quarta-feira, 15 de outubro de 2025


DIA DOS PROFESSORES, ESCREVO DE DOIS DELES, REENCONTROS DE ONTEM
Hoje é nosso dia. Enfim, também sou professor, porém, dei tão pouca aula na vida que, desconsidero ser homenageado como. Prefiro escrever de quem de fato está na labuta e tem algo pra contar sobre seu dia a dia. São tantos e tantas os que me surgem dom histórias edificantes para relatos, porém, escrevo de algo ocorrido ontem. Estive na Unesp na parte da tarde, um acontecimento na maior universidade bauruense e por lá, enquanto aguardava Ana Bia, fico lendo no carro e sou abordado por dois professores. Em ambos os casos, saio do carro e a conversa se estende por longo tempo.
Primeiro José Laranjeira, alguém por quem nutro especial carinho. Um quase uruguaio, defensor atento e intransigente de tudo o que se passa em nossa América Latina, versamos sobre vários países e acontecimentos recentes. Postei dois dias atrás os capítulos do documentário "Bauruzão - Cidade Sem Limites", onde ele é um dos entrevistados. Digo ter ficado feliz pela sua fala e algo me marcou, quando descreve sobre como foi possível a tal da Pomba da Paz, a da asa quebrada na Praça da Paz e num detalhe, arrebatador, só após a passagem de soviéticos em visita pela cidade, isso dentro do primeiro governo de Tuga Angerami. Que linda história e recordação. Algo que, considero, precisa ser contado em mais detalhes. Laranjeira tenta levantar um canto seu, perto de onde o BAC aínda possui um terreno, depois da vila Dutra. Suas mãos calejadas demonstram de como, além de empunhar o giz, também atua com enxadas e pás. Para construir e consolidar um sonho, se faz necessário enfrentar deus e o diabo, algumas vezes, os dois juntos e misturados. Ele é fonte de boa prosa, como deve ser suas aulas, todas envolventes e magnetizantes. Gente assim arrebata as pessoas e as convertem em dignas entendedoras de tudo o que se passa à sua volta.
Quando se vai, volto a ler dentro do carro e pouco depois, quem me aborda é Wellington Leite, professor na FIB e servidor da unesp, voltando semanas atrás a atuar com sua magnífica voz na rádio Unesp FM. Sempre é bom voltar a vê-lo e dizer da importância de alguém como ele, com sua sapiência sobre a História do Rádio e seus desdobramentos, atuante e pulsante. Suas aulas, como entendo, não ocorrem somente quando diante de alunos numa sala de aula, mas também quando explana com a devida sapiência algo pelos microfones. Isso, em alguns momentos é mais que uma aula, diria mesmo, uma conferência. Poucos conseguem juntar isso e expelir quando diante de uma possibilidade. Wellington é dessas pessoas mais que necessárias, pois não se deixa levar, sabe onde pisa, como pisa e de tudo o que faz, fica a nítida impressão, é dessas pessoas irresistíveis, imprescindíveis, sempre com algo a dizer e passar adiante. Ou seja, uma aula em cada esbarrão.
Por fim, Ana Bia se aproxima e junto dela, logo a seguir, desponta novamente Laranjeira. Os quatro juntos, quatro professores, eu o com menos experiência, fico a ouví-los e algo bem nítido. Somos todos da mesma cepa, os inquebrantáveis, resistindo neste mundo, onde tentam nos cooptar de todas as formas e jeitos. Resistimos e assim seguimos, algumas vezes dando murros em ponta de faca, porém cientes do nosso papel. Estes dois, mais Ana Bia, são dignos professores, atuando e se impondo, não por esbanjar conhecimentos, mas por saber tratar o semelhante e assim, diante de cada um, saber a dose certa de como fazê-lo entender isso tudo, este mundo nos envolvendo. São mais que necessários para irmos driblando as adversidades. Que seriam de nós sem a presença de professores deste quilate ao nosso lado? Devo muito do que sou a muitos deles.

ELE CAIU DO SÉTIMO ANDAR, 7H DA MANHÃ
A história é verídica, ocorreu hoje cedo em Bauru, mas muita coisa é ficção, da minha imaginação. Tento, ao meu modo e jeito, não só interpretar, como reviver os fatos. Imagino este senhor, meia idade, saindo bem cedo de sua casa, tomando um ralo café da manhã e chegando antes do horário de bater o cartão no seu local de trabalho. Chega e conversa com todos os demais. Dizem algo sobre o jogo de ontem, o Brasil ganhava de dois e depois os japoneses conseguiram virar o jogo. E o goleito era justamente o do Corinthians. Não podia ser pior. Alguns riram, outros não gostaram e cada qual foi para seu trabalho.
Este aqui subiu até o sétimo andar e lá se enroscou no cinto de segurança, o que sempre lhe deu sustentação, para ficar dependurado nas lateriais do prédio em construção. Neste dia, como nos demais, não ficou preso a detalhes, entrou dentro do cinto e foi trabalhar, enfim se trata de somente mais um dia de trabalho. E ele já pensava no que faria após o expediente, quando tinha assumido um compromisso de levar pra casa um rango diferente. Ele ainda não havia decidido o que levar, mas queria impressionar a cara metade. Decidiria ao longo do dia. Enquanto isso, tinha aquele andar do prédio para terminar e um trabalho do lado externo, o que estava mais do que habituado a fazer. Tudo tinha um prazo e, como sempre, estavam atrasados.
Travar o cinto junto ao corpo era meio que automático. Fazia até com os olhos fechados. A segurança ele sabia, sempre foi primordial. Os seus aparelhos até podiam estar um tanto desgastados, mas não estavam deteriorados, pelos menos assim o imaginava e desta forma, foi para a beirada do prédio e se pendurou nele. Porém, algo deu errado, algo estava errado, alguma coisa não teve o procedimento de segurança avaliado e desta forma tudo bambeou e ele, se viu despencando lá de cima. Talvez tenha se esquecido de travar direito a peça. Não deu nem tempo para pensar muita coisa. A trava não resistiu e ele caiu lá do sétimo andar.
Bateu com a cabeça no solo e isso é fatal. Sempre é fatal. Tudo acaba sendo fatal para o lado mais fraco, neste caso o do trabalhador, o que se expõe a este tipo de serviço. Dizem que, a segurança é sempre absoluta, mas por mais que ocorra, mais dia menos dia, algo sempre ocorre. Muitas vezes é reversível, dá tempo de premeditar, noutros, como este ocorrido hoje, não deu e o trabalhador caiu lá do sétimo andar. Todos os demais foram dispensados do trabalho no dia de hoje. Todos dizem da triste fatalidade, outros dizem que poderia ter sido evitado, mas isso é algo que as investigações poderão dizer, quando foram um dia concluídas, depois de meses de apuração. O fato é que este, cheio de sonhos e contas a pagar, filhos para criar, uma esposa o esperando em casa, nunca mais irá voltar, pois teve sua vida interrompida. Não se sabe seu nome, sabe-se que caiu e morreu. Mais um número para as estatísticas. É sempre assim. Quem de nós não fazemos parte de alguma forma de alguma estatística.

terça-feira, 14 de outubro de 2025

COMENDO PELAS BEIRADAS (168)


"NINGUÉM REZOU MAIS DO QUE ELA"
Na saída de casa ontem começo da noite, converso com outro morador por aqui e o assunto, como não podia ser outro, a chuva, chegando no momento exato e na medida de nossas necessidades. Se chegou a contento isso é outra história, pois pelo que se vê, mesmo na boa quantidade, não deu para subir muito o nível lá do reservatório do Batalha, que andava mais seco que o Nordeste em tempos de antanho. Porém, ela veio e durou o dia inteiro. Não vi ninguém reclamando, a não ser o pessoal lá do terminal rodoviário e da Emdurb que, demoraram pra cobrir o local, depois de quase um mês do destelhamento e assim, alagou lá dentro. Demorar nas obras, mesmo as emergenciais não é novidade nesta pífia administração municipal. Meu vizinho confirmou o que também tinha certeza: "Ninguém rezou mais do que a prefeita pela chuva".

