda de um deputado que parece confundir o Poder Legislativo com um curral.
O episódio é só mais um sintoma da degradação moral e intelectual do Legislativo. O Congresso brasileiro deve sim, ser um espaço democrático aberto a todo e qualquer cidadão sem distinção de classe.
No entanto, não pode continuar sendo refém de figuras folclóricas e despreparadas que rebaixam o debate político a esgoto. A atual legislatura é, sem exagero, uma das piores já vistas desde a redemocratização.
O Parlamento precisa ser passado a limpo. Mas enquanto isso não acontece seguirá sendo comandado por aqueles que transformam a democracia em espetáculo grotesco e o plenário em circo de horrores."
Texto do Jornalista René Ruschel

e para não passar o domingo sem nada escrever, eis...
DUAS CURTAS BIOGRAFIAS LIDAS NO FINAL DE SEMANA, AS DE NOEL E ÉRICO, QUINTO E SEXTO LIVROS LIDOS NESTE MÊS
Na verdade, nem são biografias, mas textos em formato acadêmico/literário sobre duas pessoas das mais representativas dentro do universo popular brasileiro, o compositor carioca NOEL ROSA e o escritor gaúcho ERICO VERISSIMO (ele odiava pontuação). Como ando tentando escrevinhar algo de minha lavra sobre personagens, também textos não tão longos, escolhi alguns para devorá-los ao estilo vapt-vupt e assim, verificar a melhor forma de fazê-lo, quando iniciar meu trabalho. E nada melhor também do que conhecer pouco mais destes dois. Maravilhamento com ambos.

Poucas linhas dos dois textos.

"Noel Rosa - De Costas para o Mar", José Caldeira, editora Brasiliense SP, coleção Encanto Radical 2, 1ª edição, 1982, 84 páginas. Toda essa coleção, formato de livro de bolso é divinal, foram quase cem versões, feitos por encomenda e um mais saboroso que o outro. Desses para serem devorados vários ao longo do mesmo dia. Entrei no universo de Noel, e mais que isso, de como era a época quando viveu, dentro de um Rio de Janeiro, Capital Federal e com as transformações com a chegada de um novo mundo político se instalando. Eu me transportei para aquele Rio: "A barra era a miséria, a pobreza geral. Pela cidade do Rio de Janeiro perambulavam os descendentes de escravos, migrantes vindos do interior, filhos de senhores de engenho nordestinos em viagem de estudos". Década de 30 e Noel tentando ali produzir, compondo adoidado e sobrevivendo ao seu modo e jeito. Noel sobreviveu, viveu pelas rebarbas da cidade, inveterado boêmio e produziu sambas eternos, destes atravessando gerações.

Algumas frases do livro:
- "...o samba não era suficiente para que o dito descolasse o chamado mínimo necessário para a sobrevivência. O mercado dava prestígio, mas não grana ao sambista; restava se virar como pudesse".
- "Quando Noel se tornou compositor profissional, um tema de larga tradição dominava a música popular: a malandragem. Até a Abolição, a ordem social era rígida: os escravos trabalhavam, os senhores mandavam e o restante da sociedade ficava à margem do processo de produção, sem produzir regularmente, nem ter acesso ao poder".
- "Noel vai preferir falar das pequenas malandragens do cidadão em meio à grande miséria geral, a prontidão sem fim. (...) Enfrentar o mercado e sobreviver à custa de samba muitas vezes era uma aventura que implicava uma série de peripécias. Ganhar dinheiro nem sempre era fácil".

"Erico Verissimo", Antonio Hohlfeldt, Editora Moderna SP, 1ª edição, coleção Mestres da Literatura, 2005, 56 páginas. Aqui o formato é outro, grande e com muitas fotos. Num revi os sambas de Noel, neste trechos dos livros do Erico. Cada qual com um ótimo sabor, pois muito representativos de uma época, de um Brasil mais que original. Sempre li muito Erico e agora, com um detalhamento de como escreveu cada uma de suas obras, quero me enfronhar no que ainda não tive acesso, principalmente nos roteiros de algumas de suas viagens. Enfim, foram dele publicados um total de 35 livros. Sabe o que achei mais interessante? Erico não concluiu o ginásio, estava no terceiro ano quando deixou os bancos escolares e, assim mesmo, escreveu como nunca, chegando a dar aulas em universidades, inclusive norte-americanas. Ele mesmo se confessa ter ido, após separação dos pais, em busca do tal Lar Perdido, sendo este o ponto determinante de uma eterna busca no tempo e no espaço. Só agora revejo sua obra por este prisma. "Erico só foi um grande escritor porque foi um ser humano profundamente gente", escreve o autor finalizando sua escrita.
Algumas frases do livro:
- "Foi durante a influenza em 1918 que li pela primeira vez Eça de Queirós (Os Maias), Dostoiévski (Recordação da Casa dos Mortos e Crime e CAstigo), Tolstói 9Ana Karênina) e o Ivanhoé, de Walter Scott. E a minha salada literária foi um dia apimentada fortamente por livros de Émile Zola, Naná, Germinal, tereza Raquin e a Besta Humana" (Erico).
- "Na minha opinião, existem duas categorias principais de viajantes: os que viajam para fugir e os que viajam para buscar. Considero-me membro deste último grupo" (Erico).
- "...numa época de atrocidades e injustiças como a nossa, é acender a sua lâmpada, fazer luz sobre a realidade de seu mundo, evitando que sobre eles caiam a escuridão. (...) Se não tivermos uma lâmpada elétrica, acendamos o nosso toco de vela, como um sinal de que nã odesertamos nosso posto" (Erico).

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