sexta-feira, 17 de maio de 2024

 POR QUE QUE A GENTE É ASSIM

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quinta-feira, 16 de maio de 2024

DROPS - HISTÓRIAS REALMENTE ACONTECIDAS (228)


DIAS SE PASSAM E A REVERSÃO PRECISA OCORRER
VAL e ELIANA, do SINSERM
A sessão da Câmara aconteceu dois dias atrás, mas ela não me sai da memória. Uma tenebrosa lembrança de algo que, nunca mais me sairá da memória. Tomara pela Justiça algo consiga ser revertida, pois não é possível que o mal triunfe da forma como foi apresentado, numa sucessão, não de erros, mas de crimes repetidos, todos com justificativas de amparo dito legal, ou ao menos, impostas pela força de quem detinha no momento o poder do bastão, da caneta e da força - inclusive a policial - ao seu lado. Tudo deprimente e deplorável. Circo de horrores. Bauru não merece isso. Ressalto deste e de dias anteriores a luta de bravos guerreiros, servidores municipais em greve justa e necessária - hoje contestada e quase colocada na ilegalidade. Estes dois da foto, no uso dos microfones de um carro de som, tanto nas passeatas, como defronte o prédio do "Palácio Encantado da Princesa Suéllen", como no dia da farsa sendo convertida em legalidade, novamente marcaram presença e dignificaram uma categoria vilimpediada dia após dia. Sei, pois os conheço, não será agora, que a alcaide, dita por mim como incomPrefeita conseguiu o seu intento, e após isso, teremos a votação com o reajuste dos servidores sendo concedido e com os artistas tendo liberados os valores de seus editais, pois bem, não será por isso que irão dar cabo a tão pujante movimento. Se a greve não continuar, eles e todos nós precisamos continuar nas ruas e lutas, retidão de caráter que carregamos junto da gente, teremos que continuar unidos, coesos e clamando aos quatro ventos pela cassação da alcaide, pelo seu impeachment, pela abertura de processos judiciais, pelo fim deste desGoverno e pelo mesmo para os nove vereadores, que desonraram por demais da conta o mínimo de sensatez, passando de todos os limites. Ver estes dois na rua foi algo mais do que dignificante para uma categoria em busca de novos líderes e de gente corajosa, sem medo de enfrentar todos os dragões e moinhos pela frente. Toda vez que cruzar com eles, daqui por diante, quero lhes dar um forte abraço, pois souberam como ninguém levar adiante uma luta que ainda não se findou e só se findará com este desGoverno no chão, punidos por todos os excessos cometidos.

EU QUERIA TER SIDO PEREIO
Mal consigo ser o HPA. Vida que segue - para os que por aqui ficaram.

Conheça a história da última foto de Pereio
LEO AVERSA
O fotógrafo Leo Aversa publicou na manhã desta segunda-feira (13), em suas redes sociais, o que pode ter sido a última foto de Paulo César Pereio, que morreu na tarde deste domingo (12), aos 83 anos. Aversa, que também é colunista do GLOBO, fotografou Pereio em dezembro do ano passado, no Retiro dos Artistas.
"Fotografá-lo foi uma das experiências mais radicais como retratista. Qualquer coisa podia acontecer, desde as maiores patadas às gentilezas mais delicadas", escreveu o fotógrafo. "Normalmente eram patadas engraçadíssimas, afinal ele era um adorável rabugento. Era preciso usar toda a experiência de domador de leões e encantador de serpentes para arrancar dele uma imagem. Hoje essa figura de mil histórias e imenso talento se foi. Vai fazer muita falta, jamais existirá ninguém sequer parecido."
Ao GLOBO, Aversa deu mais detalhes sobre aquela tarde em que esteve no Retiro dos Artistas. Segundo fotógrafo, o trato com o ator era tão imprevisível que ele tinha uma espécie de "interlocutor" no local.
— Só esse cara se dava com o Pereio, era um garoto que trabalhava lá desde sempre. Uma vez o Pereio chamou ele de longe, e quando o rapaz chegou lá, ouviu dele: 'Porra, estou aqui há meia hora procurando alguém pra mandar à merda, mas não encontro ninguém' —se diverte Aversa. — As histórias são impagáveis.
Não era a primeira vez que Leo Aversa fotografava o ator.
— Já fiz algumas vezes. E só dele olhar, você já fica com receio. Mas ao mesmo tempo ele era engraçado, então podia acontecer qualquer coisa. Ele era tipo um tubarão que sente sangue na água. Se ele sentisse que você estava intimidado, aí que você estava perdido mesmo.

REVEJAM O DIA DA GRANDE VERGONHA BAURUENSE
https://youtu.be/H3CHzViE8e0
E esses vereadores aprovando, a ilegalidade não vão ter seus mandatos cassados?

"Hoje, durante a sessão extraordinária do "puxadinho das Cerejeiras", que um dia já foi chamado de Câmara Municipal, acho que ouvi uma das "piadas" mais hilariantes de toda minha vida. Um dos "9 do puxadinho" usou a Tribuna para lançar a ideia de que o DAE deveria contratar caminhões pipa para transportarem água da CONTAMINADA lagoa da Quinta da Bela Olinda e transportar até a represa de captação (40 km ida e volta)para ser tratada e assim ajudar no abastecimento da cidade...... e ainda complementou argumentando que isso ajudaria a "baixar o nível da lagoa", diminuindo o risco de novos afogamentos....
Gente, não é possível que tenhamos que ouvir BARBARIDADES como essa! NUNCA achei que a "fábula do beija flor que carregava gotículas de água no bico para apagar o incêndio na floresta" iria servir de inspiração para a FALTA DE PRÓ ATIVIDADE DO DAE em resolver o problema de abastecimento em Bauru kkkkkk!
A que ponto chegou a representação da sociedade na outrora "CASA DO POVO", Orlando André Gasparini.