Comentávamos isso entre risos, mas a coisa é séria. Muito mais séria do que se imagina. Se foram os quatro primeiros anos de seu mandato e nada de concreto para resolver a questão da falta d'água em Bauru. Tentou-se até colocar seu então namorado, depois marido na presidência do DAE - Departamento de Água e Esgoto -, como se isso fosse medida salutar para resolver algo dentro da administração pública. Como se sabe, o danado é bom em resolver pendengas claudicantes dentro da Câmara dos Vereadores, quando alguém hesita em seguir o caminho recomendado pela alcaide. Ele foi lá, deram um descanso para o lerdo e foi mostrado a que veio. Só isso, já pedir para ter um plano palatável e executável para a questão da falta d'água, isso já é pedir demais.

O negócio, neste primeiro ano do segundo mandato foi mesmo conseguir a aprovação pela thurma lá da Câmara, os tais 17 x 4, conseguindo um empréstimo milionário, destes que serão pagos quando a famiglia já estiver longe e depois disso, todos de pés juntos, contritos num genuflexório, rezando para todos os santos, deuses e pastores - ou mesmo executando a tal da dança da chuva -, para que viesse chuva. A situação estava mais do que calamitosa, chegando a preocupar quem só age por medidas midiáticas, nenhuma solucionática. Veio a chuva e UFA!, resolveu momentâneamente o problema, pelo menos por algumas semanas.

Hoje, um dia após a chuvarada, o céu já está de brigadeiro, quase voltando o de sol a pino, ou seja, o ocorrido ontem foi uma espécie de trégua divina, como alguém lá de cima sugerindo para a prefeita: "Olha, você não tem sido boazinha com a natureza, não tem cumprido o prometido, não tem seguido as regras de boa conduta ambiental, não tem plano para verdadeiramente resolver o problema, mas estamos de dando uma chance, um prazo e se nada for feito, o sol voltará com tudo e sem uma gota d'água. Entendeu?". Será que o aviso foi bem entendido e a mensagem cifrada chegou ao seu destinatário? Veremos como age aqueles que, mesmo sendo evangélicos, devem ter rezado para todos os santos nos últimos dias. Não se sabe se terão segunda chance.

O SENADOR ASTRONAUTA BAURUENSE QUE, NADA FAZ POR BAURU, MAS CONTINUA FAZENDO EM BENEFÍCIO PRÓPRIO - E O QUE DIZER DO FESTIM AQUI EM BAURU, O ARRAIÁ AÉREO?!?
Uma empresa do senador astronauta Marcos Pontes (PL-SP) usou uma área da FAB em um evento do setor aéreo para oferecer pacotes de turismo, como noticiou ontem a Folha de S.Paulo.

No acervo da piauí, leia a reportagem de Marta Salomon, publicada em 2020, que detalhou uma outra polêmica relacionada à agência de turismo de Marcos Pontes.
https://piaui.co/47njXtp

A PRAÇA HOMENAGEANDO ZUAINI, UM MÉDICO DE VELHA CEPA
Um dia, dos tempos quando atuei na SMC - Secretaria Municipal de Cultura, este busto do ex-prefeito e médico Luiz Zuiani ficou na minha sala, deixado pelo então vereador Rodrigo Agostinho e outros, que o resgataram da casa do Marcão, filho do homenageado, após seu falecimento. Marcão, com medo que roubassem da praça que leva seu nome, ali nas imediações do Cemitério da Saudade, ele próprio levou o busto e o guardou num guarda roupas em sua casa. Tudo foi descoberto após seu falecimento.

Hoje, passo na praça, ela muito bem cuidada e me contam, o zêlo se deve a ação de alguns moradores, estes sim mantendo o local da forma adequada. Zuiani tem outra passagem, para mim edificante, pois era boêmio e acabou sendo morto numa das zonas do meretrício da cidade, assassinado. 

Enfim, pelo que se sabe, era um médico destes raros, que ouvia pacientemente seus pacientes e isso tudo me faz sentir fortemente a cidade ter acertado em cheio em lhe homenagear com o nome neste bucólico lugar, que antes já foi também ponto de um fervo grandioso, local dos mais agitados e hoje, reduto das famílias trazerem seus filhos para o devido lazer.

"DEIXA A CHUVA CAIR, QUE O BOM TEMPO HÁ DE VIR..."
Chove muito hoje sobre Bauru e os administradores destas plagas, que não conseguem resolver a questão da falta d'água devem sorrir, pois essa a única solução que sabem dar, contando com a ajuda divina. Seria pra rir, não fosse a situação para chorar. Começo a semana pensando e vendo a chuva cair lá fora e assim, relembro de "LAMA NAS RUAS" (Zeca Pagodinho e Almir Guineto), do CD "ZECA PAGODINHO AO VIVO COM OS AMIGOS", selo Universal, 2011, onze deles em parcerias divinais. Nessa ele canta junto do seu compadre, ALMIR GUINETO e assim, como não quer dizer nada, dizem muito sobre estes malversadores que, prometem algo, entregam outra e nos engambelam bonitinho. No samba deles, não existe isso de embromação e sim, de exposição, límpída e clara de quem nos apunhala e ainda por cima sai como herói. Isso de "lama nas ruas", como gente sabe, não é proveniente da mistura da chuva caindo do céu e se encontrando com a terra, mas proveniente de outros procedimentos. A letra faz uma alusão a essa perdição tomando conta da vida política local, quiçá mundial.

Eis os dois sambistas juntos: https://www.youtube.com/watch?v=gxpWuSu2hkM

Deixa/ Desaguar tempestade/ Inundar a cidade/ Porque arde um sol dentro de nós/ Queixas/ Sabes bem que não temos/ E seremos serenos/ Sentiremos prazer no tom da nossa voz/ Veja/ O olhar de quem ama/ Não reflete um drama, não/ É a expressão mais sincera, sim/ Vim pra provar que o amor quando é puro/ Desperta e alerta o mortal/ Aí é que o bem vence o mal/ Deixa a chuva cair, que o bom tempo há de vir/ Quando o amor decidir mudar o visual/ Trazendo a paz no sol/ Que importa se o tempo lá fora vai mal/ Que importa?/ Se o clarão da luz/ Do teu olhar vem me guiar/ Conduz meus passos/ Por onde quer que eu vá/ Veja/ O olhar de quem ama/ Não reflete um drama, não/ É a expressão mais sincera, sim/ Vim pra provar que o amor quando é puro/ Desperta e alerta o mortal/ Aí é que o bem vence o mal/ Deixa a chuva cair, que o bom tempo há de vir/ Quando o amor decidir mudar o visual/ Trazendo a paz no sol/ Que importa se o tempo lá fora vai mal/ Que importa/ Se o clarão da luz/ Do teu olhar vem me guiar/ Conduz meus passos/ Por onde quer que eu vá, se há/ Se o clarão da luz/ Do teu olhar vem me guiar/ Conduz meus passos/ Por onde quer que eu vá...

segunda-feira, 13 de outubro de 2025

RETRATOS DE BAURU (307)


NÃO DEIXAR A FALTA DE CORAGEM TOMAR CONTA DE TIÓS
"Essa é uma pergunta que me aflige !! Penso que muitos de nós estão com a mesma indagação!", professora universitário Lígia Possas.

