quarta-feira, 30 de setembro de 2015
MEMÓRIA ORAL (187)
SETE HISTÓRIAS DE GENTE QUE SACODE A ROSEIRA EM BAURU
1.) LUIS LUVIZUTTO E SEU DESCOLADO BAR LÁ NO BAURU XVI
Não me canso de escrever por aqui que a boa música tem em Bauru um espaço mais do que privilegiado. Temos bons músicos e mesmo com essa tal de crise fazendo questão de bater à nossa porta, existe um bom espaço para apresentações variadas e múltiplas. Algo me encanta mais do que tudo e é quando vejo alguém num inusitado lugar, investindo num local periférico, longe dos tais points e propiciando um algo a mais, diferente e cheio de ousadia. Para esses mais do que um simples reconhecimento, um baita abraço. Esse perfilado aqui hoje fez isso, tem seu estabelecimento numa vila e lá também presente os músicos todos. Ele é merecedor de muito mais do que um mero afago, para mim, um empreendedor.
LUIS LUVIZUTTO é um sujeito rodado, aos 50 anos, chegou a morar tempos atrás e por oito anos em Fortaleza CE. Quando perguntado se é casado, brinca: “Sim e não. Já fui tudo, amasiado, juntado, apaixonado e hoje, solteiro”. Trabalhou por longo tempo aqui em Bauru como técnico de som e dessa forma conheceu boa parte da classe artística local. Relembra dos tempos na retaguarda de grupos como o Fonte Musical, por oito anos (onde atuou o atual secretário de Cultura, o Elson Reis) e no Alta Classe. Retornou para a cidade após o falecimento do pai, o Lindo, que tinha um bar lá nos altos da Nova Esperança e o fez para cuidar da mãe. Passou a morar com ela e teve a feliz ideia de reviver o bar do pai, reaberto na quadra 5 da rua Ramiz Tayar, a principal do Bauru XVI. O nome foi uma justa homenagem ao velho, Buteko do Papai, inaugurado em 29 de junho passado. Inovou trazendo a boa música, sempre as terças para o local, quando nesse dia poucos tocam som ao vivo, já tendo por lá passado quase todos os nomes da noite bauruense, seus velhos conhecidos. Luis toca o bar, localizado num largo de fácil estacionamento, recebe a todos com muita alegria, bota o filho para lhe ajudar quando o calo aperta, cuida também de um tio, paparica a mãe o tempo todo e quando pode, baixa as portas e também dá suas escapadas cidade afora. A comidinha lá servida é a fina flor dos botequins, indo de língua à dobradinha, tudo preparado ao seu modo e jeito. Fazendo fama.
2.) JORJÃO MUNHOZ CIRCULA COM SUA CADEIRA DE RODAS MOTORIZADA CIDADE AFORA
Desse aqui hoje retratado tenho uma história das antigas para contar. Temos um baita amigo em comum, Daniel Carbone, hoje morando em São Bernardo do Campo e certo dia, coisa de uns trinta anos atrás, fomos pescar numa turma nas barrancas do Tietê. Lá no meio do rio, eis que um deles, o único deficiente, que tivemos que carregar pra dentro do bote, cai na água e junto dele quer levar a todos. Nós voltamos, ele não e nada de um lado para outro do rio, algo que poucos dos “eficientes” conseguiria fazer. Voltou são e salvo e rimos muito. Ontem o reencontro e pergunto se repetiria a proeza. “Que isso, não entro num rio há décadas, mas que foi bom, foi, né?”. Foi.
JORGE MUNHOZ, 59 anos, foi figura demais de conhecida em Bauru décadas atrás. Motivado por uma paralisia infantil, sempre andou de muletas, o que não o impediu de fazer e acontecer. Com a mobilidade reduzida, sempre praticou esportes e foi forte pacas, braços engrossados. Atuou nas hostes da antiga TV Bauru, sempre atuando nas mesas internas de som, nos seus áureos tempos. Foram mais de 15 anos revividos por ele sempre entre muitas histórias e risadas. E se assim recorda aqueles tempos é porque devem ter sido memoráveis. De lá perambulou um bocado pela aí, tentou até a política e depois foi se encaixar lá nas hostes da EMDURB, quando se aposentou após sete anos ali trabalhados. Morando lá nos altos da Castelo Branco, numa rua paralela perto da quadra 24, sai diariamente de casa e de quatro rodas, ou seja, rodando com sua motorizada cadeira de rodas. Encostou a muleta de vez por causa do seu peso. Tudo lhe era demais dificultoso com as ditas cujas. Um bonachão, diz estar no sétimo enlace matrimonial e com um casal de filhos, feliz da vida, não tendo reclamações do atendimento que as empresas de ônibus prestam aos em situação como a dele, pois sempre que precisa, a van que atende os deficientes passa pelo seu portão e o leva cidade afora. Jorge roda muito, conversa muito, discute muito e no final do dia uma só preocupação, a de não esquecer a bateria de sua cadeira fora do carregador, pois do contrário no dia seguinte não irá a lugar nenhum.
3.) ODAIR ADORNO FEZ QUASE DE TUDO, HOJE TEATRO E PASTOREIA Sabe aquilo da pessoa jogar em todas as posições? Hoje tento descrever alguém assim, fazendo de sua vida um ajuntamento de atividades, algumas delas bem dispares e desconexas, mas lá no fundo, tendo um belo elo de ligação. Quando vejo uma pessoa resignada com sua situação, reclamando da vida e tudo aí pela frente esperando de gente para os aprontamentos todos, percebo que alguns possuem uma disposição muito mais acentuada. Alguns parecem possuir um motorzinho nas canelas e não ficam parados nem que a vaca tussa. Vivem agitando suas vidas e a cada dia que passa juntando a tudo o que já fazem um algo mais. Quando você pensa que ele já fez de tudo, na virada da esquina lá está ele fazendo um algo novo. Vejam se não é o caso desse aqui.
ODAIR ADORNO é um baita negão, desses que referendam o termo criado para o mestre da música Monsueto, mas que serve como uma luva para outros tantos. O vejo como uma pessoa inquieta, sempre em busca de algo novo, catando aqui e ali, escarafunchando por tudo quanto é lado as novas possibilidades proporcionadas por essa vida. Tempos atrás esteve à frente de uma escola de samba, desses de guardar todo o aparato instrumental em sua casa e tudo da escola em sua cachola. Tempos depois esteve atrás de outra atividade a lhe mover a vida e tomar todo o seu tempo, o futebol amador. Com o mesmo endoidecimento do primeiro, tudo seu estava entrelaçado nisso. Juntando a tudo isso, nesse interim descobriu-se evangélico e se não me engano, chegou ao grau de pastor, outra coisa que deve tomar boa parte do seu disponível tempo. Pensam que isso o faz aquietar-se? Claro que não. Essa foto aqui publicada e retirada do seu facebook é mais uma atividade no seu já imenso currículo. A nova experimentação está se dando no campo teatral, onde está buscando algo a mais para recarregar suas energias. Ufa! Isso não é tudo. Com essa carinha alegre de sambista da velha guarda, esse distinto cidadão é um elétrico cidadão. Dias atrás estava divulgando um anúncio sobre uma escolinha de futebol lá onde mora, na Pousada da Esperança, a Organização Social, Cultural e Desportiva Pousadense, tudo com o intuito de retirar meninos da rua. E noutro já está desfilando com um garboso terno concorrendo ao título de Melhor Idade Masculino. Odair bate nas onze, folego de gato e diante de tudo isso, só não sei onde encontra tempo para dormir. Agitadíssima pessoa.
4.) JUSTINO COM SEU VIOLINO E LAMBRETA, INESQUECÍVEL PESSOA Na antiga propaganda do Bamerindus, algo assim: “O tempo passa, o tempo voa e a poupança Bamerindus continua numa boa”. Nem o Bamerindus existe mais, mas a tal musiquinha não me sai da memória, agora sendo recordada com uma pequena mudança: “O tempo passa, o tempo voa e a roubança continua numa boa”. O que essa letra tem a ver com o personagem hoje retratado é somente uma coisa, a tal da presença inexorável do tempo, uma que chega para tudo e todos, afastando da convivência das ruas muitas das pessoas pelas quais víamos quase diariamente. “O tempo passa, o tempo voa” e fico aqui a me perguntar sobre o paradeiro desse e de tantas outras pessoas. Só mesmo o facebook, com essas ramificações todas, enfronhadas nos mais diferentes lugares poderá nos auxiliar na localização dessa saudosa pessoa. Cadê ele?
