APROXIMAÇÃO DO ALGO NOVO*
*Artigo publicado hoje na seção Opinião, página 2 do Jornal da Cidade – Bauru SP e no portal internético do Participi:
Sexta passada (9/1), passando pelas imediações da Praça Rui Barbosa, por volta das 21h, dois fatos ocorrendo simultaneamente no mesmo local me chamam a atenção. Todas as ruas das imediações estavam abarrotadas de jovens provenientes da periferia. A maioria em grupos e praticamente lotando calçadas, ruas e a dita praça. Nada disso é novidade por ali nos últimos tempos. Querendo dominar a situação, que certamente para esses deveria estar saindo do normal, vejo dezenas de membros da Polícia Militar. Eram blitz e mais blitz, uma atrás da outra. Aos montes, alguns desses jovens estavam encostados nas paredes com as mãos para trás ou para o alto e sendo revistados. Uma cena também comum. Os jovens eram tantos e os policiais tão poucos diante da quantidade desses que poderiam ter se rebelado e criado o maior problema. Não o fizeram. Nada aconteceu além do que sempre ocorre por ali.
Esses jovens surgem aos borbotões e nem precisam mais marcar dia, horário e local. Tudo já está meio que combinado, eles surgem e tomam as ruas. Esse cenário se repete desde muito antes dos tais rolezinhos. O fato é que o lazer para esses, praticamente inexiste nos locais de suas moradias. Daí, nada como ocupar o Centro da cidade e conhecer o que de mais novo existe em questão de boniteza e riqueza de visual. Juntos, eles se tornam fortes, imensos e o movimento está que só cresce. A cada sexta, ao passar por ali sempre no mesmo horário a simples constatação matemática disso.
Quero agora juntar essa história com o que acaba de acontecer na França, quando alguns jovens foram incentivados por alguém, induzidos a enxergar algo novo. Alguém que lhes dá atenção quando tudo é tão complicado e difícil em suas vidas, mostrando novas possibilidades. Os dois garotos mortos, prováveis executores das mortes no Charlie Hebdo, são franceses de origem argelina e sempre viveram na periferia. Sempre tiveram grandes dificuldades para continuarem usufruindo das migalhas do sistema capitalista. Migalhas suadas de conseguir.
Daí de uma hora para outra surge alguém que os ouve, os compreende e lhes oferece algo novo. Muitos se entregam a isso de olhos fechados. É uma oportunidade de serem valorizados, olhados com outros olhos. Daí tudo deu no que deu. Pelo que li, os dois argelinos tentaram de tudo quanto é jeito se darem bem dentro do sistema capitalista francês, mas nunca foram bem sucedidos. Foram murros e murros em ponta de faca.
Minha modesta conclusão. O que acontece lá pode acontecer aqui a qualquer instante. Que o capitalismo está podre até a medula, isso está escancarado. As corporações mandam em tudo e ditam as normais, muitas vezes acima até das leis. Cada vez mais, os menos favorecidos se veem num beco sem saída. Tanto lá quanto aqui. Encurralados, são presas fáceis e muitos se deixam levar. Qual o futuro dessa turba de jovens franceses periféricos? E jogando a mesma pergunta para Bauru, qual o futuro dos que se reúnem às sextas nas imediações da praça central da cidade? E se alguém os induzisse a adentrar algo onde seus nomes fossem imortalizados para todo o sempre? Que esperança o capitalismo pode dar a todos esses? Quase nenhuma. Daí para darem outros passos um pulo. E quem erra mais, o atual sistema onde vivem ou o algo novo propondo o inusitado em suas vidas? A se pensar. O autor é jornalista e professor de história (www.mafuadohpa.blogspot.com).
Minha modesta conclusão. O que acontece lá pode acontecer aqui a qualquer instante. Que o capitalismo está podre até a medula, isso está escancarado. As corporações mandam em tudo e ditam as normais, muitas vezes acima até das leis. Cada vez mais, os menos favorecidos se veem num beco sem saída. Tanto lá quanto aqui. Encurralados, são presas fáceis e muitos se deixam levar. Qual o futuro dessa turba de jovens franceses periféricos? E jogando a mesma pergunta para Bauru, qual o futuro dos que se reúnem às sextas nas imediações da praça central da cidade? E se alguém os induzisse a adentrar algo onde seus nomes fossem imortalizados para todo o sempre? Que esperança o capitalismo pode dar a todos esses? Quase nenhuma. Daí para darem outros passos um pulo. E quem erra mais, o atual sistema onde vivem ou o algo novo propondo o inusitado em suas vidas? A se pensar. O autor é jornalista e professor de história (www.mafuadohpa.blogspot.com).
LEMBRO DE NOSSA LUTA CONTRA O TOQUE DE RECOLHER EM BAURU Henrique QUANDO DA NOSSA PASSAGEM NA CDH/OAB, fui até censurado amigo, mas tÔ vivo com a graça de Deus. E cons. nosso objetivo.
ResponderExcluirGilberto Truijo
Este comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluirHenrique
ResponderExcluirParabéns Henrique Perazzi de Aquino, mais uma vez seus textos me inspiram e me fazem refletir.
Leandro Siqueira
Henrique
ResponderExcluirPuxa! Cheguei a fazer a mesma associação dia desses, mas não coloquei no papel. Achei o escrito não uma simples alusão, mas algo bem provável de ocorrer. Os jovens estão cada vez mais sendo alijados do sistema do capital e daí para revolucionar o mundo onde vivem um pulo.
Gostei demais.
Aurora
É fato que os excluídos socialmente são presas fáceis daqueles que exploram a criminalidade, o problema são as pessoas que tiveram oportunidades para um idealismo, que poderiam levar muitos a questionarem e pensarem uma nação e se vendem, se entregam para "algo novo", bem diferente do que defendiam e do viver do dia a dia.
ResponderExcluirCamarada Insurgente Marcos Galeano