SEXTA SANTA, CRIANÇAS DECLAMANDO NUMA ESCOLA E UMA ACADEMIA DE BOXE
Em março de 2008 fiz uma viagem dos sonhos, circulando por toda Cuba, em algo que acabou transformando minha vida para todo o sempre (idem para a do Marcos Paulo, meu companheiro de viagem). Os dezenove dias lá passados não me saem da mente. Retorno a eles a todo instante. Mas qual seria a grande e sensível mudança imposta a mim diante do que presenciei por lá? Foi a real possibilidade de algo que lutamos tanto por aqui, a de que um outro mundo é possível, mais justo, onde o respeito ao povo ocorra na sua excelência, com saúde, educação, cultura, alimentação, emprego para todos e mais que isso, água, luz praticamente gratuitas e telefone num custo reduzido. Um paraíso dentro do planeta Terra. Reside aí o motivo da ira dos capitalistas. Eles não aceitam isso ser distribuído gratuitamente ao povo e assim sendo, não ganham em cima da usura de uns poucos sobre a maioria. É um país realmente diferenciado, único. Eis porque o defendo com unhas e dentes.
Relato hoje o ocorrido em Santiago de Cuba, 21/03/2008, sexta-feira santa, um dia religioso para os cristãos, feriado no Brasil, mas não em Cuba, pois é um estado laico na acepção da palavra. Dá espaço para todas as religiões, porém impõem limites e regras. Uma delas é essa: a não existência de feriados religiosos de nenhuma espécie. Nada mais acertado que isso, para não privilegiar nenhuma religião. Em Cuba os posicionamentos religiosos valem somente para os seguidores daquela religião e não para toda sociedade. Se uma religião prega algo contra o uso de preservativos, pílulas abortivas, métodos contra-asseptivos, etc, esses valem somente para aqueles que seguem aquela religião. No Brasil, a religião quer ter mais influência do que merece e pode ter. Querer impor o pensamento da crença, como do próprio Estado não cola em Cuba. A religião contribui para desviar o foco revolucionário, pois a pessoa fica naquela esperança de que um salvador virá resolver seus problemas. O revolucionário não pode tirar os pés do chão e acreditar no sobrenatural.
Ouvimos algo nesse sentido na TV logo pela manhã. Também pela TV, uma das palavras mais ouvida é “dessaroyo”. A tradução mais apropriada é desenvolvimento. Ela possui uma dicção bonita de ser escutada. No programa “Mesa Redonda”, em pouco mais de dez minutos, lá está o tal dessaroyo repetida várias vezes. Estamos com sorte, o sol invade nosso quarto, o que facilitará o nosso deslocamento, sempre feito a pé. Tiramos a manhã para caminhar. Caminhamos por trás do hotel La libertad e em quatro quadras já adentramos um bairro dos mais populares. Casas mais simples, porém com ruas todas muito limpas e sem lixo espalhado, tudo no seu devido lugar.
Encontramos uma escola ocupando toda uma quadra. Paramos para conversar com uma professora. Ela nos pede para não tirarmos fotos. Foi uma pena, eram lindas, pois chamou todos os alunos na grade para “declamar poesia cubana para os visitantes”. Muitos deles declamaram, algumas vezes todos juntos. Foi de arrepiar. No fim da rua, um mirante e de lá observamos melhor o porto e a cidade toda. Logo a seguir entramos numa Academia de Boxe. A diretora nos autoriza a entrar, mas pede que não tiremos fotos, pois temem espionagem. Sabemos que os boxeadores cubanos são disputados no mercado capitalista. Conversamos com um treinador e percorremos todas as instalações. No dia seguinte, 10h somos convidados a voltar e assistir algumas lutas. A caminhada continua, mas conto mais no próximo post.
UMA CARTA NO JC E A MINHA RESPOSTA
Na segunda, 12/10, carta de SIDNEI RODRIGUES, na Tribuna do Leitor JC,"Rio 2016 - Sonho irreal":"Sediar jogos olímpicos é para país de primeiro mundo. País que já erradicou o analfabetismo. Que tem justiça, que serve para todos. Que paga salários dignos a professores e médicos. Que tem 100% de casas com esgoto tratado e água potável ao alcance de todos. Que tem malha viária de boa qualidade (e sem pedágios). Que não tem mais crianças morrendo de doenças associadas à pobreza. Que não tem trabalhador morrendo em corredor de hospital. Que não tem velhinhos com receita médica engavetada. Que não faz obra pública com superfaturamento. (...)"