A GOLPISTA BAURUENSE, 17 ANOS DE PRISÃO, AGORA É FORAGIDA DA JUSTIÇA
https://g1.globo.com/.../mulher-condenada-apos-organizar...
Procura-se. Será, alguém conseguiria lhe dar cobertura em mais este ato criminoso???
E mais, alguém tinha alguma dúvida de que a criminosa bauruense não iria se juntar aos tantos outros, beneficiados com afrouxamento de suas prisões e mesmo com tornozeleiras eletrônicas, iriam ganhar o mundo?
Pelo menos, agora, está findo o afrouxamento e ela, a Pletti, é foragida e quando capturada, cana dura, sem dó e piedade. E ainda exister a possibilidade das tão esperada revelações de quem foram os financeiadores e vereadeiros mentores da aventura golpista na cidade de Bauru.

quarta-feira, 15 de maio de 2024

REGISTROS DO LADO B (123)

CREIAM, O "LADO B - A IMPORTÂNCIA DOS DESIMPORTANTES" VOLTOU E AGORA, DEPOIS DE UM SONINHO DE ALGUNS MESES, COM ESTE PAPO, FEITO AGORA, O DE Nº 123

BRENO ALTMAN, conceituado jornalista de esquerda, passando por Bauru para lançar seu mais novo livro, o "Contra o Sionismo - Retrato de uma doutrina colonial e racista", aceita um bate papo, feito agora, logo após seu café da manhã. Sentamos num canto do Hotel Obeid e por quase meia hora, uma conversa não só sobre o tema do seu livro, mas sobre este momento da esquerda brasileira, a perda da disputa de narrativas, as lutas de ontem e hoje. E é claro algo sobre sua passagem por Bauru, nos anos 80, no primeiro Governo Tuga Angerami, quando por aqui passou numa espécie de assessoria para o então Secretário de Saúde, David Capistrano Filho. Enfim, o recomeço deste HPA precisava se dar com algo cheio de pompa e brilho. Assim sendo, nessa conversa com Breno, algo para injetar ânimo, nessa necessária renovação de esperança. Se o que precisávamos era uma injeção de ânimo, eis algo proposto claramente pelo Breno, enfim, pelo nos diz, está surgindo um novo momento para a esquerda e a maioria destes ainda não se deu muito conta disso. Portanto, estar ou ir pra luta é a única alternativa possível para a sonhada transformação, tão sonhada e almejada.

Eu não pensava em parar com o Lado B, mas estava um tanto empacado com a coisa. Travado, seria a palavra mais acertada. Creio eu, agora desempaquei e com alguém grandioso. Breno tem uma forte relação com as esquerdas bauruenses. Esteve por Bauru, junto do Capristrano e por dois anos, circulou por todos os lugares, mantendo vínculo com todos os expoentes da esquerda na época. E deles não se esqueceu. Cita todos, com uma memória incrível. E quando fala de sua relação então com o PCdoB, conta que, uma das tarefas na cidade foi ter sido segurança num dos maiores comícios políticos já ocorrido em Bauru, o de Luiz Carlos Prestes, na praça na esquina das Nações com a Rodrigues, no qual tive o prazer de estar presente.

Breno lança seu livro país afora e me conta do que tem encontrado país afora. Por aqui, creio eu, estivemos perto de umas duzentas pessoas, o que foi ótimo. Diz que, no Recife PE, seu maior público, com mais de mil no evento e muito do que aconteceria num local fechado, sendo transferido para a rua. Ou seja, a recepção está boa e, claro, o tema ajuda. Ele, de origem judaica, versando sobre o outro lado, algo não aceito por parcela significativa do mundo judeu, defende abertamente a questão palestina e para tanto, antes do lançamento, faz uma palestra e conta da forma mais didática possível, num histórico, fala ocorrida no salão de entrada do Sindicato dos Bancários, na rua Marcondes Salgado, como se deu tudo, desde o princípio, até a criação do Estado de Israel. Desde então, algo inegável, o povo palestino foi sendo, pouco a pouco, encurralado e massacrado. Não existe como negar isso, com tudo culminando nesse ato de resistência, tudo para que este povo não se veja mais e mais subjugado pela força de quem invadiu seu território e hoje o expulsa. Uma reação natural, porém, como a força da informação repassada do outro lado é imensamente desproporcional, quem de fato invadiu, ainda tenta sair como vítima.