Conheço seu ORIOVALDO JUSTINO do tempo em que andava pelas nossas ruas com uma lambreta e dotado de um capacete dos mais maneiros, cheio de incrementos mais do que pitorescos. Fazia serviços variados em residências, tipo as de encanador, eletricista, sempre acompanhado do seu violino, objeto meio que inseparável. Com a idade chegando, os filhos o impediram de continuar se arriscando com a moto por aí, mas não conseguiram fazer com que aposentasse o violino. Sempre tocou em tudo quanto é lugar, desde batizado, festa de casamento, culto religioso, bodas de prata e os mais diversos locais onde era convidado. Se estivesse com o instrumento do lado e o encontrando pela rua, pedindo ele o tirava da caixa e executa o serviço ali mesmo. Figuras das mais simpáticas e solicitas. Certa vez o encontrei voltando da casa de um enfermo. Havia ido lá para levar alegria com sua música. Justino é exatamente isso, a alegria em pessoa, bondoso, simples, singelo e prático. Escrevi dele tempos atrás, pois em tudo o que fazia uma pitada de irreverência e picardia. Tinha um celular daqueles grandões, tipo tijolos, pesados e o carregada num suporte seguro pela cinta. Havia produzido uma capinha especial só para ele, toda decorada, com metal retorcido e cheia de adereços. Da última vez que o vi ele estava pronto para tocar ali numa igreja na Araújo, para cima da Rodrigues. A idade chegou e nada mais sei de seu paradeiro, sei que morava lá pelos altos do Jardim Bela Vista. Alguém sabendo algo, conte para nós, pois seu Justino, além do bom papo, ótimo astral, era a simpatia em pessoa.
5.) GARÇONETE LUCIANA E A LIMPA QUE FIZERAM EM SUA CASA Sabe aquilo da garrafa lançada ao mar com um pedido de socorro. Tem algumas que navegam mar adentro uma vida toda e não chegam a lugar nenhum, mas por outro lado, existem outras, que lançadas chegam rapidamente a tantos lugares. Respostas mais do que imediatas. Presenciei algo assim nesse final de semana, quando uma pessoa frequentadora de um bar da cidade, posta algo nas redes sociais para ajudar uma funcionária do seu lugar de frequência quase diária, uma que tivera sua casa roubada e de lá levaram quase tudo. No relato abaixo, algo de ambas, de quem lançou a garrafa ao mar e da pessoa que teve seu lar ultrajado. Nessas imediatas respostas, algo de bom dentro de cada um de nós sendo exposto.
LUCIANA LUANA SANTOS é funcionária, uma espécie de faz tudo lá no Bar Aeroporto, nos altos da avenida Octávio Pinheiro Brisolla, Altos da Cidade. Quem já esteve por lá sabe muito bem reconhece-la, pois atua de forma incessante, circulando entre as mesas, servindo de forma lépida e fagueira. Quieta, enquanto todos estão lá para se divertir, ela a nos atender. Dia desses passou por poucas e boas. Moradora do parque Val de Palmas, perto da rodovia Bauru/Marília, lá para cima da Nova Esperança, teve sua casa assaltada e fizeram uma limpa geral, dessas sem dó e piedade. Deixaram-lhe poucas coisas. Tudo o que puderam carregar, o fizeram. Roupas e eletrodomésticos, além de TV, plays dos filhos, vídeo, enfim, tiveram tempo, pois não havia ninguém em casa e de aparelhos de pequeno porte, nada restou. Com 25 anos, dois filhos, Stefany de 8 anos e Kevyn de 6, uma amiga, a artista plástica Viviane Mendes, moradora ali do lado toma conhecimento do ocorrido, posta nas redes sociais um pedido de ajuda e algo ocorre rapidamente. Receptividade de forma imediata. Conseguiu muitas roupas para si e o marido, mas poucas ainda para suas crianças e pede também se puderem lhe ajudar com os aparelhos de pequeno porte. No seu local de trabalho não existe como guardar as doações e assim sendo, os que tiverem algo e tendo disponibilidade, o pedido é para que deixem na casa da Viviane ali do lado ou mesmo na Banca de Revistas da Hilda, bem defronte o bar. Essa uma forma de coletivamente possibilitarmos para Luciana recuperar um pouco da alegria, pois visível na foto tirada ontem pela amiga Viviane, nota-se claramente sua fisionomia de tristeza e desencanto. Vamos ajudar a devolver a alegria para tão encantadora pessoa? O fone da Luciana é 99705.8432.
6.) CÍCERO COMANDA A LANCHONETE DO FORTALEZA HÁ 23 ANOS Tem quem invente sua profissão e faça dela seu meio de vida. Bom mesmo quando isso acontece e tudo dá certo. Melhor ainda quando lá se vão mais de duas dezenas de anos à frente do tal negócio, sinal de que a persistência valeu a pena. Bauru possui infinitos lugares oferecendo comida e em lugares não restritos, nada condicionados a áreas pré-determinadas. Descobrir lugares pelos bairros e algo familiar, recheados de muito calor humano é para ser mesmo propagado, divulgado e espalhado. Faço relatos como esse com o maior prazer, querendo que sempre mais e mais pessoas passem a conhecer espaços novos. Esse aqui só mais deles.
JOSÉ CÍCERO DA SILVA, 57 anos, nasceu na vizinha Ourinhos e para cá veio a algumas dezenas de anos. Veio tentar a vida, viu, gostou e ficou. Mora lá nos altos da vila Independência quase o mesmo tempo. Tempos atrás criou o seu próprio emprego, o de ter um bar e lanchonete só para si. Lá se vão 23 longos anos e ele, junto de dona Helena, a nipônica esposa e comandante da cozinha, estão à frente do também restaurante do Clube Fortaleza, lá nos altos da vila Falcão, defronte a CPFL. Histórias não faltam e também momentos alegres e tristes, tudo junto, misturado e fazendo parte de suas vidas. Comparando o hoje com o ontem, claro, viveu épocas do clube estar muito mais cheio que os dias atuais. “Domingo mesmo, ficava lotado o dia inteiro e hoje o que mantém tudo é o futebol. O Fortaleza é regado a futebol. Quinta tem rachão e de sexta, sábado e domingo o campeonato interno dos associados. E eu aqui. Todos os outros dias é um bar com atendimento noturno, mas aos domingos sirvo uma comida por quilo feita no maior capricho”, diz. Tem mais. Cícero e Helena vivem disso e inovam com eventos variados, tornando o lugar também um ponto de referência para festas as mais variadas. Pra quem procura um lugar cheio de ótimo astral, fica a dica das comidinhas e bebidas geladas lá do Fortaleza.
7.) LAU REPRESENTA UMA GERAÇÃO DE ABNEGADOS SERVIDORES DOS CORREIOS Muito interessante as relações de amizades construídas ao longo dos anos pelo motivo de voltarmos sempre nos mesmos lugares e quando ali, o reencontro das mesmas pessoas, dia após dia. No princípio um mero cumprimento, depois com o passar do tempo, um já se interessando pelo outro e na sequência muitas sólidas amizades se formando. Com esse personagem aqui retratado, vários encontros semanais e por mais de duas décadas. Impossível ficar simplesmente na conversa trivial. Passamos um a acompanhar a vida do outro. Outro dia ele chegou para mim na hora do atendimento e me perguntou: “Que foi, sumiu, aconteceu algo?”.
