RELATOS E OS ENCONTROS EM UMA PARTIDA DE FUTEBOL - NUMA SÓ GOLFADA E PARÁGRAFO
Não fico sem um futebol ao vivo e como aboli o varzeano (dominado aqui em Bauru por grupos perigosos), o que me embala são os jogos do Noroeste. E cada vez que para lá me dirijo, difícil não lembrar de uma música do CARLINHOS VERGUEIRO (dele tenho entre LPs e CDs uns dez aqui no mafuá), a "CAMISA MOLHADA" cliquem aqui para ver e ouvir, algo tirado do santo Youtube: http://www.youtube.com/watch?v=pzFvDWBv32s (Fique de olho no apito/ que o jogo é na raça/ e uma luta se ganha no grito/ e se o juiz apelar/ não deixe barato/ ele é igual a você e não pode roubar./ O domingo é de guerra, o campo é de terra/ o boteco é do lado/ na hora marcada, a meia rasgada/ o joelho ralado/ é debaixo de chuva, é debaixo de sol/ é no meio da lama/ a vontade é de graça, a vitória é a taça/ do fim de semana/ É o chute no canto, é o Espírito Santo/ é a chance perdida/ é a falta de sorte, é a vida é a morte/ é a contrapartida/ é a fome, é a sede, é a bola na rede/ a torcida a favor/ a camisa molhada no corpo abraçada/ é seu único amor"). Noroeste X Rio Preto, Bauru, Alfredão, sábado, 13/03, 19h e lá vou eu para mais um jogo, esse na 16ª rodada do Campeonato Paulista da 2ª Divisão (depois dessa faltam só três para encerrar fase classificatória). Dos oito jogos em Bauru perdi um, contra o Linense, por absoluta incompatibilidade de compromissos. Nesse vou só, mas lá no estádio, quem está acostumado a ir aos jogos nunca se sente só. Dentre os pouco mais de 1.600 pessoas presentes, uma legião de velhos conhecidos, muitos estiveram em todos os jogos e até definir um lugar são paradas e paradas, muita conversa e a esperança coletiva, “ganhamos hoje”. Logo na entrada dou de cara com o Bruno e seu pai, noroestinos descontentes com a atual administração, mas nem por isso conseguindo ficar em casa. Na mudança de lado, para ficar atrás do gol do adversário ele me fala sobre uma preocupação. “Agora a Prefeitura, na pessoa do Secretário de Esportes Batata está assumindo a Panela de Pressão e as categorias de base do clube. Tudo bem, mas se algum garoto for revelado, quem irá ganhar com isso? Tem que ser só o clube e ninguém da Prefeitura ter participação nesse negócio”, alerta. A conversa renderia, mas o jogo estava rolando e logo adiante, Chico Cardoso, o artesão do Gasparini. Fico ao seu lado o primeiro tempo inteiro e sofremos com o empate e algo esperançoso de sua parte: “É sempre assim. Começamos bem, decaímos, passamos a jogar mal no primeiro tempo, o técnico acerta o time no intervalo e vamos ganhar no segundo”. Quem dá uma parada nos lanches e vem até nosso lado é o Uau-Uau, lancheiro e torcedor fanático. Fica até não mais poder e sai pouco antes do juiz apitar, voando para vender seus lanches. Viramos com 1 x 1, com um quase gol de bicicleta do artilheiro do time, o Sassá Zé Carlos Mutema e sofremos um gol deles, de voleio, pegando de primeira. Ambos belos gols. Vou abraçar o pessoal da Sangue Rubro, revejo a irmã do Pavanelo e uma amiga, ambas trajadas com o uniforme vermelho. Dou a volta e vou parando pelo caminho (é praxe torcer atrás do gol do adversário). Numa roda, só ferroviários e fisionomias intranqüilas. O jogo recomeça e todos indistintamente pegam desbragadamente no pé de uma bandeirinha mignon, que demora para sinalizar as jogadas. Quando anula um gol do Sassá, ouve poucas e boas. Fico ao lado de Chico, Geraldão, o maquinista da Maria Fumaça e Elias, instrutor do Senai em Lençóis Paulista. Sofremos juntos e pouco a pouco, a profecia do Chico vai se consolidando. Com um jogador expulso, o Rio Preto perde força e fazemos o segundo. Periquito chega com uma turma barulhenta, parentes e vizinhos e não esconde sua mágoa com a Auri-Verde (que continua ouvindo): “Eles estão demais, passaram dos limites. Agora não escondem mais torcer contra o Noroeste. Já falei para eles, que os únicos a perder são eles mesmos. Torcem para que não façamos gol nenhum e dá-lhe pau, tudo é motivo para cacetadas. Encheu”. Só paramos o falatório quando sofremos um pênalti e logo a seguir reclamações mil pelo terceiro amarelo do Sassá, que não joga a partida seguinte. E vou te falar, nem fizemos muita festa com o gol, diante da sentida perda do centroavante. O restante do jogo passou rápido e um ao meu lado acabou por profetizar: “Igualzinho ao jogo do Rio Preto, quando rolava um 1x1 morno, eles tiveram um expulso e fizemos mais dois”. Outro foi na veia: "O Sassá está reclamando de tudo. A bola não chega e ele esbraveja, tá se achando o dono do time. Perigoso isso, não? Estrelismo". Isso mesmo. Na saída, vou papeando com César, homem da Saúde municipal e pai do comentarista Diogo Carvalho, da novíssima rádio, a “Jornada Esportiva”. “Ouvindo o filhão, hem?”, lhe digo. “Isso mesmo, acompanho eles e acho que estão revolucionando o conceito de rádio na cidade. Uma pena que só ouço no radinho aqui dentro do estádio. Saio na rua o sinal some e só volto a ouvi-los no computador lá em casa”, conclui. Trocamos um aperto de mão, pois como muitos, estamos em nova sintonia e mais noroestinos que nunca. Ligo rádio do carro na Auri-Verde e não agüento um comentarista criticando a vitória, desligo e coloco música. Contra os desmandos, clamando por um novo momento, com sensibilidade no trato com os torcedores, mas não deixando de vibrar e de abrir mão de uma noite de sábado pro causa dessa paixão, volto para casa com a alma lavada (Jota Martins, diz e confirmo que me estraga mais o dia uma derrota do Noroeste do que a do time grande). Epa, pêra lá, o jogo acaba perto das 21h, ganhamos a contenda e a noite estava só começando. Mais alegres e recarregados, caio nela.
Não fico sem um futebol ao vivo e como aboli o varzeano (dominado aqui em Bauru por grupos perigosos), o que me embala são os jogos do Noroeste. E cada vez que para lá me dirijo, difícil não lembrar de uma música do CARLINHOS VERGUEIRO (dele tenho entre LPs e CDs uns dez aqui no mafuá), a "CAMISA MOLHADA" cliquem aqui para ver e ouvir, algo tirado do santo Youtube: http://www.youtube.com/watch?v=pzFvDWBv32s (Fique de olho no apito/ que o jogo é na raça/ e uma luta se ganha no grito/ e se o juiz apelar/ não deixe barato/ ele é igual a você e não pode roubar./ O domingo é de guerra, o campo é de terra/ o boteco é do lado/ na hora marcada, a meia rasgada/ o joelho ralado/ é debaixo de chuva, é debaixo de sol/ é no meio da lama/ a vontade é de graça, a vitória é a taça/ do fim de semana/ É o chute no canto, é o Espírito Santo/ é a chance perdida/ é a falta de sorte, é a vida é a morte/ é a contrapartida/ é a fome, é a sede, é a bola na rede/ a torcida a favor/ a camisa molhada no corpo abraçada/ é seu único amor"). Noroeste X Rio Preto, Bauru, Alfredão, sábado, 13/03, 19h e lá vou eu para mais um jogo, esse na 16ª rodada do Campeonato Paulista da 2ª Divisão (depois dessa faltam só três para encerrar fase classificatória). Dos oito jogos em Bauru perdi um, contra o Linense, por absoluta incompatibilidade de compromissos. Nesse vou só, mas lá no estádio, quem está acostumado a ir aos jogos nunca se sente só. Dentre os pouco mais de 1.600 pessoas presentes, uma legião de velhos conhecidos, muitos estiveram em todos os jogos e até definir um lugar são paradas e paradas, muita conversa e a esperança coletiva, “ganhamos hoje”. Logo na entrada dou de cara com o Bruno e seu pai, noroestinos descontentes com a atual administração, mas nem por isso conseguindo ficar em casa. Na mudança de lado, para ficar atrás do gol do adversário ele me fala sobre uma preocupação. “Agora a Prefeitura, na pessoa do Secretário de Esportes Batata está assumindo a Panela de Pressão e as categorias de base do clube. Tudo bem, mas se algum garoto for revelado, quem irá ganhar com isso? Tem que ser só o clube e ninguém da Prefeitura ter participação nesse negócio”, alerta. A conversa renderia, mas o jogo estava rolando e logo adiante, Chico Cardoso, o artesão do Gasparini. Fico ao seu lado o primeiro tempo inteiro e sofremos com o empate e algo esperançoso de sua parte: “É sempre assim. Começamos bem, decaímos, passamos a jogar mal no primeiro tempo, o técnico acerta o time no intervalo e vamos ganhar no segundo”. Quem dá uma parada nos lanches e vem até nosso lado é o Uau-Uau, lancheiro e torcedor fanático. Fica até não mais poder e sai pouco antes do juiz apitar, voando para vender seus lanches. Viramos com 1 x 1, com um quase gol de bicicleta do artilheiro do time, o Sassá Zé Carlos Mutema e sofremos um gol deles, de voleio, pegando de primeira. Ambos belos gols. Vou abraçar o pessoal da Sangue Rubro, revejo a irmã do Pavanelo e uma amiga, ambas trajadas com o uniforme vermelho. Dou a volta e vou parando pelo caminho (é praxe torcer atrás do gol do adversário). Numa roda, só ferroviários e fisionomias intranqüilas. O jogo recomeça e todos indistintamente pegam desbragadamente no pé de uma bandeirinha mignon, que demora para sinalizar as jogadas. Quando anula um gol do Sassá, ouve poucas e boas. Fico ao lado de Chico, Geraldão, o maquinista da Maria Fumaça e Elias, instrutor do Senai em Lençóis Paulista. Sofremos juntos e pouco a pouco, a profecia do Chico vai se consolidando. Com um jogador expulso, o Rio Preto perde força e fazemos o segundo. Periquito chega com uma turma barulhenta, parentes e vizinhos e não esconde sua mágoa com a Auri-Verde (que continua ouvindo): “Eles estão demais, passaram dos limites. Agora não escondem mais torcer contra o Noroeste. Já falei para eles, que os únicos a perder são eles mesmos. Torcem para que não façamos gol nenhum e dá-lhe pau, tudo é motivo para cacetadas. Encheu”. Só paramos o falatório quando sofremos um pênalti e logo a seguir reclamações mil pelo terceiro amarelo do Sassá, que não joga a partida seguinte. E vou te falar, nem fizemos muita festa com o gol, diante da sentida perda do centroavante. O restante do jogo passou rápido e um ao meu lado acabou por profetizar: “Igualzinho ao jogo do Rio Preto, quando rolava um 1x1 morno, eles tiveram um expulso e fizemos mais dois”. Outro foi na veia: "O Sassá está reclamando de tudo. A bola não chega e ele esbraveja, tá se achando o dono do time. Perigoso isso, não? Estrelismo". Isso mesmo. Na saída, vou papeando com César, homem da Saúde municipal e pai do comentarista Diogo Carvalho, da novíssima rádio, a “Jornada Esportiva”. “Ouvindo o filhão, hem?”, lhe digo. “Isso mesmo, acompanho eles e acho que estão revolucionando o conceito de rádio na cidade. Uma pena que só ouço no radinho aqui dentro do estádio. Saio na rua o sinal some e só volto a ouvi-los no computador lá em casa”, conclui. Trocamos um aperto de mão, pois como muitos, estamos em nova sintonia e mais noroestinos que nunca. Ligo rádio do carro na Auri-Verde e não agüento um comentarista criticando a vitória, desligo e coloco música. Contra os desmandos, clamando por um novo momento, com sensibilidade no trato com os torcedores, mas não deixando de vibrar e de abrir mão de uma noite de sábado pro causa dessa paixão, volto para casa com a alma lavada (Jota Martins, diz e confirmo que me estraga mais o dia uma derrota do Noroeste do que a do time grande). Epa, pêra lá, o jogo acaba perto das 21h, ganhamos a contenda e a noite estava só começando. Mais alegres e recarregados, caio nela.