A história que Breno conta é essa em seu novo livro. Maria Cristina Zanim, pela ABJ se esforço ao máximo para trazê-lo e este reencontro foi por mim registrado desde o princípio. Ainda na viagem de vinda de São Paulo, na tarde do dia 15, tento marcar uma entrevista. Foi impossível sua realização antes da palestra. Ficou para a manhã do dia 16, quinta, 7h30 da manhã no Obeid Hotel, pouco antes dele ir para outra, na TV Câmara, com o jornalista Nelson Gonçalves. O que queria fazer e fiz foi fugir um pouco do trivial para com ele. Dessa sua saga pelo Brasil lançando o livro, as perguntas são repetitivas e quase todas em cima do tema da questão palestina. Sim, este o momento para falar disso, porém, aqui em Bauru, aproveito o gancho dele já ter convivido por aqui, conhece um pouco a luta e os bastidores de como se dá a contenda e foco a conversa para falarmos do momento da esquerda, o passado e o presente, perspectivas, avanços e recuos. Ou seja, sua opinião sobre isso tudo. Creio eu, missão cumprida. Breno estava descansado e creio ter dado conta do recado.

Desta forma e jeito, volto com as entrevistas do Lado B. A lista dos futuros convidados sempre é grande. Vamos ver como tudo se dará daqui por diante. Por enquanto, faço aqui o compartilhamento do registro feito por mim de dois momentos de sua fala no sindicato. No primeiro, mais longo, consegui captar quase toda sua fala, mais de uma hora de gravação e quando tive um problema, parei e volto para a finalização da palestra, o ponto alto, quando junta tudo o que havia descrito e lacra. Daí, o terceiro vídeo já é no dia seguinte, lá na sala do café da manhã do Obeid. Assistidos na sequência, se possível, melhor ainda para o entendimento de minha proposta.

Vídeo 1 - Sua palestra, desde o princípio até o corte, mais de uma hora de gravação: https://www.facebook.com/henrique.perazzideaquino/videos/1795303684297519

Vídeo 2 – A parte final dessa fala, quando dá o arremate final: https://www.facebook.com/henrique.perazzideaquino/videos/1744998329361545

Vídeo 3 – O bate papo do Lado B nº 123, a retomada, de algo que sempre me deu grande júbilo e contentamento fazer: https://www.facebook.com/henrique.perazzideaquino/videos/2340694929459949

Breno é isso tudo e muito mais. Espero ter dado mais uma contribuição para o engajamento necessário para a continuidade de uma infindável luta, a de nossas vidas, com COERÊNCIA, começado tudo lá atrás, na juventude e só se findando quando partirmos dessa. Desistir, para gente como Breno, impossível.

terça-feira, 14 de maio de 2024

UM LUGAR POR AÍ (180)


SÓ PODE SER FICÇÃO – ELE FOI EFETIVADO SÓ PARA CONCRETIZAR O GRANDE NEGÓCIO
O cara foi comerciante, filho de político, já tendo tido até negócios no exterior – um país vizinho. Voltou para atuar naquela administração, muito precisada de uma cara experimentado na vida, com passagens por aqui e ali, sabendo se safar das dificuldades de um dia a dia administrativo cheio de percalços. Virou secretário quando um dos que, até então ocupava o posto, saiu, na incompatibilização exigida para se candidatar a um cargo público.

Chegou chegando e diante de outros com menos qualificação e quilometro rodado, fazia e acontecia. Surge nova necessidade e pelo, visto, ele o mais gabaritado. Enfim, estava ali para aquilo mesmo, experiência comprovada. Tinham lá uma votação necessitando ser aprovada junto dos vereadores locais e pasmem, este mesmo cidadão, havia se candidatado, não foi eleito e, naquele momento era o primeiro na fila dos suplentes. Feita toda a certificação junto dos pares, o momento exigiria um sujeito tarimbado, com os costados calejados e já um tanto vaselinado.

Tudo foi combinado, o vereador ocupando o cargo era de confiança, mas não tinha o cabedal de expertise necessário para o embate ali se apresentando. Nem era bom de juntar ideias quando diante de forte pressão. Tinham mêdo do danado vacilar. Votar é uma coisa, fazer a defesa, argumentar junto aos opositores, estes com alguns bons de oratória e afinados num discurso corrosivo, caberia a este, adentrar a cancha de jogo e dar o acabamento final para a partida em sua fase final, quase prorrogação.

Pois bem, o vereador foi enviado para uma viagem de negócio, o preparadíssimo assume sua vaga e no dia da contenda final, ele cumpre seu papel. O tal do presidente lá da Câmara correspondia as expectativas, mas meia boca, não saberia tocar o barco sozinho. Outro cujo receio de vacilar, pairava no ar. Precisavam do reforço. Ele se apresenta e mesmo diante de maioria já constituída, uma calada maioria, desses não pronunciando nada além do voto, este chega chegando e apresenta as cartas escondidas nas mangas da camisa.

No final da contenda, partida encerrada e todo o plano já concretizado, este está agora prestes a deixar o cargo, reassumindo o que havia viajado, fiel, porém, ruim de prosa e o bam-bam-bam vai voltar a reassumir seu cargo numa das pastas mais importantes da administração. Dizem que, após tudo ter dado certo, o reconhecimento do clã no poder foi de júbilo e contentamento. Não sabem nem o que fazer para complementar sua remuneração, talvez uma gratificação de grande valia. Estudam algo neste sentido, enfim, o cara foi sensível ao momento vivido, assumiu todos os riscos, foi lá, botou a cara a tapa, não teve medo de cara feia e demonstrou competência.