LAURINDO GARCIA é o LAU, um servidor dos Correios à moda antiga. Atua nas hostes da empresa há mais de 36 anos e só na agência Central, a da esquina das ruas Bandeirantes com Gerson França está por lá há 20 longos anos. Fez quase de tudo, desde ser carteiro e do tempo de circular pelas ruas de triciclo. Conseguiu sua aposentadoria, mas segue atuando, pois sente a necessidade de continuar mais um tempo na lida. Por muito tempo atuou no atendimento específico que os Correios tiveram ao Sedex, inclusive com horário especial, até 18h30 (hoje não mais existente) lá na Bandeirantes. Ao seu lado uma geração de outros profissionais, ele um dos últimos remanescentes ainda detrás do balcão de atendimento. Hoje atua quase no mesmo lugar onde começou, no canto esquerdo do salão principal e quando instigado, relembra com saudosismo de boas histórias ocorridas ao longo do tempo. Passou ileso pelos planos apertando os funcionários para serem ressarcidos e irem para casa com grana no bolso. Muitos pegaram a grana, abriram negócios e como não eram comerciantes, se deram mal, tentaram voltar e nunca conseguiram. Lau continua ali, saindo diariamente lá do jardim Solange onde mora, cumprindo um ritual de muitos como ele, observando as transformações na empresa e calados, tocando o barco e tentando a todo custo manter o padrão dos tempos quando já foi considerada uma das mais eficientes do país.
terça-feira, 29 de setembro de 2015
FRASES DE UM LIVRO LIDO (95)
“IN NOMINE DEI”, E AS FRASES DIVINA(I)S EXTRAÍDAS DE UM LIVRO DE JOSÉ SARAMAGO
Quanto mais me instigam pelas redes sociais dos motivos de alguém conseguir ser comunista nesse mundo, mesmo não o sendo, vasculho mais e mais meus alfarrábios e encontro escritos lindos de alguns que o foram e deixaram lindos escritos, desses para todo o sempre. Quando um me provoca dizendo que, todos os males desse mundo vieram do comunismo, nem lhe respondi, como faço na maioria das vezes (“mas o senhor sabe o que venha a ser isso?”). Preferi não perder tempo. Achei aqui pelos cafundós do mafuá umas frases de um livrinho lido em 2007, o “In nomine dei” (Cia das Letras, 1993), de um dos melhores ateus que já passaram por esse mundo, o escritor português José Saramago. O livro é uma peça sobre o fracasso de uma rebelião protestante na Alemanha do século XVI. Sintam a força de suas frases e entre ironia, rebeldia, didatismo, profecia e até profilaxia, divirtam-se divinamente:
- “A fé vitima os mais simples, a credulidade dilacera os homens, a esperança mata e a utopia igualitária serve de pretexto para a dominação. Contra o fanatismo, heroísmos estúpidos”.
- “Os homens só começam a saber o que Deus quer, quando trocam as palavras pelas ações”.
- “Deus depende das forças do homem e essas sabemos não são grandes”.
- “Cidadãos, vivei cada momento como se fosse o último, pois melhor do que corrigir o erro é evita-lo”.
- “Que se também a vós o meu filho tiver que ir alguma vez, sejamos seus passos a leva-lo, não os meus”.
- “Deus precisa saber até onde, em fé e coragem, podem chegar os Seus eleitos. Não vá dar-se ainda o caso de ter de cuspir alguns deles em Sua boca”.
- “Estamos com Deus e com deus, os nossos corpos e as nossas almas pertencem-lhes, não temos outra vontade que não seja a sua. (...) É com seus dentes que morderemos e degolaremos os Seus inimigos”.
- “É lícito, pois, fazer perguntas a Deus, mesmo quando pareça que Ele já exprimiu a Sua vontade”.
- “O costume é dizermos que o Senhor fala pela boca dos profetas quando os profetas dizem que o Senhor falou pelas suas bocas”.
- “Consentes que uma mulher, a tua própria, desprezando os seus deveres de casada, incluindo o dever de obediência, te fale com atrevimento?”.
- “Os profetas só são úteis a Deus enquanto suas línguas estão vivas”.
- “Todos os juízos de Deus são definitivos, mas não será último”.
- “Só os que forem justos tem lugar na Igreja Regenerada, por isso castigarei terrivelmente a quantos, tendo pedido e recebido o novo batismo voltarem a cair em pecado. Morrerão, pois, os blasfemos, os que proferirem palavras sediciosas... os que se queixarem sem motivos”.
- “Meus Deus, diz-me, precisas realmente de tudo isto para nos mostrares a Tua grandeza?”.
-“Deus não se sujeita a hierarquia e respeitos humanos”.
- “Se os constrangimentos duma lei mesmo vinda de Deus, viesses a ter mais força que a lei da liberdade, que de Deus veio, então Deus estaria contra Deus”.
- “Deus mandou, e vós não tendes mais que obedecer, a Ele e aos homens que representam na terra o seu poder”.
Chico, Salgado, Saramago e Stédile |
- “Contudo, não esqueceis nunca, ser leal ao Pai do Céu significa também ser leal a quem é vosso pai na terra e vosso rei”.
- “Deus elegeu-nos a todos para Seu povo, mas nem todos poderão sentar-se à Sua direita”.
- “Talvez Deus não seja católico, talvez não seja protestante, talvez não seja senão o nome que tem”.
- “O nada é feito de tudo, mas o tudo é igual a nada. (...) Sendo assim, todos os nossos atos são indiferentes, todos valem o mesmo”.
- “Não há, pois, outro Diabo senão o homem, e a terra é o lugar único do inferno”.
- “Não abjurarei da minha crença, porque só tenho a ela. (...) Sem uma crença o ser humano não é nada”.
- “Deus elegeu-nos a todos para Seu povo, mas nem todos poderão sentar-se à Sua direita”.
- “Talvez Deus não seja católico, talvez não seja protestante, talvez não seja senão o nome que tem”.
- “O nada é feito de tudo, mas o tudo é igual a nada. (...) Sendo assim, todos os nossos atos são indiferentes, todos valem o mesmo”.
- “Não há, pois, outro Diabo senão o homem, e a terra é o lugar único do inferno”.
- “Não abjurarei da minha crença, porque só tenho a ela. (...) Sem uma crença o ser humano não é nada”.
NADA MAIS ME RESTA ESCREVER SOBRE ISSO DO QUE ISSO E MAIS ISSO, NADA ALÉM DISSO - HPA
segunda-feira, 28 de setembro de 2015
O QUE FAZER EM BAURU E NA REGIÃO (68)
A CIDADE VISTA DE CIMA DO VIADUTO DA TREZE DE MAIO Alguns dias a pé, andei muito nessas últimas semanas. Rodinha nos pés, o que mais fiz e pretendo continuar fazendo quando voltar a rodar de quatro rodas é andar e andar. O corpo gostou e mesmo com o calor, agradece. Fui e voltei daqui das barrancas do rio Bauru onde me instalo, andando pela Nuno de Assis, tomando o maior cuidado no trecho compreendido entre a rádio Bandeirantes e a subida do viaduto João Simonetti, o da rua Treze de Maio. O cuidado é necessário, pois morando nessa região acompanhei toda sua transformação e hoje, com o aumento da deterioração do lugar, a concentração de problemas exatamente nessa região da cidade. Digo sempre para os que me perguntam dessa ingrata reunião aqui ocorrida na região compreendida entre os trilhos praticamente abandonados, o albergue noturno, o terminal rodoviário, o centro velho escuro e com muita pouca gente à noite nos finais de semana, além da atual situação pela qual enfurnaram a avenida Nuno, toda esburacada e num interminável restauro. Junte-se a isso os nossos todos imensos problemas sociais convergindo de maneira decisiva para o pedaço. Pronto, uma região em combustão.
Nem sempre a região teve essas características. Algumas décadas atrás, com o rio já canalizado, o point noturno de Bauru era dando voltas nas duas margens do rio. Quando o Corinthians foi campeão em 1977, após 22 anos sem título, a festa ocorreu aqui. Tudo foi se degenerando. Atravessando a pé a região nota-se o que foi e o que é de fato. Qualquer pessoa que se aproxima, ainda mais vinda lá de baixo do viaduto e no seu encontro, um susto. Acelerei os passos algumas vezes, mas tudo não passou de sustos, antecipado medo encruado em tudo e todos. Quando começo a subir o viaduto, dou primeiro atenção para o que vejo do lado esquerdo. Olho para o Bauru Painéis e o vejo como sempre foi, uma empresa cuidando do seu espaço, mas cada vez mais isolando-se de tudo o mais. Ergueu altos muros e perdeu as esperanças de querer fazer algo para transformar a situação. Tempos atrás, em parceria com a Cultura Municipal reformou a quadra de futebol bem ao seu lado e dos trilhos, mas tudo se deteriorou e hoje o cenário de quem passa lá em cima e olha para baixo é desolador. Pessoas amontoadas nos cantos, como lixo no meio de entulhos, andando em andrajos e sem rumo. O que esperar deles? Nada de bom, estão num mundo mais do que apartado de tudo e todos. E quando saem dele é para conseguir algo e voltar para ali. Conheço muitos deles, pois batem palmas em todos os portões da região.
