domingo, 31 de agosto de 2025

RELATOS PORTENHOS / LATINOS (150)


A MARCHA DO ORGULHO SÓ FAZ SENTIDO QUANDO NA RUA, FESTA COM REIVINDICAÇÃO DE DIREITOS CIVIS - A MARCHA TEM QUE DESCER PELAS RUAS, COMO ANTES E DEIXAR DE SER PARADA
Confesso, tinha muito prazer e alegria em participar das antigas marchas, quando a Parada do Orgulho se organizava lá nos altos das Nações, praça da Paz e descia a avenida, com carros de som e e neles, bem nítido, não só a festa, algo muito necessário, mas a reivindicação, uma eterna luta desta segmento e de todos os demais. Era um verdadeiro e original congraçamento ocorrendo nas ruas bauruenses e brasileiras. Foram anos de intensa atividade> Ousaram ir buscar carros de som em outras cidades e estes vieram, estiveram abrilhantando a festa. Hoje não, tudso contido, num lugar só e estático, diante de um palco. No mínimo perdeu-se o caráter reivindicatório, com aquelas faixas e cartazes com que todos desciam a avenida. Ficou só a festa, porém, sem o brilho de antes e sem reivindicar mais nada. Seria mais do que interessante uma retomada das ruas. Este meu ponto de vista.

Assistam este vídeo exatamente sobre o que foi e o que é hoje algumas paradas, antes marchas da diversidade: 

DEZ ANOS ATRÁS TÍNHAMOS MARCHA DA DIVERSIDADE, HOJE MERA PARADA, QUASE SEM DIVERSIDADE, MEROS SHOWS NO PALCO E AGITAÇÃO NO SEU ENTORNO
Em Bauru, há dez anos atrás foi assim. Estive em todas as Marchas, já das Paradas, estímulo em baixa, propositura é bem outra, daí, a evidente queda de público:


A PARTIDA DE LUIS FERNANDO VERISSIMO
Veríssimo tinha um sorriso - e um olhar enigmático. Um sorriso que não era bem de riso, mas uma expressão solta, de tio boa praça. Algo padrão Mona Lisa, se quisermos sofisticar. 

Nunca soube se quando ele olhava para nós tentava nos entender, se tinha alguma condescendência ou se apenas observava para pensar depois, quando talvez tivesse tempo. Xi Jinping tem expressão semelhante. Ali se pode dizer coisa como "o milenar enigma chinês". Não existe o "milenar enigma gaúcho" e nem o "milenar enigma do Inter", seu time eterno. 

O sorriso do Veríssimo parece ter algum plus a mais, como se diz por aí. O sorriso falava mais, muito mais que sua economia na fala. Era um olhar sobre os rumos e desrumos do Brasil? Do mundo e suas redondezas? De que as coisas não andavam bem, mas dá para levar? 

Não sei. Voltemos a Mona Lisa que é mais fácil...
Gilberto Maringoni

o poder de destruição de governos fundamentalistas
O TECIDO VIVO DAS BIBLIOTECAS POPULARES E O FIM DAS BIBLIOTECAS RAMAIS, ANTES ESPALHADAS PELOS BAIRROS BAURUENSES
Aproveito o título de artigo escrito para o diário argentino Página 12 pela jornalista Miranda Carrete e discorro sobre o que acontece em Bauru, quando a atual administração municipal, tendo início quando da pandemia, justamente no momento em que poderiam ter feito algo para ampliar o número de frequentadores das bibliotecas, fecharam a maioria delas. Foi um brutal processo de aniquilamento das bibliotecas populares, encravadas nos bairros periféricos de Bauru. Fecharam os ramais, não se sabe o que fizeram com a quantidade de livros até então existentes, priorizando o atendimento da Biblioteca Central, a Rodrigues de Abreu, mas sem um plano focado no leitor. Optaram por embelezar a mesma, junto do Teatro Municipal, desprestigiando as demais, porém, os resultados são os mais pífios possíveis. Sabe o ditado de “pode fora bela viola, por dentro pão bolorento”, o mesmo cai como uma luva para quem, hoje no comando das bibliotecas públicas municipais, sem entender e gostar do livro, age como agente emperiquitado, ou seja, quer aparentar algo, mas na verdade, destrói tudo.