DOS MOTIVOS QUE VOU, VEZ EM QUANDO, LÁ NA FEIRA DAS NAÇÕES, ESSA TODA QUARTA-FEIRA
Um deles é o Sílvio, meu velho conhecido. Essas duas fotos dele eu tirei faz bem umas duas semanas. Ele não gosta muito de ser fotografado e eu gosto muito de vê-lo ali na banca de livros e discos do Carioca, bem no canto esquerdo de entrada da tal feira, cheia de guloseimas. Ele não fica bravo de me ver tirando fotos, finge que não me vê o fotografando. E assim seguimos.

Sou seu velho conhecido. Quando ainda tinha cabelo no cocorutcho, muitos anos a menos, comprava LPs na loja que um dia foi de sua mãe e depois sua, a Discoteca de Bauru, ali na Virgilio Malta. Essa loja era tudo dentro da Bauru, sempre muito provinciana. Aquilo era uma espécie de portal para outros mundos. Chegar lá e ficar vasculhando novidades de discos era um luxo. Nestes tempos era bancário e sempre me sobrava uns trocos. Gastava muito com discos. Cheguei a ter todos os monstros sagrados da MPB. Silvio era bom no quesito ouvir o pessoal todo. Sabia ouvir e também indicar, na verdade, sabia o gosto de cada um e assim, ciente de que, seu negócio era esse mesmo, o espalhar boa música pela aí, tenho até hoje muitas preciosidades por culpa deste danado.

Hoje ela faz o inverso e venho na feira também para observá-lo. Ele que já indicou tudo para uma pá de gente, ao longo do tempo se desfez da loja, que fechou por essas crises mundiais, onde o disco deixou de ter a importância de antes. Então, ele que indicava e devia ter de tudo, hoje vai na feira para vasculhar semanalmente o que o Carioca tem de novidade e assim leva para sua casa, na maioria das veses, muita coisa que foi até vendida por ele, andou em várias mãos, acabou nas mãos do Carioca e depois de tanta andança, acaba voltando para suas mãos.

Carioca é outro, sabe o gosto de cada um e assim, sabe o que o Silvio vem procurar, assim como sabe o que aprecio e não resisto. Eu sou um andarilho destes lugares e volto para juntar histórias, ouvir relatos, sentir as emoções nas vozes dos protagonistas, ou seja dos frequentadores do lugar. Neste dia da foto, um grupo de estudantes passou pela banca e em cada disco, um olhava para o outro e dizia: "Conheces este?". Certamente, Silvio se divertia. Já fomos jovens e na minha época também me interessava pelos antigos. Hoje, os antigos destes jovens eram a coqueluche minha e também do Silvio. Penso nisso e revendo as duas fotos dele vasculhando discos, me passa um filme na cabeça. Como foram salutares os tempos em que, vasculhava as prateleiras da Discoteca de Bauru e sempre saia de lá com um bolachão debaixo do braço. O tempo passou - mais rápido do que imaginava - e hoje, guardadas todas as proporções e propensões -, tento continuar me interessando pelas mesmas coisas. Mudei pouco e, confesso, a velha MPB, cujos artífices hoje estão todos com mais de 80 anos, continuam fazendo a minha cabeça. Eu mesmo, já passei dos 65 e o Silvio, creio que já tenha deixado para trás os 70 e lá vai fumaça. Ele, apesar de tudo, ainda tem mais cabelo que eu.

DOCUMENTÁRIO BAURUZÃO
Em 1991, Adauto Nascimento produziu o documentário "Bauruzão", que mostrava a cidade de maneira poética e efervescente. Os ônibus amarelos da ECCB, as pessoas "batistando" no centro, a vida noturna nos bares, a história e a cultura de Bauru. Agora, mais de 30 anos depois, "Bauruzão" está de volta.

Episódio 1 - CIDADE SEM LIMITES
No primeiro episódio, os moradores de Bauru contam o que gostam de fazer na cidade e quais são os principais problemas do município.
Direção: Adauto Nascimento e Elica Ito
Produção: N.I. Comunicação
Acessibilidade: Video Shack
Documentário produzido com recursos da Lei Paulo Gustavo 195/2022
Apoio: Prefeitura Municipal de Bauru e Secretaria Municipal de Cultura
Realização: Ministério da Cultura e Governo Federal
Série Documental Bauruzão - N.I. Comunicação, 2025.
Obra audiovisual protegida por direitos autorais.
https://www.youtube.com/watch?v=fXYsx1ptfkc

OBS: Este HPA, neste Episódio 1, com duração de 19:45, apareço com fala nos 14:45 e isso muito me envaidece. Adauto NAscimento, neste trabalho atual junto de Elica Ito, nos faz reviver Bauru, o que fomos, o que somos e o que podemos vir a ser. Eu faço deste grupo que, insiste em retratar Bauru, seja em imagens, depoimentos, como escrevendo sobre. Estes registros, todos eles, sempre trazem algo de positivo e estes vão muito além do que se vê. O Bauruzão mesmo, o primeiro deles, gravado 30 anos atrás e agora, através da Lei Paulo Gustavo, iniciativa do Governo Federal, revivido, possibilita essa viagem através do tempo, com muitas visões e abordagens sobre o mesmo tema, essa cidade, a onde nasci, cresci e vivo. Abaixo o link para outros episódios:

Episódio 2 - MÚSICA POPULAR BAURUENSE
Você sabia que Bauru já foi chamada de "Seattle brasileira"? Nos anos 1990, muitas bandas de rock surgiram por aqui.
No segundo episódio, vemos que Bauru hoje é também a cidade do hip hop, samba, mpb e sertanejo.
https://www.youtube.com/watch?v=x0OQC3CvYiA

Episódio 3 - CIDADE DE ESPANTOS
Para o poeta Rodrigues de Abreu, a Bauru de 100 anos atrás era uma cidade de espantos: moderna e dinâmica.
Hoje, a cidade abriga novos artistas, seja na literatura, dança, teatro ou artes visuais.
Episódio 4 - VIDA NO CERRADO
O bioma cerrado ocupa menos de 1% do estado de São Paulo.
De beleza única, o cerrado em Bauru sofre com o desmatamento e as mudanças climáticas.
https://www.youtube.com/watch?v=J8ZhDQzsT_w
HPA, publicado com autorização de Elica Ito

outro registro
DOCUMENTÁRIO "BAURU 116 ANOS", UNESP TV, DIREÇÃO DE TATIANA SAQUETO, COM VÁRIOS DEPOIMENTOS E HISTÓRIAS DE VIDA BAURUENSE, DENTRE ELAS UMA DESTE HPA
Agradecimento ao amigo Rafael Ramos Teixeira, idealizador de um divinal jornal semanal, circulando nas imediações onde mora, Jd Redentor e imediações, que encontrou o mesmo em andanças pelas redes sociais, ontem conversamos a respeito no show do SESC e me envia o link, aqui compartilhado. Na apresentaçõa: "Uma história feita por pessoas conhecidas. (...) Além de nossos pioneiros, existem gerações de trabalhadores que impulsionaram a história de Bauru". Assistam e sintam como, dentre tantas outras, eis algumas de nossas histórias: 
https://www.youtube.com/watch?v=aiAPnvDLjRU

e pra lacrar a tampa do caixão
TARCÍSIO É O CAOS NA POLÍTICA - ONDE O ESTADO DE SP E O BRASIL IRÃO PARAR COM UM SUJEITO COM ESTE NO PODER?!?

domingo, 12 de outubro de 2025

FRASES DE LIVROS LIDOS (224)


DOIS POLÍTICOS BEM DISTINTOS: TEBET E KASSAB
Um deles passou por Bauru dias atrás, Gilberto Kassab, ex-prefeito paulistano e hoje líder de uma facção política desastrosa para o Brasil, o Centrão. Deixaram ao longo do tempo este político vicejar e hoje, infelizmente, comanda seu forte grupo político, promovendo um verdadeiro desastre para o Brasil. Não adianta virem tentar me mostrar algo de positivo em tudo o que faz, pois dos conchavos e acordos espúrios, nada de salutar. Trata-se de detestável líder político, sempre propício a acordos de bastidores, tudo para ir alavancando mais e mais os seus. O Centrão, como até as pedras do reino mineral sabem, representa algo nebuloso, onde a princípio se vê nitidamente, vivem de acertos, acordos e conchavos. Ou seja, pessoa pela qual o melhor a fazer é manter o máximo de distância.