Do lado dessa ex-quadra de futsal (até as traves e bandejas do basquete sumiram), uma casa, que tempos atrás foi moradia de uns remanescentes indígenas. A casa continua lá, beirando os trilhos, mas com lixo por todos os lados e no meio daquilo tudo, animais. Ouço um galo cantar nas várias vezes de minhas andanças. Os mesmos que circulam na quadra, reunem-se em grupo nessa casa. Olho lá de cima e os vejo, mas desvio o olhar ao perceber que me olham, mesmo reconhecendo alguns do meu portão. Sigo em frente. Do outro lado da linha, uma outra triste cena, a bonita estação da Cia Paulista toda destelhada, parece que dessa forma para não destoar do restante do cenário. Uma difícil verba conseguida, obra iniciada pela Prefeitura e parada poucos meses depois, como querem fazer agora com a Estação de Tratamento de Esgoto. Impossível ninguém se sensibilizar com aquilo tudo destelhado, sendo consumido pela ação implacável do sol e da chuva. Seria uma sina tudo ali estar de mal a pior? Não quero crer, mas os indícios são fortes. Olho para os trilhos e vejo muito lixo, principalmente restos de construção e me pergunto: como pode alguém deixar sua casa mais bonita e jogar o que sobrou de sua reforma no meio dos trilhos? Isso prova o quanto existe de uma mórbida insanidade dentro de cada um de nós.
Na vila beirando os trilhos, ou melhor, na rua, antigas casas de ferroviários. As vejo uma de cada cor, em algo que me lembra o bairro argentino do La Boca. Percebo só de olhar que os moradores tentam manter a dignidade no lugar. Limpam a rua, mas nos fundos a coisa está degradada, muito lixos ali acumulado. Outro dia me encontrei com um antigo morador daquela quadra atrás das casas, começo da Marcondes Salgado, o professor aposentado Israel, da Escolinha da Rede e ele me disse: “Não se sai mais de casa depois das oito da noite. Sair até dá, mas voltar depois das 21h, ainda mais sendo velho e com mobilidade reduzida, não dá. Tranco tudo e fico em casa. O telefone funciona para acionar os parentes em caso de urgências. Gosto daqui, sempre morei aqui, mas a coisa piorou muito nos últimos anos. Não dá para brincar com essa turma da linha”. Esse desabafo é o mesmo de qualquer outro. De cima do viaduto dá para perceber os lugares fechados, abandonados e mato crescendo nos quintais nessa situação. Uma rua sem saída, mato crescendo nas beiradas das calçadas. Tento me colocar na situação de quem ali mora e penso em como deve ser a coisa ali durante a noite, com mais ninguém sentado nas calçadas, batendo papo. Calor incandessente e todos fechados a sete chaves dentro de suas casas. Essa a situação, onde deve vingar um certo medo no relacionamento com os desprovidos de tudo. Tudo é confundido com perigo, daí sempre o pé atrás para tudo.
Do lado direito de quem sobre o braço do viaduto que vai para a Nuno, quanto mais subo, mais me assusta no que vejo. Embaixo do viaduto puro abandono. Um lugar antes todo pavimentado com paralelepípedos, mas tudo sem sentido, com muita terra de construção, tubos e mato. Um portão sempre aberto liga a quadra, com o lado de cá e é o único acesso. Ninguém em sã consciência se atreve a passar por ali sem ser um dos que ali gravitam, até porque, bobo quem gosta de corrar riscos à toa. Do lado uma casa, com uma cobertura totalmente deteriorada do investimento de alguém que um dia pensou em abrir um posto de combustível por ali. Mora gente por ali, mas dias atrás vi movimento de mudança. Imagino como deve ser perigoso a pessoa morar num lugar desses e ter que deixar sua casa sózinha por meros instantes. Na sequência da casa, uma fila de barracões, onde funciona uma oficina mecância, talvez a última a resistir por ali. Uma fábrica de auto falantes tentou se mudar para ali, onde muito tempo atrás funcionou um bailão, mas já foi embora, com certeza, provocado pela insegurança vivenciada por ali. Ficou a parede pintada com sua marca. Num terreno no meio deles, durante anos vi ali estacionados dezenas de ônibus do transporte urbano, esses que são colocados extras e ficavam à disposição para horários mais movimentados. Hoje não os vejo mais ali, pois o terreno é utilizado como depósito de material da firma que promove a reforma na avenida.
Tempos atrás muita gente fazia caminhadas naquela região, andando de um lado a outro da avenida e acompanhando o percurso do rio. Não dá mais, muito buraco, tudo com calçadas precárias, mato e quase sem viva alma. Circo e parque, acredito, nunca mais serão ali instalados. Aspecto de sujeira, pó por tudo quanto é lugar, até na vegetação, tornando o lugar um tanto sombrio. Os que saem do viaduto inacabado, o ainda sem nome ao adentrarem a avenida caem hoje num dos lugares mais degradados da cidade. Se olharem, como fiz várias vezes, para o que se passa debaixo do outro viaduto, o JK, Jucelino Kubischek, a cena é aquele amontoado de gente esquálida indo e voltando. Somente um louco consegue andar ainda pelos trilhos e ir de um desses viadutos até a estação da NOB. Dificilmente deixaria de ser abordado no trecho. Acho que até os funcionários da concessionária dos trilhos urbanos devem padecer para andar por ali. Das vezes que atravessei pelo viaduto sempre uma ou outra viatura policial circulando. Ninguém mais se assusta com a presença deles por ali. Não vejo ninguém assustado lá debaixo do viaduto, até porque nem sei se a maioria deles conseguiria dar um pique com alguma velocidade. Vejo também boa parte do pátio ferroviário e nele muitos vagões abandonados, deteriorando-se e ali depositados, inservíveis, verdadeiras chagas a céu aberto. Alguns a Cultura Municipal consegue repatriar e recuperar para utilização variada.
Impossível alguém ficar contente com esse cenário ou olhar para tudo isso com esperança, vislumbrando algo de positivo, um futuro promissor para tudo aquilo. Não percebo nada disso. Afinal, pergunto, qual o plano existente e em funcionamento para a região abaixo do viaduto? O que é pensado para a avenida Nuno de Assis naquela sua parte inicial, que vai daquele espaço onde montavam-se parques, debaixo do Fórum, até a entrada do braço do viaduto na Nuno? Quando serão retomadas as obras na estação da Cia Paulista? E aquela quadra, a casa ao lado, o que se pretende com aquilo tudo? Eu, olhando várias vezes para esses mesmos lugares durante bem umas duas semanas, a cada retorno volto aos mesmos questionamentos. Até a frequência de gente circulando a pé pelo viaduto diminuiu drasticamente, pelo menos no braço que desce para a Nuno. Ninguém gosta de circular pelo feio, ainda mais de olhar para baixo ou mesmo de correr certosriscos. Conheço gente que dá uma volta pela Antonio Alves só para não passar mais ali. Notei na maioria das pessoas ali circulando um olhar perdido, praticamente fazendo questão de não querer enxergar o que está ali diante dos seus olhos. Passam sem olhar para baixo, ou se olham, olham para o distante, o alto do Bela Vista, por exemplo. Os que o fazem, como fiz, atravessam entristecidos, como fiz todas as vezes que por ali passei a pé.
domingo, 27 de setembro de 2015
ALFINETADA (137)
OS APONTAMENTOS DESTE HPA N’O ALFINETE ENTRE ABRIL E MAIO 2003
Aos poucos, em drops ou em partes, como fazia Jack, o Estripador, vou lembrando e revivendo aqui meus textos escritos para o Alfinete, um intrépido semanário da vizinha Pirajuí SP. Vejam os desse mês:
Edição 216 – nº 105 – Alberto Paulovich – publicado em 19/04/2003
Edição 216 – nº 148 – Gentileza gera Gentileza – publicado em 19/04/2003 Edição 217 – nº 149 – Reclamações de um caixeiro viajante – 26/04/2003 Edição 218 – nº 150 - Contra a comida ruim – publicado em 03/05/2003 Edição 219 – nº 151 – Duas violências simultâneas – 10/05/2003 Edição 220 – nº 152 – Povo mobilizado é povo vitorioso – 17/05/2003 Edição 221 – nº 153 – Drops 7 – Histórias realmente acontecidas – 24/05/2003 Edição 222 – nº 154 – Yu-Gi-Oh!, a febre do momento – publicado em 31/05/2003
sábado, 26 de setembro de 2015
FRASE (135)
A FRASE DITA A MIM E ALGO DE COMO AGE ESSE HPA
Primeiro a frase. Estou lá no finalzinho da tarde perambulando pelo 8º ENCONTRO FERROVIÁRIO E DE FERROMODELISMO, quando sou abordado por um distinto senhor, alguém que conheço da cidade, mas não tenho nenhum intimidade: "Você é um chato. Escreve coisas pelas quais não concordo de jeito nenhum e até me irrito, mas ao mesmo tempo, no dia seguinte encontro nos seus escritos algo tão alentador, coisas reconfortantes e dai não sei se te elogio ou te sento a mão na cara". Não sentou e no final até apertou minha mão. Acredito que não o tenha convencido de nada, mas pelo que entendi, vai continuar lendo o que escrevo. Ufa!