“Onde há uma biblioteca aberta, há memória, diálogo e um futuro compartilhado. Ali, direitos são exercidos: ao conhecimento, à beleza, ao brincar, à imaginação de outros mundos possíveis. Embora pareçam silenciosos por fora, sempre há vida lá dentro: um grupo de leitura com crianças, um grupo de mulheres escrevendo sua história, uma vizinha que ousa ler em voz alta pela primeira vez. Página 12 conversou com bibliotecários e vizinhos de diferentes províncias para saber mais sobre como eles sustentam esses espaços vitais e os desafios que enfrentam”, eis o começo de revelador texto sobre a importância de se manter bibliotecas nas periferias das cidades e de como se dá o processo de aproximação com leitores, mantendo alguma organização e, principalmente, disposição de ser, fazer e acontecer. Eis o link da matéria completa: https://www.pagina12.com.ar/853292-la-trama-viva-de-las-bibliotecas-populares

É inconcebível observar o que tínhamos de bibliotecas ramais num passado não tão distante – antes do início do desGoverno de Suéllen Rosin – e hoje, após 5 anos e, praticamente, a destruição das bibliotecas ramais, diga-se, nos bairros. Não adianta vir com historinha “cerca lourenço” de que, trouxeram contadores de histórias e afins para os bairros, pois isso não cola. Tudo maquiagem, pois isso só ocorre raramente e quando ocorre, a propaganda é grande. No mais, um vazio destruidor de Cultura, aniquilador de cabeças pensantes. Fechar as ramais, prédios hoje abandonados e sublocados para outras atividades deveria ser considerado como CRIME de lesa-pátria.

Algo mais da realidade argentina, com o também desGoverno de Javier Milei, outro destruidor de Cultura, fechando não só bibliotecas, mas dando fim ao serviço público em todas suas esferas. “O que seria de uma comunidade sem sua biblioteca pública? Administradas majoritariamente por mulheres, professoras, bibliotecárias ou vizinhas, elas são muito mais do que estantes repletas de livros: funcionam como espaços de cuidado, encontro e ativismo . Para muitas pessoas, são o primeiro contato com a leitura ou a possibilidade de escrever. Há mais de um ano, essas instituições são ameaçadas pelo corte de verbas da Comissão Nacional de Bibliotecas Públicas (CONABIP) e pela transferência de meses de mobilização conjunta entre bibliotecas, artistas, trabalhadores da cultura e organizações comunitárias”. Nada diferente do que Suéllen Rosin colocam em prática em Bauru. Uma vergonha institucionalizada, onde para constatar o descalabro, hoje nos postos de comando relacionados à bibliotecas, gente que nunca havia trabalhado no ramo, todos porém com uma especialidade, essa comprovada e explícita: são apaniguados da alcaide, pouco se importando se estão qualificados para o exercício da função a eles determinada.

Na matéria do jornal argentino, a comprovação de algo também existente em Bauru: o algo de diferente no setor ocorre de forma paralela e por agentes independentes, atuação desconectada do poder público. Cito Rose Barrenha e seu projeto ligado à Casa de Frida, quando num dos braços de tudo o que faz, procura expandir bibliotecas populares e independentes, inclusive com Caixotes Literários. Se o poder público municipal estivesse de fato interessado em propagar Cultura e, no caso, livros, leitura, teria o máximo interesse em, primeiro, manter as bibliotecas ramais abertas, depois expandi-las e, por fim, atuar em conjunto com as comunidades. Não o faz, porque o intuito de administração fundamentalistas é bem outro. Querem distância de povo bem informado e sabendo discernir o certo do errado, pois se assim ocorrer, terão vida curta. As bibliotecas pelos bairros é só uma pequena pontinha de tudo o mais em curso. Suéllen e Cultura não possuem nenhuma afinidade.

Nenhum comentário: