sábado, 16 de junho de 2012

ALFINETADA (99)
APONTAMENTOS DA PERIFERIA DE PIRAJUÍ 07 – COMO É BOM RELEMBRAR O PASSADO” (publicado n’o Alfinete, edição 71, 08/07/2000).
Aqui em Bauru, quando se fala em reconstituição histórica, buscando algo no remoto passado da cidade, duas pessoas são referências no assunto. Falo dos memorialistas Gabriel Ruiz Pelegrina e do Luciano Dias Pires. O professore Gabriel , tem um arquivo pessoal dos mais valiosos, tanto que doou tudo para a USC (Universidade do Sagrado Coração) e instalou lá o seu quartel-general, com o nome de Núcleo de Documentação e Pesquisa Histórica de Bauru e região. O jornalista Luciano, toca o jornal “Bauru Ilustrado” há muito tempo, saindo encartado mensalmente no “Jornal da Cidade” e administra o Centro Histórico da ITE (Instituto Toledo de Ensino). Ambos são constantemente lembrados quando alguém quer relembrar nosso passado. Os dois, com memória de elefante, não deixam escapar nada. Sabem e falam de tudo um pouco e quando o fazem, tudo é afirmado baseando-se em documentos guardados por eles como se fossem tesouros. Ferrovias, futebol, política, índios, greves, gafes, personalidades... não se esquecem de nada, no fazendo relembrar de tudo. É de uma preciosidade sem comparação ter seus textos e de um sabor inigualável ouvi-los pessoalmente. Só quem os conhece pessoalmente sabe do que estou falando. Gabriel e Luciano são uma riquíssima fonte de consulta e pesquisa e tratados com um carinho enorme, por todos aqueles que dão uma importância para o passado dessa cidade. Vivem totalmente dedicados a esse trabalho de restauração e resguardo do que viveram nossos antepassados. Entrar no âmbito de trabalho desses senhores é viajar pelo passado, sem ter que pagar passagem, pois quer queiramos ou não, vivemos muito em função de fatos já acontecidos e que não podem nunca serem esquecidos. Gosto muito de entrar no mundo desses dois senhores.
APONTAMENTOS DA PERIFERIA DE PIRAJUÍ 08 – “A IMPORTÂNCIA DO JORNAL LOCAL” (publicado n’O Alfinete, edição 72, 15/07/2000).
Caro leitor, você nem pode imaginar a importância que um jornal, ao estilo d’O Alfinete pode ter para uma cidade como Pirajuí. Hoje, nesse nosso modo globalizado, as notícias também nos chegam globalizadas e tudo o que acontece numa cidade de pequeno porte é deixado
de lado, por quase não existir mais quem os divulguem. Se queremos saber o que acontece no nosso Estado ou no Brasil, estão aí os grandes jornais e a TV. E os acontecimentos locais? A rádio propaga as notícias, mas quem as imprime? Aí é eu surgem órgãos como O Alfinete, tendo que ser, cada vez mais, propagadores da notícia local, deixando o grande fato para os outros órgãos divulgar. Jornal até que a gente vê muito por aí, muitos com um direcionamento definido, atendendo a interesses de uns poucos. Esses tem vida curta, pois não tem como prender a atenção dos leitores. Ficam naquela lenga-lenga, puxando sempre a brasa para o lado de algum grupo. O Alfinete tem demonstrado ser diferente, dando voz e ouvido para todas as partes, fala de tudo um pouco, não tem preconceito quanto ao assunto a ser discutido. Essa pluralidade de opiniões é que faz um jornal ser respeitado. Muitas vezes encontramos muita coisa que não concordamos, mas é para isso mesmo que serve um jornal. Que a partir daquilo que está escrito surja o debate e flua muitas outras ideias. Observo de longe o sucesso desse jornal e constato mais uma vez, que isso se deve não só aos lindos olhos de seus idealizadores. Se fosse algo chato, duraria poucos números e não seria tão disputado, como sei que é. É que os meninos estão escrevendo de coisas que dizem respeito a todos daí, sem distinção e isso vai despertando um interesse muito grande pelo que vai sair no próximo número. Com o anunciante acontece a mesma coisa. Se o jornal não tivesse tudo isso, aliado a uma boa diagramação e um bom retorno, com certeza, não seria fácil manter uma boa média de anunciantes a cada número. O Alfinete tem vida longa. Basta seguir o caminho já descoberto e não se deixar desviar. Leitor é o que não faltará.

APONTAMENTO DA PERIFERIA DE PIRAJUÍ 09 – “E O CINEMA VIRA TEMPLO EVANGÉLICO” (publicado n’O Alfinete, edição 73, 22/07/2000).
Pois é, já virou rotina em todo o interior brasileiro. Basta dar uma olhada pelas mais diferentes cidades brasileiras e lá está o antigo e enorme prédio, quase sempre situado junto à praça central, transformado numa igreja evangélica. Em qualquer lugar que você for, basta bater o olho e identificar o prédio onde antes funcionava o cinema. As características são sempre muito parecidas. Aquele lugar, que antes era motivo de orgulho para toda cidade, foi com o tempo deixado de lado, chegando até o triste desfecho final: o fechamento de suas portas. Os motivos para isso ter acontecido já foram discutidos por muitos, nos mais diferentes lugares e não e não vale a pena ficar tentando encontrar os culpados, pelo menos nesse momento. A mais triste, é que quem poderia ter feito alguma coisa, para que essas portas não se fechassem, que são as Prefeituras Municipais, quase nada fizeram, pois para a maioria de nossos prefeitos, infelizmente, cultura parece não dar voto. Hoje, as telas foram escondidas por tapumes e estão tomadas por altares. Nada contra, mas é que os espaços culturais nas pequenas cidades só diminuem, enquanto uma “pá” de coisa ruim cresce a olhos vistos. Isso aconteceu em todo o lugar, em aqui em Bauru, em Pirajuí, em Bariri, em Duartina etc. Até em Guarantã, que é desse tamanhinho tinha lá um cinema. É por isso que iniciativas como a do jogador corintiano Vampeta, que comprou, reformou e reinaugurou um cinema em sua cidade natal, no interior da Bahia, devem ser merecedoras de muita divulgação e comentários sem fim. Afinal, para quem gosta de assistir um bom filme na tela grande, a televisão nunca vai substituir a magia que envolve a ida a um cinema.
Obs final: Esses três textos fazem parte da republicação de meus escritos para o semanário de Pirajuí, O Alfinete, três a cada mês e mereceriam comentários de atualização, mas preferi não fazê-lo, pois dessa forma deixo a interpretação liberada como forma de constatação das transformações ocorridas em apenas 12 anos dos escritos. Podem ter mudado a minha forma de interpretar os fatos, como também os próprios fatos.

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