Henrique...Em primeiro lugar parabens pelo seu belo texto a respeito do jogo de ontem.Como atualmente dizem ai no Brasil " Voce mandou muito bem".Muito obrigado por deixar eu colar este texto la no Blog do Norusca.A preocupacoao do Bruno a respeito das categorias de base que agora vai ser comandada pela Semel deixa-nos todos preocupados.E com razao pois ja tivemos muitos problemas no passado.Pois foram muitas revelacoes que foram para os times grande de Sao Paulo sem que o Esporte Clube Noroeste recebesse alguma coisa com isto.E este e um grande motivo pra ficarmosde olho neste pessoal.O time do Noroeste nao e o time dos nossos sonhos.Mas o importante e somar pontos e sairmos desta famigerada Serie A2 que esta diretoria atual nos meteu la.Tenho muita esperanca de uma dia o Norusca sera adminisrtrado de uma forma que toda torcida fique satisfeita e que ele nao seja relegada a um segundo plano como vem acontecendo atualmente.Quanto as transmissoes dos jogos do Noroeste eu estou com o Jornada Esportiva .E o que ha de melhor no momento.Abracos meu camarada.
ResponderExcluirhttp://blogdonorusca.blogspot.com/
Henrique
ResponderExcluirSeus relatos são apaixonantes. Não fui no jogo e isso já faz um tempo, mas vibrei pela fisionomia das pessoas nas fotos publicadas. Gosto muito de sair de casa, estar no meio de gente, conversar e bater papo. Lá no começo do seu texto algo meio triste, onde diz que não vai mais aos jogos varzeanos e insinua que a coisa está perigosa. Que seria isso?
Paulo Lima
meus caros Reynaldo Grillo e Paulo Lima:
ResponderExcluirReynaldo
Tudo o que posto aqui sobre Noroeste divido contigo e com seus leitores (www.blogdonorusca.blogspot.com). E ainda escrevinho algo mais, de alguns outros jogos e acontecimentos e te envio com exclusividade. E assim blogueamos em conjunto, dividindo nossas preocupações e desejos de um Noroeste forte e coeso. Outro dia ouvi uma entrevista do presidente do São Bento, que foi chefe de torcida e hoje virou presidente do clube. Tudo é possível. Só precisamos amadurecer cada coisa, com os pés no chão. Que bom que nós mudamos e foi para melhor, pois a turma lá do Rafael, do Jornada Esportiva já incomoda. Ouço o eco deles lá no Alfredão e isso já deve coçar a cabeça de uns e outros. E aquela garotada vibra de um jeito que gosto de ouvir. Estamos quase lá, hem Reynaldo? Falta pouco, mas o sofrimento não termina aqui, ou melhor, começa agora. Cruzemos os dedos e continuemos na luta.
Paulo Lima
Futebol é gostoso por causa dessa coisa apaixonante, sem loucuras. Gosto muito desses reencontros e de escrevinhar deles. Quanto ao futebol Varzeano, também chamado de Amador por aqui (qualquer dia falo num texto longo dele), conversei com duas pessoas de responsa, gente mais velha que eu, que frequentaram os campos até pouco tempo. Ambos me disseram que não dá mais. Tem uma turma perigosa comandando alguns times e vão para campo até com armas. Fizeram dos jogos aos domingos verdadeiros campos de batalha onde os adversários até podem ser abatidos. Fazer uma varredura nos financiadores de cada time é algo mais do que necessário, para o bem do futebol. Do jeito que está corto volta, quero me ver longe disso. É isso.
Um abracito dominical do HENRIQUE, direto do mafuá