A MELHOR RESPOSTA DO MUNDO - MINHA SABADAL DECLARAÇÃO
Quando vi a aberração que alguns inconsequentes fizeram ao Stedile na sua chegada em Fortaleza, quando lá esteve para participar de um Congresso de Trabalhadores, noto cada vez mais como a bestialidade viceja entre nós. Primeiro porque Stedile sempre foi um defensor do país, não o excludente, mas o inclusivo, o que quer ampliar a distribuição de renda e colocar um freio na especulação imobiliária e fundiária. Isso sempre incomoda, daí os Donos do Poder instigarem alguns lacaios para fazerem o serviço sujo em seu nome. Percebam isso: nunca os donos do poder fazem eles mesmos o serviço sujo. Sempre eles fomentam isso pelos seus meios e os mais afoitos, os de mente mais fraca vão lá e ploft, fazem a merda, pisam nela e a espalham que é uma belezura. Lutar pelo fim das injustiças e querer que os ricos paguem impostos, coisa que nunca o fizeram é mesmo um grande de um crime. O pior de tudo é o que vi ele dizendo como o lance final da provocação lá no aeroporto, quando já estava quase entrando no carro para sair do lugar lhe gritaram, como se isso fosse uma ofensa sem fim: "Comunista". Ninguém em são consciência faria isso. Ou o cara é um total abilolado e desconhece tudo o que venha a ser de fato comunista ou ele está completamente despiricado e gira já totalmente fora da biela. Pelo que tenho visto por essas reações desprovidas de qualquer entendimento do que seja razão, existe mesmo uma horda prontinha para fazer o serviço sujo para a Casa Grande brasileira, uma que, mesmo em pleno século XXI continua agindo como se estivesse dois séculos lá para trás. Desse jeito não caminharemos nunca para a frente, só em marcha a ré. E cheguei a achar que esse país pudesse estar querendo caminhar tão bem para tornar-se altaneiro, soberano e verdadeiramente livre. Stedile é um dos que ainda possuem a coragem de lutar por um país digno. Merece apoio, confiança e respaldo. Cliquem a seguir para ver o vídeo com a resposta do Stedile: https://www.facebook.com/MovimentoSemTerra/videos/968802369859144/?pnref=story
NOVAS TORCEDORAS E BEM VINDAS
O Esporte Clube Noroeste ganha ontem à noite em São Bernardo por 2x1, continua vivo na competição, dependendo só dele e aproveito para dar minhas alfinetadas. Primeiro também enalteço a vitória do Bauru Basquete sobre o Real Madrid (emocionante), mas bato palmas mesmo para o vôlei do Concilig, que perdeu ontem na Panela, mas no seu pouco tempo de vida já olhou muito mais para seu vizinho de quadra, o dono do local, do que o time de basquete, tanto tempo por ali e sem nunca ter dado aquele apoio, mesmo que psicológico. Valeu Concilig. As meninas estavam lindas vestidas de vermelho em homenagem ao Norusca. São meras questões de estilo, procedimento e prática de vida. Quem não gosta de um afago? Dito isso, alma lavada, pronto para o que der e vier para os próximos jogos. Nesse meu post semanal hoje rendo homenagem a um grupo de novas torcedoras, as meninas lá do time de vôlei e quem teve a feliz ideia de homenagear o Noroeste na camisa com a qual jogaram a partida de ontem. Pelo que deu para notar, elas bem podem até querer assistir ao próximo jogo lá junto da torcida noroestina, tudo para reforçar uma aproximação tão bela, justa e necessária. Nunca vi isso nos atos do primo rico também ali pelo local (aliás, ele quer ir embora). O pessoal do Basquete, sua torcida, os amantes do esporte são ótimos, já a direção do time, um caso a parte. Mas já que aqui o negócio é exaltar o torcedor (a) noroestino (a), um baita VIVA para essas mais novas integrantes da massa torcedora bauruense.
DO SHOW "AGRUPAMENTO" A PARTICIPAÇÃO DO BATUKOMBO Esse mágico agrupamento de músicos bauruenses, composto de oito integrantes, com um naipe de sopro impressionante, quatro numa verdadeira comissão de frente para impressionar e arrasar. Para os que perderam o show de ontem lá no Protótipo Tópico, do Fabio Valerio (ele ontem sózinho no meio da chuva, sem sua companheira de todas as horas), aqui uma palhinha da bela apresentação do Eduardo Guarnetti Johansen,Caio Santos, Andrezinho Souza, Tiago Barreta, Odair Felício, Anderson de Paula, Helton Carmesan e Lilo Oro. Som da melhor qualidade e com um algo a mais no instrumental, o barulho da chuva no telhado e algo a incomodar os que se mudavam de lugar por causa das goteiras, que só caiam sob as pessoas com o intuito de aplacar o calor proveniente do cerrado. Para quem ficou com medo da chuva, não foi ver in loco, eis um bocadinho do que perderam. Depois não reclamem da falta de opções bauruenses. Elas existem, essa uma delas. Cliquem a seguir para assistir ao vídeo gravado por esse HPA: https://www.facebook.com/henrique.perazzideaquino/videos/1151742948189046/?pnref=story
AGRUPAMENTO NO PROTÓTIPO E O "RALOZ JAZZ BEBOP SESSION" Ralinho, o próprio nome já diz, rala muito, um estudioso da música. Imagino o quanto o gajo passou internado em estúdios variados para chegar a tocar desse jeito e modo. Fera é pouco para definir o que venha a ser essa junção jazzista e bebopiana, algo ainda pouco imaginado e muito menos entendido no meio do cerrado paulista bauruense. Quando esse agrupamento com o nome pomposamente gravado lá na bateria do seu capo começa a tocar até a chuva deu uma parada para apreciar, nem as goteiras noturnicas eram mais ouvidas. Foram pouco mais de quarenta minutos de pura adrenalina musical elevada à sua máxima potência. Ralinho já montou agrupamentos múltiplos e variados em Bauru. Lembro de um de salsa, dos mais dançantes e malemolentes. Viaja o mundo com sua arte, cada vez mais definida e depurada. Versátil até a medula, nesse ajuntamento mais do que providencial, ele junta um bocadinho da nata desse rico momento musical bauruense, ele mesmo, o Luiz Manaia, Roger Pereira, Eduardo Guarnetti Johansen, Tiago Barreta e Fernando Lima. Tocaram ontem lá no Protótipo uma pá de monstros sagrados do gênero e a cada nova apresentação elevavam o "uóóóóóóó" pronunciado pela platéia. Inesquecível noite que só não terminou na maior esbórnia bauruense, pois como a chuva impedia o pessoal de arredar pé dali (e ninguém queria ir embora), poderiam muito bem ter juntado os dois "agrupamentos" e daí, acredito, o teto já escorado pelo Fabio Valerio não resistiria. Essa é uma Bauru onde você se depara com surpresas não encontráveis em nenhuma outra cidade da região. Esse pessoal é único, safra bauruense prontinha para bater asas e ganhar o mundo. Vamos aproveitar e curtir um bocadinho mais enquanto eles ainda estão por aqui. Cliquem a seguir para assistir ao vídeo gravado por esse HPA: https://www.facebook.com/henrique.perazzideaquino/videos/vb.100000600555767/1151775374852470/?type=2&theater