Dizem que, é assim que o jogo é jogado lá na distante Uruab, lugar onde o judas perdeu e bateu as botas, mas a esperteza é a alma do negócio. Eu, besta que não sou, escolhi viver num lugar longe disso tudo. Meu lugar é tranquilo, tudo acontece como escrito nas estrelas. Gosto de vez em quando de escrevinhar histórias deste tipo, pois dizem, quando a gente escreve, menos elas acontecem perto da gente. Toc toc toc...

OBS.: Nem tentem aproximar ou enxergar semelhanças dessa estória com algo acontecido pela aí, pois trata-se de mera peça ficcional, talvez ocorrida não nessa Uruab aqui citada, mas só mesmo no mundo criado pela verve de Dias Gomes, na já quase esquecida Sucupira.

AMANHÃ, QUARTA, 15/05, TEM CONVERSA COM BRENO ALTMAN E A QUESTÃO PALESTINA
Será no Sindicato dos Bancários, 19h.

Não existe neste momento pessoa mais qualificada que o Breno para a discussão da causa palestina. Perder essa oportunidade será desperdiçar rico e raro momento, que não se repetirá rapidamente. Casa cheia na recepção a um guerreiro das boas causas.

DOIS VELHOS E SEUS DOIS CÃES, UMA HISTÓRIA VIVENCIADA NO GASPARINI
Vou visitar meu cão Charles, ele cada dia melhor, mais robusto e feliz, agora com a companhia de outro, ele de porte médio e o outro, pequeno. Se entendem num quintal todo cimentado, folia declarada e explícita. Vou lá e não quero mais vir embora. Sou chamado pela Maria, a hoje guardiã de dois cães para ver de perto a situação de outros dois, em situação oposta, na quadra de baixo de onde mora.

Ela vai me contando pelo caminho, conhecer o casal de velhos, Manuel Gaspar dos Santos e sua esposa, Maria Aparecida dos Santos, moradores do bairro desde sua inauguração. Uma casa simples, sem grandes mudanças, de um lado um corredor coberto, este levando para a porta da cozinha e debaixo duas pequenas casinhas abrigando dois pequenos cães. O casal envelheceu por ali, sem perder o gosto por ter ao lado sempre um cão, também ajudando na vigilância e companhia para ambos.

Tudo vinha dando certo, mas de uns tempos para cá, as condições foram se complicando e até mesmo a própria sobrevivência está complicada. Com a pandemia tudo se tornou mais difícil e o casal mais lento, com a distância da residência até o Posto de Saúde se tornando uma tortura quando feita a pé. Se o casal sofre, junto deles dois cachorrinhos, o Apolo, 4 anos e mais recentemente o Ori, 2 anos.

De uns tempos para cá, algo vem preocupando não só eles, mas toda a vizinhança. Os cachorros estão neste momento infestados de carrapatos e tudo tem se espalhado rapidamente para o quintal, paredes e tudo o mais na casa. Um dele, o Apolo já se encontra com parte da face toda consumida por uma ferida proveniente de algo proveniente da ação dos carrapatos. Vez ou outra se vê, dona Maria empunhando uma vassoura e tentando varrer os carrapatos da parede, mas estes caem no chão e até varrê-los, sempre alguns permanecem no local.

Não conseguem nem lavar convenientemente os animas e assim, as situação está por demais agravada. Maria Aparecida e Manuel de um lado e no mesmo ambiente, padecendo de tudo juntos, Apolo e Ori. Semana passada quem por lá passou foram algumas funcionárias da Prefeitura, verificando a situação canina em respeito a leishmaniose. Se inteiraram de tudo e aguarda-se algo também sendo providenciado por elas em respeito aos carrapatos.

Maria me leva até o portão da casa deles, converso com dona Maria, cruzamos com seu Manuel no quarteirão e diante dos dois cães, o que fazem querendo expor a situação e lançar um pedido de socorro. Dizem já ter acionado a ONG do vereador Julio Cesar, a Arca da Fé e também alguns setores da Prefeitura, mas até agora, quem faz algo mesmo são eles, mesmo com movimentação reduzida e condições precárias. Escrevo, a pedido de Maria, pois ela gostaria muito de movimentar os vizinhos todos e ali acontecer uma ação em conjunto. Esperam uma sinalização dos órgãos municipais e temem também uma proliferação dos carrapatos pelas demais casas.

segunda-feira, 13 de maio de 2024

COMENDO PELAS BEIRADAS (145)


A SESSÃO DA CÂMARA MAIS VERGONHOSA DA HISTÓRIA BAURUENSE E SEU DESFECHO, QUE DEVERÁ TERMINAR NUM PLANTÃO POLICIAL OU NO MINISTÉRIO PÚBLICO

COMO ME SINTO APÓS O PRESENCIADO NA SESSÃO DA CÂMARA BAURUENSE NO DIA DE HOJE
Tudo o ocorrido na tumultuada sessão da Câmara de Vereadores de Bauru nesta semana passa já para o folclore da cidade. Folclore, negativo, claro. Mais um. Ali não ocorreram somente infrações, meras irregularidades, mas aberrações jurídicas. O grupo comandando pela Mesa Diretora, três vereadores da base governista, atuando cegamente na defesa dos interesses da alcaide, a incomPrefeita Suéllen Rosim, compondo no total 9 vereadores, de um total de 17. O que se percebe destes é a incapacidade de, em algum momento, acontecer de um deles ousar votarem desacordo com o decidido pelo grupo. São muito fechados em si e cegamente levantam de suas mesas e, simplesmente, votam. Abrem a boca, dirigem-se ao microfone da casa e sacramentam algo decido em grupo, não se sabe em que condições. Com estes, impossível algum tipo de argumentação, que os demova a ideia de que a privatização nos moldes sugeridos, repassando R$ 3,5 bilhões, numa espécie de “carta branca”, possa ser um péssimo negócio para cidade. Todos estes votam de forma cega, em algo a ser estudado e entendido. Enfim, o que ocorre nos bastidores para ocorrer uma votação tão sincronizada, sem a mínima possibilidade de algum destes “mijar fora do penico”? Isso merecerá, com certeza, amplo estudo futuro, talvez até teses acadêmicas, dentre tudo o que já ocorreu dentro da Casa de Leis bauruense ao longo de sua história.