"Olimpíada, onde mesmo?" - Tribuna do Leitor, Jornal da Cidade, edição de hoje, respondo à minha maneira:
Li com a devida atenção a carta de Sidnei Rodrigues, “Rio 2016 - Sonho irreal”, publicada na Tribuna do Leitor em 12/10. Concordo com o teor de sua carta em gênero, número e grau. O missivista elencou uma série de necessidades que o País precisa ver atendida para poder realizar uma Olimpíada. Analisei um por um por um, com todo o cuidado. Chego à conclusão de não existir um só país no sistema capitalista, mesmo os do denominado Primeiro Mundo, com capacidade para atender todos os itens. Nem os EUA, Alemanha, França, Canadá ou Japão conseguem. Sempre falta algo. Porém, achei um a preencher todos os requisitos, um único, Cuba. Só a pequena ilha estaria totalmente apta a realizar os Jogos Olímpicos daqui para frente, seguindo ao pé da letra os itens propostos pelo missivista. Portanto, usemos cada vez mais o exemplo da pequena e resistente ilha. E analisem também o carinho e atenção dado ao esporte naquele pequeno país. Nenhum outro age igual. Obrigado, senhor Sidnei, por me propiciar esse exercício de verdadeiro reconhecimento a essa pequena grande nação.
Li com a devida atenção a carta de Sidnei Rodrigues, “Rio 2016 - Sonho irreal”, publicada na Tribuna do Leitor em 12/10. Concordo com o teor de sua carta em gênero, número e grau. O missivista elencou uma série de necessidades que o País precisa ver atendida para poder realizar uma Olimpíada. Analisei um por um por um, com todo o cuidado. Chego à conclusão de não existir um só país no sistema capitalista, mesmo os do denominado Primeiro Mundo, com capacidade para atender todos os itens. Nem os EUA, Alemanha, França, Canadá ou Japão conseguem. Sempre falta algo. Porém, achei um a preencher todos os requisitos, um único, Cuba. Só a pequena ilha estaria totalmente apta a realizar os Jogos Olímpicos daqui para frente, seguindo ao pé da letra os itens propostos pelo missivista. Portanto, usemos cada vez mais o exemplo da pequena e resistente ilha. E analisem também o carinho e atenção dado ao esporte naquele pequeno país. Nenhum outro age igual. Obrigado, senhor Sidnei, por me propiciar esse exercício de verdadeiro reconhecimento a essa pequena grande nação.
Por que fogem?
ResponderExcluirLi atentamente à carta do senhor Henrique Perazzi de Aquino, com certeza, comunista. Tudo bem, todos têm o direito no atual regime de pensar e ser o que bem entenderem. Mas sempre tem um mas. Pergunto ao senhor Henrique Perazzi de Aquino: se viver em Cuba, “essa pequena grande nação”, é tão bom, por que tantos cubanos fogem em busca de um país capitalista? Em especial, os odiados Estados Unidos?
Augusto de Oliveira Leme
Essa carta reproduzida aí em cima saiu hoje publicada na Tribuna do Leitor, em resposta à minha. Me acusa de comunista, fala sobre a fuga de cubanos, mas não diz se tinha ou não razão ao indicar Cuba como única a aten der todos os requisitos propostos para realização de Olímpiadas. Respondo ao JC e depois publico a mesma aqui.
Henrique, direto do mafuá
Senhor Henrique Perazzi Aquino, desculpe a demora para responder, mas só agora acessei seu Site. Uma coisa que eu não consigo entender, senhor Aquino: porque nunca vimos ou vemos um correspondente internacional falando " direto de Havana " para o Jornal Tal ? mostrando tudo o que é bom num sistema comunista ? Claro, deve haver um acordo entre os governos capitalistas e Fidel Castro, para que o dirigente Cubano proíba isso para não nos matar de inveja.Mais uma outra coisa que me intriga, senhor Aquino: onde, em que lugar do mundo o senhor viu o comunismo chegar ao poder e nele se manter através do voto ? O " melhor sistema " dever ser algo imposto ? As pessoas não tem maturidade para escolher livremente esse sistema ? Ele não é compatível com a democracia ?
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