DO SHOW "AGRUPAMENTO" A PARTICIPAÇÃO DO BATUKOMBO Esse mágico agrupamento de músicos bauruenses, composto de oito integrantes, com um naipe de sopro impressionante, quatro numa verdadeira comissão de frente para impressionar e arrasar. Para os que perderam o show de ontem lá no Protótipo Tópico, do Fabio Valerio (ele ontem sózinho no meio da chuva, sem sua companheira de todas as horas), aqui uma palhinha da bela apresentação do Eduardo Guarnetti Johansen,Caio Santos, Andrezinho Souza, Tiago Barreta, Odair Felício, Anderson de Paula, Helton Carmesan e Lilo Oro. Som da melhor qualidade e com um algo a mais no instrumental, o barulho da chuva no telhado e algo a incomodar os que se mudavam de lugar por causa das goteiras, que só caiam sob as pessoas com o intuito de aplacar o calor proveniente do cerrado. Para quem ficou com medo da chuva, não foi ver in loco, eis um bocadinho do que perderam. Depois não reclamem da falta de opções bauruenses. Elas existem, essa uma delas. Cliquem a seguir para assistir ao vídeo gravado por esse HPA: https://www.facebook.com/henrique.perazzideaquino/videos/1151742948189046/?pnref=story
AGRUPAMENTO NO PROTÓTIPO E O "RALOZ JAZZ BEBOP SESSION" Ralinho, o próprio nome já diz, rala muito, um estudioso da música. Imagino o quanto o gajo passou internado em estúdios variados para chegar a tocar desse jeito e modo. Fera é pouco para definir o que venha a ser essa junção jazzista e bebopiana, algo ainda pouco imaginado e muito menos entendido no meio do cerrado paulista bauruense. Quando esse agrupamento com o nome pomposamente gravado lá na bateria do seu capo começa a tocar até a chuva deu uma parada para apreciar, nem as goteiras noturnicas eram mais ouvidas. Foram pouco mais de quarenta minutos de pura adrenalina musical elevada à sua máxima potência. Ralinho já montou agrupamentos múltiplos e variados em Bauru. Lembro de um de salsa, dos mais dançantes e malemolentes. Viaja o mundo com sua arte, cada vez mais definida e depurada. Versátil até a medula, nesse ajuntamento mais do que providencial, ele junta um bocadinho da nata desse rico momento musical bauruense, ele mesmo, o Luiz Manaia, Roger Pereira, Eduardo Guarnetti Johansen, Tiago Barreta e Fernando Lima. Tocaram ontem lá no Protótipo uma pá de monstros sagrados do gênero e a cada nova apresentação elevavam o "uóóóóóóó" pronunciado pela platéia. Inesquecível noite que só não terminou na maior esbórnia bauruense, pois como a chuva impedia o pessoal de arredar pé dali (e ninguém queria ir embora), poderiam muito bem ter juntado os dois "agrupamentos" e daí, acredito, o teto já escorado pelo Fabio Valerio não resistiria. Essa é uma Bauru onde você se depara com surpresas não encontráveis em nenhuma outra cidade da região. Esse pessoal é único, safra bauruense prontinha para bater asas e ganhar o mundo. Vamos aproveitar e curtir um bocadinho mais enquanto eles ainda estão por aqui. Cliquem a seguir para assistir ao vídeo gravado por esse HPA: https://www.facebook.com/henrique.perazzideaquino/videos/vb.100000600555767/1151775374852470/?type=2&theater
sexta-feira, 25 de setembro de 2015
MÚSICA (127)
“PONTO VINTE”, DE JOÃO MINEIRO E MARCIANO É INSPIRADO NA ZONA DO MERETRÍCIO DE BAURU
Fiz mais um Retratos de Bauru (nº 177) essa semana e dessa vez lá a história de José Maria de Jesus, 87 anos, um senhor que para complementar sua renda fica sete horas diárias defronte um bar entregando folhetos de “Compro Ouro”. Escrevi lá dele ser taxista aposentado e ter começado sua trajetória profissional, o primeiro ponto onde trabalhou, o da antiga e hoje não mais existente Zona do Meretrício, lá pros lados do Redentor, depois do Hipódromo (também não mais existente – nenhum único resquício). Nos meus tempos de moleque descia de ônibus no Redentor e seguia por uma estradão de terra, passando pelos escombros do Hipódromo, até chegar ao sacrossanto lugar, o amontoado de casas da zona. Lá no meio, me recordo bem, um ponto de táxi. Tenho um amigo que trabalhou comigo no Bradesco, cuja esposa é filha de um taxista do lugar, mas as histórias dele ali vividas, oriundas do trabalho de seu pai ali foram abafadas ao longo dos anos e nem conversar sobre o assunto deixavam a gente fazer com ele. Ele se foi e com eles as muitas histórias ali vivenciadas.
Esse é Denis Marques |
O caso com o seu Zé Maria é diferente e conto aqui. Só sei que ele trabalhou por lá, nada mais. Fiz a citação no texto sobre ele. Claro, vou ainda ver com ele das possibilidades de num dia, almoçando juntos, ouvir seu relato sobre seus registros profissionais ali vivenciados. Sabe aquela história do "o caso eu conto, mas não revelo o santo". Registros, só isso, interesse histórico nessas entranhas de Bauru ainda pouco desvendadas e desbravadas. Fazem parte da história de Bauru e não podem mesmo ser esquecidas, menosprezadas e muito menos ignoradas. Deixar isso para a posteridade e com os poucos personagens conhecidos com história real sobre aqueles memoráveis tempos. Veremos em outro momento menos conturbado de minha vida. Isso uma coisa, a outra é mais uma demonstração de como o improvável e o imponderável estão sempre a serviço das boas histórias. Mais uma para o meu rol de conhecimento adquirido ao longo das escrevinhações.
Vamos a ela. Descia hoje a pé, do centro da cidade, mais precisamente pela rua Gustavo Maciel até meu mafuá, quando paro para conversar com um velho conhecido, personagem vivo e sempre presente das ruas de Bauru, o DENIS MARQUES. Ele foi meu Retrato de Bauru nº 1, publicado em 23/11/2007. Leiam mais dele clicando a seguir:http://mafuadohpa.blogspot.com.br/search?q=denis+marques. Na conversa, nem sei como falávamos primeiro do seu Zé Maria e o assunto caiu nos tais taxistas que atuaram por bom tempo de suas vidas lá na Zona. Denis com sua incomensurável sabedoria, adquirida por décadas de ralação nas ruas me apresenta um fato novo, até então desconhecido por mim. “Você precisa contar a história da música ‘Ponto Vinte’, do João Mineiro e Marciano, que faz uma homenagem exatamente a esse ponto de táxi, o da zona do meretrício de Bauru”, me disse. Fui conferir e é isso mesmo. João Mineiro já se foi, mas Marciano o vejo pela aí de vez em quando e na próxima vez que cruzar com ele quero gravar algo da história dessa letra e música. Tenho na memória algo lá da região, uma placa que muitos moradores colocaram em suas casas após o fechamento da zona e mesmo antes, quando já se misturavam as casas: “Aqui é residência particular, casa de família”.
Por enquanto, deixo todos com a letra e depois o link para ouvirem na voz da dupla sertaneja, extraída do álbum deles “Amor e Amizade”. Essas histórias me movem, essa é só mais uma a homenagear Bauru. Para quem como eu, não a conhecia, lá vai: PONTO VINTE (João Mineiro e Marciano) – “Lá no ponto vinte começa a historia/ Começa o caminho de emoções diferentes/ Mal começa a noite a fila começa/ São carros de praça esperando a gente./ Quase todo mundo tem um só destino/ Nem sei se é preciso dizer ao chofer/ Pois o ponto vinte, mesmo que não marque/ É local de embarque pra estação mulher./ Segue o passageiro em busca da felicidade/ Toda noite a mesma coisa, já é tão comum/ Terminou outra corrida de luxo e requinte/ E o carro volta para o ponto vinte/ Buscar quem espera e levar mais um./ Ilusões que alegram infinitamente/ São coisas do mundo, haja o que houver/ O dia é homem que se fez adulto/ A noite é criança que se fez mulher./ Lá no ponto vinte na volta doa dia/ Tudo é desprezo, tudo é solidão/ Pois somente a noite pode dar a vida/ E somente a noite traz a ilusão.”
