segunda-feira, 2 de novembro de 2009

AMIGOS DO PEITO (31) - terça 03/11/2009

QUILOMÉTRICO DESABAFO E ALGO SOBRE ALGUNS AMIGOS E SITUAÇÕES
Voltando hoje ao trabalho formal, relato aqui, não algo sobre um amigo específico, mas vários ao mesmo tempo e um desabafo. Nesse três dias em casa, final de semana com feriado na segunda, aproveitei para permanecer enfurnado aqui mafuá, tocando ao meu modo um trabalho de pesquisa ferroviária (com data prévia para entrega). Dei o melhor de mim, mas também revi pessoas que me são gratas e li muito, como sempre faço.

Primeiro algo a nos constranger. A corrupção anda cada vez mais ao nosso lado, algumas vezes caminhando na mesma calçada. No escândalo da AHB – Associação Hospitalar de Bauru, um gaiato aqui no blog, usando do anonimato, se fazendo passar por um suposto Leon, tenta me associar ao ocorrido, pelo simples fato de um dos detidos ter também trabalhado na Prefeitura na administração anterior. E daí? O que isso teria a ver comigo? Nada, mas tem quem goste de confundir tudo e ironizar o indevido. O fato é que a corrupção está colada conosco, como demonstra a capa da última edição da semanal Isto É, com o título: “A corrupção que ninguém vê - 95% dos municípios brasileiros desviam recursos federais”. Ela é inerente ao sistema capitalista, onde o consumo é tudo. Todos querem ter sempre mais e mais, desde o mais pobre ao mais rico. Aquele que ironiza e acusa, tenta se fazer ver como impoluto, talvez aja pior do que aquele pego com a mão na botija. Só continua tendo mais sorte que o outro. A corrupção está mais alastrada entre nós do que possamos imaginar. Não nos espantamos com mais nada, o que ainda choca é ir vendo cada vez mais gente perto do nosso relacionamento em alguma “armação ilimitada”. Vejam o caso das críticas ao Lula. Muitos da elite o execram, mas na ação são infinitamente piores que ele. Ouço na rádio Auri-Verde, no programa “Plantão das Seis”, chacotas diárias desancando Lula, mas nada sobre o fato do dono da rádio já ter sido alvo de uma ação da Polícia Federal, onde foram levados R$ 3 milhões em espécie de um apartamento do filho deste. E por que agem assim? Será que nos vêem como bobos, imaturos e de memória curta? Espiar o próprio rabo (todos nós, viu!) é sempre muito bom. Somos corruptos até a medula, uns mais outros menos, uns com oportunidade de o serem, outros só observando outros o sendo, mas morrendo de vontade de participarem do butim. Que esse escândalo todo propicie uma investigação séria dos motivos da cúpula do PSDB na cidade (deputado Pedro Tobias) tentar retardar uma investigação séria na entidade. Por que, hem?

Deixemos de lado essas barbaridades e vamos aos amigos. Abro o Jornal da Cidade de ontem e na coluna 'Politicando', um texto curto e grosso, já citado nesse mafuá por duas vezes, do amigo Lázaro Carneiro: “Os Betos – Um de meus filhos quando adolescente, em um rompante de militância política de esquerda, ficou satisfeito ao ler no JC que padre Beto assumiria uma paróquia em nossa cidade. Procurei orientá-lo, pois estava fazendo confusão entre padre e frei, e ele me perguntou. – Qual a diferença entre padre e frei? E eu respondi que em se tratando de Betos a diferença é enorme”. Adoro o Lázaro e sua verve, sendo cada vez mais caipira e lazariano. Sou devoto desse Lázaro, que de santo não tem nada.