Pois bem, passou por Bauru dias atrás, foi paparicado pela prefeita e sua mãe, além de uma turma de vereadores locais, todos com ligações umbilicais com o método deste de fazer política. Um deles é Juninho, ex-presidente da Câmara e neste momento, como se viu, almejando tornar-se deputado estadual nas próximas eleições. Quem por lá esteve junto desta thurma foi o ex-deputado Pedro Tobias. Pelo que vejo estes todos, tanto Kassab, como a prefeita, sua mãe e o vereador postulante ao cargo, posicionamentos bem definidos como bolsonaristas, fechando questão em vários momentos e votações mais que discutíveis e problemáticas, só por isso, não vejo nenhum destes como algo louvável para merecer voto e representar Bauru. Ou o voto muda e escolhemos perfis diferentes, com outra postura, ou nada mudará no espectro político em nossa cidade e no estado de São Paulo.

Por outro lado, escrevo a seguir de uma mulher na política, ela também pertencente a grupo de centro, porém, com postura bem diferente destes todos aqui citados. Digo da ex-prefeita de Três Lagoas, deputada, senadora e hoje ministra do Planejamento e Orçamento do governo Lula. Tempos atrás, assim como o atual presidente da República, Geraldo Alckmin, esteve num campo muito mais à direita, inclusive com posicionamentos muito conservadores. Ambos mudaram e hoje, Simone entende perfeitamente o papel a ela designado por Lula e em todos seus pronunciamentos, demonstra isso. Compra brigas com o conservadorismo do seu partido, o PMDB e os demais, bem mais à direita e pelo que vejo, peita todos e desta forma, se sobressai.

Li num belo texto hoje pela manhã, "Simone Tebet é a direita que o Brasil precisa". Concordo, pois ela é palatável. Não possui o gene da perversão vislumbrado em todo bolsonarista e também a maioria dos da linha conservadora. Ela, pelo sim pelo não, faz parte de segmento político, distinto do PT e da esquerda, mas mesmo antes de fazer parte do governo Lula, já havia demonstrado sensibilidade e sinceridade com posicionamento corajosos. Tebet é bem diferente de gente como este Kassab e também, como Suéllen Rosin e toda sua família. São posturas bem distintas. Não defendem a mesma coisa e possuem visões bem distintas em relação ao papel do Brasil e de das alternativas para o país continuar no caminho sólido de consolidação de sua soberania.

Tomara, o eleitor, mesmo quando vote em políticos fora do espectro da esquerda, consigam enxergar que votando em politicos como Tebet, teremos posturas governamentais totalmente diferentes quando o voto é dado para os da linhagem conservadora, quase todos, já na ultradireita, ou seja, nada em prol dos interesses do povo. Sacaram onde quis chegar? Votando em políticos de ultradireita, teremos Bauru, São Paulo e o Brasil sempre no retrocesso, daí só bola nas costas. Ou mudamos o voto ou nada mudará.

VOLTEI A LER PLINIO MARCOS
Neste outubro li dois livros do dramaturgo das periferias, ou melhor, das "quebradas do mundaréu", PLINIO MARCOS. Tive o prazer de muito tempo atrás - algumas décadas - vê-lo pessoalmente vendendo seus livros, quando com uma simples mesa, dessas de bar, os expunha e ali, deitava sua falação. Ele já representava o que sempre foi, essa pessoa fora dos padrões ditos como normais. E o que fazia não nada anormal, mas como poucos ousavam sair pela aí como fazia, ficou como diferente. Li na época muito do que produziu, muita coisa também direto nos jornais que publicavam suas crônicas. Depois seus livros, sempre publicações mais simples, porém com conteúdo forte, batendo firma no entendimento que fazíamos das coisas e de como se processava a vida nas entranhas das perifas deste país.

Reli agora dois destes, o "Histórias das Quebradas do Mundaréu" (editora Nórdica RJ, 1973, 192 páginas) e duas peças juntas, "Navalha na Carne e Quando as Máquinas Param" (editora Global SP, 1979, 96 páginas). Plinio Marcos continuará sendo mais que um soco no estomago. Sua escrita é a mais simples possível, linguajar popular, sem retoques e salamaleques, com aquela pitada de quem, não só escreve, mas também vivenciava fervorosamente os lugares retratados. Suas crônicas, separadas por temas, diz muito disso: bandidagem, futebol, samba, macumba, cadeia, amor e diversos. Uma mais belicosa e deliciosa que a outra. Seus livros e textos continuam promovendo a maior revolução para comigo. O jeito como enxergou e vivenciou o "mundaréu", isso no começo dos anos 70, plena ditadura militar, quando rememoro aquilo tudo, percebo cada vez mais a importância de termos tido alguém como ele nos descrevendo em detalhes, algo que, cala fundo em qualquer pessoa sensível. Foi o repórter consciente e fiel daqueles tempos, não muito diferente dos atuais, onde ainda predomina a não alforria popular.

Reuno algumas frases deste que, se utilizava em demasia de uma palavra nos seus textos, a "esquinapo", criada por ele, para designar o evidente furdunço ali acontecendo. Elas dizem muito daqueles tempos e lugares:
- "Sexta-feira era dia de loque sair pelas ruas fazendo zoeira. Bom dia pra vagau escolado armar o pesqueiro".
- "Nas quebradas do mundaréu, até as pedras se encontram. E quem não tem roda larga, acaba sempre comendo capim pela raiz".
- "Na primeira que se apaga um pinta é assim mesmo. A gente vomita, vai na igreja rezar pela alma do desgraçado, tem sonho ruim, carrega fantasmas pra lá e pra cá. Depois do segundo, não dá mais truta. Com oZico não vai dar outra coisa. Hoje, foi o batismo dele".
- "Se a gente tivesse medo de homem, não sai pras ruas vestindo calça".
-" Acontece que time do interior só vive por teimosia, ou por remorso ou vaidade de algum coronel que, de tanto enganar o povão, enriquece e depois ajuda o clube da cidade, tentando assim ficar em paz com Deus e ainda se promovendo".
- "...aparece tanta gronga boiando nas águas barrentas em que navego contra a maré, que vivo assombrado com os lances quesou obrigado a encarar. Meu patuá de fé e de valia já anda até entortado, de tanto que me agarro nele pra não naufragar".
- "Escuta, minha filha, se macumba pegasse em português, crioulo nunca tinha sido escravo, tá?".
- "Andam matando cachorro a grito, se agarrando em fio desencapado, dando nó nas tripas e os cambaus, para escorarem o repuxo da maré, que anda barrenta e brava".
- "Tem majura que cai em cana e acostuma. Daí, nãoquer nem saber. Quando vai chegando o tempo de cair fora, apronta um salseiro lá mesmo. E vai ficando. Sabe como é: a vidano relento não é mole. Não é todo mundo que tem um mocó pra se cobrir".
- "Otário é necessário para o bom andamento dos pererecos".
- "Pobre de nós todos, que usamos tão poucos recursos da nossa cachola".
- "Bagulho catado no chão da feira nunca fez bem à beleza de ninguém".
- "...sempre tem um malandrinho pra tomar os pixulés do otário".
- "Tu, que sempre pega a pior, tu, que só come da banda podre, tu, que só mora nas barrancas do rio e quase se afoga toda vez que chove, sabe melhor do que eu que, com a vida custando os olhos da cara do jeito que está, a negada faz qualquer negócio pra defender o feijão de cada dia".
- "...do jeito que andam matando bicho no Brasil, daqui há pouco só vai ter caça na praça da República, depois das dez".
- "Gama desuburbano, pra ser boa, tem que ser complicada. SAbe como é. O povão sofre influência de novela mexicana".
- "Quem está a perigo perpétuo não tem direito a escolha. Não pode fazer luxo. Como enrolado sem estrilo".
- "Uma gronga de abilolar qualquer majura. E é por essas e outras que, muitas vezes, o nego se endoida de repente e apronta um esquinapo que não dá pra ninguém entender".
Sacaram por que continuarei lendo Plinio Marcos ad eternum?

