CADA VEZ MAIS DIFÍCIL DE ENCONTRAR PESSOAS COMO SEU ALBERTO DE SOUZA, PERSONAGEM PRINCIPAL DO LIVRO DO ARTHUR MONTEIRO JÚNIORTermino na tarde deste sábado a leitura de meu terceiro livro no mês, este “O pulsar da resistência – A história de Alberto de Souza, um homem entre revoluções” (Mireveja Editora SP, 1ª edição, 2019, 128 páginas) e a primeira coisa que sou obrigado a fazer após o término da leitura é fazer, em público, uma espécie de pedido de desculpas para com o autor do livro, meu amigo Arthur Monteiro Júnior, advogado, jornalista e militante social por estas plagas. Explico, tenho meu motivos. Comprei o livro dele quando de seu lançamento e o ameacei ler desde então, só o pegando mesmo pra valer agora, mais precisamente anteontem. Peguei e não mais larguei, até o concluir. E, agora percebo, se o tivesse pego antes, o teria lido com a mesma sofreguidão que tive neste momento. Ou seja, perdi de o ler há exatos cinco anos. Sabe lá o que é ter um livro na cabeceira pra ler por todo este tempo, sabendo que o mesmo vai render e ir adiando? Sinto um rubor, vergonha de só fazê-lo agora.
E quando começo, a certeza de pelas palavras de Arthur, encontro em seu Alberto alguém por quem, perdi a oportunidade de conhece-lo mais de perto. O vi aqui por Bauru em muitas poucas oportunidades e dele nunca me aproximei e hoje, ao tomar conhecimento de tanta gente próxima que o fez e também o ajudou em seu momento de maior necessidade, rendo a todos estes minhas mais sinceras homenagens. Pedroso Jr, Dalva Aleixo, Manoel Rubira, Arthur e tantos outros foram por demais valorosos, quando reconheceram e fizeram algo por um velho, já muito debilitado, cheio de histórias para contar e com um passado pesando-lhe nos ombros, onde teve o prazer – e o desprazer – de vivenciar in loco momentos efervescentes da história brasileira. E que história!
Foto de Pedro Romualdo |
Ele começou muito cedo, tendo participação das batalhas de 1924 e na revolução de 1932, depois no levante de 1935, depois a Coluna Prestes e todas as agruras posteriores, com sequelas que o acompanharam pelo resto da vida. Perambulou pela aí e ao final de tudo, movido também por uma parceira com laços bauruenses, escolhe a cidade para sua última morada. Seu amadurecimento está bem latente no livro e com ele, os percalços pelas escolhas. Sempre assim, quem opta por lutar na defesa dos interesses populares, padece demais da conta, sofre e lhe fazem sofrer, espécie de provações a que todos estes são submetidos, até para vergá-los. Os mais bravos resistem, enfrentam o diabo e não se vergam. “Aos 16 anos, Alberto viu de perto a grande tragédia da guerra: desumanidade, falta de escrúpulos e, muitas vezes, ausência de objetivos mais concretos”, relata Arthur. Marcante isso, pois ele padeceu muito, porém, até o fim, nunca se arrepender pelas escolhas.
O mais saboroso do livro é que, junto da história de Alberto, Arthur nos introduz em como se dava o momento atual, segundo sua concepção histórica. E essa concepção é precisa, cirúrgica, feita com primor. Ele, primeiro narra o contexto e depois o momento onde Alberto se situava. Grifei poucas coisas, como isso: “o jovem concluiria que ser rico ou ser pobre não são obras do acaso – e mais tarde essa passaria a ser sua resposta a muitos questionamentos políticos” ou quando já se fez conhecido, “foi aconselhado por companheiros a se afastar por uns tempos de São Paulo ou Santos, pois estava muito marcado pela polícia como agitador”. Numa outra frase, o resumo de como se dava a luta dos que, como ele, optaram pela causa de querer mudar o mundo: “Além dele, apenas duas pessoas assumiram abertamente uma postura progressista: um telegrafista da estação ferroviária e um funcionário público, ambos filiados ao Partido Comunista”. E muita coisa mudou daqueles tempos para hoje?