Eu, nos meus 63 anos, tive o prazer e o desprazer de ter presenciado muitas sessões de teor igual, parecido, com menor ou maior intensidade, mas todas, refletindo muito bem algo da época onde aconteceram. Quando estava lá, primeiro do lado de fora da Câmara e depois, do lado de dentro, impossível não me lembrar do dia, com pneus queimados na esquina da avenida Rodrigues Alves com Azarias Leite e o então prefeito, cassado momentos antes, escapulindo no carro do Ayub pelo portão de entrada dos veículos. Olho para trás, me vejo novamente no mesmo cenário e com conjunturas com muita similaridade. E eu, junto dos que não só protestavam, mas tenho a mais absoluta certeza, estivemos ao lado de algo propondo o bem para essa cidade. Disto tenho orgulho. Meu envolvimento sempre se deu contrariando a corrente de poderosos que, tomando de assalto o poder local, fizeram e desfizeram, usufruindo de benesses e massacrando os interesses populares. Sempre com muito dinheiro em jogo. Não me lembro do montante na época do Izzo, mas hoje a bagatela é uma milionária cifra batendo recorde, alcançando os R$ 3,5 bilhões.

A bizarrice do que vi acontecer desta feita dentro do salão principal da Câmara é pra ser retratada como fosse peça de ficção, impossível de acontecer num espaço seguindo os ditames de algo a seguir preceitos democráticos. Tudo ali, desde o começo passa ao largo de alguma conotação democrática. Irregularidades seguidas e assim ocorrendo, pois a reação até agora tem sido pífia. Deixaram algo ocorrer sem a devida consistência jurídica, deixaram duas e quando viram, tudo se tornou rotina, dito e visto como natural. Tudo de permissividade é lá tolerado e sob vistas grossas. Mas tudo tem um limite. Mas como conter algo, se a porteira já tinha sido aberta e agora, o lado de lá se fortaleceu, criou musculatura e, infelizmente, está até mais forte do que a resistência? Não é fácil, não será fácil, nunca foi fácil. Descrever o ali ocorrido, passo a passo, outros já fizeram e não quero repetir algo já lido por aí.

Estou a tentar interpretar, ao meu modo e jeito, da insanidade ali em curso e do que pode ainSim, aqui e da ser feito para reverter a situação. De uma coisa, pra começo de conversa, se faz necessário deixar bem claro: nossa Câmara está doente, talvez em estado até terminal, mas nada muito diferente do que vemos hoje ocorrendo na maioria dos parlamentos nacionais. O que foi visto aqui se difere muito do que se vê sendo feito pelo sr Lira, presidente da Câmara dos Deputados e pelo sr Pacheco no Senado? Daí já se entende como será difícil reverter o ocorrido, mesmo existindo muitos motivos e razão para tanto. Nem sempre vence o dito Bem. Tudo é fruto de intensa luta.

Muito jogo de cena, não só do lado da situação, o a defender cegamente os interesses da alcaide, mas também os do lado de cá. Suspeita-se que, alguns dos que gritam em alto e bom som, o fazem de comum acordo com a parte contrária. Seria possível? Tudo é possível neste jogo onde a ideologia deixou de ser a mola mestra das relações políticas. Tem muita gente hoje com discurso progressista, mas na hora do vamos ver vota de acordo com o que prega o inimigo. Isso acaba de acontecer na Argentina, na votação da Lei Ônibus. Opositores a Miles esbravejaram durante todo o tempo, mas na hora do voto, se perfilaram ao seu lado. Isso pode ocorrer na Câmara bauruense? Sim, aqui e por todos os lugares. Dos vereadores que estiveram a defender essa privatização criminosa, pela forma como foi construída e, por fim, como foi alcançada a aprovação, nada mais a dizer. Só mesmo entrando na Justiça contra, não só a Mesa Diretora, mas todos, pois agiram de comum acordo, selado e levado à execução como visto numa espécie de “pacto de sangue”. Todos merecem o pior, a perda de seus mandatos. Já dos que se mostram hoje como oposição, neste momento unidos, mas um “balaio de gatos”. Não dá para ouvir calado e sem se sentir incomodado com um “Meira, nunca critiquei”. Existe hoje convergência, mas vou adiante, seria possível algo em conjunto visando a eleição municipal, onde estes todos estariam juntos, como o ocorrido na eleição de Lula, tudo para vencer o capiroto Bolsonaro? Impossível, difícil ou razoável? Isso é outra história, por ainda vale a união de interesses, para algo em curso, neste momento sendo resumida na judicialização do ocorrido, enfim, só mesmo a Justiça para reestabelecer algo de normalidade dentro da Casa de Leis bauruense.