EM QUE PAÍS O TARCÍSIO, AMIGUINHO DO MILEI, VIVE?

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sábado, 11 de outubro de 2025

CENA BAURUENSE (269)

 QUANDO ME FALTA ASSUNTO PARA ESCREVINHAÇÃO DIÁRIA, RECORRO A MINHAS FOTOS, PUBLICADAS TODO DIA E ALGUMAS AQUI RELEMBRADAS

01. Publicada em 01/08/2025: A cena mais destacada dos últimos dias não tem nada a ver com a festa dos 129 anos de Bauru e sim, do incêndio na moradia do pessoal lá nas imediações do cemitério Cristo Rei, quando perderam tudo o que possuiam. Este o retrato mais preciso de algo que, a cidade num todo, precisa voltar seus olhos e buscar resolver essas questões das condições da moradia popular na cidade. Não tem como participar e olhar pra festa sem se dar conta deste outro lado, clamando pela sensibilidade e decisão de quem tem o poder de realmente fazer algo neste sentido - e o deixa de fazer.

02. Publicada em 02/08/2025: Nestes 129 anos de Bauru buscava a imagem de uma pessoa a personificar o que somos, os que labutam diariamente neste torrão, exercendo de forma límpida e transparente a lida e luta dos bauruenses. O que de melhor encontrei está personificado na figura dessa guerreira jornaleira, Ilda Viegas, que resiste, insiste e persiste com sua banca de revistas e jornais ali nos altos da avenida Brisola, bem na porta de entrada do Aeroclube, exercendo o que de melhor sabe fazer, o congraçamento de tudo e todos que por ali transitam. É a melhor expressão de uma Bauru que precisa vingar e se sobrepor a tudo o mais agindo na contramão. Ilda é dez e muito mais!

03. Publicada em 03/08/2025: Manhã deste domingo e ao me deparar com um búfalo amarrado defronte uma sorveteria, depois sendo montado e circulando na maior calmaria pela rua central do Parque Santa Edwirges é para confirmar que, na periferia bauruense acontece de tudo - e mais um pouco. Conversando com o cavaleiro, vieram de Piratininga de caminhão e desfilaram pelas ruas, animando a manhã para todos os presenciando a inusitada cena.

04. Publicada em 05/08/2025: Neste local, rua Ezequiel Ramos, esquina com rua Antonio Alves, como em vários outros locais com muitos boxes alugados para comércios variados, a imensa maioria vazios. Aqui, o térreo é todo utilizado pela Emdurb para revenda passagens do transporte coletivo urbano e nos dois andares superiores, quem resiste é uma senhora e seu pequeno negócio de costura.

05. Publicada em 06/08/2025: Eu sempre que adentro o jardim Bela Vista, vindo da vila Falcão, ao virar para a rua Consolação, pela sua quadra 8, me deparo com essa casa, que um dia já foi uma pizzaria e hoje, deve ser residência. Sua fachada continua lá a me despertar tamanha curiosidade, com sua madeira no estilo colonial, destoando de tudo o que se vê à sua volta.

06. Publicada em 08/08/2025: "Reforma do Padilhão da vila Giunta, sem nenhum funcionário nessa sexta feira, desse jeito o estádio ficará pronto em 2030", eis a legenda da foto publicada nas redes sociais por Adriano Queiroz. Isso aqui é uma amostra de como se dá qualquer tipo de reforma ou obra na administração da incomPrefeita Suéllen Rosin. Vide a interminável novela do Calçadão da Batista de Carvalho, que segundo a previsão, ficará pronto muito depois de 2030.

07. Publicada em 10/08/2025: Levo o maior susto hoje olhando para uma banca na feira do Rolo, em sua extensão da rua Rio Branco, quando me deparo com mensagem, leio e entendo outra. Justamente neste momento, quando estamos com dificuldade para ir pras ruas e bloquear o avanço dos fascistas, havia imaginado ter lido um "NÃO ACEITAMOS REVOLUÇÃO". Ufa! Definiam não mais ser possível a realização de devoluções e não a de revoluções, o que, ao meu ver, é quase a mesma coisa.

08. Publicada em 11/08/2025: Até hoje, passo pela rua São Paulo e me recordo de quando tirei essas duas fotos, do lugar onde funcionou pela última vez a rádio AM 710, do José Nelson de Carvalho e seus filhos. Já estiveram também no primeiro andar ali na primeiro de Agosto, bem ao lado de onde hoje funciona o Bom Prato. Não sei se hoje estariam do lado palatável do dial, mas como o momento de nossas rádios deixa muito a desejar, olho sempre com saudade para o passado e tínhamos uma rádio fazendo frente para a Auriverde, algo mais do que necessário hoje, pois essa se transformou num monstro.

09. Publicada em 14/08/2025: Um dos prédios residenciais mais "hermosos" do centro bauruense, lado a lado com um da antiga Caixa Estadual, hoje Banco do Brasil, rua Antonio Alves, quase esquina com rua Primeiro de Agosto e sua lateral, igual a tantos outros. Pelo menos em algo todos se assemelham.

10. Publicada em 16/08/2025: Na Pizzaria Fornaza, da avenida Otávio Pinheiro Brizola, seu Donizete, um garçon na acepção da palavra, 71 anos e há 54 atuando na mesma profissão. Longevidade que, segundo ele, ainda vai perdurar por uns bons anos.

11. Publicada em 22/08/2025: Numa esquina bauruense, mais precisamente Rio Branco com Duque de Caxias, dois supostos jornalistas, um com jaqueta da TV Record abordam motoristas de veículos parados no sinal e eu, dois carros atrás, prontinho para dar meu depoimento - ótimo que fosse ao vivo -, quando falaria horrores, como merecem ouvir, sobre as agruras deste país, onde o dono de uma igreja como a Universal, conservador até a medula, retrógrado até não mais poder é dono de uma TV aberta e caga regra sobre os destinos deste país. Não tive a sorte de cair minha vez de poder deixar meu recado.

12. Publicada em 24/08/2025: A poesia reside nas mais pequenas ações, como nessa, quando vejo um morador em situação de rua descendo, na manhã de hoje, a avenida Octávio Pinheiro Brisola, com flores nas mãos, se depara com algo lhe interessando dentro de uma caçamba, para, escolhe, recolhe e segue seu caminho, sem se esquecer das flores, colhidas nalgum jardim beirando a calçada de onde veio.