Cliquem no link a seguir para escutar a tal da Ponto Vinte: http://www.garagemmp3.com.br/os-pingusos-6/06ponto-vinte-joao-mineiro-marciano
quinta-feira, 24 de setembro de 2015
CENA BAURUENSE (139)
ALGUNS IMÓVEIS, TOMBADOS OU NÃO E OUTROS SENDO REQUERIDOS E REOCUPADOS – ESCREVO DISSO HOJE
CASO 1 – AUTOMÓVEL CLUBE E A OFICINA CULTURAL
No governo Tuga Angerami (2005/2008) a associação cultural mantenedora do Automóvel Clube estava com uma inadimplência de elevado valor para com a Prefeitura Municipal. Não sabiam mais como quitar suas dívidas e a solução encontrada foi o repasse do imóvel para utilização da Prefeitura e em troca disso esse valor ia sendo abatido até sua quitação. Lá foram instalados de forma magistral a Banda e Orquestra Municipal, decisão das mais acertadas. Quem passa por ali nos últimos tempos presencia o maravilhamento da música saindo por todos os poros daquele lugar que, outrora foi o lugar de reunião e convescote dos endinheirados da cidade. O tempo passou e do acordo feito lá se vão mais de oito anos. Pelo que ouvi a tal dívida para com a Prefeitura já foi devidamente quitada e os remanescentes dessa Associação querem dispor do imóvel, ou seja, vendê-lo. Estão requisitando a devolução do mesmo e consequente desocupação. A solução caída do céus e já na boca de todos, sendo devidamente discutida é das mais simples e se tudo der certo, a Prefeitura pode ser considerada sortuda.
O prédio lá onde antes funcionava a hoje não mais existente Oficina Cultural, rua Amazonas, por uma dessas coincidências do destino estava passando por ampla reforma quando veio a decisão do governador de fechar a Oficina. A reforma continuou e hoje quase pronta. Lindo local. Mas o que seria ali instalado? Nada por parte do Governo do Estado. Se o pessoal da Banda e Orquestra saírem mesmo do Automóvel, nada melhor do que tudo ser transferido para lá. Seria o uó do borogodó. Seis que sérias discussões já existem nesse sentido. Como estão as negociações de tudo o que envolve a questão, desde a retomada do imóvel da praça Rui Barbosa e o aceite na mudança dos prováveis desalojados para novo prédio? Com a palavra os negociadores do imbróglio? Seria a melhor solucionática para tudo. Aliás, linda solução.
CASO 2 – HOTEL ESTORIL E UMA CASA DOS ARTISTAS
O prédio lá onde antes funcionava a hoje não mais existente Oficina Cultural, rua Amazonas, por uma dessas coincidências do destino estava passando por ampla reforma quando veio a decisão do governador de fechar a Oficina. A reforma continuou e hoje quase pronta. Lindo local. Mas o que seria ali instalado? Nada por parte do Governo do Estado. Se o pessoal da Banda e Orquestra saírem mesmo do Automóvel, nada melhor do que tudo ser transferido para lá. Seria o uó do borogodó. Seis que sérias discussões já existem nesse sentido. Como estão as negociações de tudo o que envolve a questão, desde a retomada do imóvel da praça Rui Barbosa e o aceite na mudança dos prováveis desalojados para novo prédio? Com a palavra os negociadores do imbróglio? Seria a melhor solucionática para tudo. Aliás, linda solução.
CASO 2 – HOTEL ESTORIL E UMA CASA DOS ARTISTAS
Esse imóvel tombado pelo CODEPAC em Bauru pode ser considerado um dos seus primos pobres. Mas o que seria isso? Explico. Bauru possui mais de 40 tombamentos históricos e dentre esses uns mais grandiloquentes, outros menos expressivos, tudo junto e misturado. Na quadra dois da avenida Rodrigues Alves três dos velhos hotéis bauruenses, na esquina de baixo, no começo da Pedro de Toledo, a parte alta do Cariani, tendo na parte inferior acho que ainda uma loja de móveis. Na outra esquina, a da Monsenhor Claro, o Milanezi, esse grandioso e cheio de possibilidades mil, com uma escada de arrepiar e projeto feitos por estudantes no passado, anexados ao processo de tombamento, com uma utilização mais do que visionária (infelizmente não vingou). O Cariane sobrevive ao seu modo e jeito e o Milanezi padece por inenarráveis questiúnculas, invasões e hoje com sua porta central lacrada. Mas quero escrever do hotel que está localizado bem no meio do quarteirão, o primo pobre dos três. Primeiro conto uma história só minha. Fui conhecer certa vez lá no Rio de Janeiro o Retiro dos Artistas, uma casa abrigando os artistas sem condições de se manterem nesse tresloucado e endinheirizado mundão véio e sem porteira. Vidrei no que era aquilo, um lúdico lugar onde os arteiros desprovidos são abrigados e provisionados.
E por que não fazer o mesmo em Bauru? Sei que temos outro tanto de necessidades mais urgentes, mas ouvi assim de soslaio uma possibilidade do hoje mais do que abandonado ex-hotel Estoril (Rodrigues Alves, 2-41), que já foi e nem sei se é mais propriedade da Beneficência Portuguesa, tantas vezes invadido e hoje tão ultrajado, poderia ser repassado para a ATB – Associação de Teatro de Bauru e ali ser a sede deles, a criação de algo aos moldes do Retiro dos Artistas e até pouso para outros de passagem pela cidade. Uma boa utilização. Na minha modesta opinião, vejo que tudo poderia ser acelerado, pois tempos atrás quase o mesmo ocorreu com o também imóvel tombado, o da Sociedade Beneficente 19 de Junho (Rua Sete de Setembro 4-46) e quando a ATB ia tomar posse do imóvel, mendigos lá alocados atearam acidentalmente fogo no prédio e tudo se perdeu. Evitando que o mesmo possa ocorrer agora, o que precisa ser feito para apressar essa transferência? Instigo isso com esse texto.
CASO 3 – A DIAS MARTINS E O SHOPPING ESTAÇÃO DO PEREIRÃO
CASO 3 – A DIAS MARTINS E O SHOPPING ESTAÇÃO DO PEREIRÃO
A Dias Martins lá na praça Machado de Mello foi uma loja histórica de Bauru, armazém ao velho estilo, anterior aos supermercados, com aquelas brutas prateleiras até o teto. Fechou e tempos depois quem ocupou o imóvel foi a Igreja Universal. Sem comentários. Com a construção do templo novo saíram dali definitivamente e ele permaneceu fechado por um bom tempo. Quem passa por lá hoje vê algo rejuvenescedor para o local. Está nascendo no lugar, ocupando boa parte do quarteirão, algo acompanhando a transformação que tem ocorrido na Estação da NOB e suas possibilidades culturais. Trata-se do Shopping Nova Estação, abrigando uma imensa loja do Pereirão, já famoso pela intensa movimentação na Ezequiel esquina com Rio Branco, vendendo quase tudo a R$ 1 real. No folder que vejo além do imenso lojão, lanchonete, restaurante e espaço para muitas lojas. A inauguração será em breve e para os que acham estranho estar aqui promovendo um comércio da cidade, explico. O empresário por detrás do Pereirão (nome dado por causa de uma personagem de uma novela) investe em tempos ditos de crise e numa região até então dessas onde todos fugiam e queriam manter distância. Ele faz exatamente o contrário e já no título demonstra acreditar nas possibilidades do lugar e mais, pelo que ouvi está também muito interessado em tudo o que ocorre ali na estação. Demonstra querer contribuir para que não só ele, mas tudo à sua volta viceje mais e mais. Vi, gostei e vejo que o Pereirão é um empreendimento sem medo de ser feliz. Arregaça as mangas e vai à luta, acreditando e apostando em lugares onde muitos se recusam até a passar. Torcendo para um novo boom para o centro velho de Bauru. Dizem também que o Sampaio também já foi alugado e em breve mais novidades por ali.
quarta-feira, 23 de setembro de 2015
RETRATOS DE BAURU (177)
AOS 87 ANOS JOSÉ MARIA DISTRIBUI “COMPRO OURO” POR SETE HORAS DIÁRIAS Vejo esse senhor toda vez que vou ao centro bauruense. Sempre ali no mesmo lugar e distribuindo o mesmo folheto. Ele repete com todos o mesmo procedimento, estende a mão e oferece o papel. Eu, mesmo já sabendo do que se trata nunca recusei de pegar e fingir guarda-lo. Não me atreveria a jogar na lixeira e sob os olhos de um senhor tão idoso. A cena se repete e sempre me perguntei: “Quem será ele?”. Fui conhece-lo e do que ouvi, aprendi a admirá-lo mais e mais. Vejam se não tenho razão.