O que mudou mesmo a vida de Alberto foram as prisões e como foi tratado. “A prisão foi um divisor de águas na vida de Alberto. Sua lucidez, consciência de classe e militância política não foram interrompidas, sem dúvida, sofreram alterações profundas, bem como sua vida pessoal”. Destaco participações dele no que foi conhecido por aqui como a “Chacina de Triagem”, quando com muita violência, em 1949 foi dissipada uma greve de trabalhadores da Cia Paulista e da amizade com Edson Bastos Gasparini e o comerciante Adolpho Simão Rasi, que simpatizava com o PCB. Porém, para mim, marcante o relato de como se deu o Caso Sampieri, conhecido comércio na cidade e do desenlace, com mais uma prisão e depois, quando do julgamento, conseguiu se safar de continuar preso. Que momento. Depois vieram os rachas, primeiro o do PCB e depois, o da militância na cidade, tendo seu Arcôncio de um lado e ele de outro.
Tudo culminando com o emocionante relato de como se deu os últimos anos de vida deste bravo guerreiro, praticamente salvo por grupo de amigos e militantes, a maioria muito jovens, estudantes, dentre estes, Arthur. Ele faleceu em 19/12/1981 e com ele algo de como Arthur o entendia: “Nunca precisamos tanto do seu exemplo de vida, da sua dignidade e coerência de princípios, da sua indestrutível crença em uma nova sociedade e do homem novo de que falava Che Guevara e em sua inabalável fé no marxismo. (...) Grande contador de histórias, continua grafitando palavras de ordem nas paredes da memória de todos aqueles que, ao seu lado, tiveram a honra de aprender o que é ser um socialista de verdade, seja lá onde for: em casa, na escola, na universidade, no trabalho, no sindicato ou mesmo numa simples roda de conversa entre amigos”.
É isso, Arthur captou bem demais quem venha a ser seu Alberto de Souza, um SOCIALISTA DE VERDADE.
OBS.: A foto do Alberto junto do Prestes foi tirada pelo Pedro Romualdo.
COMO SE DÁ O FIM DA GESTÃO DE UM CLÃ POLITICO E O INÍCIO DE OUTRO, AMBOS POLÊMICOS - AGUDOS NAS PARADAS DE SUCESSO
Interessante disto tudo é salientar e deixar registrado que isso aqui não se trata de perseguição política, pois não faço neste momento denúncia nenhuma, o que reproduzo são fatos publicados no dia de hoje na edição do Jornal da Cidade, numa foto de sua versão impressa, onde ali um breve relato do que foi de fato e o resultado, o que se extrai ao final dos mandatos dos Octaviani's em Agudos.
Ele, o clã familiar, não precisa ficarem bravos, ameaçar tudo e todos com processos, pois o que aqui faço é simplesmente reproduzir algo divulgado pela imprensa e quando dou a devida repercussão, o faço com o intuito de esclarecer os fatos. E como se faz isso? Simples. Investigando e tudo vindo à público. Creio que, com os Octaviani's longe do poder, o que o prefeito atual, o Rafael faz é exatamente isso, pois para governar se faz necessário desenterrar os cadáveres deixados na beira da estrada. Dissecando-os de forma expositiva, a partir daí o real entendimento do que foi de fato uma gestão de algumas décadas, o que de fato fez, como fez e seus resultados.
Isto tudo sendo explícitado pode ser ainda genérico, sem grandes aprofundamentos, o que fato, certamente, virá com o passar do tempo e o aprofundamento das investigações. Que tudo venha à tona, pelo bem de Agudos. Tudo tem fundo político. Nada é também divulgado gratuitamente. Na hora de entender de fato o que se passa, se faz necessário, entender o que move o novo governante, qual a forma encontrada por ele para se consolidar mais rapidamente e qual interesse possui de fato em desvendar e resolver isto tudo. Que o ocorrido sirva não para simplesmente uma troca de grupo de poder, mas para um algo mais e em prol da população de uma cidade. Entendam o que está em jogo nos dois lados da complexa questão. O desenrolar dos fatos está ainda no seu desabroxar e daqui por diante, cada qual irá expor algo mais do que foi e é a vida política desta cidade tão próxima aqui de Bauru e tão querida de todos nós.
O chargista AROEIRA é preciso, quase cirúrgico, no traço e no que faz tão bem. |