13. Publicada em 25/08/2025: Da provável série "portas que dão para a rua", inevitável escrever dessa, sobrado na esquina da rua Azarias Leite com a avenida Duque de Caxias, bonita de ser vista e me fazendo pensar: será que seus proprietários conseguem dormir direito sem ao menos uma resistente tramela do seu lado de dentro?

sexta-feira, 10 de outubro de 2025

MÚSICA (253)


LONGEVIDADE SADIA É TUDO - VIVA TONY TORNADO E SEUS 94 ANOS MUITO BEM VIVIDOS
Hoje a tarde, eu e minha mana Helena presenciamos uma cenadantesca. Um senhor com mais idade que a minha, ou seja, aposentado, depois ficamos sabendo ter sido dentista, pessoa impaciente e perturbada, criou caso com variadas funcionárias do Confiança Nações, primeiro na padaria e depois com uma das caixas, menina muito jovem, que foi obrigada a ouvir calada os impropérios de alguém totalmente fora do normal. O pior de tudo foi vê-lo desferindo para a jovem do caixa, algo de sua insanidade, quando gritava ela não representar nada e ele, um senhor estudado, portanto, detentor de toda a razão deste mundo.

Sim, existem pessoas agindo como ele por aí. São doentes e criados como capataz e senhores do engenho, não sabem envelhecer, muito menos tratar os semelhantes. Tudo para estes é na base do grito e da imposição. Infelizmente, nem eu nem a mana presenciamos a cena. Ouvimos seus gritos de longe, porém, por sorte não o vimos gritando com os indefesos funcionário, pois do contrário, nem eu, nem a mana iríamos ficar quietos. Depois soubemos, ouvindo quem de fato presenciou a cena, que muitos intercederam pelos funcionários. Do contrário tudo poderia ter sido ainda pior. Gente doente comete uma besteira atrás de outra. Intolerância, felizmente, não é primazia de gente com mais idade. Este mal acomete também muita gente jovem. De algo tenho certeza, a imensa maioria dos aginda desta forma e jeito são, em sua maioria, pessoas conservadoras. Tivessem um bocadinho de noção não agiriam desta forma. Na verdade, adoraria ter presenciado a cena, pois o velhaco - velho é uma coisa, velhaco é outra - teria ouvido poucas e boas.

Saio de lá e hoje à noite no SESC Bauru, uma belezura de um show, tendo à frente de uma banda com oito músicos, nada menos que o ator e cantor TonY Tornado, 94 anos de idade. Este esbanjou simpatia e irreverência no palco, ao lado de seu filho, este com 40 anos e uma cronner com voz divinal. Cantou sucessos dele, como mais famosa de todas, BR 3 e muita coisa de Tim Maia. Eu, do alto dos meus 65 anos, cheio de dores e cada vez mais reclamão, fiquei ao lado de pessoas amigas presenciando como Tony nadava de braçada no palco, esbanjando vitalidade. 
Belezura maior impossível. O SESC, como sempre acertando em cheio, casa cheia e platéia cantando todas, além de colocar seus corpos em movimento. No palco o show Tony Tornado & Funkessencia, unindo a força e tradição deste imenso ator e também cantor, um dos precursores da black music no Brasil, unido com a energia de seu filho, Lincoln Tornado e banda. Foi uma hora e meia de muito balança, onde todos os presentes ficaram encantados com a energia passada pelo conhecido artista.

Nas fotos e vídeo aqui publicados, algo do que pude gravar e de outros, aqui compartilhados. E com estes dois exemplos, duas formas de tocar a vida depois de certa idade. Quem se tornou ao longo do tempo mais intolerante e ranzinza, sofre, padece em vida, não sabe aproveitar o que a vida lhe oferece e padece em vida. Já, quem como Tony estravaza ainda no palco e na TV, numa novela do momento, este sim vai tirando de letra tudo o que a vida pode lhe proporcionar. Imagino um defronte o outro, Tony certamente mais velho, com uma vivência bem diferente de quem, já doente das ideais, desconta nos semelhantes sua inapetência para tocar a vida. Quero ser cada vez como Tony Tornado e ir tocando este barco, que é nosso corpo, adiante, fingindo que os anos todos não pesam na balança da vida e assim, mesmo com todos os problemas inerentes à idade, continuam fazendo e acontecendo. Voltei de lá, com certeza, menos reclamão, pois o exemplo visto nos palco é mais do que impactante. Daí, repito, VIVA TONY TORNADO!

"VIAGEM MULTICOLORIDA, ÀS VEZES PONTO DE PARTIDA, ÀS VEZES PONTO DE UM TALVEZ"
Em 1971, um ano após vencer o V Festival Internacional da Canção com "BR-3" (Antonio Adolfo/Tiberio Gaspar), TONY TORNADO lançou seu álbum de estreia. O disco, também batizado com o nome da música vencedora do festival, voltou às lojas em LPs de 180 gramas, numa parceria da Universal e da Polysom pela coleção "Clássicos em Vinil". Com 12 faixas e com forte influência do soul e funk, "B.R.3" é composto — além da canção que ajudou a consagrar a carreira de Toni e que tornou-se um clássico da música nacional — por sucessos como "Me Libertei" (Frankye/Tony Bizarro) e "O Jornaleiro" (Major/Toni Tornado). Com produção de Milton Miranda, o registro ainda possui participações de maestros como Paulo Moura e Waltel Branco, que contribuíram com orquestrações e também ajudaram a enriquecer os arranjos desse importante registro da cultura brasileira. LADO A 1. JUÍZO FINAL 2. NÃO LHE QUERO MAIS 3. DEI A PARTIDA 4. UMA CANÇÃO PRA ARLA 5. BREVE LOTERIA 6. EU DISSE AMÉM LADO B 1. BR-3 2. UMA VIDA 3. PAPAI, NÃO FOI ESSE O MUNDO QUE VOCÊ FALOU 4. ME LIBERTEI 5. O REPÓRTER INFORMOU 6. O JORNALEIRO. Mais que um luxo, puro privilégio, foi o SESC Bauru tê-lo trazido até nós e eu, lá presente. Tony representa muito em vários sentidos e direções.

Eis Tony cantando sua mais famosa música:
https://www.youtube.com/watch?v=D9BmQgsOhrI

A letra: "A gente corre (e a gente corre)/ Na BR-3 (na BR-3)/ E a gente morre (e a gente morre)/ Na BR-3 (na BR-3)/ Há um foguete/ Rasgando o céu, cruzando o espaço/ E um Jesus/ Cristo feito em aço/ Crucificado outra vez/ E a gente corre (e a gente corre)/ Na BR-3 (na BR-3)/ E a gente morre (e a gente morre)/ Na BR-3 (na BR-3)/ Há um sonho/ Viagem multicolorida/ Às vezes ponto de partida/ Às vezes porto de um talvez/ E a gente corre (a gente corre)/ Na BR-3 (na BR-3)/ E a gente morre (e a gente morre)/ Na BR-3 (na BR-3)/ Há um crime/ No longo asfalto dessa estrada/ E uma notícia fabricada/ Pro novo herói de cada mês/ Na BR-3, na BR-3/ Na BR-3, na BR-3/ Por isso eu corro/ Por isso eu corro, corro/ E giro no centro/ E vou por dentro/ E o mundo se move/ And I can love you baby baby baby/ Baby baby baby/ Socorro, por isso tudo eu corro/ Corro na BR-3".