Era isso, por enquanto. A cabeça continua fervilhando e sendo colocada pra funcionar, mesmo que aos trancos e barrancos, diante de tudo, não existe quem não esteja um tanto confuso. Confuso, porém ciente de que, algo precisa ser feito e com urgência. Já estou envolvido em algo, que contarei em detalhes por aqui nos próximos dias. No momento, deixa primeiro se consolidar. O fato é que, se não fiquei quieto e contido no meu canto em tantas outras oportunidades, não será agora, com tão pouco tempo de vida pela frente, que irei recuar, vestir um calção de banho e ficar à beira da piscina. Continuarei na lida e luta, sem pedir licença, usando as poucas armas que disponho, como a escrita e alguma organização a resistir deste avanço das iniquidades, deste modo perverso da ultradireita de fazer política. Nos vemos pela aí.

BRASIL: CRÔNICA DE UMA TRAGÉDIA ANUNCIADA, por ERIC NEPOMUCEMO*
* Texto publicado no domingo, 12/05/2024, no melhor jornal latino-americano, o argentino Página 12:

O Rio Grande do Sul, como o nome sugere, é o estado mais meridional do Brasil. Possui extensa fronteira com o Uruguai e, em menor distância, com Argentina e Paraguai.
Sua população varia, segundo os institutos, entre a quinta e a sexta maior do Brasil. E tem a quarta maior economia.
Produz 70% do arroz brasileiro, 40% da soja, além de produzir parte substancial de carne bovina, suína e de frango.
Nas últimas duas semanas, sua capital, Porto Alegre, radicalmente ao contrário do seu nome, transformou-se em um panorama muito triste, dramático, com cenas de destruição ambiental nunca antes vistas no país.
Seus habitantes contemplam, maravilhados, imagens da cidade coberta de água e lama.
Alguns centros culturais com longa tradição e intensa atividade estão agora encobertos e lisonjeados. Não existem mais praças, parques ou jardins.
A desolação é total.
A água potável tornou-se um tesouro, inicialmente contestado ferozmente, e depois praticamente desapareceu.
Caminhões carregados de água chegam de cidades próximas e seu conteúdo é dividido em quantidades mínimas. Cargas de água e outros utensílios chegam de todo o Brasil, mas até o último sábado sua distribuição não havia começado.
Nas cidades vizinhas, igualmente afetadas pelas aglomerações, foram resgatados quase dez mil animais, principalmente cães e cavalos. Ainda não se sabe quantos foram perdidos para sempre.
Os dados mais recentes apontam para 136 mortos, 125 desaparecidos e pelo menos mil afetados diretamente, levados para hospitais e centros de saúde. Pelo menos 350 mil residências foram destruídas e o número exato de edifícios que abrigam escritórios e lojas afetados ainda é desconhecido.
Cálculos iniciais indicam que serão necessários dois bilhões de dólares para recuperar o que foi destruído. E o presidente Lula da Silva já destinou 800 milhões de dólares para, se necessário, importar arroz: estima-se, embora sem confirmação, que mais de metade da colheita do estado sulista, principal fornecedor do país, foi perdida.
Cinco cidades vizinhas, muito próximas de Porto Alegre, foram gravemente afetadas. Em Eldorado do Sul, seus 42 mil habitantes tiveram que deixar primeiro suas casas e depois a cidade. Não há água nem eletricidade e os saques continuam a aumentar.
Em São Leopoldo o prefeito viu como sua casa ficou coberta de água, deixando apenas o telhado visível.
O prefeito de Porto Alegre, o direitista Sebastião Melo, pouco falou. Agradeceu a ajuda recebida, as doações enviadas pelas pessoas físicas e pronto.
Já o governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite, fervoroso seguidor da desequilibrada extrema-direita Jair Bolsonaro, que devastou o país durante a sua presidência – de 2019 a 2022 – optou por dizer que não é hora de encontrar culpados.
E nisso ele está completamente certo.
Das 23 bombas de sucção de água justamente para evitar o acúmulo de água, apenas seis funcionam.
No ano passado, a prefeitura de Porto Alegre não deu pouca importância à proteção ambiental.
O governo do Estado já aplicou exatos dez mil dólares no setor de Defesa Civil.
Não é hora de encontrar culpados porque não é necessário encontrá-los. Eles estão à vista.
E o principal deles é justamente Eduardo Leite, que até agora se esforçava para ser indicado por Bolsonaro para concorrer com Lula da Silva nas eleições presidenciais de 2026.
Suas reivindicações foram lavadas. Eles naufragaram.

domingo, 12 de maio de 2024

AMIGOS DO PEITO (225)


EU E DUÍLIO DUKA, INVETERADOS AMANTES
Sempre que nos encontramos, o que hoje raramente acontece, pois Duilio Duka se bandeou de mala e cuia para a não tão vizinha Botucatu, distante de Bauru uns 100 km, atendendo pedido de sua Rosana Zanni e deixando desamparados legião de amigos, pois bem, sempre nos reencontros ele me sussura:

- Você sabe que eu gosto muito de você.

Diz isso e some, apressado, na primeira esquina ou na primeira sala. Pessoa de pouca acuidade, até hoje não consegui decodificar o que ele, Duka, quer realmente me dizer com aquele "você sabe que eu gosto muito de você". E vá ver que só queria dizer exatamente isto, nada mais. Mas deixa pra lá, eu também gosto muito dele. 