JOSÉ MARIA DE JESUS, 87 anos (01/01/1928), mora lá no Alto Paraíso, depois do Hospital Manoel de Abreu e de segunda a sábado, sai de sua casa às 8h e volta depois das 16h30. Permanece o dia quase todo, faça sol ou chuva ali defronte um bar no cruzamento das ruas Primeiro de Agosto com Gustavo Maciel, bem no centro da cidade. Em pé, só saindo dali para almoçar, ir ao banheiro ou beber água, distribui cartões com os dizeres “Compro Ouro”, ganhando por dia R$ 20 reais. São dez anos ali na lida, nove para o mesmo comprador de ouro. Seu José foi taxista por 28 anos, tendo começado a trabalhar na Zona do Meretrício e seu último ponto foi o do terminal rodoviário. Quando aposentou recebia um salário mais três quartos e hoje, me diz, recebe somente um salário mínimo, daí a necessidade de complementar sua renda. Almoça por ali mesmo, quase sempre no Tempero Manero, por R$ 5 reais e quando sente sede ou precisa ir ao banheiro, uma dentista ali do lado é seu ponto de apoio e referência. Com quatro filhos, oito netos e um casal de bisnetos, casado pela segunda vez, há quatro anos teve um enfarte, o que o obriga a tomar diariamente sete comprimidos. Questionado sobre o permanecer em pé ali durante tanto tempo foi direto: “Não tenho problema nenhum em permanecer em pé”. Muitos param e puxam conversa (“outro dia me levaram lá na cozinha do Banco do Brasil e até bolo comi”), outros pegam o folheto e o descartam no chão ou na lixeira defronte o banco, mas alguns guardam e pela constância e seriedade com que executa sua função, segue por ali o mais famoso distribuidor de folhetos do centro bauruense.
terça-feira, 22 de setembro de 2015
DROPS - HISTÓRIAS REALMENTE ACONTECIDAS (121)
A DEBANDADA DE PETISTAS EM BAURU – DOIS POSICIONAMENTOS E AGORA O MEU
O bicho está pegando. O grupo Esquerda Marxista, capitaneado em Bauru pelo vereador Roque Ferreira decidiu coletivamente pela desfiliação e todos adentrarão ao PSOL. Meu amigo Oscar Fernandes, ex-presidente da legenda na cidade me disse que faria o mesmo nesses dias e permaneceria sem partido. Em Jaú, o então prefeito Rafael Agostini sai e adentra o PSB, hoje em São Paulo com proximidade umbilical com o governo estadual. Em Botucatu, Mário Ielo, o ex-prefeito sai e adentra o PDT, que em SP não possui nada próximo ao partido criado por Brizola. O vereador bauruense Sandro Bussola também anuncia a saída e namora entre DEM e PDT. A volumosa debandada foi mesmo a do grupo comandando pelo ex-vereador Batata. Da saída de Bussola e de Batata comento: falta dona Estela.
Na ENTRELINHAS do JC de hoje, algo sobre a saída de Roque em duas notas. “Ataques - Roque Ferreira (sem partido) usou a tribuna da Câmara Municipal ontem para apresentar as motivações – de cunho ideológico – que levaram à sua saída do PT, mas criticou o ato de desfiliação em massa do último sábado, liderado pelo ex-vereador Batata, e o ex-colega de bancada Sandro Bussola, que, segundo ele, está deixando a legenda “pela direita”. O parlamentar, de mudança para o PSOL, usou termos duros, como “ratos” e “oportunistas”. Disse ainda que militantes que usaram da política para ascender social e materialmente agora deixam o partido festejando”. Na outra nota: “Provocou - Bussola entrou no plenário logo após o discurso de Roque e piscou em sua direção. Minutos depois, subiu à tribuna e, no fim de seu discurso, afirmou, com forte carga de ironia, que gostaria de tecer elogios ao ex-petista, mas lhe faltou tempo”.
Na Tribuna do Leitor do Jornal da Cidade, edição de hoje, “DEBANDADA DOS OPORTUNISTAS”, escrito pela petista (uma que afirma não sair no momento) Tatiana Calmon: “E como era esperado, começa o troca troca de partidos e a tal janela eleitoral nem foi aberta. Leio, com muita alegria, que o grupo do Batata se desfilia do PT. Uma desfiliação em massa. Mais de cem pessoas, foram procuradas em suas casas e assinaram as fichas de desfiliação, e numa festa comunicaram a saída do Partido dos Trabalhadores. Vão tarde! Muito tarde. Puxando pela memória, foi esse mesmo grupo, liderado pelo chamado campo hegemônico ou majoritário, que promoveu há alguns anos o inchaço do partido com suas filiações em massa. Na época, denunciamos, e fomos alvo de piada. Em Bauru, Batata e Estela chegaram a ser expulsos do partido, mas foram reconduzidos a “seus” postos pelo Diretório Estadual. Mas o que aconteceu no PT de Bauru, acontecia em todo o país, filiações em massa, destruição dos núcleos de base, eleições internas viciadas, onde eleitores que nem sabiam o que estava acontecendo iam votar em troca de um vale-churrasco e reconduziam esses pilantras para todas as instâncias. Pessoalmente, há muito anos, apesar de ainda ser filiada, deixei de participar do PED, pois entendia que participar daquelas eleições fraudadas era uma forma de legitimar o que eu combatia. Deu no que deu. Outros grupos também prometem a saída, outros também farão a picaretagem da desfiliação em massa. Na verdade, nunca construíram nada, e saem destruindo. Entraram pelas portas dos fundos, comeram, beberam, se fartaram e depois cagaram em todos os cômodos. E deu no que deu. Hoje o PT é a grande Geni, todos tacando pedras, inclusive essa cambada de oportunistas que na verdade sempre pensaram apenas nos próprios umbigos”.
Encerro a questiúncula com um lacônico COMENTÁRIO ao estilo, modo e jeito deste mafuento HPA:
Mas por que escrever dessas desfiliações e do momento do PT? Simples. Fui petista e muitos ainda me consideram como tanto. Só não fui expulso do partido, pois me desfiliei antes. Estela Almagro, uma que mandava e ainda manda, infelizmente, tem parcela grandiosa de culpa no estado atual da legenda. O que Tatiana escreve sobre a situação da entrada e saída de Batata é a mesma de sua ex-esposa. Sem tirar nem por. Desoxigenaram esse partido. Quem sai, como Roque e os marxistas, por absoluta falta de opção, com o coração partido, mas continuando a militar na esquerda, nada a salientar. Triste demais é ver quem degenerou o partido e ainda sai dando uma de inocente e santo. Diria, do pau oco. Se alguma salvação existir para esse outrora vigoroso partido seria todos os que adentraram com aquela prática de filiação em massa, uma pela qual certa vez denunciei e todos fomos parar num plantão policial, fizessem a mea culpa pelo estado atual e pelos problemas já causados e impedidos de exercer cargos públicos pro resto de suas vidas. Basta o que já fizeram. No mais, Tatiana com sua carta e Roque com sua fala na tribuna da Câmara me representam e já disseram tudo o que estava entalado na minha garganta. Já, aos que destruíram o partido e ainda querem sair por cima, uma incomensurável e incontida revolta. Mas é bom não provocar, pois muita coisa continua enroscada e não degluti até hoje.
Sabe aquilo que escrevi da eleição que acabou na delegacia, a do transporte de eleitores. Leiam aqui sobre ela: http://mafuadohpa.blogspot.com.br/search?q=ELEI%C3%87%C3%83O+DO+PT+J%C3%81+FOI+PARAR+NO+PLANT%C3%83O+POLICIAL+%E2%80%93+OS+MOTIVOS+CONTINUAM+EXISTINDO