Eis minha gravação feita no início do show: 
ABSURDO DOS ABSURDOS - CITE SOMENTE UM MOVIMENTO FEITO PELA PAZ POR ESSA SENHORA, ABOMINÁVEL PESSOA
"Se María Corina Machado venceu o Prêmio Nobel da Paz, a ‘paz’ perdeu o seu significado.
A opositora venezuelana Corina Machado foi premiada com o Nobel da Paz, mas não há nada de pacífico em sua política
10.out.2025 - Michelle Ellner no Peoples Dispatch
Machado passou toda a sua vida política promovendo divisão, corroendo a soberania da Venezuela e negando ao seu povo o direito de viver com dignidade. - Federico PARRA / AFP
Quando vi a manchete ‘María Corina Machado vence o Prêmio da Paz’, quase ri do absurdo. Mas não o fiz, porque não há nada de engraçado em premiar alguém cuja política trouxe tanto sofrimento. Qualquer um que saiba o que ela defende entende que não há nada de remotamente pacífico em sua atuação.
Se isso é o que conta como “paz” em 2025, então o prêmio em si perdeu toda a sua credibilidade. Sou venezuelana-americana e entendo exatamente tudo o que Machado representa. Ela é o rosto sorridente da máquina de mudanças de regime de Washington, a porta-voz polida das sanções, da privatização e da intervenção estrangeira, disfarçadas de democracia.
A política de Machado está enraizada na violência. Ela já pediu intervenção estrangeira, chegando a apelar diretamente a Benjamin Netanyahu, o arquiteto do aniquilamento em Gaza, para “libertar” a Venezuela com bombas em nome da “liberdade”. Machado exigiu sanções, essa forma silenciosa de guerra cujos efeitos — como demonstraram estudos publicados na The Lancet e em outros periódicos — mataram mais pessoas do que a própria guerra, ao cortar acesso a remédios, alimentos e energia de populações inteiras.
Machado passou toda a sua vida política promovendo divisão, corroendo a soberania da Venezuela e negando ao seu povo o direito de viver com dignidade.
É sobre isso que María Corina Machado realmente se trata:
Ela ajudou a liderar o golpe de 2002 que por um breve período derrubou um presidente democraticamente eleito, assinando o Decreto Carmona que apagou a Constituição e dissolveu todas as instituições públicas da noite para o dia.
Trabalhou lado a lado com Washington para justificar a mudança de regime, usando sua plataforma para exigir intervenção militar estrangeira a fim de “libertar” a Venezuela pela força.
Apoiou as ameaças de invasão de Donald Trump e o envio de navios de guerra ao Caribe — um show de força que arriscava acender uma guerra regional sob o pretexto de “combater o narcotráfico”. Enquanto Trump congelava ativos e ameaçava a soberania do país, Machado se colocava pronta para ser sua representante local, prometendo entregar a soberania da Venezuela em uma bandeja de prata.
Ela pressionou pela imposição das sanções dos EUA que estrangularam a economia, sabendo exatamente quem pagaria o preço: os pobres, os doentes, a classe trabalhadora.
Ajudou a construir o chamado “governo interino”, um espetáculo de marionetes respaldado por Washington, liderado por um “presidente” autoproclamado que saqueou os recursos da Venezuela no exterior enquanto crianças passavam fome dentro do país.
Promete reabrir a embaixada da Venezuela em Jerusalém, alinhando-se abertamente ao mesmo Estado de apartheid que bombardeia hospitais e chama isso de autodefesa.
E, agora, quer entregar o petróleo, a água e a infraestrutura do país a corporações privadas. É a mesma receita que transformou a América Latina no laboratório da miséria neoliberal nos anos 1990.
Machado também foi uma das arquitetas políticas da “La Salida”, a campanha da oposição em 2014 que convocou protestos escalonados, incluindo táticas de guarimba. Não foram “protestos pacíficos”, como dizia a imprensa estrangeira: eram barricadas organizadas para paralisar o país e forçar a queda do governo. Ruas foram bloqueadas com lixo em chamas e arame farpado, ônibus de trabalhadores foram incendiados e pessoas suspeitas de serem chavistas foram espancadas ou mortas. Até ambulâncias e médicos foram atacados. Algumas brigadas médicas cubanas quase foram queimadas vivas. Prédios públicos, caminhões de alimentos e escolas foram destruídos. Bairros inteiros ficaram reféns do medo, enquanto líderes da oposição como Machado aplaudiam e chamavam isso de “resistência”.
Ela elogia as “ações decisivas” de Trump contra o que chama de “empresa criminosa”, alinhando-se ao mesmo homem que encarcerou crianças migrantes e destruiu famílias sob vigilância do ICE, enquanto mães venezuelanas ainda buscam por seus filhos desaparecidos sob as políticas migratórias dos EUA.
Machado não é símbolo de paz nem de progresso. Ela é parte de uma aliança global entre fascismo, sionismo e neoliberalismo — um eixo que justifica a dominação na linguagem da democracia e da paz. Na Venezuela, essa aliança significou golpes, sanções e privatização. Em Gaza, significa genocídio e apagamento de um povo. A ideologia é a mesma: a crença de que algumas vidas são descartáveis, de que a soberania é negociável e de que a violência pode ser vendida como ordem.
Se Henry Kissinger pôde ganhar um Prêmio da Paz, por que não María Corina Machado? Talvez no próximo ano deem o prêmio para a Fundação Humanitária de Gaza por sua “compaixão sob ocupação”.
Cada vez que esse prêmio é entregue a um arquiteto da violência disfarçado de diplomata, ele cospe no rosto daqueles que de fato lutam pela paz: os médicos palestinos que cavam corpos sob os escombros, os jornalistas que arriscam a vida em Gaza para documentar a verdade e os trabalhadores humanitários da Flotilha que velejam para romper o cerco e entregar ajuda a crianças famintas, com nada além de coragem e convicção.
Mas a verdadeira paz não é negociada em salas de reunião nem concedida em palcos. A verdadeira paz é construída por mulheres que organizam redes de alimentos durante bloqueios, por comunidades indígenas que defendem rios da exploração, por trabalhadores que se recusam a ser famintos até obedecerem, por mães venezuelanas que se mobilizam para exigir a devolução de filhos sequestrados pelas políticas migratórias dos EUA e por nações que escolhem a soberania em vez da servidão. Essa é a paz que Venezuela, Cuba, Palestina e cada nação do Sul Global merece."
*Michelle Ellner é coordenadora de campanhas para a América Latina na CODEPINK.
Traduzido por: Giovana Guedes

quinta-feira, 9 de outubro de 2025

UM LUGAR POR AÍ (201)


NÃO ACREDITE EM NENHUM BOLSONARISTA, ESTEJE ELE ONDE ESTIVER – PERDA TOTAL DE CREDIBILIDADE
Dois lamentáveis fatos ocorreram durante o transcorrer desta semana e confirmam a veracidade absoluta do título deste texto. Já passou da hora de dar nome aos bois e creditar todo atraso em curso aos bolsonaristas encrustados dentro das casas legislativas brasileiras, estes fazendo de tudo e mais um pouco para barrar, impedir, deixar de fazer e criar problemas para que nada avance no campo do atendimento popular, principalmente quando por detrás está a chancela do governo Lula, ou algo relacionado à atendimento de proposta advinda de reivindicação da esquerda. No absurdo, esquecem estes, totalmente dos interesses por detrás da proposta e votam contra, tudo para favorecer aos interesses do conservadorismo mais insano, ligado a ultradireita mais esclerosada e perigosa, ou seja, laços umbilicais com o bolsonarismo.

No caso bauruense, a Câmara de Vereadores, numa processante que poderia investigar os reais motivos da inoperância e tudo o mais a envolver a questão da falta d’água na cidade, principalmente os relacionados a promessas de campanha da atual prefeita, a reeleita Suéllen Rosin. Essa por repetidas vezes dizia em alto e bom som, resolveria o problema da falta d’água na cidade e até então, como se sabe, nada fez e pouco fará. Daí, dentro de 21 vereadores, mais um vez o placar já de antemão conhecido, 17 x 4 é explicitado. Nenhum destes 17 aceitam qualquer discussão negativa envolvendo o nome da prefeita, votam cegamente, algo feito de cabresto, dizendo-se de sua base, sem maiores discussões. Ou seja, através da Câmara de Vereadores de Bauru nada passa contra os interesses da prefeita, dita por mim, como incomPrefeita, pelos motivos mais óbvios. Mais uma vez a comprovação, essa já conhecida por toda cidade, a de que por essa vida, nada ocorrerá de justa e necessária investigação. Houvesse, como na legislatura passada, quase empate no momento de votações como essa, teríamos vereadores até se internando em hospital, fazendo uso de atestados médicos para não votar. Hoje, isso não se faz mais necessário, pois a elasticidade da diferença é gritante, alarmante e sinal da total perda de credibilidade da atual composição formada lá nas últimas eleições. Em toda Casa Legislativa dominada pelo bolsonarismo, o resultado sempre será uma faca cravada nos costados do povo.