Ainda por estes dias relembrava algo e num certo momento, outro amigo, Jesus Garcia se penitenciava de apoio dado pra outro candidato pra vereador, em eleição lá atrás no tempo. "Ah, se tivessemos dado apoio para o Duka, tudo poderia ter sido construído de forma diferente". Sim, disto nenhuma dúvida. Tudo se constrói diferente com outra pessoa. Vou além disso, Duka já estava pronto e acabado. Teríamos tido outra formação e constituição petista na cidade, talvez até nem tivesse isso de um dono querer hoje mandar em tudo.

VÁLTER, O BIGODE E REQUENA
Válter é vendedor ambulante e monta sua barraca em várias feiras da cidade. Ou melhor montava. Por décadas era visto todo domingo na Feira do Rolo, numa banca bem defronte a Associação dos Aposentados, bem ao lado da famosa banca de livros do Carioca. Cansou do ponto fixo, passou o lugar para outro e foi seu gauche na vida, ou seja, virou mabembe. Conhecido também por Bigode, sua improvisada barraca estava sempre em eventos diferenciados em Bauru, como a Parada da Diversidade, na Nações ou mesmo o Aniversário da cidade. Ou seja, via uma possibilidade, comprava produtos ligados ao evento e ali comparecia, mas o tempo foi passando e o corpo não mais permitia ir a todos, estar em todos os lugares. 

Hoje, sua feira onde bate cartão é lá perto da Hípica e de sua casa. Neste domingo veio matar saudade dos tempos quando comparecida todo domingo na do Rolo. Rever os amigos ali deixados é algo feito e assim o reencontro com os olhos marejados. Quando me fala de uma pessoa, já falecida, presença também constante na feira dominical, o jornalista Benedito Requena, o levo até a banca do Carioca, onde tinha acabado de ver ali exposto o seu livro de memórias. Bigode permaneceu com o livro nas maõs por um bom tempo e passou a relembrar as conversas travadas com Requena. "Eu adorava conversar com ele. Era muito atencioso conosco, os trabalhadores da feira. Ele chegava por aqui sempre tarde, tipo lá pelas 11h30 e depois ficava até desmontarmos tudo. Ele sabia ouvir, atencioso e não era desses de ficar dando conselhos. Creio eu, se colocava no lugar da gente antes de dizer alguma coisa. Eu percebi isso e senti muito quando se foi, pois perdemos um ótimo papo", conta. 

Ouço muito o que Bigode me conta hoje pela manhã e, também como frequentador da mesma feira, via todo domingo os dois, Requena e ele, proseava com ambos, porém neste momento, muitos outros resistem ali na feira, porém ressalto o Carioca e o Chico, ambos no mesmo espaço, bem defronte o prédio da Associação dos Aposentados, tocando este barco adiante. O espaço destes dois é hoje algo único na cidade, além de ser também, um ponto de tantos reencontros, aproximações e muita conversa. FIco triste e acabrunhado nos domingos em que não posso ali marcar presença. Eu me recarrego exatamente ali naquele pequeno espaço físico.

MARCÃO JÁ ENXERGOU COMO SERÁ O DIA DE AMANHÃ NA CÂMARA DE VEREADORES DE BAURU
Textículo da Bauruzão
A harmonia em breve estará restabelecida em Bauru, fiquem tranquilos!! Já tem data marcada.
Na próxima segunda-feira, dia 13, já está tudo armado, tudo pronto para a cidade retomar a paz... a privatização da ETE será votada e aprovada em sessão extraordinária convocada pelo presidente da casa.
Com isso o reajuste dos servidores poderá ser votado, assim como a verba da cultura, a prefeita seguirá no cargo rumo ao segundo turno e talvez até um novo mandato para futuramente ter seu reconhecimento nacional ao participar de futura edição do reality show 'Mulheres Ricas'.
E o cidadão que conseguir pagar a conta de água pode se considerar um sobrevivente de uma hecatombe nuclear.
Saudações Fodidas!!
Marcos Paulo Casalechi Resende, o Marcão Comunista em Ação.

AH, COMO QUERIA TER MINHA MÃE, NESTE MOMENTO, ESPREMENDO MINHAS ESPINHAS
Viva ela, dona Eni Perazzi de Aquino e também a Supermãe do já saudoso Ziraldo.

PAULO CÉSAR PEREIO SEMPRE FOI TUDO DE BOM E MAIS UM POUCO

Faltam hoje contestadores como ele. Eu sempre vibrei com suas ações fora da curva...

sábado, 11 de maio de 2024

O QUER FAZER EM BAURU E NAS REDONDEZAS (172)


ÚLTIMO DIA DE FUNCIONAMENTO DO ARMAZÉM DO CAMPO DO MST EM BAURU
Dia triste e um almoço de despedida. Por lá, os amigos que sempre prestigiaram a casa durante todo o seu tempo de funcionamento. Esta unidade do Armazem do Campo só foi possível abrir suas portas por causa de Milton Dota, o proprietário do imvóvel, falecido recentemente. Ele comprou a ideia do Armazem do MST funcionar em Bauru desde que foi apresentado a ela e para tanto, disponibilizou um de seus imóveis, a preços módicos. E assim, desta forma e jeito, subsidiado pela ação de um militante social como poucos, tivemos por alguns anos, aberto ali na rua Araújo Leite, entre os trilhos férreos e a rua Inconfidência, cem metros da unidade local do Poupatempo.