O lamento no feriado prolongado é pela situação de um primo paulistano, o Enzo Trombetti (na foto ao lado do João Albiero, que Enzo diz morar em "Apupos" - Palmas), preso a uma UTI após uma internação com fortes dores de cabeça. Torcemos por ele do lado de cá. Relembro um comentário dele, feito aqui no mafuá, quando do casamento da sobrinha Paulinha, em algo sobre o relacionamento entre parentes próximos: “Família é uma coisa engraçada, arrancam-se rabos daqui, rabos de lá, línguas triscam aqui e acolá, mas no fundo todos se amam e gostam muito de estar perto. Eu gosto muito de estar perto de vocês, mesmo porque há 330 km nos separando, essas oportunidades como o casamento da Paula são oportunidades únicas, lá nos abraçamos, tiramos fotos, falamos de política, futebol, quem morreu, quem nasceu e torcemos para que novos casamentos ou aniversários ocorram rápido para estarmos algumas horas juntos novamente. É isso aí, como dizia o Gonzaguinha, Essa é a vida, É bonita, é bonita e é bonita!!!”.

Sai sim nesses dias e o fiz para ir a apenas dois lugares.No primeiro, o aniversário da amiga Gisele Pertinhes, quando presenciei algo de grande valia para mim. Não sai do entorno de um velho fogão de lenha (quanto mais velho melhor), comandado pelas experientes mãos do amigo Sivaldo Camargo (que já foi manager de um buffet e conhece do riscado). Quase tudo no quesito comida ficou a seu encargo, desde o corte das carnes, a massa do macarrão, a preparação do molho (presenciei o corte do alho, da calabresa, a queima numa frigideira, o momento da ida para a panela, a retirada da água, a mistura e o degustar). Ele me contou do cuidado com o preparo de um feijão preto, desses a requerer um tempo interminável ao fogo, sendo o primeiro a saborear um caldinho, servido em uma xícara (na falta de cumbuca apropriada), sugado com colher, após um limão ser espremido sob o caldo quente. Lambi os beiços (repeti várias vezes o processo de reencher a xícara) e não me fiz de rogado, acompanhei tudo regado com cevada (nem sei se ela era recomendável para isso tudo, mas dela não me separo). Ele tecia loas às maravilhas de um fogão a lenha e dos improvisos, tendo que juntar gravetos, tábuas, mourões e toras encontradas nas redondezas, usando-as como lenha. A idéia inicial era fazer tudo num fogão normal, a gás, mas quando chegou por lá e deparou-se com aquela preciosidade, não resistiu e fez a opção acertada, afinal não é todo dia que os quitutes de um aniversário são preparados dessaforma. Sob aplausos de todos os presentes, Sivaldo não deve ter saído de perto do fogão nos dias que por lá passou.

Voltei ao Babalim, a cachoeira em Ribeirão Bonito, lá em Arealva e fui junto da amiga Zezé Ursolini. Bela manhã, uma corredeira junto às pedras a nos amenizar o tórrido calor desses dias, além da presença da simpática Roberta, uma das proprietárias a nos ciceronear pelo local. Acertamos uma catalogação do seu museu rural e fiz planos de lá retornar com os pais. Foi lindo ficar observando uma senhora paulistana de 84 anos, sendo carregada para dentro do rio pelo filho, de início com receio e depois, não mais querendo sair do seu interior. Saímos de lá revitalizados. Como nem tudo pode ser feito num só final de semana prolongado, dessa vez fiquei devendo passeios com o filho e a ida numa festa do Guto Guedes. Outros feriados virão e outros amigos estarão ao meu lado, afinal a vida só é válida quando vivida e compartilhada em conjunto. Isoladamente não vivo. Assim toco minha vida e algo salutar, pois nenhum dos amigos citados possui "nadica de nada" com esses negócios escusos, tão em voga no momento.

5 comentários:

  1. Como vc escreve bem!! seu texto é delicioso! Boa semana, meu amigo!
    abração

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  2. Como vc escreve bem!! seu texto é delicioso! Boa semana, meu amigo!
    abração

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  3. salve a simpatia....todo mundo mereçe um aceno...

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  4. Ehi, Siva:

    Essa tua frase, usada num momento totalmente inusitado, vai ainda gerar uma longa história por aqui, afinal é isso mesmo, "todo mundo merece um aceno". Façamos esses acenos e que eles sejam feitos também para nós. Grande abraço, amigo Sivaldo

    Henrique, direto do mafuá

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  5. HPA, o incançavel homem do mafuá, como sempre vendo e lendo seus escritos deparei-me comigo por ali, gostei e estou agradecendo a citaçao.
    um forte abraço.

    LÁZARO CARNEIRO

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