No caso brasileiro, mais uma vez comprova-se que a Câmara dos Deputados é hoje reduto de negacionistas da pior espécie, em sua maioria gente sem qualificação para o exercício do cargo, só interessadas em aprovar algo indicado por suas bancadas, na quase totalidade ainda com ligações umbilicais com a ultradireita, consequentemente ao bolsonarismo. Diante da pressão popular, o povo nas ruas eles acabaram tendo que votar de forma unanime a PEC da Bandidagem, uma que daria poderes ilimitados para deputados, mesmo diante de crimes, passarem ilesos, sem ter que prestar contas à Justiça. Agora, quando a pressão se esvai, eles se aproveitam e após ser emplacado justo pagamento de impostos à camada mais rica do país, favorecem a estes e cravam uma estaca nos interesses nacionais. O fazem sem pensar no país, mas nos seus próprios interesses, todos interligados aos piores temas em discussão. Querem o Brasil de Lula no chão e para tanto viram de costas para o país num todo. Este o nível e o perfil do atual Congresso Nacional, um dos piores que já tivemos em toda nossa história.

Em ambos os casos só existe uma só saída, a pressão popular, essa exercida com povo nas ruas. Por sorte, ainda temos, neste momento, um STF defendendo os interesses nacionais e não voltado, como já ocorreu num passado não tão distante, aos destes grupos. A Justiça hoje em sua magnitude, tem representatividade nas ações do STF. Não fosse isso, toda justa reivindicação popular estaria num mato e sem cachorro. Porém, a reversão através da vida Justiça é lenta e mais rápido, só mesmo com mobilização popular. Povo nas ruas resolve quase tudo. A derrota destes todos atravancando o país poderá se dar nas urnas, nos próximos pleitos – algo ainda difícil -, mas o resultado imediato só as ruas pode dar. Para tanto, novas ações devem ser nacionalmente marcadas de forma imediata. Algo tenebroso ocorre em todas as instâncias legislativas brasileiras. De Bauru à Brasília, a perversão é inconteste.

algo de minhas andanças pela aí

ITÁPOLIS NÃO É SOMENTE A TERRA DO SORVETE, JÁ FOI TAMBÉM SEDE DO OESTE FUTEBOL CLUBE, FONTE DE ORGULHO DA CIDADE
Numa passagem muito rápida por Itápolis, 100 km de Bauru, conferi pessoalmente algo de como anda a situação do Estádio Municipal dos Amaros, consequentemente como anda a do time do Oeste, que um dia representou a cidade e hoje, vive momentos de “Perdidos no Espaço” – igualzinho a antiga série televisiva -, ou seja, sem eira nem beira. Um dia, um empresário assumiu o controle total e absoluto do time da cidade, vislumbrando a necessidade de deixar a cidade para crescer. Algo ocorreu, porém, o time sem nenhum identidade com o novo local, Barueri, principalmente sem um “lugar pra chamar de seu”, hoje fenece, esquecido e atuando dentro da parte mais inexpressiva do futebol brasileiro, envolta numa nuvem que poderá o levar à completa extinção. Ou seja, empresário tira o prazer de uma cidade em manter um time, não atinge seus objetivos fora da cidade e pelo visto, não ocorrerá a devolução do Oeste pra Itápolis.

Passo rapidamente pela cidade e quis sentir pessoalmente como anda a situação, em primeiro lugar do estádio. Pra começo de conversa, algo quase único, um estádio envolto por residências, dentro de área nobre da cidade. Só conheço outra situação parecida, a de Santa Cruz do Rio Pardo. Neste local, o Amaros, já foi presenciado belíssimos espetáculos futebolísticos. Hoje, algo do passado e da lembrança dos torcedores. Pelas frestas de seus portões, se vislumbra a situação do interior do estádio, com mato alto no seu gramado. Rodeio o quarteirão, observo algo idêntico em todos seus portões, o abandono. No principal, uma casa bem ao lado, com pequena empresa de costura industrial e lá, ninguém sabe nada sobre o futuro. O presente para eles é algo ruim, espécie de imóvel abandonado e sendo deteriorado, com todos os problemas disso decorrentes.

Num portão, o motorista de uma moto me vendo fotografando, para e pergunta se tenho novidades. Digo ser saudosista e passando pelo local vim verificar se ainda existe alguma possibilidade do Oeste voltar pra cidade. Ele desdém e diz da falta de interesse. Cita os casos de Novo Horizonte e Mirassol, cidades com população próximas e por lá, algo bem diferente. “Itápolis não soube defender seu time. Uma torcida foi mantida até quando deu. Viajavam e amavam isso tudo. Deixamos levarem o Oeste para longe daqui. Foi sua derrocada. Eles tinham tudo pra dar errado e deram. E se um dia ocorrer a devolução será nas piores condições possíveis”, me diz.

No posto de combustível do centro da cidade, pergunto a um frentista, que me leva a outro, este uma espécie de ventríloquo da cidade. Conta a história de um professor de Educação Física, trabalhando com jovens e quase tudo certo para essas atividades esportivas acontecerem no estádio, ainda em poder do município. “Dizem que, as arquibancadas de ferro serão todas retiradas, pois não atendem mais exigências da FPF – Federação Paulista de Futebol – para jogos oficiais. A cidade não reage, pois não existe mais um time. Se existisse, a luta seria outra. Será bom ver os mais jovens ali atuando, mas nada como o que já tivemos no passado. Sonho com um novo time representando Itápolis”.

O empresário Mário Teixeira, conhecido como "Seu Mário" e dono do Audax, é o responsável por levar o Oeste Futebol Clube para longe de Itápolis. Ele comprou o clube em 2016 e, em 2017, transferiu sua sede para Barueri, mudando a marca e a operação do time. Segundo Emilio Botta, em 25/09/2025, para o site ge.globo, essa a atual situação do Oeste: “O Oeste deixou as instalações do CT, localizado em Barueri, sede do clube desde 2017. A desocupação do local ocorreu em virtude do fim da cessão da estrutura pela prefeitura da cidade, que era uma apoiadora desde que o clube deixou Itápolis, no interior de São Paulo, onde foi fundado, em 1921. Na época, a alegação foi de falta do apoio da administração pública. Atualmente, o Oeste tem treinado em um campo de futebol na cidade de Araçariguama. No entanto, a possibilidade de permanência do clube por lá é remota. Uma alternativa estudada é treinar em Araçariguama e mandar os jogos em outra cidade que tenha estádio”.

Campeão da Série C do Brasileiro em 2012, o Oeste disputou a Série B por oito anos consecutivos, entre 2013 e 2020, quando foi rebaixado também no Campeonato Paulista. Para muitos na cidade, havendo uma nova rodada de conversação entre as partes, o atual proprietário da marca Oeste, a Prefeitura de Itápolis e sua população, ou seja, seus torcedores, a vontade é a da melhor solução ser seu retorno para sua cidade de origem. “Este será seu fim, mais dia menos dia, porém todos temem, isso ocorrerá na chamada bacia das almas, ou seja, na pior situação possível. Assim mesmo, o Oeste é nosso, é daqui e dele ainda iremos tomar conta”, conta um senhor de chapéu na praça principal da cidade.

VOLTAR PRAS RUAS JÁ, SEJA POR UM TIME DE FUTEBOL OU PELAS DECISÕES INQUALIFICADAS DE SEUS POLÍTICOS