Tudo foi muito bom enquanto durou. Por detrás de tudo duas pessoas de considerável magnitude, a gerente (sic) Joyce e Pedro, um faz tudo, desde caixa a atendente de balcão. Junto destes uma equipe de gente com ligação umbilical com o MST, em sua maioria procedentes do assentamento de Promissão, pouco mais de cem quilometros de Bauru. Olho para trás e me vejo como um dos culpados pelo Armazém ter tido vida tão curta em Bauru. Sim, poderia ter ido mais, comparecido mais, participado mais e quando não o fiz e ciente da necessidade de fazer de tudo e mais um pouco para essa boa iniciativa não só brilhar, como vingar.

Agora é tarde. Lamentações são até pertinentes, mas se algo poderia ter sido feito, este tempo já se foi. Ouço hoje por lá, algo de bom diante do momento triste. Existe uma possibilidade sendo estudada do Armazém renascer em outro espaço e isso é visto por mim como alentador. O Armazém é uma experiência revitalizante neste momento brasileiro. Eu, por exemplo, emérito tomador de leite, só compro leite advindo de assentamentos e hoje, o Terra Viva, só encontro no supermercado São Judas, ali na rua Primeiro de Agosto. Um ótimo leite. Vou lá todo mês e trago minha caixinha com 12 litros e os consumo durante trinta dias. Este, infelizmente, vi quando da abertura sendo vendido no Armazém, mas depois não mais. Eles também começaram com um ímpeto, inclusive com verduras e legumes, mas depois não resistiram. Não havia como competir em preço, mesmo sendo sem agrotóxicos. Abriram mão de muitos produtos e pouco a pouco a loja foi perdendo muito dos seus atrativos.

Perderam muitos produtos em suas prateleiras, mas mantiveram até o fim, a vitalidade de um valoroso espaço, sendo utilizado como de resistência. Arthur Monteiro Jr vai até seu último dia ali apresentando filmes épicos e históricos, como "Cabra Marcado para Morrer", documentário de 1984, do Aduardo Coutinho, sempre apresentados com lindos debates. Depois, os muitos lançamentos, as festas todas, as palestras e o espaço sendo cedido para eventos variados, desde que dentro da linha libertária do MST. Toda vez que a luz por ali estivesse acesa, tinhamos a certeza de algo de muito bom acontecendo ali no local.

Vai deixar saudade. Hoje mesmo, no almoço de despedida, muito bom reencontrar gente que fazia tempo não via por ali. Melhor ainda quando, como acontecido comigo, alguém se aproxima, me chama para sua mesa, pede para sentar e tenta me reavivar a memória. "Você se lembra de mim? Sabe que trabalhamos juntos décadas atrás?", me disse. A cabeça varia e vareia, mas quando assim forçada a lembrar, sento paro e após instantes de rememoração, tudo volta. Ao final de tudo, fui agradecer uma senhora da cozinha, com um lindo avental da Mafalda com o símbolo do MST nas vestes e a agradeço. "Tomara, tudo dê certo e as reencontre novamente em breve, daí, vamos nos unir mais e fortalecer, criar motivos para estarmos mais juntos, pois é disso que precisamos", disse. Com uma moqueca de banana, muito saborosa e não sei nem onde poderei encontrar algo assim, com produtos realmente naturais e sem agrotóxicos na cidade. 

Enfim, estive lá e na ida, muitos reencontros. Já marquei algo junto do advogado Arthur Monteiro Jr para a próxima semana, com a artista Maria Inez Martinez de Rezende, que não via há tanto tempo e agora, me disse, queria estar se infiltrando por tudo o que ocorre de acontecimentos relacionados aos esquerdistas na cidade. Querendo se reencontrar com a cidade, procurou o Armazém, justamente no seu último dia de funcionamento. Tomara a gente consiga ir se reencontrando pela aí, mais e mais, nem que seja também nas ruas, como na movimentação da greve dos servidores municipais. O Armazém nos unia...

REVOLUCIONÁRIAS PESSOAS
Essa é a JOYCE, quem esteve à frente da loja do Armazém do Campo, iniciativa do MST país afora e aqui em Bauru, funcionando na rua Araújo Leite, até o final do dia de hoje. Ela, oriunda do assentamento de Promissão, afilhada do padre Severino Leite Diniz Diniz, mentor espiritual de uma legião de desbravadores e lutadores sociais, ficou na frente do Armazém até quando puderam resistir. 

Não é mesmo fácil vender produtos sem agrotóxicos, com preços pouco acima dos oferecidos pelo cruel "mercado" quando diante de uma enxurrada de preços mais convidativos, porém nos levando mais rapidamente para o cadafalso. 

Joyce não perdeu o belo sorriso, nem na despedida, pois nutre forte esperança de ainda vingar algo novo, uma continuidade num outro espaço e com a proposta renovada, daí mais e mais incentiva por essa legião de gente necessitando de um espaço fixo para ser, fazer, acontecer, conspirar e propor uma revolucionária forma de tocar a vida.

A LUTA CONTINUA - UM BASTA IMEDIATO E PEDIDO DE PROCESSANTE PARA TENTAR COLOCAR A CASA BAURUENSE EM ORDEM